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4.5. TAXA DE BOCADOS E PADRÕES DE DESLOCAMENTO

4.5.2 Tempo de permanência por estação

Para tempo de permanência por estação (segundos), foi observado efeito da época de adubação nitrogenada (P = 0,0122), sendo maior no tratamento NG e menor no tratamento NP (Tabela 22).

Tabela 22 - Tempo de permanência por estação (segundos) de novilhos Nelore x Charolês em pastagem de azevém anual cv. Winter Star submetidas a combinações de alturas de manejo e estratégias de adubação nitrogenada em sistema de integração lavoura-pecuária. UTFPR, Pato Branco - PR, 2019.

Época de adubação Altura de pasto AA BA Média NG 11,0 (±1,2) 10,9ns* (±1,2) 10,9A‘ (±0,9) NP 7,5 (±1,2) 7,2 (±1,2) 7,4B‘ (±0,9) Média 9,2 (±0,9) 9,1 (±0,9)

*Não significativo. Médias seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P > 0,05); valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média. Abreviações: AA: alta altura; BA: baixa altura; NP: nitrogênio na pastagem; NG: nitrogênio no grão.

tem efeito sobre a estrutura de dossel, com maior massa de forragem, maior massa de folhas, maior uniformidade de dossel, diferente distribuição espacial e maior acamamento (IA= 2; Apêndice O) em parcelas NP, modificaram o uso das estações alimentares, diminuindo o tempo de permanência.

Sendo que, uma estrutura de dossel mais uniforme (com maior frequência de desfolha) e maior acamamento, provavelmente resultou num aumento da densidade volumétrica da forragem, e alteração de sua composição morfológica nos estratos, uma vez que a mesma quantidade de massa de forragem por unidade de área passa a ocupar menor altura do pasto determinando mudanças estruturais como variação em sua distribuição espacial no pasto, que interferem no comportamento ingestivo do animal (GOMIDE; GOMIDE, 2001), dificultando a seleção de forragem e obrigando o animal a buscar outra estação alimentar próxima; com uma estrutura de dossel diferente, mais uniforme e com maior acamamento, provavelmente a distribuição espacial das folhas tenha dificultado a apreensão e seleção de forragem obrigando o animal a procurar outra estação alimentar próxima conforme Teixeira et al. (2011) diminuindo o tempo de permanência por estação.

Nas parcelas adubadas com N, é possível que os animais tenham escolhido novas estações próximas, tendo em vista a maior possibilidade de seleção por folhas, devido ao maior valor nutritivo e digestibilidade da matéria seca verde encontrada nestes pastos, não limitantes à seleção de forragem, além da percepção de melhores oportunidades de consumo em locais diferentes, o qual favoreceu a maior mudança de estação alimentar, resultando em maior número de estações alimentares em determinado espaço de tempo. Pois, a massa de forragem disponível, a estrutura vertical correspondente ao que foi consumido dentro da estação, é que determinaria o tempo de permanência do animal em cada estação alimentar (GRIFFITHS et al., 2003).

Este menor tempo de permanência por estação também está relacionado à quantidade e qualidade da forragem disponível e, assim, os ajustes nos padrões de deslocamento e procura de forragem ocorrem em resposta à estrutura do dossel forrageiro (BARBOSA et al., 2010), uma vez que a altura do pasto e a distribuição espacial das lâminas foliares afetam a facilidade de coleta pelo animal (PRACHE; PEYRAUD, 2001). Por tanto, a estrutura da pastagem determina o ponto de abandono da estação alimentar. Pois, quanto melhor a qualidade estrutural do pasto (massa de forragem, altura do pasto, densidade de forragem, relação folha: colmo, acamamento), maior é o tempo de permanência dos animais até que a relação custo:benefício em explorá-la seja menos interessante, deslocando-se em

busca de novos locais de alimentação que lhe garantam benefício maior no consumo de nutrientes (CARVALHO et al., 2014) com menor investimento de energia.

Ademais, sabe-se que em pastejo, a finalidade superior do animal é a necessidade nutricional existente a ser atendida com uma limitação de tempo para satisfazê-la. Maior gasto de tempo em determinado processo pode acarretar restrição de consumo e o não atendimento da demanda diária, pois o animal, além de pastejar, deve de ruminar, descansar e realizar atividades sociais (ROOK; PENNING, 1991).

Os valores encontrados neste trabalho são menores aos encontrados por Palhano et al. (2006) com maiores disponibilidades de forragem nas maiores alturas de manejo, que aumentaram de 10,7 a 40 segundos por estação da menor para a maior altura, em capim Mombaça e maiores aos de Baggio et al. (2009) que no estádio reprodutivo a média foi de 6,9 ± 0,3 segundos, em pastagem de azevém e aveia-preta e com correlação positiva com a oferta de lâminas foliares.

Com o aumento nas ofertas de forragem e lâminas foliares, a massa de cada bocado alcançada é maior, fazendo com que os animais percorram um número menor de estações alimentares para atingir suas necessidades nutricionais (CARVALHO; MORAES, 2005) e os animais tendem a permanecer mais tempo em cada estação alimentar, pois estes exercem uma maior seletividade (BAGGIO et al., 2009). Como forma de compensação dessa estrutura com maior oferta de forragem, o animal permanece mais tempo em uma mesma estação alimentar para suprir suas necessidades nutricionais (TEIXEIRA et al., 2011). Em adição, o tempo de permanência por estação também pode ser influenciado pelas intensidades de pastejo, assegurando que o maior tempo de duração da estação alimentar na intensidade de pastejo baixa, é consequência da maior disponibilidade de forragem (BARBOSA et al., 2010). Todos estes acontecimentos não foram observados com claridade neste experimento devido a que a oferta de forragem não foi restritiva em nenhum dos tratamentos do presente experimento, e a permanência na estação esteve mais determinada pela estrutura de dossel forrageiro, uma vez que os animais não tiveram restrição de massa de forragem.

De maneira oposta ao encontrado em este trabalho, Carvalho et al. (2018), afirma que o tempo de permanência por estação está diretamente relacionado à quantidade de forragem em pé e que quanto menor essa quantidade, mais cedo o animal é forçado a abandonar a estação de alimentação e selecionar uma nova. Em pastos manejados com baixa oferta de forragem maior número de estações alimentares são percorridas pelo animal, pois a estação atinge rapidamente o seu ponto de abandono, fazendo com que os animais procurem uma nova

estação alimentar (CARVALHO; MORAES, 2005). Do mesmo modo, com baixa oferta de forragem, o aumento no tempo de permanência dos animais em cada estação alimentar está relacionado com a realização de bocados com menor massa e consequentemente, menor colheita de nutrientes do pasto (BAGGIO et al., 2009) e em condições de baixa disponibilidade de forragem, os animais caminham menos entre estações alimentares sucessivas, aumentando o número de estações alimentares visitadas e diminuindo o tempo de permanência nessas (PRACHE et al., 1998). Comportamento não observado neste trabalho, pois, a massa de forragem mínima foi de 2906,6 kg de matéria seca ha-1 e a oferta de forragem mínima foi de 1,7 Kg de matéria seca dia-1 kg de PV-1.