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3 MATERIAL E MÉTODO

3.3 Amostra 1 População

A população compreendeu todos os docentes ativos, de ambos os sexos, sem restrição quanto à idade, com vínculo efetivo, em atividade plena e regular, lotados e exercendo a docência no Campus Maceió/AL, perfazendo um total de 263 professores. Os docentes ocupam os cargos de professor do ensino básico, técnico e tecnológico e podem lecionar nas modalidades ofertadas no Campus, que são o ensino integrado, o subsequente, o ensino superior e ainda o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de

Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), inclusive podem atuar em apenas uma ou, de forma simultânea, em mais de uma modalidade. Os cursos da educação básica que o Instituto dispõe são nas seguintes vertentes: o Curso Técnico Integrado, cujo curso contempla, ao mesmo tempo, a formação de nível médio em conjunção com a formação profissional. O curso Técnico Integrado ao Ensino Médio é ofertado somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental. Ao concluir esse curso, o estudante recebe o diploma de técnico de nível médio. O Curso Técnico Subsequente é o curso de formação profissional em nível técnico, ofertado a estudantes que já concluíram o Ensino Médio (BRASIL, 2015).

O Instituto oferece também cursos direcionados para educação de jovens e adultos, através Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade EJA, destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria (BRASIL, 2010).

Além dos cursos já citados, o Instituto oferta ainda cursos superiores de graduação, disponíveis em nível de bacharelado, licenciatura e de tecnologia. Os tecnológicos são cursos de graduação com características especiais, que conduzem à obtenção de diploma de curso superior em tecnologia. O nível de bacharelado dispõe de cursos superiores que proporcionam a formação exigida para que possam exercer as profissões regulamentadas por lei ou não. E as licenciaturas são cursos superiores que habilitam para o exercício da docência em Educação Básica - da Educação Infantil ao Ensino Médio (BRASIL, 2015).

3.3.2 Tamanho da amostra

A amostra foi determinada em 157 indivíduos, utilizando-se a equação a seguir para populações finitas com os seguintes critérios: a) total da população docente do Campus Maceió-AL de 263 professores; b) intervalo de confiança de 95%, expresso em desvio padrão de 1,96; c) erro amostral de 5%; d) prevalência de 50%. A estimativa de prevalência de 50% foi adotada, considerando que estudos de voz e qualidade de vida nesta população eram desconhecidos.

Fórmula n ( ) Onde:

n= tamanho da amostra (157)

𝜎= nível de confiança escolhido, expresso em números de desvios padrão (1,96) p=percentagem do fenômeno (50)

q=percentagem complementar (50) N=tamanho da população (263) e=erro máximo permitido (5) 3.3.3 Amostragem

Os professores foram abordados nos intervalos entre as aulas ou ainda nos dias de reuniões pedagógicas. Após o aceite em participar, o sujeito da pesquisa assinou o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), baseado na Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde (CNS/MS) (APÊNDICE A). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centrode Estudos Superiores de Maceió - CESMAC com Parecer nº 1.345.428 e CAAE: 49932215.3.0000.0039 (ANEXO A).

Os docentes foram informados do objetivo e dos instrumentos utilizados na pesquisa, inclusive sobre os pesquisadores e a instituição responsável, além do caráter sigiloso e voluntário da mesma, e que, caso desejassem, podiam desistir de participar a qualquer tempo.

3.3.4 Critérios de inclusão

Estabeleceu-se como critério de inclusão nesta pesquisa docentes da instituição federal de ensino, com vínculo efetivo, de ambos os sexos e de qualquer idade, em atividade plena e regular, e participação de forma voluntária.

3.3.5 Critérios de exclusão

Foram excluídos da pesquisa os docentes que estavam afastados por qualquer motivo e os que desempenhavam apenas atividades administrativas, por apresentarem características organizacionais e do ambiente físico de trabalho, com demanda vocal diferente dos demais.

3.4 Procedimentos

Após o levantamento do quantitativo dos docentes lotados no Campus Maceió, por intermédio da Coordenação de Gestão de Pessoas, totalizando 263 professores, foi feito o cálculo, determinando o tamanho da amostra em 157 indivíduos (Figura 1).

