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O AMOR NA LINGUAGEM DIÁRIA

No documento Amar É Sempre Certo 1 (páginas 60-67)

Amor – a palavra escorrega na nossa conversa todos os dias, quase sem ser notada.

• Não é um amor?

• Claro, amaria fazer o almoço da semana que vem.

• Ouvi uma história ótima, você vai amá-la.

• Puxa! Amo este carro, ele acelera tão facilmente e é tão gostoso de manobrar!

• Meu gatinho é lindo. Como o amo!

• Não aceitaria esse emprego nem por amor nem por dinheiro.

• Como amo essas manhãs frescas de outono!

• Eu a amo, doçura, de todo o meu coração.

• Você tem de amar o seu trabalho!

Ligue o rádio ou a TV a qualquer hora do dia ou da noite. Não se pode fugir do amor. Ele é cantado nas emissoras, dramatizado (no geral melodramatizado!) nas novelas, ridicularizado nas comédias de costumes e escarnecido nos programas de entrevistas de segunda classe.

• O amor não pode ser errado se parece tão certo.

• Estou esperando o filho do nosso amor.

• Se não puder ficar com quem ama, ame aquele com quem fica.

• Amo o que você faz por mim.

• O que o você precisa agora é de amor, doce amor.

• Quero o seu amor, preciso do seu amor (ó baby, baby, baby).

A palavra amor tem um vasto espectro de significados em nossa cultura. Quando falamos de amor hoje, é importante saber exatamente a que tipo de amor nos estamos referindo. Por exemplo, se o indivíduo não vê a diferença entre amar o velho Bubba, seu cão de caça, amar seu taco de golfe e amar sua mulher, ele está enrascado – com a mulher e não com o cão. A mulher deve entender que o amor dela pelo emprego, pelas flores do jardim e pelos filhos devem ser níveis diferentes de amor. Se quisermos compreender a importância vital do amor como a coisa certa e final a ser feita – o amor que flui da natureza de Deus –, é bom saber se estamos falando do tipo de autor que satura a nossa cultura hoje, originária de centros poderosos de influência como Hollywood, Nashville, Madison Avenue e MTV.

O AMOR É . . .

O apóstolo Paulo dedica um capítulo inteiro ao tema do amor (1 Cor. 13). Em uma seção, ele oferece uma enxurrada de palavras e frases descritivas: "O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;

não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre,

tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (vv. 4-7). Quando se pede aos cristãos que definam o amor verdadeiro – o tipo de amor que é a natureza de Deus e que devemos praticar – eles em geral apontam este parágrafo ou repetem de cor algumas dessas frases.

A Primeira Epístola aos coríntios, capítulo 13 é uma boa descrição do que o amor faz e não faz. Por esta descrição e outras na Escritura, podemos obter uma declaração concisa, definindo o que é o amor. O amor quer o bem da pessoa amada e esforça-se por isso. Em outras palavras, amar é considerar a saúde, a felicidade e o aperfeiçoamento de outrem tão importantes para você como se fossem os seus. A nossa saúde, felicidade e aperfeiçoamento são importantes para nós? Claro que sim! Todos nos esforçamos pala manter nossa felicidade, proteção e prosperidade. Quem tiver apenas alguns gramas de ambição desejará crescer como cristão, avançar no emprego, encontrar e aprofundar amizades, e geralmente melhorar o seu padrão de vida. Faz parte da nossa constituição humana não só sobreviver, como também melhorar como indivíduos de todo modo possível.

O verdadeiro amor exige que cuidemos do sucesso e aprimoramento de outros como cuidamos dos nossos. Paulo ensinou isto em Filipenses 2:4: "Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros". O apóstolo também escreveu: "O amor não pratica o mal contra o próximo" (Rom. 13:10).

Em vez de prejudicar, o amor faz o que é bom e certo para os outros.

Lembre-se: Todos temos consciência do que é bom e certo, um senso moral. Descobrimos esta crença sobre o que é certo e errado quando determinamos a forma como desejamos que os outros nos tratem. O amor diz simplesmente: "Trate bem os outros, como gostaria de ser tratado". Tudo remonta à Regra de Ouro que Jesus nos deu: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles" (Mat. 7:12).

Como esta definição é aplicada à vida diária? Veja alguns exemplos. Se você acha razoável que sua mulher mantenha as crianças

ocupadas enquanto você assiste ao jogo de futebol na segunda-feira à noite, o amor requer que dê a ela uma "folga da mamãe à noite", quando ela pedir ou precisar disso. Se espera que seu chefe o trate com respeito, o amor exige que você faça o mesmo e não fale mal dele aos colegas ou clientes. Se achar que o seu pastor deveria estar mais atento às suas necessidades espirituais, o amor exige que você faça a sua parte para satisfazer as necessidades dele, tal como orar constantemente e defendê-lo contra a maledicência.

