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AMOR É QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA

No documento As obras do amor.pdf (páginas 141-161)

1 Tm 1, 5 A soma do mandamento126 é o amor, que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem hipocrisia.

Se devêssemos indicar e caracterizar com uma única palavra a vitória que o Cristia- nismo alcançou sobre o mundo, ou ainda mais exatamente a vitória pela qual ele mais do que ultrapassou o mundo (já que o Cristianismo jamais quis vencer mundanamente), a transformação da infinitude que o Cristianismo tem em mira, com a qual em verdade tudo permaneceu como era e contudo no sentido da eternidade tudo se tornou novo (pois o Cris- tianismo jamais simpatizou com a feira das novidades) - não sei nada de mais conciso mas também nada de mais decisivo do que isto: ele tornou toda e qualquer relação humana entre dois indivíduos um relação de consciência. O Cristianismo não pretendeu derrubar gover- nos de seus tronos para assentar-se ele mesmo no trono, no sentido exterior ele jamais com- bateu por um lugar no mundo, ao qual ele não pertence (pois no espaço do coração, se acaso aí encontra um lugar, não ocupa absolutamente um lugar no mundo), e contudo transformou infinitamente tudo aquilo que deixou e deixa subsistir. Pois assim como o sangue lateja em cada nervo, assim também o Cristianismo quer impregnar tudo com a relação da consciên- cia. A transformação não ocorre no exterior, não é na aparência, e contudo tal transforma- ção é infinita; como se um homem, em vez de sangue em suas veias tivesse aquela seiva divina com a qual o paganismo sonhava - assim o Cristianismo quer insuflar a vida eterna, a divindade, no gênero humano. Por isso se disse que os cristãos formavam um povo de sa- cerdotes, e por isso podemos dizer, quando refletimos sobre a relação da consciência, que

ele é um povo de reis. Pois toma o mais humilde, o mais desapercebido dos servos, imagina aquilo que nós chamamos uma simples, pobre e indigente mulher trabalhadora que ganha o seu sustento com o trabalho mais humilde: ela tem, falando cristãmente, o direito, sim, nós lhe pedimos insistentemente em nome do Cristianismo que ela queira usufrui-lo, ela tem o direito de, enquanto executa seu trabalho, falando consigo mesma e com Deus, o que o tra- balho jamais impede, ela tem o direito de dizer: “Eu faço este trabalho pelo salário, mas se o faço tão cuidadosamente como o faço, é que o faço - por uma questão de consciência”. Ai, em termos mundanos só há um homem, um único, que não reconhece nenhuma outra obrigação que não seja a da consciência: é o rei. E no entanto, aquela humilde mulher, em termos cristãos, tem o direito de, majestaticamente, dizer a si mesma diante de Deus: “eu faço isto por uma questão de consciência!” Se esta mulher fica incomodada porque nin- guém quer escutar-lhe este discurso, então apenas demonstra sua falta de disposição cristã, pois afinal de contas eu entendo que pode ser suficiente que Deus me permita falar assim com ele, - ambiciosamente exigir liberdade de expressão neste assunto é uma grande insen- satez para consigo mesmo; pois há certas coisas, e entre elas especialmente os segredos da interioridade, que perdem ao serem publicadas, e que se perdem completamente quando a publicidade se torna para alguém o que há de mais importante, sim, há segredos que em tal caso não apenas se perdem mas até se tornam algo sem sentido127. A intenção128 divina do Cristianismo está em confidenciar a cada ser humano: “Não te esfalfes tentando mudar a face do mundo ou tua situação, como se tu, para ficarmos no exemplo, em vez de seres uma pobre trabalhadora talvez conseguisses chegar a ser chamada de Madame, oh não, apropria- te do verdadeiramente cristão129, e aí isso te mostrará um ponto fora do mundo, com ajuda do qual conseguirás mover céus e terra, sim, farás coisas ainda mais maravilhosas, moverás os céus e a terra tão calma e levemente que ninguém o perceberá”.

