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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Informação sobre o TDA/H

4.1.1 Ambiente escolar

Ao analisarmos a categoria Informação sobre o TDA/H, verificou-se como esse conhecimento é compartilhado pelos docentes. Na subcategoria ambiente escolar, despontaram os conhecimentos referentes ao TDA/H que circulam entre os docentes. Na fala dos entrevistados, foi observado desconhecimento sobre a natureza do TDA/H, surgindo referências neurológicas, psicológicas, menções a conflitos parentais e dificuldades dos pais de impor limites, deixando claro que a concepção sobre o TDA/H ainda está em processo de construção, como identificado nos trechos a seguir:

Não tenho conhecimento das origens do TDA/H, de como é tratado. É só a minha prática direta, vendo e observando o aluno durante as aulas (D15).  Eu como professora, olhando de dentro, ou seja, olhando os meus colegas

eu vejo claramente que o professor não tem entendimento sobre o TDA/H para lidar com esse aluno diferente (D2).

Acho que todo professor deveria saber de verdade o que é o TDA/H e começar a separar quem realmente tem e quem está com algum outro problema, inclusive familiar, psicológico, neurológico, de falta de regras dentro de casa e não somente rotular dizendo esse menino tem TDA/H (D1).

Nesse contexto, nota-se que existem dúvidas, incertezas e desconhecimentos sobre a origem, tratamento e diagnóstico, no entanto cada entrevistado tem ou já teve mais de um aluno diagnosticado com TDA/H. Alguns, inclusive, já haviam preenchido, a pedido médico, a ficha denominada “Escala para diagnóstico de TDA/H em crianças aplicada aos pais e professores – SNAP-IV” (anexo C), um questionário que utiliza os critérios do DSM para rastreio, estimativa da gravidade, constância dos sintomas e acompanhamento do tratamento. Esse questionário se utiliza de escores quantitativos e qualitativos de gravidade para cada um dos sintomas observados na criança.

Sobre os exames necessários para diagnosticar o TDA/H, alguns entrevistados disseram não saber se existem ou quais seriam os exames para o TDA/H. Outros

entrevistados citaram exames como de Neuroimagem e Tomografia. Observou-se o desconhecimento de que o diagnóstico é subjetivo e clínico e que não existem exames específicos que comprovem a existência do TDA/H.

Não conheço nenhum exame pra TDA/H, mas com certeza tem né? (D15). Eu não sei dizer se tem exame para TDA/H (D11).

 Que eu saiba geralmente são exames de imagem: neuroimagem ou tomografia (D5).

Foram citados como especialistas aptos a realizar o diagnóstico o psiquiatra e o neurologista. Apenas uma entrevistada mencionou uma equipe multidisciplinar para a fase do diagnóstico, demonstrando o desconhecimento da maioria dos entrevistados sobre a necessidade de uma equipe multidisciplinar para avaliar e investigar a queixa, demandando um conjunto de profissionais capacitados, por exemplo, neurologista, psiquiatras, psicólogos etc.

 Primeiro com o pediatra, depois vai pro neuro. Teria que fazer uma avaliação completa, vista, ouvido, neuro, e depois de fechado o diagnóstico dos profissionais vai para uma psicopedagoga ou psicóloga, dependendo do caso para começar uma intervenção (D1).

 Não conheço o processo de como uma criança chega a obter o diagnóstico do TDA/H, mas já consegui fazer esse diagnóstico, observando em aula porque você percebe muito fácil (D11).

Quem dá o diagnóstico é o médico, o psiquiatra ou o neurologista (D14). Portanto, observa-se que, apesar do contato com alunos diagnosticados com o TDA/H, esses profissionais não têm conhecimento suficiente para discorrer com propriedade sobre o assunto.

O TDA/H ainda é um tema pouco conhecido pelos entrevistados, que sentem necessidade de maiores informações para lidar com a questão. Alguns chegam a sugerir maior formação, cursos e treinamento para que os professores possam lidar com as crianças diagnosticadas ou rotuladas como portadoras do TDA/H:

Acredito que os professores deveriam fazer cursos não para diagnosticar o TDA/H, mas para entender o que realmente é o TDA/H e saber se algum aluno dele está com problema e poder encaminhar (D1).