A coisa amorosa a fazer na maioria dás situações não é difícil de adivinhar. Simplesmente coloque-se na pele da outra pessoa e pergunte:

"Qual a coisa melhor que eu poderia desejar se isso acontecesse comigo?" Quando você determina a resposta, o amor exige que faça o máximo em sua oportunidade e capacidade.

Quando fazemos da saúde, felicidade e aprimoramento dos outros uma prioridade-chave, estamos seguindo o exemplo do Deus de amor.

Deus só quer o melhor para cada pessoa, como visto pelas Suas ações.

Primeiro, Ele nos criou à Sua imagem e semelhança (Gên. 1:27).

Ele poderia ter-nos feito à imagem de anjos ou de outras belas criaturas.

Mas a humanidade era a coroa da criação de Deus, e o Seu melhor para nós foi que refletíssemos a Sua natureza. Deus fez então os seres humanos "por um pouco, menor(es) do que Deus, e de glória e de honra o(s) coroaste" (Sal. 8:5). Que melhor modelo poderíamos desejar do que sermos formados à imagem de Deus e coroados com a Sua glória e honra?

Segundo, Deus quer o nosso bem maior, sustentando a nossa vida neste planeta mediante Seu poder amoroso. Esdras orou, "Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus [...] a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida"

(Neem. 9.6). Paulo escreveu: "Tudo foi criado por meio dele e para ele.

Ele é antes de todas as cousas. Nele tudo subsiste" (Col. 1:16,17). Deus não só nos deu vida, como também preserva a nossa vida. Hebreus 1:3 declara que Cristo sustenta "todas as cousas pela palavra do seu

poder"(Heb. 1:3). Se Ele deixasse de sustentar-nos por um instante que seja, o planeta Terra e tudo o que nele existe – inclusive nós – e o Universo que o cerca desapareceriam. Devemos a nossa existência ao Deus que nos preserva como uma expressão contínua do Seu amor.

Terceiro, Deus demonstrou que Ele quer o melhor para a humanidade pecadora, pagando um alto preço pela nossa redenção.

Quando Jesus Cristo morreu na cruz, Ele fez isso por todos (2 Cor. 5:15), mesmo para os que nunca responderam ao Seu amor. João declarou: "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (1 João 2:2). Além disso, Deus não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (2 Ped. 3:9). O melhor para a criação humana de Deus é viver em comunhão com Ele através do tempo e da eternidade. Em Seu amor, Deus agiu para tornar isso uma realidade para todos os que O aceitam.

O fato de algumas pessoas recusarem o dom da salvação, preferindo seguir seu próprio caminho, demonstra uma característica vital do amor verdadeiro. O amor que procede da natureza de Deus, o amor que somos ordenados a expressar em todos os nossos relacionamentos, é dado por Ele sem que se peça retribuição. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê..."

(João 3:16). A palavra ativa aqui é todo. Quando Deus deu o Seu Filho, Ele sabia muito bem que alguns iriam crer e outros não. João escreveu:

"Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (João 1:11).

Na realidade, até mesmo a nossa liberdade de escolha é um presente do amor de Deus, por ter considerado melhor para nós não forçar a retribuição do Seu amor. Deus quer que todos O amem, mas não exige isso. Do mesmo modo, o amor pelos outros é ordenado, mas não exigido por Deus. Todavia, Cristo morreu por todos, até mesmo por aqueles que Lhe voltam as costas. Considere os exemplos de amor dados por Jesus.

Ele sabia que Judas iria traí-Lo, mas, apesar disso, amou-o e chamou-o para ser Seu discípulo. Quando a multidão gritou "crucifica-O", Jesus

respondeu "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Luc.

23:34). O amor de Deus persiste quer o recebamos quer não. Paulo escreveu: "Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo" (2 Tim. 2:13). Dar sem exigir nada em troca faz parte da natureza de Deus e, portanto, é a natureza do amor verdadeiro, pois Deus é amor.

A exemplo de Cristo, você também pode enfrentar rejeição quando decidir amar como Deus ama. Embora "faça aos outros o que quer que façam a você", o seu ato de amor talvez seja ignorado ou lançado em seu rosto. Por exemplo, quando seu vizinho viaja, você se oferece para alimentar e exercitar o cachorro dele. Na sua mente, essa é coisa certa a fazer. Mas quando pede para ele retribuir, o vizinho responde: "Está doido? Não tenho tempo e o seu cachorro não passa de um estorvo babão". Ou você compra um presente-surpresa para sua filha e ela diz:

"Que presente bobo. É feio, não quero!". Você faz serão para ajudar um colega de trabalho, só para ouvir: "Não preciso da sua ajuda. Além disso, você só está querendo bajular o chefe".

