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4.5.1 - Amostra e Análise de Dados

Este projeto de investigação contou com a participação de 18 professores de português do 1.º CEB e do 2.º CEB. Além disso, ainda que hipoteticamente, ao serviço desta investigação, foi dinamizada uma aula de português, planificada para a turma do 5.º ano, cujos alunos têm idades compreendidas entre os 10 e os 11 anos. No que respeita ao número de alunos da turma, esta é constituída por um total de 23 alunos.

I. Observação direta no contexto educativo

Ao longo da PES, a futura docente apenas observou a utilização de textos com vertente humorística no 1.º CEB, na obra As aventuras de Pinóquio de Carlo Collodi. De referir que os alunos mostravam particular interesse pela obra e riam-se, demonstrando, deste modo, que estavam atentos e compreendiam o texto. Porém, perante os dados recolhidos, conclui-se que as professoras cooperantes não trabalhavam/usavam o humor na dinâmica das suas aulas.

II. Inquérito por questionário

O questionário construído é constituído, maioritariamente, por questões de resposta fechada e foi aplicado em ambiente online. Esta ferramenta apresenta uma amostra restrita, dado que se priorizou, sobretudo, o envio do inquérito a professores do Agrupamento de escolas onde a mestranda realizou o seu estágio profissionalizante.

Tendo sido enviado a professores do 1.º CEB e de Português do 2.º CEB. Assim, os dados quantitativos foram alvo de tratamento estatístico e os dados qualitativos foram submetidos a análise de conteúdo.

Responderam ao inquérito 18 professores do distrito do Porto. A amostra é constituída, maioritariamente, por indivíduos do sexo feminino (93%), com idades que variam entre os 34 e os 65 anos. O tempo médio de serviço é de, aproximadamente, 32 anos. No que diz respeito ao grau académico, verifica-se que a maioria detém o grau de licenciado.

Relativamente à análise das respostas à primeira questão, que pretendia perceber se o humor pode ser um facilitador da relação pedagógica entre professor e aluno, dos inquiridos, 77,8% consideram que o humor potencia a relação pedagógica. No gráfico seguinte é possível observar a representação percentual das respostas obtidas:

100 Aos professores que responderam “Depende do contexto” (16,7%), pedia-se que descrevessem um contexto em que o humor facilitasse a relação pedagógica. Nesta questão, um dos professores considera que o humor pode ser facilitador da relação pedagógica «na explicação de conceitos, na leitura recreativa, na observação de vídeos». O segundo, considera que dependendo do contexto pode, ou não, ser facilitador. Neste caso, refere que não é facilitador se «não for adequado à situação, espaço e tempo». No último caso, o docente considera o humor particularmente útil na aprendizagem de letras (ou seja, na aprendizagem da leitura).

A questão subsequente, “Considera que o humor na aula pode conduzir à perda de controlo da turma?”, apresenta unanimidade por parte de todos os inquiridos, que responderam «Não, se bem aplicado» (consultar gráfico em anexo Y.1).

Já na questão sobre a inclusão do humor nos Programas Curriculares de Português as respostas divergem, todavia, a maioria absoluta dos professores considera que os currículos de português comtemplam o humor, mas não explicitamente (como demonstra o gráfico Y.2 em anexo Y).

A questão seguinte pretende perceber se os professores utilizam o humor nas suas práticas de Educação Literária. Pela análise das suas respostas, conclui-se que a maioria dos professores ajusta o seu uso, tendo em conta o contexto, a obra e a turma. O gráfico seguinte traduz os resultados obtidos:

Tal como é possível observar pelo gráfico anterior, 38.9 % dos professores afirma utilizar o humor nas suas práticas de Educação Literária. Estes foram convidados a indicar