Eu acho que as escolas poderiam chamar pessoas que já trabalharam com isso, fazer alguns estudos de caso com crianças que foram diagnosticadas

e que efetivamente têm o TDA/H e ver como foi conduzido o trabalho com essas crianças e até talvez fazer um comparativo com algumas crianças que o professor suspeita que têm alguma coisa (D1).

Acho que para diagnosticar não. Mas, com certeza, acho que o professor deveria ter cursos para entender o diagnóstico do TDA/H, porque a gente não entende muito bem o que é isso nem quem tem isso (D13).

Entretanto, surge aqui um ponto a ser refletido: como visto nos capítulos anteriores, foram levantados questionamentos referentes à fidedignidade das informações veiculadas pelos fabricantes de remédios e, tendo em vista que as multinacionais farmacêuticas são os principais patrocinadores de associações e grupos de apoio que promovem os cursos de atualização para educadores, surge a preocupação sobre que informações seriam veiculadas nesses cursos.

Por outro lado, pensamos ser uma prática efetiva a reflexão acerca do contexto em que se dá a queixa escolar, ou mesmo da qualidade da formação do profissional que encaminha a criança ao médico. Acreditamos que refletir sobre questões concernentes à escola e ao sistema educacional como um todo, pode tornar o ambiente escolar capaz de acolher devidamente a subjetividade humana em sua singularidade, assim como, buscar novas estratégias de ensino para que todos possam usufruir do papel essencial da educação como locus privilegiado de conhecimento.

4.1.2 Aprendizado

Na subcategoria aprendizado, observou-se que os entrevistados, de modo geral, concebem o TDA/H não necessariamente como um problema de aprendizagem, mas como um problema de comportamento, que pode ou não comprometer o rendimento escolar, demonstrando uma mudança na representação do TDA/H que originariamente era considerado um problema de aprendizagem, ou seja, ter o diagnóstico positivo para TDA/H implicava obrigatoriamente ter um baixo rendimento acadêmico.

 Ele era muito inteligente, prestava atenção, aprendia tudo, fazia as tarefas, mas eu percebi que esse menino era muito ansioso para saber, o detalhe das coisas, o porquê de tudo [...] falava muito e aí fui conversar com a mãe e ela me explicou que ele tomava Ritalina porque era muito ansioso e que tinha sido diagnosticado com TDA/H (D1).

A gente nota que o aluno levanta, sai, diz que quer tomar água, ir ao banheiro, olhar o caderno, perna não para. A velocidade que fala, a altura que fala. Tudo isso dá pra perceber, se observar com calma, dá pra perceber. Quando eu observo eu falo com os pais e dou o meu feedback e alguns pais até vão em busca de ajuda (D8).

Eu disse pra mãe que ela era muito ansiosa, não parava na sala. Aí a mãe teve a ideia de pôr na yoga. A menina começou a fazer e adorou. Daí em diante eu notei uma melhora incrível no comportamento dessa criança. Foi um absurdo. Melhorou o comportamento, foco, modo de agir, modo de falar. Era difícil dar aula porque ela não me deixava falar, era eu começar a falar e ela interrompia. Agora ela fica mais calma e ouve melhor. Ela não toma remédio, os pais não quiseram. Eu noto que cada pai busca a coisa que acredita (D10).

Sabe-se que originariamente o TDA/H surgiu no âmbito escolar, como um dos vilões da aprendizagem e causador do mau rendimento escolar, justificando o diagnóstico e o tratamento precoce, conectando os pontos de vista neurológico e escolar, vinculando-se à vida acadêmica como um problema médico, concebendo-se a representação de que era imperioso tratar o TDA/H para “sarar” o mau rendimento escolar, avaliado como um prejuízo acadêmico, social e individual.

A porta de entrada para se fixar no mundo acadêmico foi a necessidade de “curar” o baixo rendimento escolar pretensamente causado pelo TDA/H. No entanto, tendo em vista que o TDA/H e seu tratamento medicamentoso encontram-se instalados no cotidiano acadêmico, ter um mau comportamento é suficiente para obter o diagnóstico de TDA/H, ou seja, o que chama a atenção para um possível diagnóstico não é mais a dificuldade de aprendizagem em si, mas o mau comportamento.

