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CAPÍTULO II DESIGN METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO

4. ANÁLISE DE DADOS

A análise de dados deste estudo realizou-se com a integração de metodologias de investigação quantitativa e qualitativa, seguindo uma lógica para recolha de dados. O seu

tratamento foi concretizado através de análise de conteúdo e, posteriormente, a triangulação de dados.

4.1 Abordagem metodológica quantitativa e qualitativa

No que diz respeito à abordagem quantitativa, é possível afirmar que “(...) é de origem positivista, define-se por favorecer o desenvolvimento de pesquisas orientadas para a procura de factos e/ou causas dos fenómenos.” (Oliveira & Ferreira, 2014, p. 89). Esta abordagem admite que tudo possa ser quantificável, ou seja, que é possível traduzir em números as opiniões e as informações para, numa fase posterior, serem classificadas e analisadas. É nesta abordagem que se insere a análise dos questionários de resposta fechada, onde foi necessário recorrer a recursos e técnicas estatísticas descritivas como a percentagem e a média, que explicam o porquê da tendência dominante sobre uma determinada temática. Ou seja, visou-se “(...) a apresentação e manipulação numérica de observações com vista à descrição e à explicação do fenómeno sobre o qual recaem as observações.” (Vilelas, 2009, p. 103). Assim, recorrendo-se ao software Microsoft Excel25,

foi possível, a partir da síntese de dados recolhidos (confrontar Apêndice 14), ilustrar através de tabelas ou gráficos, determinadas tendências, pois “(...) centram-se na agregação de múltiplas informações em unidades substantivas, com o intuito de gerar frequências, medidas, comparações e inferências estatísticas.” (Afonso, 2005, p.140).

Já a abordagem qualitativa “(...) privilegia a dedução, isto é partir de pressupostos gerais aplica-os a uma realidade concreta e particular.” (Oliveira & Ferreira, 2014, p. 89), ou seja, faz parte do paradigma interpretativo. Neste tipo de abordagem metodológica de investigação existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ou seja, existe uma relação indissociável entre a objetividade e a subjetividade e, por isso, torna-se difícil quantificá-lo. Segundo Vilelas (2009), “Os investigadores usam as abordagens qualitativas para explorar o comportamento, as perspetivas e as experiências das pessoas que eles estudam.” (p.105). Logo, o objetivo deste tipo de investigação é descobrir, explorar, fenómenos e perceber a sua essência. Desta forma, os programas curriculares e das entrevistas aos professores foram alvo desta abordagem metodológica na análise de dados, pois “(...) concentram-se na descrição e análise de elementos específicos de informação, considerados individualmente, para compreender o seu significado e produzir uma visão da situação ou contexto em que foram gerados.” (Afonso, 2005, p.140). Existe então um envolvimento do investigador que procura conhecer o ponto de vista dos participantes no estudo. Considera-se, assim, que cada estudo progride num ciclo, pois o

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Optou-se pelo uso do Microsoft Excel por ser um software mais fácil de gerir, intuitivo e mais flexível nas suas funções

(em comparação com o software SPSS). Para além disso, o número de dados recolhidos nos questionários era reduzido (reflexo do tamanho da população e amostra), logo, não existia a necessidade de tratá-los de forma mais complexa, em termos estatísticos.

investigador averigua e interpreta os dados ao mesmo tempo que os recolhe, decidindo depois o caminho a seguir, em função das descobertas que vai encontrando (Fortin, 2009). Apesar de terem sido encontrados alguns estudos a nível nacional26,que serviram de fundamentação à Revisão da Literatura, a inexistência de um estudo sistematizado sobre o ensino-aprendizagem das técnicas de dança contemporânea no ensino artístico português leva-nos a destacar uma afirmação de Fortin (2009), que refere que “A conceptualização do tema ou assunto, numa investigação qualitativa, começa muitas vezes pela exploração de um assunto pouco conhecido ou pouco explorado do ponto de vista da significação, da compreensão ou da interpretação.” (p.32). Nestes casos, os problemas podem ser reformulados ou modificados à medida que vão sendo registados e analisados novos dados (Fortin, 2009), o que não aconteceu neste estudo em particular, apesar de ter ajudado a clarificar o tipo de proposta de intervenção a concretizar.

