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4.1 AVALIAÇÃO DA PASTAGEM

4.1.1 Pastagem antes da entrada dos animais

Sendo que o experimento foi manejado desde o 2012 no mesmo protocolo experimental. Esta avaliação foi feita 24 dias após da aplicação de N na pastagem com a finalidade de avaliar se a pastagem antes da entrada dos animais foi influenciada pela adubação na cultura do feijão safrinha (manejo anterior). Como resultado não foi encontrado efeito dos fatores prévios em estudo.

Foi encontrado efeito significativo da adubação nitrogenada (P=0,001), para as variáveis: altura de pasto (cm), massa de forragem (kg de matéria seca ha-1), densidade populacional de perfilhos (perfilhos m2-1), interceptação de radiação (%), densidade de forragem (kg de matéria seca ha-1 cm-1), massa de folha (kg de matéria seca ha-1), massa de colmo (kg de matéria seca ha-1) e índice de área foliar. Os maiores valores foram determinados para o sistema com adubação na pastagem. Para densidade populacional de perfilhos, foi encontrado efeito significativo da altura de pasto (P=0,0337), sendo maior em BA. Não foi encontrada diferença para a variável relação folha:colmo (P˃0,05; Tabela 3).

Esses resultados se devem ao fato de que o N atua na zona de alongamento e de divisão celular, aumentando o número de células, favorecendo a taxa de expansão e o surgimento de folhas, aumentando a massa de folhas (FREITAS, 2003). Neste período, houve um efeito positivo da aplicação do N, melhorando as características avaliadas.

Os baixos valores de massa de forragem nos tratamentos sem aplicação de nitrogênio na pastagem (NG) provavelmente estão influenciadas pelo menor teor de matéria seca, menor altura, menor densidade populacional de perfilhos e menor interceptação luminosa, justificando os baixos valores de massa de forragem nos tratamentos NG. Segundo Suñé (2014), no início de crescimento, o azevém sem adubar tem menor teor de matéria seca (17,38%) que o adubado (22,4%).

Tabela 3 - Caraterísticas da pastagem de azevém anual cv. Winter Star, antes da entrada dos animais, submetidas a combinações de alturas de manejo e época de adubação nitrogenada em sistema de integração lavoura-pecuária. UTFPR, Pato Branco - PR, 2019.

Altura do pasto (cm) Época de adubação Altura do pasto AA BA Media NG 9,7 (±1,4) 8,9 (±1,4) 9,3B′ (±1,0) NP 17,8 (±1,4) 16,0 (±1,4) 16,8A′ (±1,0) Media 13,8 (±1,0) 12,4 (±1,0)

Massa de forragem (kg de matéria seca ha-1)

AA BA Media

NG 495,4 (±127,5) 504,3 (±127,5) 500,0B′ (±90,1)

NP 1212,0 (±127,5) 1300,4 (±127,5) 1256,2A′ (±90,1)

Media 853,7 (±90,1) 902,3 (±90,1)

Densidade populacional de perfilhos (Perf.m-2)

AA BA Media NG 1788,3 (±243,3) 2346,3 (±243,3) 2125,0B′ (±68,0) NP 2397,5,0 (±243,3) 3173,2 (±243,3) 2611,9A′ (±68,0) Media 2162,0b′ (±172,0) 2574,8a′ (±68,0) Interceptação de radiação (%) AA BA Media NG 58,3 (±7,5) 65,8 (±7,5) 62,1B′ (±5,3) NP 89,7 (±7,5) 80,0 (±7,5) 84,6A′ (±5,3) Media 74,0 (±5,3) 72,6 (±5,3)

Densidade de forragem (kg de matéria seca ha-1 cm-1)

AA BA Media NG 46,0 (±9,2) 49,1 (±9,2) 47,4B′ (±6,5) NP 80,8 (±9,2) 86,5 (±9,2) 83,6A′ (±6,5) Media 63,2 (±6,5) 67,8 (±6,5) Relação Folha:Colmo AA BA Media NG 3,3 (±0,4) 3,4 (±0,4) 3,3 (±0,3) NP 3,7 (±0,4) 4,3 (±0,4) 4,0 (±0,3) Media 3,5 (±0,3) 3,8 (±0,3)

Folha (kg de matéria seca ha-1)

AA BA Media

NG 381,0 (±104,8) 1001,2 (±104,8) 386,2B′ (±74,1)

NP 957,7 (±104,8) 1004,8 (±104,8) 1001,2A′ (±74,1)

Media 669,3 (±74,1) 718,0 (±74,1)

Colmo (kg de matéria seca ha-1)

AA BA Media

NG 114,4 (±27,0) 112,9 (±27,0) 113,7B′ (±19,1)

NP 254,3 (±27,0) 255,7 (±27,0) 255,0A′ (±19,1)

Media 184,4 (±19,1) 412,4 (±19,1)

Índice de área foliar

AA BA Media

NG 2,9 (±0,9) 2,9 (±0,9) 2,9B′ (±0,7)

NP 5,2 (±0,9) 5,9 (±0,9) 5,6A′ (±0,7)

Media 4,1 (±0,7) 4,4 (±0,7)

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P > 0,05); valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média. Abreviações: AA = alta altura; BA = baixa altura; NP = nitrogênio na pastagem; NG = nitrogênio no grão.