Apesar da observação da mudança na representação de que para ter o TDA/H obrigatoriamente seria necessário ter um baixo rendimento escolar, nota-se que a noção de aprendizagem aparece vinculada à realização de tarefas. A criança que não produz é uma criança que não corresponde às expectativas e requer solução.

Eu tinha um aluno que era muito agitado, mas posso te dizer que apesar de toda a agitação ele conseguia aprender, ele conseguia fazer tudo como qualquer criança normal e não tomava remédio [...] então eu passava lição, passava o conhecimento, ele já fazia, acabava e pronto. Eu ia corrigir e estava tudo certo (D7).

São crianças que não têm limite e que não se comportam, não fazem tarefa, até aprendem, mas não se comportam (D4).

Essa escola, que valoriza resultados objetivos espera que o indivíduo atue em alta performance e é nesse ponto que a fala psiquiátrica alia-se aos docentes com o intuito de encontrar candidatos ao diagnóstico de TDA/H, pois, diante do exposto, é no ambiente escolar que o TDA/H se faz tangível, tornando a escola seu local de visibilidade. Assim, quando a criança está fora dos padrões, muitas vezes é o educador quem sugere aos pais que procurem ajuda médica, ou seja, basta que manifeste condutas contrárias ao padrão idealizado para que se conjecture sua patologização. 4.1.3 Relacionamento

Na subcategoria relacionamento, verificam-se reflexões sobre as relações familiares, assim como, das relações entre docentes e familiares do aluno diagnosticado com TDA/H.

Eu acho que antes de chegar a tomar o remédio você tem que ver tudo, conhecer a família, como essa família interage. Eu acho importante algumas vezes sentar com os pais e bater papo (D13).

Foi externalizado que lidar com um aluno diagnosticado com TDA/H, muitas vezes, mobiliza sentimentos de irritação e perturbação, demonstrando o desconforto dos docentes ante um comportamento distante daquele idealizado. A dificuldade de controlar o comportamento desse estudante, que vai contra a postura imaginada pelo sistema de ensino tradicional, gera frustração e o pensamento de que o aluno, que não corresponde às expectativas da escola, precisa ser modificado para se ajustar ao que se espera dele.

[...] era falta de respeito com o professor e com qualquer um que trabalhava dentro da escola. Numa escala de hierarquia a criança tende a parar se você diz: você vai falar com a coordenadora. Se não parar, a gente diz você vai falar com a diretora e ela para. Ele não. Ele não parava com ninguém, tava um pouco demais. Irritava todo mundo (D14).

De acordo com os entrevistados, muitas famílias buscam auxílio fora da medicação, outras preferem recorrer ao medicamento e outras ainda são resistentes a encarar a situação. Foi relatado que algumas famílias são preocupadas e envolvidas com o que diz respeito à escola de seus filhos. No entanto, outras famílias

mostram-se resistentes para aceitar sugestões, levando a um relacionamento cansativo entre docentes e familiares.

 Eu percebi que a ansiedade dela não era só com a matéria, era dela mesmo, então eu percebi que ela precisava de alguma atividade, sugeri a música, aí a mãe falou que já tinha feito música e mesmo assim não parava, ela disse que botou no tênis e que a atividade esportiva ajudou, mas não resolveu. Daí eu falei que achava que ela precisa de alguma coisa mais calma que a ajudasse a se acalmar internamente ou algum psicólogo que fosse nessa linha de auxiliá-la a se acalmar ou, por exemplo, alguma coisa que a ajudasse a ficar parada como o xadrez. Aí ela optou por levá-la ao psicólogo (D8).

A mãe me explicou que ele tomava Ritalina e que tinha sido diagnosticado com TDA/H [...] e que começou a tomar a Ritalina com 7 anos e toma o remédio até hoje. Eu cheguei a explicar a ela que três anos tomando remédio initerruptamente poderia causar algum efeito colateral, disse que seria interessante que ela fizesse uma nova consulta com outros médicos pra ver se poderia começar a suspender a Ritalina, mas ela disse que não. Que estava muito satisfeita com o remédio nesses três anos e que não tinha problema nenhum. Bem, com essa resposta eu percebi a resistência e que ela não tinha abertura nenhuma pra fazer um novo check-up no menino. Ela não se abriu a talvez a ser ajudada e ajudar o filho (D1).