Eis o milagre do Cristianismo, mais maravilhoso do que transformar água em vinho, o milagre de, na maior tranqüilidade, sem nenhuma troca no trono, isto mesmo, sem mover um dedo, transformar qualquer homem, no sentido divino, num rei, tão facilmente, tão

127 Meningsløshed 128 Mening

agilmente, tão maravilhosamente que o mundo num certo sentido nem precisa ficar saben- do. Pois no mundo exterior, aí convém que o rei seja o único que governa segundo a sua consciência, mas obedecer - por uma questão de consciência, deve ser permitido a qualquer um, sim, isto ninguém pode impedir. E lá no interior, bem no fundo, onde o verdadeiramen- te cristão mora na relação da consciência, lá tudo está transformado.

Vê só, o mundo faz soar o alarme apenas para atingir uma pequena mudança, faz mover céus e terra por um nada, como a montanha a parir um ratinho: o Cristianismo faz na maior tranqüilidade a transformação da eternidade, como se fosse um nadinha. Isto ocorre tão calmamente como nenhuma outra coisa neste mundo pode ser, com tanta calma como só um moribundo e a interioridade podem ter: em que consiste o Cristianismo, senão em interioridade130!

Assim, o Cristianismo transforma cada relação entre dois indivíduos numa relação de consciência, e assim também a relação de amor. É justamente isto que queremos agora considerar, que, compreendido à maneira cristã,

o amor é questão de consciência.

Na palavra apostólica acima citada está incluído algo duplo, em primeiro lugar “a soma do mandamento é o amor”. Isto já analisamos nas considerações anteriores, à medida em que vinculamos esta observação a uma outra palavra, de que o amor é o pleno cumpri- mento da lei. Mas a seguir está dito em nosso texto: se o amor deve ser a soma do manda- mento deve proceder de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé sem hipo- crisia. Entretanto, optamos por concentrar nossa atenção sobre uma destas determinações, a de que o amor é uma questão de consciência, na qual também estão contidas essencialmente as outras duas determinações, e à qual elas podem ser referidas essencialmente.

Que então uma determinada forma de amor tenha se tornado para o Cristianismo uma questão de consciência, é coisa suficientemente conhecida por todos. Falamos do ma- trimônio. Antes que o ministro da Igreja una os dois para a vida em comum que foi a esco- lha de seus corações (sobre o que, aliás, ele não pergunta nada), pergunta contudo a eles, a cada um em particular: “Consultastes Deus e a vossa consciência?” Portanto o ministro da Igreja refere o amor à consciência, razão porque aliás ele lhes fala de certo modo como um estranho, sem utilizar o “tu” mais íntimo; a cada um dos dois em particular ele ausculta o coração, e isto é uma questão de consciência, ele transforma um assunto do coração numa questão da consciência. Mais determinada e mais nitidamente isto decerto não se pode ex- pressar, e contudo há ainda outra expressão para a mesma consideração contida na fórmula da pergunta, ou no fato de que cada um seja questionado em particular. Perguntar - ao indi- víduo, é a forma mais universal para a relação de consciência, e justamente por isso também a consideração essencial do Cristianismo sobre o gênero humano consiste em antes de mais nada considerar todos estes inúmeros, cada um por si, cada um em particular como sendo o indivíduo131.

O ministro da Igreja pergunta portanto aos dois, cada um particularmente, se este se aconselhou com Deus e com sua consciência. Eis a transformação da infinitude que ocorre no Cristianismo com o amor132. Ela é, como todas as transformações do Cristianismo, tão silenciosa, tão oculta - porque ele só pertence à interioridade oculta do homem, à natureza incorruptível do espírito quieto. Quanta abominação não viu o mundo na relação entre ho- mem e mulher, que a mulher, quase como um animal, era um ser desprezado em compara- ção com o homem, um ser como que de uma outra espécie; quanto não se lutou para que a mulher, no mundo, entrasse de posse dos mesmos direitos do homem: mas o Cristianismo realiza somente a transformação da infinitude e o faz então no maior silêncio. Exteriormen- te permanece, de certo modo, tudo como antigamente; pois o homem deve ser o senhor da mulher, ela lhe deve obedecer; mas na interioridade tudo está transformado, transformado graças àquela pequena pergunta feita à mulher, se ela se aconselhou com sua consciência, se ela quer ter este homem - como seu senhor, pois de outra maneira ela não o recebe. Contu-

