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SACRIFÍCIO DE ALGUNS PARA O BEM DE MUITOS Vemos isso no cinema e ouvimos falar a respeito nos relatos de

No documento Amar É Sempre Certo 1 (páginas 160-165)

guerra. Uma granada de mão é atirada no centro de uma tropa de soldados. Enquanto seus companheiros se acovardam, temerosos, um soldado valente e destemido atira-se sobre a granada para impedir uma

explosão fatal que mataria vários deles. Uma pessoa sacrifica a vida para salvar muitos. A cena ilustra uma diretriz muito óbvia para o amor em conflito: em iguais circunstâncias, o amor exige que muitas vidas sejam mais importantes do que poucas. Sansão sacrificou sua própria vida para matar o inimigo e salvar assim o povo de Israel (Jos. 16:29,30). Davi matou Golias para proteger a vida de muitos seus compatriotas (1 Sam.

17). Caifás, o sumo sacerdote na época da crucificação de Jesus, usou esse princípio ao dizer aos judeus que seria "conveniente morrer um homem pelo povo" (João 18:14). Essa foi uma predição inconsciente do sacrifício expiatório de Cristo pelo mundo inteiro (Rom. 5:15). O apóstolo Paulo disse que estava pronto a trocar sua salvação eterna pela salvação do seu povo, os judeus (Rom. 9.3).

A Escritura apóia o princípio de que muitos é melhor do que poucos. Deus disse a Adão: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gên. 1:28), e repetiu a ordem a Noé depois do dilúvio (Gên. 9:1). Todavia, a palavra enchei sugere limites ao princípio, isto é, muitos é melhor do que poucos, mas não melhor do que demais. Além disso, Deus oferece a salvação a todos e não só a alguns – "Não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Ped. 3:9).

Em termos práticos, não podemos amar a todos e, portanto, devemos amar a tantos quantos for possível. Devemos tentar alcançar tantos dos nossos familiares, vizinhos e colaboradores em Cristo quantos pudermos. Devemos apoiar tantos ministérios cristãos quantos pudermos com nossas contribuições e orações. Se tivermos de escolher, devemos apoiar os ministérios que estiverem fazendo mais bem para mais pessoas.

A idéia de que as circunstâncias são iguais está implícita nas ilustrações até este ponto. O princípio muda quando as circunstâncias não são iguais? Sim. A Bíblia contém vários exemplos de alguns justos tendo prioridade sobre muitos perversos. Por quê, se todas as vidas têm o mesmo valor intrínseco? Porque às vezes os poucos são a chave para salvar muitos, o justo Noé e sua família foram preservados enquanto o

restante da população do mundo perverso pereceu (1 Ped. 3:20). Deus destruiu os muitos perversos de Sodoma e só salvou alguns justos da família de Ló (Gên. 19). Os israelitas tiveram ordem de exterminar todas as nações perversas de Canaã (Lev. 18:24-25). Em todos esses casos, os poucos foram o instrumento para salvar muitos.

Devemos certamente amar os perdidos e procurar leva-los a Cristo.

Mas devemos investir tempo de qualidade para alimentar e cuidar da família de Deus com quem passaremos a eternidade. Passar tempo discipulando cinco crentes que podem por sua vez estender-se para outros cinco incrédulos é melhor do que tentar converter cinco incrédulos resistentes, embora ambas as atividades sejam importantes.

Devemos amar e estender-nos para o maior número de pessoas que pudermos, com preferência dada à nossa família e à família de Deus.

A VIDA DA MÃE E DE SEU FILHO POR NASCER

Numa sociedade ardentemente dividida na questão do aborto, outro princípio bíblico de valor deve ser apresentado. Dissemos que a pessoa por nascer é mais valiosa do que qualquer coisa material. Todavia, a vida do filho par nascer deve ser preservada a todo custo, exceto quando a vida da mãe corre risco. Se a vida da mãe for ameaçada por uma gravidez tubária, o feto não-nascido deve ser removido para salvar a mãe. Além disso, se um homem tiver de escolher entre salvar a vida da esposa ou a do feto quase a termo, a mãe deve ser salva pelo sacrifício do feto. Mas, se a escolha for entre uma mãe morrendo de câncer e o feto sadio em seu ventre, o princípio já não é mais definitivo. Da mesma forma, se tiver de ser feita a escolha entre uma criança e um paciente sofrendo da moléstia de Alzheimer avançada ou um "vegetal" vivo, o princípio de valor observado entra em ação.