4.2 Análise de conteúdo

Após a recolha de dados em cada fase procedeu-se à respetiva análise de conteúdo. Para Bardin (2014), este tipo de análise pode ser dividido em três fases: a pré- análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e interpretação. Assim, na primeira fase, pretendeu-se: sistematizar as informações a partir da escolha dos documentos submetidos à análise; formular hipóteses e objetivos e, por fim, elaborar indicadores que afunilam nas interpretações finais. Na segunda fase, aplicou- se de forma sistemática as decisões tomadas na primeira fase e utilizaram-se operações de codificação e categorização para cada uma das fases de investigação que resultaram em diversos quadros síntese. A codificação “(...) corresponde a uma transformação – efectuada segundo regras precisas – dos dados em bruto do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo, ou da sua expressão (...)” (Bardin, 2014, p.129). Já a categorização “(...) é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação, e, seguidamente, por agrupamento segundo género (analogia), com os critérios previamente definidos.” (Bardin, 2014, p.145). Sendo assim, as categorias agruparam um conjunto de elementos sob uma identificação genérica, onde os diferentes grupos refletem

26No panorama nacional, existem vários estudos sobre o ensino artístico, em particular do Ensino Artístico Especializado em dança. São apresentados de uma forma genérica, atravessando as características dos sistemas de ensino, opiniões de professores, problemáticas, entre outros. Destacam-se: O Ensino Artístico da Dança em Portugal – Ao Encontro das Escolas

Vocacionais, Dissertação de Mestrado em Performance Artística da FMH, de Ana Silva Marques (2007); Os Professores de Técnicas de Dança das Escolas de Educação Artística Vocacional em Portugal Continental: Caracterização do seu Perfil Académico e Profissional e Análise da sua Prática Docente, Dissertação de Doutoramento em Ciências da Educação da

Universidade de Sevilha de Vanda Nascimento (2010); O ensino artístico vocacional de dança em Portugal : diferenças e

similitudes no espaço europeu, Espanha e França, Dissertação de Mestrado em Performance Artística da FMH de Ana

Sequeira (2011). Para além destas, existem vários Relatórios de Estágio de mestres em Ensino de Dança da ESD, que focam áreas e públicos específicos, no âmbito da técnica de dança clássica, técnicas de dança contemporânea, expressão criativa e composição coreográfica.

características próprias dos elementos que os integram. Assim, como refere o autor, “Classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com os outros. O que vai permitir o seu agrupamento é a parte comum existente entre eles.” (p.146). É, neste sentido, que surge a última fase onde os resultados em bruto são tratados de forma a que sejam expressivos e válidos. Desta forma, o uso da estatística simples, nomeadamente o uso de percentagens e médias, na análise dos questionários ou na análise fatorial mais complexa, como foi o caso da análise dos programas curriculares e entrevista, permitiram elaborar quadros de resultados, diagramas e figuras, que condensaram e destacaram informações fornecidas pela análise (Bardin, 2014). Assim, a partir de resultados significativos e fiéis, sugeriram inferências e apresentaram-se interpretações e até outras descobertas tendo em conta os objetivos propostos. Para cada recolha de dados foi realizada uma análise preliminar que apoiava não só o desenvolvimento da próxima, mas também a construção dos instrumentos metodológicos. Posteriormente, foi efetivada uma análise individual para cada uma, que revelou inúmeras correspondências e algumas antíteses de informações que, numa fase final, foram alvo de triangulação de dados. Desta forma, facilitou-se o processo de sistematização das informações recolhidas e, consequentemente, das inferências e interpretações retiradas, relacionando-as com a Revisão da Literatura. Tendo em conta a morosidade do processo, a análise de dados foi tratada informaticamente, para o processo de codificação e categorização.

4.3 Triangulação de dados

O método de triangulação pressupõe a verificação de dados e fontes de informação provindos de vários métodos de recolha de dados, para que exista convergência e uma representação precisa da realidade. Ou seja, existe uma comparação entre as diferentes fontes de informação, recolhidas a partir de outros métodos, de forma a tornar mais precisa a análise dos mesmos. Apesar de Vilelas (2009) referir que a triangulação pode ser dividida em quatro tipos básicos de investigação, adotou-se a triangulação metodológica, que pode ser definida em triangulação dentro dos métodos e triangulação entre métodos. A primeira resulta da combinação de dois ou mais instrumentos de recolha de dados, com relações próximas do objeto de estudo para medir a mesma variável. Podem-se incluir neste tipo de triangulação “A inclusão de duas ou mais aproximações qualitativas, tais como a observação e a entrevista aberta para avaliar o mesmo fenómeno (...)” (Vilelas, 2009. p. 347). Por seu turno, a triangulação entre métodos surge com a mesma dinâmica, mas pressupõe a utilização de métodos diferentes para clarificar o mesmo fenómeno. Existe assim, neste caso, mais-valias na combinação entre métodos, pois a investigação não fica apenas limitada a um método de investigação. Cada análise de dados (questionários,

programas curriculares e entrevistas) foi codificada e categorizada individualmente para, posteriormente, ser comparada, potenciando, assim, a organização da interpretação dos resultados.