do, a pergunta da consciência sobre a questão de consciência a torna na interioridade diante de Deus completamente igual com o homem. O que Cristo dizia do seu Reino, que ele não é deste mundo, vale também para tudo o que seja verdadeiramente cristão. Como uma ordem superior das coisas ele quer estar presente por toda parte, mas não de maneira palpável. Tal como um espírito amigo abraça sempre os que se amam, segue cada um de seus passos, mas não se mostra; assim também o essencialmente cristão será estranho na vida porque ele per- tence a um outro mundo, estranho no mundo porque ele quer pertencer ao homem interior. Homens insensatos se esfalfaram para insensatamente manifestar mundanamente em nome do Cristianismo que a mulher deve ser colocada numa situação jurídica idêntica à do ho- mem: uma tal coisa o Cristianismo jamais exigiu nem desejou. Ele já fez tudo pela mulher se ela, cristãmente quer contentar-se com o cristão133; caso ela não o queira, ganhará apenas uma pobre compensação para o que perde, na migalha de exterioridade que ela pode obsti- nadamente conseguir no mundo.

Assim é com o matrimônio. Mas porque o Cristianismo com o matrimônio tornou o amor humano uma questão de consciência, daí parece ainda não seguir que ele tenha trans- formado o amor134 como tal numa questão de consciência. Contudo, aquele que é de outra opinião está equivocado a respeito do essencialmente cristão. Pois não foi excepcionalmen- te que o Cristianismo tornou o amor erótico uma questão de consciência, mas porque ele tornou todo e qualquer amor135 uma questão de consciência, ele também tornou em tal coisa o amor erótico. E além disso, se alguma espécie de amor tinha de ser difícil de transformar em assunto de consciência, decerto seria o amor erótico, que é fundado em instinto e incli- nação; pois instinto e inclinação parecem ser exatamente suficientes para a decisão da ques- tão se este amor está presente ou não, e parecem neste sentido levantar uma objeção contra o Cristianismo, assim como também o Cristianismo contra ele. Pois quando dois seres hu- manos se amam, o que aliás eles mesmos devem saber melhor do que os outros, e de resto nada impede sua união, por que então levantar dificuldades, como o faz mesmo o Cristia- nismo, ao dizer: Não, vós tendes que primeiro ter respondido a questão, se já vos aconse-

132 Elskov 133 det Christelige 134 Kjerlighed

lhastes com Deus e com as vossas consciências. O Cristianismo jamais quer fazer transfor- mações no exterior, ele não quer abolir nem o instinto nem a inclinação, quer apenas fazer a transformação da infinitude no interior.

E a transformação da infinitude (que é o homem oculto da interioridade, que se ori- enta para dentro, para a relação com Deus, e nisto se distingue daquela interioridade que se orienta para fora) é a transformação que o Cristianismo quer realizar por toda parte, e por isso também quer transformar toda forma de amor136 em assunto de consciência. Por isso se considera erradamente o propriamente cristão137 quando se acha que é uma forma particular de amor138 o que ele, excepcionalmente, quer tornar num assunto de consciência. Não se pode, absolutamente, tornar algo de particular uma questão de consciência; ou se torna tudo numa tal coisa, como o faz o Cristianismo, ou simplesmente nada. Com a força interior que a consciência tem para expandir-se ocorre o mesmo que com a onipresença de Deus: não se pode restringi-la num sítio particular e dizer que Deus é onipresente neste lugar particular; pois isto significa precisamente negar sua onipresença. E assim também restringir a relação da consciência a algo de particular é o mesmo que negar a relação de consciência absoluta- mente.