Os entrevistados acreditam na importância do trabalho conjunto da escola, das famílias e dos profissionais de saúde, tanto no processo diagnóstico quanto na busca por resultados acadêmicos positivos:

 Porque o professor conhece a criança, ele sabe da dificuldade, o que está acontecendo com essa criança em sala de aula, então, ele pode ajudar informando onde está pegando, assim como os pais também conhecem o comportamento dessa criança em casa. Essas duas fontes são muito importantes. Como ele é em casa e como ele é na escola. Isso vai ajudar a ter um bom diagnóstico (D6).

Eu acho que o professor tem que ser como um coadjuvante do profissional da saúde porque o professor precisa informar o que está acontecendo em sala, o que ele tá vendo e o que ele tá sentindo para poder chegar a um diagnóstico mais verdadeiro (D8).

Todos trabalhando, o professor na escola, mãe em casa, o psicopedagogo no seu momento, médico também, tudo tem que ser um trabalho em conjunto, acho que isso dá certo (D1).

Foram feitas reflexões patologizantes acerca das relações familiares e do comportamento apresentado pelas crianças no âmbito escolar. Discutiu-se a importância do professor como “auxiliar médico”, o comportamento do aluno e as relações familiares dentro e fora do contexto escolar. Nota-se que, nesse modo de entendimento, onde as maneiras de ser e de aprender entram em uma apreciação que procura uma patologia ao invés dos potenciais do aluno, a medicina é convidada a entrar no espaço escolar. Portanto, a partir da análise discursiva, observou-se a necessidade de localizar um culpado pelo baixo rendimento, condutas e comportamentos do sujeito. Infere-se que para o grupo entrevistado, os culpados seriam a dinâmica familiar ou a constituição orgânica do individuo.

4.2 Atitude docente

4.2.1 Prática docente

Essa categoria e sua subcategoria prática docente abordam assuntos relacionados às práticas docentes guiadas por crenças e atitudes. A categoria descreve as ações desenvolvidas pelos docentes em sala de aula, assim como as dificuldades relacionadas a essas práticas.

Inicialmente, identifica-se nos entrevistados um sentimento de insegurança diante da ação em virtude da falta de informações objetivas sobre o TDA/H:

Todo mundo fala, ai meu filho tem TDA/H, mas o que é esse TDA/H? Eu acho que as pessoas vão rotulando sem saber realmente o que é o TDA/H. Eu acredito que eu precisaria ter um pouco mais de prática com pessoas nessa área pra me sentir segura e saber como agir em sala de aula (D9).  Eu sinto que já iniciei o caminho, mas tem muita coisa pra estudar, pra

melhorar o caminho pra trabalhar com esse pessoal com TDA/H (D10). Foram relatadas algumas práticas para lidar com a criança diagnosticada com o TDA/H, por exemplo: escutar o que a criança tem a dizer e utilizando sua fala, seus interesses, seu conhecimento prévio associá-los ao conteúdo escolar; envolvê-la em atividades dinâmicas, que ocupam ou gratificam o aluno; impor limites etc.

Eu uso algumas técnicas que eu vejo que funcionam, por exemplo, quando eu estou dando aula algumas vezes eu preciso impor limites a alguns alunos, ou seja, apesar de ser o professor legal, gente boa, eu algumas vezes sou mais autoritário, não permito interrupções quando o aluno está atrapalhando muito a aula eu corto logo, funciona, mas não é muito o meu perfil e eu acho também que não posso deixar o aluno pegar birra de mim, senão o aprendizado não acontece, porque, pensa comigo, se eu não souber levar e não tiver esse equilíbrio para pôr limites, o aluno pega birra de mim e consequentemente da matéria porque eu represento aquela matéria, o conteúdo que estou explicando. Eu sou a personificação daquilo que estou ensinando (D15).

