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A análise dos dados em pesquisas qualitativas normalmente compreende três etapas: a codificação dos dados, a sua apresentação em forma mais estruturada e a análise propriamente dita. Cada pesquisador deve começar seu trabalho de análise com uma estratégia analítica geral, por intermédio do estabelecimento de prioridades acerca do que deve ser analisado e por quê. (YIN, 2005). Para tanto, existem possibilidades descritas de análises por meio do emprego de várias técnicas analíticas:

a) dispor as informações em séries diferentes;

b) criar uma matriz de categorias e dispor as evidências dentro dessas categorias; c) criar modelos de apresentação dos dados – fluxogramas e outros métodos para

examinar os dados;

d) classificar em tabelas da freqüência de ventos diferentes;

e) examinar a complexidade dessas classificações e sua relação, calculando números de segunda ordem, com médias e variâncias;

f) dispor as informações em ordem cronológica, ou utilizar alguma outra disposição temporal.

Antes de iniciar a análise de conteúdo propriamente dita, deverá ser realizada a preparação dos dados, o que inclui edição, codificação e entrada dos mesmos. Essa preparação permite detectar erros e omissões que poderiam comprometer a qualidade das análises. A análise de conteúdo nasceu da necessidade da realização de pesquisas por meio de novos caminhos. A partir daí, a análise de conteúdo torna-se uma técnica de investigação que busca a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifestado na comunicação (BARDIN, 2000, COOPER, 2003).

Análise é a categorização, a ordenação, a manipulação e a sumarização de dados. Seu objetivo é reduzir grandes quantidades de dados brutos passando-os para uma forma interpretável e manuseável de maneira que características de citações, acontecimentos e de pessoas possam ser descritas sucintamente e as relações entre as variáveis estudadas e interpretadas. A estatística, naturalmente, faz parte da análise (KERLINGER, 1980, p. 353).

A análise dos dados tem como premissa examinar, categorizar, classificar em tabelas ou, ao contrário, recombinar as evidências, tendo em vista as proposições iniciais de um estudo (BARDIN, 2000). Os dados qualitativos (respostas às perguntas abertas) deverão ser interpretados e categorizados. Deve-se, porém, organizar uma fase de pré-análise para a organização da análise dos dados. Considera-se que esta fase tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as idéias iniciais, de maneira a conduzir um esquema da forma mais precisa possível, no desenvolvimento das operações prescritas, em um plano de análise. Esta fase pode ser classificada em três itens: a escolha dos documentos a serem submetidos para análise; a formulação das hipóteses e dos objetivos; a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final (BARDIN, 2000).

Por se tratar de um estudo de caso múltiplo, a análise das evidências encontradas no mesmo estudo é o aspecto mais difícil deste tipo de projeto, sendo necessária uma estratégia previamente definida, a qual servirá de orientação durante o trabalho. Pode-se afirmar que existem dois caminhos para analisar um caso: o primeiro é seguir a seqüência de afirmações teóricas que conduzam ao estudo de caso, pois as mesmas tendem a definir o que será pesquisado, os dados a serem coletados e as perguntas a serem feitas. O segundo caminho desenvolve-se em um padrão prescritivo para organizar o estudo de caso, sendo que esse padrão permite a análise, a interpretação e a organização dos dados coletados (YIN, 2005).

São duas as estratégias a serem tomadas perante os dados coletados; tendo-se as proposições explicitadas, associar as mesmas aos dados ou desenvolver uma descrição de caso com proposições não-formuladas. Juntamente com essas, podem-se destacar três técnicas de análise dominantes: explicação-construção, em que são analisados os dados colhidos por meio da construção de uma explicação sobre o caso; associação-padrão, quando os padrões colhidos empiricamente comparam-se a um padrão previsto; análise de série temporal, que examina questões de relevância na pesquisa concomitantemente com a a relação dos eventos ao longo do tempo (YIN, 2005).

A análise do conteúdo torna-se um método apropriado quando o fenômeno a ser observado é a comunicação, e não um comportamento ou objetos físicos. Define-se como um método claro de comunicação a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo

efetivo. Mais uma vez, tais fatos incluem não somente a observação, mas também a análise. Elaboram-se, neste sentido, categorias mais analíticas para a classificação das unidades, e a comunicação torna-se decomposta de acordo com regras pré-fixadas. Essa técnica é bem empregada na análise de questões abertas, como será proposto neste trabalho – em que todas as entrevistas realizadas serão semi-estruturadas (MALHORTA, 2001).

Foram realizados, dentro da análise de conteúdo deste trabalho, três aspectos distintos de análise: a procura de padrões que procuram se adequar ao modelo de pesquisa (pattern-

matching); a construção de uma explicação (explanation building) e a análise dos dados

quantitativos obtidos (YIN, 2005).

A análise dos dados, quando ocorre uma entrevista semi-estruturada, é o processo de organização sistemático da transcrição de entrevistas, de notas de campo, análise documental e de outros materiais que foram sendo acumulados, visando aumentar a sua própria compreensão dos mesmos materiais e de lhe permitir apresentar, dentro da pesquisa, o que foi encontrado. Na análise dos dados da entrevista, procurou-se estabelecer articulações entre as informações coletadas nas mesmas e o referencial teórico do estudo, bem como da análise quantitativa dos dados estatísticos, respondendo-se, assim, às questões da investigação, com base nos objetivos propostos (YIN, 2005).

Dentro da análise dos dados quantitativos obtidos - dados estatísticos -, procedeu-se a uma análise de desempenho financeiro e de mercado das empresas estudadas. Foram apresentados os métodos mais utilizados para tal fim no mercado atualmente, conforme revisão de literatura. Após, foi realizada a análise dos resultados da governança corporativa nas empresas, via aplicação do questionário, no qual se analisaram as estratégias da empresa no que tange a abrir seu capital em governança corporativa, dentro dos parâmetros da nova economia institucional. Também, por meio do mesmo questionário, foram aplicadas questões de classificação com a utilização da escala Likert, de modo a verificar a opinião dos entrevistados sobre o nível de governança corporativa das empresas analisadas.

O objetivo do processo será o de juntar informações compreensivas, sistemáticas e profundas sobre o caso de interesse, a fim de analisar o trabalho de pesquisa proposto. Para haver uma junção com as informações adquiridas nas entrevistas, foram seguidas três etapas para trabalhar os dados coletados (MALHORTA, 2001):

a) agrupar todos os dados e informações que possam ser reunidas sobre o caso; b) proceder a um registro do caso que visou organizar todos os dados de uma maneira

compreensiva e que contenha as principais informações utilizadas na análise; c) dar um tratamento descritivo, analítico, interpretativo e avaliativo dos dados descritos.

A partir daí, três etapas distintas foram necessárias para validar e organizar os dados dos estudos de caso; cada caso foi calculado, analisado e apresentado individualmente pelo pesquisador. Em seguida, após foi realizada uma análise comparativa entre os modelos utilizados e suas diferenças numéricas; por último, foram analisados comparativamente os dados colhidos.

5 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS

O tema governança corporativa nunca esteve tão em voga quanto no momento atual. O bom momento vivido pelo mercado de capitais nacional, aliado ao amadurecimento da cultura corporativa, estão levando diversas empresas a estrear na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), ávidas por capitalização rápida e barata. A porta de entrada, na maior parte, é um dos três segmentos de governança corporativa, principalmente o cobiçado novo mercado (NM), com normas mais rígidas que os níveis 1 ou 2. A demanda criada superou as expectativas mais otimistas, tanto que a BOVESPA criou um índice só para essas empresas, o índice de governança corporativa (IGC).