Figura 1 - Procedimentos da pesquisa

Foi realizado sorteio com as matrículas de todos os docentes lotados no

Campus Maceió, para fins de seleção da amostra. Os professores foram contatados

durante o expediente de trabalho e quando não houve sucesso, foram substituídos por outro número de matrícula, seguindo o mesmo procedimento.

APLICAÇÃO DOS INTRUMENTOS ASSINATURA DO TCLE CONVITE AOS DOCENTES

CONTATO COM A DIREÇÃO E COORDENADORES CÁLCULO AMOSTRAL E SORTEIO POR MATRÍCULA LEVANTAMENTO DO QUANTITATIVO DE DOCENTES

Os docentes que aceitaram participar da pesquisa preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, baseado nas resoluções nº466/12, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde (CNS/MS) (APÊNDICE A), e receberam um envelope codificado, contendo os três instrumentos de coleta de dados, todos de autoavaliação: dois questionários validados (ANEXOS B e C), mais um terceiro instrumento, “formulário de coleta de dados” (APÊNDICE B) sobre informações sociais, situação funcional, aspectos gerais de saúde e hábitos.

A escolha da metodologia conduziu-se, a partir da subjetividade do docente, como principal fator na análise dos dados. Por isso, a preferência por instrumentos disponíveis na literatura que possibilitassem aos sujeitos se autoavaliarem, a partir de suas percepções. Para esse fim, foram utilizados dois questionários validados, o World Health Organization Quality Of Life/Bref - WHOQOL/breve (ANEXO B) e o de Qualidade de Vida e Voz – QVV e o (ANEXO C). E ainda um terceiro questionário, “Formulário de Coleta de Dados” (APÊNDICE B), para a caracterização da amostra estudada a respeito de diversas variáveis, dados sociais, do ambiente e organização do trabalho, condições de saúde, sintomas e hábitos relacionados a voz.

O questionário WHOQOL/bref, versão abreviada do WHOQOL-100, elaborado de forma simultânea com a participação de diferentes centros de pesquisa em vários países de culturas diversas. O WHOQOL-bref foi desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde, devido à necessidade de um instrumento de rápida aplicação. É composto por apenas 26 perguntas, sendo duas questões gerais de qualidade de vida e as outras 24 representam cada uma das 24 facetas que compõe o instrumento original. Assim, diferente do WHOQOL-100 em que cada uma das 24 facetas é avaliada a partir de 4 questões, no WHOQOL-bref cada faceta é avaliada por apenas uma questão. A versão abreviada é composta por 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (FLECK et al, 2000). No Brasil, a versão em português foi desenvolvida no Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo como coordenador o Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck (FLECK et al., 2000).

Os sujeitos da pesquisa foram alertados de que os questionários validados referem-se às duas últimas semanas. Para cada aspecto da qualidade de vida apresentado no questionário WHOQOL/bref, o docente pode apresentar sua

resposta por meio da pontuação variável de um a cinco. Os resultados dos escores dos domínios apresentam valores entre zero e cem, sendo piores os mais próximos de zero e melhores, os mais pertos de cem. Assim, um sujeito que apresenta valor igual a 50, para determinado domínio, pode ser considerado mediano para este domínio. O cálculo dos domínios padronizados do WHOQOL/breve segue as seguintes expressões: 1) Físico = (6 - Q.3) + (6 - Q.4) + Q.10 + Q.15 + Q.16 + Q.17 + Q.18 x 4 - 4 ______________7___________________________________ x 100 16 2) Psicológico = Q.5 + Q.6 + Q.7 + Q.11 + Q.19 + (6 - Q.26) x 4 – 4 ________________6_______________________ x 100 16 3) Relações sociais = Q.20 b + Q.21 + Q.22 x 4 – 4 _______3________________ x 100 16 4) Meio ambiente= Q.8 + Q.9.b + Q.12 + Q.13 + Q.14 + Q.23 + Q.24+ Q.25 x 4 – 4 __________________8__________________________________ x 100 16

Para avaliação da Qualidade de Vida relacionada à voz foi utilizado como instrumento, o questionário validado e autoaplicado - QVV. Trata-se de inventário

padronizado, Voice Related Quality of Life (V-RQOL) (HOGIKYAN; SETHURAMAN, 1999), que foi traduzido para o português e validado (GASPARINI; BEHLAU, 2009) e ficou conhecido como questionário de Qualidade de Vida e Voz (QVV).

