• Nenhum resultado encontrado

Conforme Roesch (2010), na pesquisa qualitativa, o pesquisador, ao terminar a coleta dos dados, tem em suas mãos uma série de informações a respeito de depoimentos, anotações e/ou documentos que são materializados em forma textual, os quais serão organizados e, em seguida, interpretados.

Uma das características da pesquisa qualitativa é o grande número de informações que são geradas. Com isso, o pesquisador entra em um processo de organização contínuo desses dados, pois, à medida que começa a tratá-los, emergem elementos (dimensões, relações etc.) que o ajudarão a compreender melhor o significado dos achados.

Visando atender a exigência da pesquisa, os dados colhidos foram tratados por meio de uma análise de conteúdo (AC). Este método é amplamente aplicado nos estudos qualitativos em Administração e proporciona ao pesquisador ir além da compreensão de mensagens expressas por terceiros, pois reconhece qual é o seu sentido em um determinado contexto. De acordo com Bardin (2011), a AC apresenta algumas etapas relevantes no seu processo de estruturação, são elas: (i) análise prévia: permite organizar as ideias e sistematizá- las a partir de intuições e operações para o desenvolvimento da análise; (ii) exame do material coletado: referente à aplicação ordenada das decisões tomadas anteriormente, sendo uma fase desgastante; podendo ser resumida em decodificações e identificações dos achados; e, por fim, (iii) a forma como os dados serão tratados, a inferência e a interpretação, as quais transformam os dados brutos em dados válidos, com reais significados e informações para o seu desenvolvimento em relação aos objetivos da pesquisa.

Além disso, foi utilizado na análise o método de categorização, uma vez percebida a necessidade de alocar os achados em categorias e, em seguida, relacioná-los, a fim de encontrar respostas mais consistentes e/ou identificar aquelas que poderiam ser ditas fora da “sequência lógica” em que foram questionadas. Portanto, a partir desses aspectos que a

análise de conteúdo proporciona, foi possível analisar e interpretar os dados obtidos e transcritos, por meio de associações com o tema abordado.

Sendo assim, o primeiro momento se deu por meio da organização das entrevistas, as quais foram nomeadas como E1_Empresa, e assim sucessivamente, e, em seguida, colocadas em uma pasta particular. Após esta estruturação básica, entendeu-se ser interessante concentrar os discursos por questão, isto é, em uma subpasta com um arquivo nomeado como Respostas_Concentradas_Q1, Q2, ..., Qn, em que todas as respostas dos 8 entrevistados de uma determidada questão ficaram reunidas. Esse processo facilitou bastante a análise individual. Uma vez concluída esta etapa, o processo foi mais reflexivo, pois foram realizadas leituras e releituras dos discursos gerenciais buscando encontrar pontos convergentes entre os relatos para criar dimensões e suas respectivas categorias.

À medida que emergiram os significados do material coletado, outro processo foi realizado: agrupar e direcionar os discursos para cada dimensão e categoria (apresentados no Quadro 4). Vale ressaltar que foi utilizado para a identificação de cada gestor entrevistado o código GN.n, onde ‘G’ significa o gestor e ‘N’ o número do gestor entrevistado. No caso da empresa com dois entrevistados, utilizou-se o código GN.1 para identificar o segundo gerente entrevistado.

Quadro 4 - Dimensões e categorias emergentes das questões de entrevista

Dimensões Categorias Questões

A criatividade na percepção de gerentes

de EBTs

Significado de criatividade Q5

Características de uma pessoa criativa Q2 O trabalho criativo na prática gerencial Q9 Autopercepção da criatividade no contexto de

atuação gerencial Q3

O papel da criatividade no contexto

gerencial de EBTs

Atividades gerenciais em EBTs Q1

A importância da criatividade nas atividades dos

gestores e EBTs Q7

Relatos de experiências criativas dos gestores de

EBTs Q8

O vínculo entre competências gerenciais

e criatividade em EBTs

O papel do gestor de EBTs Q6

Competências necessárias na atividade gerencial

em EBTs Q10

A criatividade como competência gerencial de

Competências gerenciais vinculadas à criatividade em EBTs Q11 Implicações do pensamento criativo e do ambiente tecnológico no desenvolvimento de competências gerenciais

Como são tratadas as novas ideias nas EBTs? Q4 Fatores facilitadores e inibidores da criatividade

dos gerentes de EBTs Q14

Implicações do ambiente tecnológico para o

desenvolvimento de competências gerenciais Q13 Contribuições dos recursos tecnológicos para a

criatividade empresarial Q15

Implicações da criatividade no desenvolvimento de

competências gerenciais Q16

Fonte: Elaboração própria (2016).

Tal categorização foi balizada por meio do agrupamento dos discursos dos entrevistados, em que cada dimensão fez emergir uma categoria, ambas vinculadas aos achados da entrevista, como sugere Merriam (2009).

Na etapa de interpretação dos resultados, o pesquisador refletiu sobre os discursos gerenciais, apresentando suas percepções sobre o que os dados sugeriam e indicavam, bem como associando-os e reforçando-os com o referencial téorico utilizado no estudo. Neste momento, o papel do pesquisador foi crucial para explorar ao máximo o potencial das informações coletadas e poder fazer conexões entre os relatos, o seu ponto de vista e as percepções dos cientistas da área.

Por fim, o processo de análise dos dados foi desenvolvido com o auxílio do Microsoft Word, que permitiu organizar em tabelas os objetivos e os discursos gerenciais. A partir de reflexões, foram desenvolvidas dimensões e suas respectivas categorias que, a posteriori, foram inseridas em uma nova tabela que incluía as dimensões, as categorias e as questões relacionadas a cada categoria que emergiu dos objetivos específicos. Ademais, é importante reforçar que o uso das tecnologias tem ajudado cada vez mais o desenvolvimento de pesquisas, permitindo reunir, organizar, construir e analisar as informações de maneira menos desgastante e, se utilizada adequadamente, eficiente; trata-se de uma inovação metodológica (BANDEIRA-DE-MELO, 2006; BARDIN, 2011). Os resultados da pesquisa são apresentados no próximo capítulo.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo são apresentados os achados que emergiram da pesquisa realizada com gestores de empresas de base tecnológica incubadas na ITCG do Parque Tecnológico da Paraíba. Para alcançar o objetivo de compreender o papel da criatividade e suas implicações no desenvolvimento de competências gerenciais em EBTs, foram definidas, a partir da análise das entrevistas, dimensões e categorias associadas aos objetivos traçados a partir dos questionamentos realizados.