• Nenhum resultado encontrado

2.3 Empresas de base tecnológica (EBTs)

2.3.1 Caracterização das EBTs

Uns dos grandes desafios que envolvem o desenvolvimento de pesquisas sobre EBTs estão associados à sua subjetividade - que a princípio não aparenta existir - e a ausência de um consenso com relação ao seu conceito e a construção de aspectos que as caracterizem pertinentemente (TOLEDO et al., 2008).

Nessa perspectiva, compreender a essência que envolve as empresas de base tecnológica, também difundidas na literatura como startups, tornou-se um fator fundamental para desenvolver estudos sobre esses empreendimentos. A sua participação no

desenvolvimento tecnológico, econômico e social é percebida pelos mercados dinâmicos que requerem uma capacidade organizacional para acompanhar as mudanças que ocorrem (SANTOS; PINHO, 2010). Estas empresas utilizam-se das mais variadas fontes de tecnologia. O Quadro 3 apresenta algumas dessas fontes.

Quadro 3 - Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresas

Fontes de tecnologia Exemplos

Desenvolvimento Tecnológico Próprio P&D, Engenharia Reversa e Experimentação.

Contratos De Transferência De Tecnologia

Licenças e Patentes, Contratos Com Universidades e Centros De Pesquisas. Tecnologia Incorporada Máquinas, Equipamentos e Software Embutido.

Conhecimento Codificado

Livros, Manuais, Revistas Técnicas, Internet, Feiras e Exposições, Software Aplicativo,

Cursos e Programas Educacionais.

Conhecimento Tácito

Consultoria, Contratação De RH Experiente, Informações de Clientes, Estágios e

Treinamentos Práticos.

Aprendizagem Cumulativa Processo de Aprender Fazendo, Usando, Interagindo, etc. Devidamente Documentado e

Difundido na Empresa. Fonte: Tigre (2006, p.94).

A decisão com relação a qual fonte de tecnologia utilizar vai de acordo com a estratégia adotada pela empresa. Outro fator crítico para esta escolha refere-se ao porte da EBT. No Brasil, empresas estruturalmente menores tendem a atuar em pequena escala no segmento de mercado em que atuam e, muitas vezes, precisam restringir sua capacidade

inovadora em atividades adaptativas e de melhorias em produtos ou processos já existentes, ao invés da criação de novas alternativas (BELL; PAVITT, 1993; TOLEDO et al., 2008).

Ainda assim, numa comparação entre empresas de base tecnológica e empresas tradicionais do mesmo porte, as EBTs se sobressaem no que diz respeito à geração de resultados criativos, justificado pelo alto grau de envolvimento de pessoas com conhecimentos técnicos e científicos (FONSECA; KRUGLIANKAS, 2002). No entanto, essas empresas precisam ser gerenciadas por profissionais altamente competentes. Para Leone (1999), a gestão deve incentivar um ambiente que favoreça a busca das melhores práticas, alinhando necessidades mútuas entre a organização e os colaboradores. Nas empresas de base tecnológica, esse alinhamento tornou-se comum devido à valorização dada aos seus ativos intangíveis.

De acordo com Fernandes, Côrtes e Pinho (2004), as empresas de base tecnológica podem ser caracterizadas por uma incessante busca do seu desenvolvimento em forma de produtos. Segundo Belli (2008), isso requer um considerável investimento em pesquisa e desenvolvimento, reciclagem de conhecimentos e um contato próximo de ambientes, tais como universidades, centros de pesquisa e polos tecnológicos.

Alguns autores ainda apontam algumas características específicas das EBTs ligadas ao desenvolvimento de competências – especialmente as mais complexas de mobilizar na ação profissional -, que estão associadas à aprendizagem a partir múltiplas interações com indivíduos membros de empresas distintas.

Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as EBTs têm como particularidades dois aspectos: (a) mobilizam esforços inovadores e tecnológicos consideráveis nos seus projetos; e (b) potencializam suas atividades para produção de produtos por meio de processos flexíveis e peculiares, advindos dos conhecimentos de seu pessoal (PINHO et al., 2005; CÔRTES et al., 2005). Além disso, têm tendência a buscarem financiamentos externos e apoio de incubadoras de base tecnológica por algum período.

Para um melhor entendimento sobre as características distintivas das empresas de base tecnológica, faz-se necessário apresentar alguns fatores que ajudam a mensurar o potencial de inovação e tecnológico dessas empresas. São eles: (a) a essência dos produtos desenvolvidos; (b) os investimentos em pesquisa e desenvolvimento e seus respectivos retornos; (c) a estruturação de um setor de P&D (formal ou informal); (d) o balanceamento de profissionais com níveis superiores, ao número total de funcionários envolvidos nos projetos; (e) a proximidade com centros de pesquisa e tecnologia, universidades e parques tecnológicos; e (f)

a aquisição de novas tecnologias para potencializar as existentes e ampliar oportunidades (FERNANDES; CÔRTES; PINHO, 2004).

As EBTs também se caracterizam por um ambiente menos formalizado, em que os indivíduos têm abertura para desenvolver o seu potencial criativo, seja no ambiente de P&D ou em situações diversas no cotidiano empresarial, com a moderação dos gestores para que não se perca o vínculo com os projetos pendentes (CORTES et al., 2005). Além disso, o contexto de incerteza que as EBTs enfrentam também pode ser considerado um aspecto que as diferencia das demais. Por fim, verificou-se que existe um consenso de que as EBTs estão diretamente associadas ao conceito de empreendedorismo (DAHLSTRAND, 2007).

Por fim, é importante perceber que a criatividade é um fenômeno intrínseco a todo e qualquer indivíduo, que pode ter ou não facilidade para desenvolvê-la em alguma situação que vivencia. É, além de tudo, a capacidade interna de fazer descobertas, realizando ações diferenciadas que potencializassem os resultados.

Esta característica que a criatividade traz pode ser pensada como uma alternativa para fazer com que as empresas por meio de seus gestores melhorem o desempenho organizacional e aumentem sua competitividade. As competências gerenciais podem ser entendidas como atribuições – concretas ou abstratas – que os gerentes têm de contemplar em seu dia a dia nas empresas. Referem-se também à aptidão para articular os ativos tangíveis e intangíveis da organização a fim de alcançar um objetivo comum.

Nessa perspectiva, as EBTs são reconhecidas como ambientes que propiciam para seus colaboradores a oportunidade de gerar ideias e, se viáveis, materializá-las. Neste tipo de empreendimento, os gestores precisam constantemente buscar novos conhecimentos para aprimorar suas competências gerenciais, pois, no setor tecnológico, inovar é um requisito básico, mas que requer o desenvolvimento do potencial criativo de seus membros.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo, são descritos: os procedimentos para a realização do estudo, considerando a caracterização da pesquisa; o design da pesquisa, que envolve o caminho metodológico percorrido pelo autor; o contexto e os sujeitos da pesquisa; o processo de coleta de dados e; por fim, o processo de análise dos dados.