O QVV é um protocolo de rápido e fácil preenchimento, se baseia na subjetividade do professor, que atribui uma nota para cada questão numa escala de 0 a 5 de acordo com sua percepção, em relação as duas últimas semanas. Contém dez questões e averigua a relação qualidade de vida e voz em três domínios: físico (itens 1, 2, 3, 6, 7 e 9), sócio emocional (itens 4, 5, 8 e 10) e global, este último agregado aos dois anteriores. Os objetivos do QVV são: análise dos aspectos de qualidade de vida relacionados à voz e a quantificação da influência da disfônica no dia a dia do indivíduo. O protocolo possibilita o cálculo dos escores, que varia de 0 (pior) a 100 (melhor), com a pontuação máxima indicando melhor qualidade de vida relacionada à voz (GASPARINI; BEHLAU, 2009).

Para o cálculo dos escores são empregadas as seguintes fórmulas: Domínio físico: 100 - (Q.1+Q.2+Q.3+Q.6+Q.7+Q.9 - 6) x 100 24 Domínio socioemocional: 100 - (Q.4+Q.5+Q.8+Q.10 - 4) x 100 16 Domínio global: 100 - (Q.1+Q.2+Q.3+Q.4+Q.5+Q.6+Q.7+Q.8+Q.9+Q.10 – 10) x 100 40

Para comparação dos resultados, consideram-se escores de 81-100 como baixo impacto, de 61-80 como médio, e menor ou igual a 60 como alto impacto da voz na qualidade de vida (SERVILHA; ROCCON, 2009).

O domínio do funcionamento físico envolve as questões 1 (Tenho dificuldade em falar forte ou ser ouvido em ambientes ruidosos), 2 (O ar acaba rápido e preciso respirar muitas vezes enquanto eu falo), 3 (Não sei como a voz vai sair quando começo a falar), 6 (Tenho dificuldades ao telefone por causa da minha voz), 7 (Tenho problemas no meu trabalho ou para desenvolver a minha profissão por causa da minha voz), 9 (Tenho que repetir o que falo para ser compreendido) inseridos no algoritmo: 100 – [(Q.1+Q.2+Q.3+Q.6+Q.7+Q.9 – 6) / 24] x 100 = domínio funcionamento físico.

Já o domínio socioemocional compreende as questões 4 (Fico ansioso ou frustrado por causa da minha voz), 5 (Fico deprimido por causa da minha voz), 8 (Evito sair socialmente por causa da minha voz), 10 (Tenho me tornado menos expansivo por causa da minha voz) colocados na seguinte equação: 100 – [(Q.4+Q.5+Q.8+Q.10 – 4)/16] x 100 = domínio socioemocional.

Finalmente, o domínio global inclui os itens 1 a 10 na equação: 100 – [(Q.1+Q.2+Q.3+Q.4+Q.5+Q.6+Q.7+ Q.8+ + Q.9 +Q.10-10)/40] x 100 = domínio global.

O terceiro instrumento utilizado foi o “Formulário de Coleta de Dados” (APÊNDICE B), abordando informações sociais, da organização das atividades do docente, características do ambiente de trabalho, condições de saúde, sintomas e hábitos relacionados ao uso da voz.

Após a coleta de todos os dados, foi realizada a tabulação das respostas em arquivo Excel (Microsoft Office®). O QVV e o WHOQOL/breve foram calculados os escores em cada um dos domínios. Ao encerrar esta etapa, iniciou-se a filtragem dos dados para análise dos resultados. Posteriormente, foram elaboradas tabelas, quadros e gráficos. O cruzamento das variáveis foi feito por meio do teste estatístico qui-quadrado para interpretação e discussão.

Nos instrumentos de coleta de dados as variáveis dependentes foram analisadas de acordo com as categorias abaixo:

a) Sintomas vocais autorreferidos - rouquidão, falha na voz, tosse, garganta seca, perda da voz, dor ou ardor na garganta, cansaço ao falar, desconforto ao falar, voz variando fino/grosso, voz fraca, classificadas em: sim, não;