Se quisermos pensar num ponto de partida na doutrina do Cristianismo sobre o amor (ainda que seja impossível fixar um ponto inicial num movimento circular), não se pode dizer que o Cristianismo começa por fazer do amor erótico uma questão de consciência, como se este assunto tivesse logo de saída, antes dos outros, atraído a atenção da doutrina, a qual tem coisas bem diferentes para pensar do que em casar as pessoas. Não, o Cristianismo começou pelo fundamento e por isso com a doutrina do espírito sobre o que seja o amor. Para determinar o que é o amor, inicia ou com Deus ou com o próximo, uma doutrina do amor que é a essencialmente cristã, já que é preciso partir de Deus para no amor encontrar o próximo, e no amor ao próximo é preciso encontrar Deus. A partir desta consideração fun- damental, o Cristianismo se apodera de toda e qualquer expressão de amor e é zeloso de si

135 Kjerlighed 136 Kjerlighed 137 det Christelige

mesmo. Pode-se portanto igualmente dizer que foi a doutrina da relação do homem com Deus que fez do amor erótico um assunto de consciência, como também que foi a doutrina sobre o amor ao próximo. Ambas constituem igualmente a objeção cristã contra a autono- mia139 do instinto e da inclinação. Pois que o homem (o noivo) em primeiríssimo lugar per- tence a Deus, antes de pertencer a qualquer relação, é por isso que se pergunta primeiro a ele se já se aconselhou com Deus e com a sua consciência. E da mesma maneira com a mu- lher. E porque o homem, em primeiríssimo lugar, mesmo na relação com a mulher amada, é o próximo, e ela para ele em primeiríssimo lugar é o próximo, por isso é que aí se pergunta se ele e ela se aconselharam com a consciência. Em sentido cristão, há igualdade entre to- dos os seres humanos diante de Deus, e na doutrina sobre o amor ao próximo há igualdade entre todos os seres humanos diante de Deus. Pensa-se talvez que o amor ao próximo já é alguma coisa, quando se constitui de um amor erótico desgastado, ai, amor ao próximo é o extremo e o mais sublime amor, e por isso tem direito à primeira fileira no primeiro e su- premo instante do enamoramento.

Isto é o cristão140. Não se trata, absolutamente, longe disso, de primeiro nos atare- farmos na procura do amado, ao contrário, ao amarmos a pessoa amada devemos primeiro amar o próximo. Para o instinto e a inclinação isto constitui certamente uma estranha e arre- fecedora absurdidade; mas apesar de tudo o Cristianismo é isto e não esfria, de jeito ne- nhum, mais do que o espírito o faz com o sensual ou com o sensual-anímico, enquanto que de resto a característica do espírito é precisamente de ser ardente sem labaredas. A esposa deve em primeiríssimo lugar ser para ti o próximo, e o fato de que ela é para ti a tua esposa constitui então uma determinação ulterior da vossa relação especial recíproca. Mas o que aí é o eternamente fundante tem de fundamentar também toda e qualquer expressão do parti- cular.

Se não fosse assim, como acharíamos então lugar para a doutrina do amor ao pró- ximo? - E contudo, em geral o esquecemos completamente. Falamos à maneira pagã, sem

138 Kjerlighed 139 Selvraadighed 140 det Christelige

nem nos darmos conta disto, sobre o amor natural e a amizade, orientamos nossa vida nes- tas questões como pagãos, e depois acrescentamos um pouquinho de Cristianismo para amar o próximo, ou seja, algumas outras pessoas. Mas aquele que não se dá conta de que sua esposa é para ele o próximo, e só então sua esposa, jamais chegará a amar ao próximo, por mais gente que ele ame; pois ele tem na esposa uma exceção. A esta exceção ele amará então ou com demasiada veemência por toda a vida, ou primeiro com demasiada impetuo- sidade e depois com demasiada frieza. Pois certamente a esposa é amada de maneira dife- rente da do amigo, e o amigo é amado de maneira diferente da do próximo, mas esta não é uma diferenciação essencial, pois a igualdade fundamental consta da determinação do pró- ximo. Com o próximo dá-se o mesmo que com a determinação de “homem”. Cada um de nós é homem e então por sua vez é o diferente, que ele é enquanto particular; mas ser ho- mem constitui a determinação fundamental. Ninguém pode enganar-se em virtude da dife- rença a ponto de, por covardia ou presunção, acabar esquecendo de que é um ser humano; nenhum homem constitui por sua diferença especial uma exceção em relação ao ser ho- mem, mas ele é homem e aí então é aquele que é enquanto particular. Assim o Cristianismo não se opõe a que o marido ame a sua esposa de maneira especial, mas ele jamais deve amá-la tão particularmente que ela constitua uma exceção quanto ao ser o próximo, o que cada ser humano é; pois assim ele embaralharia o cristão141: a sua esposa deixa de ser para ele um próximo, e com isso todos os outros seres humanos deixam de ser para ele o próxi- mo. Se existisse um único homem que por sua diferenciação constituísse uma exceção ao ser homem, o conceito de “homem” ficaria embaralhado: esta exceção não seria um ho- mem, e tampouco os outros homens o seriam.