101 as vantagens que encontraram no uso de textos com humor, no que se refere à promoção de leitura dos alunos. As vantagens referidas foram as seguintes: “Maior interesse pela leitura”; “As crianças acham piada, descontraem e ficam mais atentas e interessadas neste género de textos”; “Motivar os alunos e captar a atenção”; “Os alunos ficam mais motivados e interessados”; “Muitas das vezes lembrando a timidez de alguns alunos”;

“Os alunos ficam mais à vontade e interessados”; “Boa motivação”;

Os inquiridos foram questionados sobre a possibilidade de o humor tornar as aulas de Português mais agradáveis, ao que 61,1% responderam afirmativamente. No entanto, alguns professores consideram que depende do contexto, da obra e da turma, com uma percentagem também elevada, 38,9% (consultar o gráfico Y.3, em anexos Y).

Porém, quando questionados sobre a adesão dos alunos a textos com humor, percebe-se, pela análise do gráfico (anexo Y, gráfico Y.4), um levado número de concordância, com 88,9% de respostas afirmativas.

Na questão seguinte, pedia-se que os professores assinalassem a(s) finalidade(s) do humor. O próximo gráfico apresenta as finalidades que, no entender destes docentes, mais justificam a utilização do humor:

Analisando o gráfico, rapidamente se percebe que a maioria (83,3%) aponta a motivação como uma das grandes finalidades do humor, a esta finalidade segue-se a criação de um bom ambiente, com 50%; fazer pensar, com 38,9%; ensinar conceitos, com 16,7% e apenas um dos inquiridos acrescentou uma outra finalidade do humor ao selecionar a opção outro: “Estimular a capacidade de comunicação e a criatividade”.

Para terminar o inquérito, questionaram-se os docentes sobre quais os motivos para a não utilização generalizada do humor em contexto educativo. A análise do gráfico (consultar o gráfico Y.5, em anexos Y) revela que metade dos inquiridos aponta a falta de tempo como uma das razões para a não utilização generalizada do humor em contexto educativo. Não ter sentido de humor, ter receio da indisciplina e não existirem materiais didáticos que recorram ao humor são outras das razões apontadas pelos docentes, com

102 16,7 % cada. Por último, dois dos professores indicam razões que extravasam as opcionais. A estes foi solicitado que indicassem a(s) razão(ões) para não utilizarem o humor nas suas aulas. Um dos professores refere que a utilização do humor é subjetiva e depende da metodologia do professor. O segundo docente alude que a utilização exagerada do humor pode levar alguns alunos a distorcerem o objetivo da sua utilização em sala de aula, ou seja, a olharem a sala de aula como um espaço de diversão em que o professor é um comediante e não o entenderem como um recurso didático.

Em suma, embora o tema do humor na promoção da leitura esteja pouco divulgado, pela concordância elevada no número de respostas obtidas, conclui-se que ele suscita o interesse dos professores. Uma ideia vigorosa deste estudo é que, praticamente, todos os docentes consideram o ensino do Português conciliável com o uso do humor, afirmando que o humor facilita a relação pedagógica entre o professor e os alunos, torna as aulas mais agradáveis e os livros mais atrativos. Esta compatibilidade analisada, confirma as perspetivas de diversos autores, anteriormente supramencionados (Adão, 2008; Martin, 2008; Martins 2015; Meyer, 2015), que revelam o lado sério do humor, se utilizado enquanto estratégia do professor. Outra ideia relevante a reter deste inquérito é o facto de, quase unanimemente, os professores considerarem os textos com humor facilitadores da adesão dos alunos. Portanto, é possível afirmar que o trabalho com esses textos pode conduzir à promoção da leitura e, deste modo, formar alunos-leitores entusiastas, suprimindo, assim, um dos dilemas apontados pelo PISA 2018, onde se declara que os alunos leem apenas por obrigação e não por prazer. Por fim, é de referir, no entanto, que este estudo carece de mais investimento, o que se apresenta é apenas um projeto, incompleto, mas que a mestranda pretende aperfeiçoar e implementar futuramente.

4.6– O Humor e a Estruturação Pedagógico-Didática da Intervenção