As variáveis independentes foram analisadas de acordo com as seguintes categorias:

a) Sexo, variável qualitativa, nominal, categorizada em: masculino e feminino;

b) Idade, variável quantitativa, discreta, medida em anos e estratificada nas faixas etárias: 21 a 30; 31 a 40; 41 a 50; 51 a 60; 61 a 70;

c) Nível de atuação, variável qualitativa, nominal, categorizada em: integrado, subsequente, PROEJA e superior;

d) Tempo de docência, variável quantitativa, discreta, classificada em: ≤5, 6-10, 11-15, 16-20, 21-25, >25 anos;

e) Tempo de docência na Instituição de ensino, variável quantitativa, discreta, classificada em: ≤5, 6-10, 11-15, 16-20, 21-25, >25 anos;

f) Trabalho de professor fora da instituição pesquisada, variável qualitativa, nominal: sim, não;

g) Carga horária semanal, variável quantitativa, discreta, classificada em: ≤10, 11-20, ≥ 21 horas.

h) Quantidade de alunos por turma: variável quantitativa, discreta, classificada em: até 20, 21 a 40 e >41 alunos;

i) Ruído na sala de aula, variável qualitativa, nominal, classificada em: não, tolerável e desagradável;

j) Uso do giz, variável qualitativa, nominal, classificada em: não, às vezes e com frequência;

k) Temperatura na sala de aula, variável qualitativa, nominal, categorizada em: boa, razoável e desagradável;

l) Trabalho como professor além da instituição pesquisada, variável qualitativa nominal dividida em: sim e não;

m) Intervalo entre às aulas, variável qualitativa, nominal, classificada em: nunca, às vezes, sempre;

n) Método de ensino mais empregado, variável qualitativa, nominal: aulas expositivas, trabalhos em grupos, outros;

o) Quantidade de água ingerida por dia, variável qualitativa, nominal, classificada em: menos de 1 litro, entre 1 a 2 litros, mais de 2 litros;

p) Ingere água durante às aulas, variável qualitativa, nominal, categorizada em: nunca, às vezes, sempre;

q) Uso da voz no dia a dia, variável qualitativa, nominal, classificada em: pouco, moderadamente, muito, demais;

r) Uso da voz em outras atividades além da docência, variável qualitativa, nominal: sim, não;

s) Consulta médica ou fonoaudiológica devido a problemas na voz, variável qualitativa, nominal: sim, não;

t) Busca de orientação sobre o uso da voz profissionalmente, variável qualitativa, nominal, classificada em: sim, não;

u) Licença ou afastamento do trabalho por problemas vocais, variável qualitativa, nominal: sim, não;

v) Consumo de bebida alcoólica, variável qualitativa, nominal, categorizada em: não, parou de beber, ocasiões especiais, sempre;

w) Tabagismo, variável qualitativa nominal, classificada em: sim, não, ex- fumante;

x) Doenças autorreferidas - Alergia respiratória, asma, rinite/sinusite, depressão relacionada a problemas na voz, faringite/amigdalite/laringite, gastrite/refluxo gastroesofágico/azia, variáveis qualitativas nominais, categorizadas em: sim, não;

y) Qualidade de vida (WHOQOL/Bref), variável quantitativa contínua, classificada de: 0 a 100;

z) Voz e Qualidade de vida (QVV), variável quantitativa contínua, classificada de: 0 a 100.

As associações foram realizadas por meio do cruzamento das respostas das variáveis independentes, com a ocorrência de três ou mais sintomas vocais, por meio da aplicação de teste estatístico. Autores confirmam que professores com alteração na voz apresentam pelo menos três sintomas de desconforto vocal (RODRIGUES, et al., 2013). A literatura aponta que a qualidade de vida dos professores se relaciona com a autopercepção dos sintomas vocais (KASAMA; BROSOLOTTO, 2007; PENTEADO; PEREIRA, 2007; MORAIS; AZEVEDO; CHIARI, 2012; RODRIGUES, et al., 2013).

3.4.1 Análise estatística

Para a tabulação dos dados e elaboração das tabelas, foi utilizado o Programa Excel 2010 (Microsoft Office®), e para as análises estatísticas, o Programa BioEstat® 5.0, para a realização dos testes de associações.

Os dados foram organizados para procedimento de uma análise quantitativa e os resultados apresentados em forma de tabelas e gráficos. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva (frequência absoluta e relativa) e da estatística inferencial, considerado o nível mínimo de significância de 5% (p≤0,05), a rejeição da hipótese de igualdade. Foi aplicado o teste não-paramétrico de x² (qui- quadrado) para verificar diferenças significativas entre as variáveis investigadas.

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