No geral não existe conflito nessas áleas. Quase nunca há necessidade de tomar uma decisão de vida ou morte entre pessoas. Todos

devem ser salvos sempre que possível. Mas, no caso de um conflito que não possa ser resolvido, os princípios bíblicos anteriores indicam o bem maior.

No cumprimento ordinário de nossos deveres morais de amar a Deus e ao próximo, geralmente não há conflito. Podemos amar a Deus e a nós mesmos, Deus e as pessoas, os muitos e os poucos, os nascidos e os por nascer, sem ter de tomar decisões penosas. Mas conflitos morais não criados por nós às vezes surgem em nosso mundo. Quando se torna evidente não ser possível manter duas responsabilidades de amor controversas, você deve escolher a superior e não a inferior. Deus nos deu, porém, a Sua lei, o exemplo de Seu Filho, e Seu Espírito que habita em nós para ajudar-nos a fazer essas escolhas e cumprir nossa responsabilidade de amar.

PERGUNTAS DIFÍCEIS E RESPOSTAS DIRETAS SOBRE OS PRINCÍPIOS DE VALOR

A Bíblia oferece princípios de valor que cobrem a ética biomédica?

Em outras palavras, tecnologias como a inseminação artificial, junção de genes e '"produção de clones" são certas ou erradas?

Tecnologias modernas que eram pouco mais que fantasia há cinqüenta anos criaram questões éticas significativas no mundo de hoje.

Inseminação artificial, bebês de proveta, mães de aluguel, transplantes e coleta de órgãos, união de genes e produção de clones são realidades médicas hoje. A pergunta não é mais "Isso pode ser feito?", mas sim

"Isso deve ser feito?"

Dois pontos de vista opostos a respeito de Deus e da vida oferecem respostas diferentes à pergunta "deve" e levam-nos à resposta amorosa em cada dilema.

Como cristãos, não somos categoricamente opostos aos avanços na tecnologia médica. Mas, em nosso compromisso de servir a Deus, vemos

tais avanços de modo diferente daqueles que, por causa de seu ponto de vista, querem brincar de Deus.

Visão Judaico-Cristã versus Humanismo Secular 1. Um Criador – Deus – existe. 1. Um Criador – Deus – não existe.

2. A humanidade foi específica 2. A humanidade evoluiu de formas

e deliberadamente criada. inferiores de vida.

3. Deus é soberano sobre toda vida. 3. O homem é soberano sobre toda a

vida.

4. A santidade da vida é 4. A qualidade de vida é grandemente valorizada grandemente valorizada 5. Os fins não justificam 5. Os fins justificam os meios.

necessariamente os meios.

O papel do cristão nas questões biomédicas é melhorar a vida humana e não criá-la, pois isso é prerrogativa de Deus. Damos prioridade à adequação genética, mas rejeitamos a fabricação genética. Tentamos colaborar com a natureza, e não controlá-la. Como tal, ajudar um casal estéril mediante a inseminação artificial pode ser bom, enquanto dar cabo à vida de um feto em razão de ele ser geneticamente inferior é errado. Transplantar um órgão de doador recém-falecido preserva a vida, mas fazer crescer um feto expressamente para obter "partes sobressalentes" viola a santidade da vida. As experiências para encontrar e erradicar um gene canceroso podem preservar a vida de milhares, mas rearranjar a estrutura do gene de um feto para obter certas qualidades físicas ou mentais pode violar a soberania de Deus na criação. Para cada conflito devemos determinar qual é a resposta que preserva e melhora a vida humana sem usurpar o papel de Deus como Criador e Soberano

sobre ela. Devemos usar a ciência para servir a Deus, mas nunca para desempenhar o papel de Deus.

No documento Amar É Sempre Certo 1 (páginas 160-165)