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7 Metodologia de Análise

7.1. Análise de Dados

“Tratar os dados para inferir as conclusões” (Sousa, 2005, p.291)

De acordo com Flores (1994), os dados são o material bruto que pode se transformado em informação coerente e significativa mediante a sua análise e tratamento. Para estes autores a análise de dados é entendida como “ um conjunto de manipulações, transformações, operações, comprovações que realizamos sobre os dados com o fim de extrair significado relevante em relação a um problema de investigação (p.200).

Os dados recolhidos, no âmbito do nosso estudo, foram tratados com recurso à análise de conteúdo com o objectivo de proceder a uma descrição objectiva e sistemática que possibilitasse a sua compreensão e discussão. A nossa opção foi igualmente motivada pelo facto de esta ser uma técnica defendida por um leque abrangente de autores.

Segundo Sousa, (2005) “analisar o conteúdo é procurar ultrapassar a superfície penetrando no interior para descobrir o conteúdo profundo, o significado verdadeiro” (p. 265).

Vala (2001) reconhece as virtudes da análise de conteúdo ao classificá-la como “uma técnica de investigação que permite fazer inferências, válidas e replicáveis, dos dados e seus contextos” (p. 103).

Bardin (1997) refere-se à análise de conteúdo como “um conjunto de técnicas de análise de comunicação, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de procedimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens” (p.42).

65 De acordo com os estudos de Grawitz (1979), a análise de conteúdo deve ser:

Objectiva, na medida em que deve proceder segundo regras, obedecer a orientações suficientemente claras e precisas para que analistas diferentes, trabalhando sobre o mesmo conteúdo, obtenham os mesmos resultados. Isto pressupõe uma concordância relativamente aos aspectos a analisar e às categorias a considerar.

Sistemática porque todo o conteúdo deve ser ordenado e integrado nas categorias escolhidas, em função do objectivo pretendido.

As categorias são as rubricas significativas em função das quais o conteúdo será classificado e, eventualmente quantificado. Podem apresentar-se sob duas perspectivas diferentes:

Quando se pretende verificar uma hipótese, neste caso, as categorias já se encontram previamente previstas;

Quando se pretende estudar os elementos dum conteúdo, sem hipótese prévia, as categorias não foram previstas antecipadamente.

Neste caso recorre-se à inventariação das opiniões expressas ou dos argumentos utilizados. Grawitz (1979), citando Berelson, lembra que a produtividade dos estudos depende da clareza da formulação das categorias e da sua adaptabilidade ao problema e conteúdo em análise.

Neste estudo a análise de conteúdo foi puramente qualitativa, atendendo a que os objectivos que lhe estão subjacentes se prendem estritamente com a interpretação e compreensão do fenómeno.

Não tendo uma hipótese de partida, a definição das categorias suportou-se nos objectivos da investigação e no conteúdo do guião e das entrevistas. Clarificando, na definição das categorias procurámos obedecer a critérios de exaustividade, exclusividade, objectividade e pertinência.

Exaustividade de forma a poderem abranger todo o conteúdo em análise.

Exclusividade de modo a que os mesmos elementos não possam pertencer a várias categorias.

Objectividade, significa clareza suficiente, de forma a permitir que diferentes investigadores analisem o conteúdo da mesma maneira.

66 7.2.Tratamento dos Dados das Entrevista

O processo de análise de conteúdo iniciou-se com a leitura e releitura do conteúdo dos protocolos das entrevistas que constituíram o corpus da análise, tendo nesta primeira fase sido seleccionados os aspectos relevantes e eliminadas as partes do discurso que não satisfaziam os objectivos da investigação, atendendo às regras da exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência (Bardin, 1997).

Na definição do sistema de categorias considerou-se que estas são habitualmente compostas por termos-chave que indicam o significado central do conceito a apreender e de outros indicadores que descrevem o campo semântico do conceito (Vala, 2005). Desta forma, norteadas pelo guião das entrevistas e após apreciação global do corpus de análise, definimos o sistema de categorias.

Seguiu-se o agrupamento e reagrupamento do material idêntico, mediante codificação e a inclusão das unidades de registo nas respectivas categorias. Bardin (2007), citando Holsti refere-se à codificação como “o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exacta das características pertinentes do conteúdo” (p. 97).

Para finalizar, a partir da informação obtida foram definidas as subcategorias e recolhidos indicadores, o que, após a quantificação das unidades de registo, nos permitiu uma primeira interpretação em função dos objectivos da investigação,

Considerámos como unidade de contexto a resposta a cada uma das questões, tendo a frase lógica sido tida como unidade de registo.

Optámos por não considerar as afirmações cujo sentido e conteúdo apresentavam lacunas, não sendo por conseguinte enquadráveis nas categorias nem nas subcategorias definidas. A versão final deste processo apresenta-se no quadro que se encontra na página seguinte:

67 Quadro 2- Categorização da Entrevista

TEMAS CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Supervisão Pedagógica.

Percepções sobre a Supervisão Pedagógica.

Papel da supervisão pedagógica O Perfil do supervisor pedagógico

Supervisão e Desenvolvimento Profissional.

Supervisão e sucesso escolar.

Importância atribuída à supervisão no desenvolvimento profissional. Acesso à formação contínua. Levantamento das necessidades de

formação.

Prioridades de formação

Concepção de “qualidade de ensino”

Definição de metas e objectivos para processos e resultados. Aferição da qualidade do sucesso. Mecanismos para garantir a

qualidade do sucesso. Coordenação de Departamento num Contexto de Supervisão Caracterização da Coordenação Departamental

Coordenação de departamento e gestão participativa.

Coordenação de departamento e supervisão.

Factores determinantes para a eficácia da actividade supervisiva.

Factores inibidores da eficácia da actividade supervisiva.

Práticas de supervisão.

O papel do supervisor na gestão do currículo.

Práticas de gestão curricular. Monitorização do currículo. Sequencialidade entre ciclos. Articulação departamental.

68 7.3. Tratamento dos Dados da Análise Documental

Sendo nossa intenção a recolha de indicadores que nos permitissem caracterizar as práticas dos coordenadores de departamento no que respeita ao exercício da supervisão e a sua relação com o desenvolvimento profissional dos docentes e, consequentemente com o processo de ensino e aprendizagem, centrámos a nossa atenção em actas e relatórios de departamento.

A informação obtida por esta via foi minuciosamente analisada e confrontada com a análise de conteúdo das entrevistas anteriormente realizadas.

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CAPÍTULO V