Se formos considerar as nossas emoções em situações desse tipo, podemos ser tentados a desistir de futuras oportunidades de amar pessoas assim. Mas o amor verdadeiro não dá com intenção de receber. O amor dá porque se interessa pela saúde, felicidade e aprimoramento dos outros – ponto final. Sempre que você nega o seu amor porque alguém o ignora ou não o aprecia como deveria, você não está amando com o amor que vem de Deus.

Da mesma forma, o amor dá mesmo quando não gostamos de tudo naqueles a quem escolhemos amar. Isto é igualmente um reflexo do amor de Deus. Deus odeia de tal maneira o pecado que não pode sequer olhar para ele (Hab. 1:13). Em nossa condição de pecadores, não havia nada em nós de que Deus pudesse gostar. Todavia, Ele nos amou e nos deu o Seu melhor, Seu Filho unigênito. Para seguir o Seu exemplo, você pode decidir entoar canções natalinas num hospital, embora não goste de sentir cheiro de remédio ou de ver as faces tristes e abatidas de alguns

enfermos. Você pode oferecer-se para cuidar novamente do cachorro do seu vizinho, embora não goste da maneira como ele fala da sua Fifi.

Pode continuar oferecendo ajuda a um colega suspeitoso e ingrato. Ou pode decidir orar pelos líderes do governo cuja posição política é diferente da sua. Sempre que você se dispõe a servir alguém com amor, mesmo que essa pessoa o ofenda de algum modo, você está demonstrando o amor de Deus.

PROVEDOR E PROTETOR

Deus nos deu outra perspectiva útil deste tipo de amor que é a Sua natureza e deve ser a nossa prática. A descrição é encontrada nos ensinamentos de Paulo em Efésios 5:28,29: "Assim também os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja". Esta instrução significa mais do que uma aplicação específica para que os maridos amem às suas mulheres. Observe várias coisas nessas linhas.

Primeiro, o tipo de amor mencionado por Paulo aos maridos é o amor que Cristo tem pela igreja. Quando Deus pede que amemos, Ele sempre nos manda seguir o Seu exemplo. Ele não nos chama para fazer algo do qual não seja o exemplo perfeito. O verdadeiro amor sempre tem Deus como fonte.

Segundo, as instruções para os maridos aqui refletem o mandamento de Jesus sobre amar o próximo em Mateus 22:39: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Em outras palavras, não só os maridos, mas todos os cristãos devem amar aos outros como amam a si mesmos.

A Regra de Ouro é novamente enfatizada: Devemos amar aos outros como desejamos e esperamos que nos amem. Essa ordem aos maridos é uma aplicação do mandamento de amar ao próximo.

Terceiro, esses versículos nos dizem exatamente como devemos amar a nós mesmos e, subseqüentemente, como devemos amar aos outros: "Porque ninguém jamais odiou a sua própria carne, antes a alimenta e dela cuida" (Efés. 5:29). Alimentar e cuidar são elementos-chave para a compreensão de como tornar a saúde, a felicidade e o aprimoramento dos outros tão importantes para nós quanto os nossos.

Assim como todos nos preocupamos e agimos para satisfazer nossas necessidades físicas, emocionais e espirituais, queremos também satisfazer as necessidades dos outros, não só de nossos cônjuges como Paulo ensina, mas de todos, como ordenado por Jesus em outro ponto.

Isso é amor.

A Versão do Rei Tiago usa dois termos esplendidamente descritivos neste verso: nutrir e cuidar. Assim como temos cuidado de nosso corpo, devemos nutrir e cuidar dos outros em amor.

Nutrir nesse sentido significa levar à maturidade. O termo descreve o crescimento do jovem Jesus em Nazaré como mencionado em Lucas 2:52: "E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens". Nutrir significa cuidar e contribuir para o bem do indivíduo total: mental, física, espiritual e socialmente. O amor é um provedor. Ele requer que providenciemos a saúde, a felicidade e o crescimento de outros, a fim de levá-los à maturidade, da mesma forma que provemos a nossa saúde, felicidade e aprimoramento.

Cuidar significa proteger. Imagine um ninho de águias recém-nascidas, bem alto num penhasco, completamente exposto às intempéries. Uma tempestade aproxima-se. A mãe-águia desce voando até o ninho e abre as asas sobre os filhotes, a fim de protegê-los da chuva torrencial e do vento forte. Essa é uma figura do que significa cuidar.

Efésios 5:29 diz que é natural cuidarmos de nós mesmos, isto é,

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