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4.1 AVALIAÇÃO DA PASTAGEM

4.2.2 Fibra em detergente neutro (FDN)

Para fibra detergente neutro (FDN), foi observado efeito da interação época de adubação nitrogenada e período de avaliação (P = 0,0111). Independentemente da altura de pasto, os tratamentos NP e NG não apresentaram diferença entre períodos, com exceção do terceiro período (3) onde o teor de FDN em NG foi maior com relação a NP.

Nos tratamentos NG e NP houve um aumento sustentado de FDN até o final do período de pastejo, com maiores valores no último período (5; Tabela 10). Este comportamento pode ser atribuído a uma diminuição da relação folha:colmo, existindo proporcionalmente uma maior quantidade de folhas nos períodos iniciais, aumentando o conteúdo de parede celular na

planta com avanço do estágio fenológico associado ao aumento da massa de colmos (VAN SOEST, 1994).

Tabela 10 - Fibra em Detergente Neutro (%) da simulação de pastejo em pastagem de azevém anual cv. Winter Star submetidas a combinações de alturas de manejo e época de adubação nitrogenada em sistema de integração lavoura-pecuária. UTFPR, Pato Branco - PR, 2019.

Época de adubação Período NG NP Media (1) 18/07 - 15/08 39,1Ca (±1,6) 38,7Ca (±1,6) 38,9 (±1,1) (2) 15/08 - 12/09 39,2Ca (±1,6) 41,9BCa (±1,6) 40,5 (±1,1) (3) 12/09 - 10/10 48,5Ba (±1,6) 41,5BCb (±1,6) 45,9 (±1,1) (4) 10/10 - 07/11 44,3BCa (±1,6) 47,5Ba (±1,6) 45,9 (±1,1) (5) 07/11 - 21/11 56,7Aa (±1,6) 59,6Aa (±1,6) 58,1 (±1,1) Media 45,9 (±0,7) 45,8 (±0,7)

Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P > 0,05); valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média. Abreviações: NP: nitrogênio na pastagem; NG: nitrogênio no grão.

Durante os diferentes estágios fenológicos da planta ocorre modificação de sua estrutura, devido a alterações nas proporções de laminas foliares e colmo, o que modifica os nutrientes disponíveis ao animal, conforme Marchesan et al. (2015). Em adição, a redução no valor nutritivo com aumento da idade da planta pode ser como resultado do desenvolvimento da maturidade da mesma (ANDRADE et al., 2003). Dessa forma, o avanço do estágio fenológico da planta forrageira resulta em incrementos nos componentes da parede celular e diminuição nos teores de proteína bruta (KOLLET et al., 2006).

Apesar de que a adubação nitrogenada, aumenta a produção de matéria seca, aumenta o teor de PB e diminui o teor de fibras das forragens (MARCHESAN et al., 2015), por estimular o crescimento de tecidos novos, que têm menores teores de carboidratos estruturais na matéria seca, melhorando, sua qualidade (COSTA et al., 2007). Neste trabalho, a falta de diferença entre NG e NP na maioria de períodos justifica-se pela técnica de colheita das amostras (simulação de pastejo). Pois, os animais em pastejo, exercem a seleção das partes mais nutritivas das plantas (folhas), apesar do uso do nitrogênio (PELLEGRINI et al., 2010). Segundo Brâncio et al. (2003) os bovinos preferem folhas a colmos, com alta seleção de folhas verdes (92,4%) e de colmos verdes (6,7%), sendo o restante da dieta composto por inflorescência, folhas secas e colmos secos.

Resultados semelhantes aos obtidos neste experimento foram obtidos por Pellegrini et al. (2010) onde os teores de FDN aumentaram linearmente com o avanço do ciclo produtivo da pastagem, na ordem de 0,5439%, e os valores variaram de 39,05% no primeiro período para 75,89% no quarto período, devido à menor quantidade de lâminas foliares e aumento na porcentagem de colmo e material senescente. Também, Medeiros et al. (2010) avaliando desempenho de novilhos terminados em pastagem de aveia preta e azevém

encontraram teores de FDN de 46,41 48,10 56,90 59,84 e 70,42 para os meses de julho a novembro, evidenciando um aumento nos teores de FDN com o avançar do estágio fenológico das plantas.

Os valores médios de FDN (Tabela 12) estão acima do encontrado por Freitas et al. (2005) de 41,6%, em pastagem de aveia preta mais azevém obtida por simulação de pastejo, e menores aos observados por Luczyszyn (2007) de 52,80% em azevém, aos encontrados por Trujillo et al. (2010) para azevém, sendo de 52,9% e aos obtidos por Kleemann (2017) em azevém c.v. Bar HQ® tetraploide, com teores de FDN de 50,87, 58,45 e 54% para o primeiro, segundo e terceiro período de pastejo, aos de Marchesan et al. (2015) em azevém cv. ״Barjumbo״ e ״Comum״ com valores de 48,6 e 53,6% de FDN, respetivamente, diferença explicada pela maior proporção de colmos no cultivar comum, sendo os colmos o constituinte estrutural das plantas que apresentam maior parede celular e maiores proporções de carboidratos fibrosos e lignina. Também aos de Grise et al. (2001), que encontram 57,3% de FDN, em mistura de aveia preta e ervilha forrageira e Filho et al. (2003), com teores médios de 57,4 e 57,4% de FDN, sendo semelhantes entre si, para a pastagem de azevém fertilizada com adubo organo-mineral e químico.

Considerando-se que este experimento foi conduzido a campo sob pastejo continuo, o pastejo tem influência direta sobre a estrutura de dossel (CARVALHO et al., 2004), ocorrendo estímulo ao surgimento de tecidos novos nas plantas desde as gemas basais, com renovação de tecidos foliares (VELÁSQUEZ et al., 2010), podendo melhorar a relação folha:colmo (ANDRADE et al., 2003) e o valor nutritivo da forragem, exercendo variações nas proporções de componentes de conteúdo celular e parede celular (PEREIRA; REIS, 2001).

Além de que o aumento de FDN no final do ciclo pode ser explicado pela menor proporção de folhas e maior de colmo e material morto, que possui mais componentes estruturais, como celulose e lignina (FREITAS et al., 2005), a diminuição no teor de PB e o aumento da FDN da forragem aparentemente consumida pelos animais, com o avanço do período de pastejo, coincidem com o progresso no estágio fenológico e com aumento de parede celular, sendo este último constituído por carboidratos estruturais (celulose, hemicelulose) e lignina (VANT SOEST, 1994; OLIVEIRA et al., 2013).

A falta de diferença para FDN entre alturas do pasto é devido a que foram avaliadas amostras obtidas por simulação de pastejo, onde os animais têm um consumo de nutrientes semelhantes graças à seletividade de folhas sobre colmos, sendo esperado que não exista diferenças. Sendo assim, a dieta consumida pelos bovinos apresenta maior valor nutritivo

que a massa de forragem, porque os bovinos consomem preferentemente folhas em relação a caules e material morto (MACHADO et al., 2008).

As diferenças na estrutura da pastagem determinadas pela altura de dossel, faz com que as mudanças ocorridas do estádio vegetativo para o reprodutivo causem modificações nos padrões de desfolhação do azevém por novilhos de corte (CARVALHO et al., 2001), gerando variações do valor nutritivo da ingesta. No entanto, as características físicas da pastagem de azevém podem alterar a proporção de folhas removidas, uma vez que afetam o esforço efetuado pelos animais no processo de apreensão da forragem (ILLIUS et al., 1995), afetando a composição da amostra obtida por simulação de pastejo de azevém.