Diz-se que um marido ama sua esposa de forma conscienciosa, ou o seu amigo, ou os próximos; mas geralmente se fala de tal modo que se inclui um grande equívoco. O Cris- tianismo ensina que deves amar cada homem, e por isso também a esposa e o amigo, de acordo com a consciência; isto constitui, afinal, uma questão de consciência. Quando, ao contrário, se fala de que se ama a esposa e o amigo de acordo com a consciência, geralmen- te se quer dizer: no sentido da discórdia ou, o que dá no mesmo, no sentido corporativo de

amá-los tão preferencialmente que a gente simplesmente nada mais tem a ver com todos os demais homens. Mas esta espécie de consciência é, no sentido cristão, nada mais do que falta de consciência. Vemos também que caberia à esposa e ao amigo determinar se o amor demonstrado é ou não consciencioso. Aqui está a inverdade, pois é Deus que por si mesmo e pela determinação intermediária do próximo verifica se o amor à esposa e ao amigo é consciencioso. Pois só neste caso o teu amor142 é uma questão de consciência; e contudo é uma coisa bem clara que só se pode verdadeiramente ser consciencioso num assunto de consciência, pois senão também se poderia falar de um receptador consciencioso. Primeiro então o amor tem de ser definido como questão de consciência, antes que se possa falar de amar de forma conscienciosa. Mas o amor só está definido como uma questão de consciên- cia quando ou Deus ou o próximo constitui a determinação intermediária, portanto não no amor natural ou na amizade enquanto tais. Mas se o amor143, no amor natural144 e na ami- zade145 como tais, não é determinado como assunto de consciência, então a assim chamada conscienciosidade torna-se tanto mais suspeita, quanto mais estreita é a relação.

Pois o essencialmente cristão não se comporta como uma determinação mais próxi- ma em relação àquilo que no paganismo ou alhures chamou-se de amor146, mas constitui uma transformação fundamental; o Cristianismo não veio ao mundo para ensinar uma ou outra modificação no modo como tu particularmente deves amar tua esposa, ou teu amigo, mas para ensinar de que modo tu, no sentido da universalidade humana, deves amar todos os homens. E é esta transformação que, por sua vez, transforma cristãmente o amor natural e a amizade.

Às vezes também ouvimos dizer que perguntar a cada um por seu amor natural seria uma questão de consciência. Mas muito freqüentemente isto não é compreendido da manei- ra mais correta. A razão porque esta é uma questão de consciência é que o homem, em seu amor natural, antes de mais nada pertence a Deus. Por isso ninguém fica bravo quando o 142 Kjerlighed 143 Kjerligheden 144 Elskov 145 Venskab 146 Kjerlighed

pastor pergunta, pois ele pergunta em nome de Deus. Mas freqüentemente não se pensa nis- to, e pelo contrário, acha-se que o amor natural é um assunto tão íntimo que nenhum tercei- ro é bem-vindo, nenhum terceiro - nem mesmo Deus, o que, para a compreensão cristã, é falta de consciência. Contudo, uma questão de consciência é absolutamente impensável com referência a um assunto no qual o homem não se relaciona com Deus; pois o relacio-

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