Além disso, o período prolongado (67 dias) desde a semeadura para o início de pastejo contribuiu sobre estas características. Mott et al. (1984) citaram que o mínimo para o bom desempenho animal é 1200 kg de matéria seca ha-1. Dessa forma, os animais durante o

período experimental com adubação na cultura de verão iniciaram o pastejo com baixa massa de forragem, pelo fato do sistema com N nas pastagens já estarem aptos ao pastejo (1212,0 em AANP e 1300,4 kg ha-1 em BANP). Pelo protocolo experimental todos os animais deveriam entrar na área a ser pastejada na mesma data.

Medeiros e Nabinger (2001), também Patês et al. (2007) relatam que aplicações de N durante o período de crescimento vegetativo aumenta o número de perfilhos e aumento na densidade de perfilhos (OLIVEIRA et al., 2007; CAMINHA et al., 2010), ocasionado pela maior porcentagem de lâminas foliares (BOVAL et al., 2002; PELLEGRINI et al., 2010) e maior rapidez de formação das gemas axilares (VITOR et al., 2009). Além disso, no início do estádio fenológico, existe melhoria na qualidade do azevém aumentando seu teor de PB e redução dos teores de FDN e de FDA (COSTA et al., 2011; MARCHESAN et al., 2015).

O N está diretamente relacionado com a eficiência fotossintética dos vegetais (TAIZ; ZEIGER, 2009). Com aumento da dose de N observasse aumento no crescimento das plantas e do teor de clorofila da folha (LUPATINI et al., 2013). Correlações positivas entre o teor de clorofila e concentração de N foliar foram observados por Costa et al. (2008) com aplicação de N (300 kg ha-1 ano-1).

Sendo o N componente essencial das biomoléculas da planta, como de aminoácidos, proteínas, ácidos nucleicos, hormônios, enzimas, coenzimas, fitocromos e clorofila (LAVRES JUNIOR; MONTEIRO, 2003), controla diferentes processos de crescimento e desenvolvimento, em especial a fixação de carbono (NABINGER; PONTES, 2001), aumentando a taxa fotossintética das plantas por meio da síntese e atividade da enzima ribulose-1,5-bisfosfato-carboxilase-oxigenase (Rubisco), responsável pela assimilação do CO2 (ROSADO; GONTIJO, 2017), com acréscimo da eficiência de captação da luz, favoreceu à maior biossíntese de proteínas e enzimas ligadas à fotossíntese (TAIZ; ZEIGER, 2009).

Pelas funções que desempenha nos vegetais, o N também tem influência nos componentes estruturais das forrageiras, aumento do comprimento final das folhas, colmos (WERNER, 1986) e do número de folhas vivas por perfilho que determinam o índice de área foliar da pastagem (ROSADO; GONTIJO, 2017), a relação folha:colmo, a relação material vivo:morto, o aparecimento e desenvolvimento de perfilhos (WERNER, 1986), a densidade de folhas verdes e altura do dossel, que interferem na produção (LOPES et al., 2011) e no consumo de forragem pelos animais em pastejo (POMPEU et al., 2010).

A pastagem adubada permitiu maior área foliar, em função do efeito do nitrogênio sobre o aumento do número de perfilhos, havendo também maior interceptação

luminosa de dossel forrageiro conforme Moreira et al. (2009) e Santos et al. (2009).

Pois a maior taxa fotossintética e a alta eficiência fotossintética de folhas jovens do dossel (PARSONS; PENNING, 1983), provavelmente propiciaram uma maior massa de forragem da pastagem, sem interferência da capacidade fotossintética pelo pastejo (PELLEGRINI et al., 2010).

A resposta do azevém à adubação nitrogenada pode estar influenciada principalmente pelo genótipo utilizada, período de utilização da pastagem, tipo de solo, teor de matéria orgânica e condições climáticas (LUPATINI et al., 2013), fatores que foram favoráveis para a expressão de seus efeitos. Pois, as pastagens de azevém quando adubadas e manejadas de forma correta, mostram alta capacidade produtiva (DIFANTE et al., 2006).