 Eu tô ensinando matemática daí o aluno começa a falar de um outro assunto, ele começa a falar de futebol, por exemplo, daí eu pego o assunto futebol e tento mostrar aonde a matemática se encaixa e trazer ele de volta para a aula. Então eu digo, olha isso que você tá falando se encaixa aqui na matemática, então eu tento fazer ele voltar para a aula devagarzinho. Na grande maioria das vezes isso funciona e eu não preciso estar brigando, gritando ou mandando sair da sala, o que é muito estressante para o professor e para o aluno. Isso funciona bem, é uma tática que eu uso bastante e funciona muito, você deixar o aluno viajar no assunto que é prazeroso para ele [...], muitas vezes você precisa deixar ele viajar pra ver o ponto onde você consegue contornar e trazê-lo pra aula, então eu deixo ele viajar e quando eu vejo uma oportunidade eu trago de volta. Acho que de tudo o que eu fiz até hoje é o que deu mais resultado (D12).

Um dos entrevistados destacou que ao implementar uma nova estratégia de ensino ele observa o comportamento não somente da criança diagnosticada com TDA/H, mas de toda a turma, identificando, assim, se a nova estratégia provoca resultados positivos em todo o grupo.

Tem sala que você faz uma abordagem e funciona, tem outra sala que precisa de uma outra abordagem e o professor tem que estar atento, tem que observar (D9).

Os entrevistados que adotam essas atitudes em sala de aula acreditam que facilitam o relacionamento e a aprendizagem em sala de aula. Essas atitudes estão associadas às ações e às experiências que os docentes desenvolveram durante seus anos de prática em sala de aula.

Nessa subcategoria, alguns entrevistados demonstram uma atitude reflexiva sobre os “achismos” e “diagnósticos” intuitivos dados por professores aos estudantes que apresentam padrões de comportamento fora do idealizado.

 Agora se o professor quer trabalhar na área acadêmica hoje em dia ele tem que se preparar, ele tem que estudar, tem que se capacitar e trabalhar com isso e não querer ser um tudólogo, ou seja, aquele que dá aula e também diagnostica o TDA/H. É muito complicado isso do professor querer ser um tudólogo. O professor trabalha com o conhecimento, mas não sabe tudo (D1).

Se realmente a criança tem TDA/H ou se é outra questão precisamos averiguar com mais seriedade, com mais profundidade pra saber se realmente a criança tem porque já aconteceu de crianças serem diagnosticadas com TDA/H e na verdade o problema era outro e a criança não tinha nada de TDA/H (D14).

Observa-se que as representações que esses professores têm sobre o TDA/H intervêm na forma como conduzirão seu trabalho pedagógico. A prática pedagógica será influenciada pela atitude do professor de atribuir ou não somente à criança o mau desempenho escolar. Se o docente não se reconhecer como parte fundamental do processo de aprendizagem, acreditará que encaminhar o aluno para especialistas e solicitar a medicalização do mau comportamento e dos problemas de aprendizagem pode ser a solução para tratar questões que podem ser de cunho pedagógico, e não médico.

Se o professor vê que alguma criança está diferente das outras o procedimento seria encaminhar para um profissional que consiga ajudar (D3).

Eu acho que é preciso entender o contexto dessa criança, para somente assim sugerir o encaminhamento adequado (D7).

Acho que o ideal seria, inicialmente, evitar qualquer tipo de remédio, porque acho que o trabalho em conjunto família, escola é o que vai acabar ajudando essa criança (D1).

 O papel do professor é ensinar, mas pra ensinar você precisa observar quem você está ensinando, quem é o seu alvo, você precisa observar o aluno. O método de ensino que você usa pra um aluno não funciona pra outro (D5).

Alguns entrevistados apresentaram reflexões sobre a metodologia do professor, para esses docentes há questões pedagógicas que não podem ser deixadas apenas sob responsabilidade do médico ou do psicólogo.

O que eu percebo é que muitos colegas meus estão muito focados na matéria, ensinar a matéria, e pouco focado no aluno. E deveria ser diferente porque quanto mais focado você está no aluno mais você percebe essas diferenças dele, o que é personalidade, o que não é. E consegue ter um resultado melhor no aprendizado dessa criança sem precisar mandar pro médico ou pro psicopedagogo (D12).

Observa-se que, apesar das dúvidas sobre o TDA/H, os entrevistados apontam reflexões e ações em prol de mudanças e reformulação de procedimentos para que essas práticas consigam incluir todos os alunos no processo de aprendizado.

4.3 Imagem

4.3.1 Preconceito

Na categoria imagem, observa-se que há um conhecimento do senso comum, socialmente elaborado e partilhado pelos entrevistados de que a imagem do TDA/H

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