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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.3 Análise de Equações Estruturais

Considerando os ajustes realizados no modelo de medida a partir da análise fatorial confirmatória, procedeu-se à verificação do modelo teórico a partir da análise de equações estruturais. Para a realização das análises, foi empregada a técnica de estimativa da Máxima Verossimilhança, seguindo as medidas de ajustes descritas no capítulo de Método. Os resultados da análise são apresentados na Figura 4.7.

Figura 4.7 – Análise de Equações Estruturais Modelo Teórico

Obs.: valores padronizados.

Embora o modelo de medida proposto tenha alcançados resultados positivos, os achados indicam que o modelo teórico proposto possui medidas de ajustamento que variam entre sofrível (X²/g.l. = 3,76; CFI = 0,799; GFI = 0,831) e bom (PCFI = 0,658; PGFI = 0,612). Exceção feita ao indicador RMSEA, cujo valor (0,103) encontra-se discretamente acima dos padrões aceitáveis de acordo com a literatura consultada. Esses resultados evidenciam que o modelo proposto não se mostra apropriado para explicar a estrutura correlacional das variáveis, de forma que se procedeu a re-especificação do modelo.

Pode-se observar, a partir da Tabela 4.6, que algumas das trajetórias não possuem significância estatística. De acordo com os resultados encontrados, a Competição não influencia os Relacionamentos Verticais e o Desempenho não é influenciado pelos Relacionamentos com Organizações de Suporte, tampouco pelas Relacionamentos Verticais. Entre as práticas comuns de re-especificação de modelos descritas por Marôco (2014), destaca-se a eliminação de trajetórias não significativas. Dessa forma, as relações causais não significativas foram excluídas do modelo.

Tabela 4.6 – Estimativas das Relações entre Variáveis – Modelo Teórico

Variáveis Estimativa Coef. Padr. Erros Padr. C.R. p-value Rel. Verticais <--- Competição -,009 -,076 ,008 -1,097 ,273 Rel. Horizontais <--- Competição -,012 -,154 ,006 -1,879 ,060 Rel. Org.s Suporte <--- Competição -,026 -,160 ,011 -2,323 ,020 Desempenho <--- Competição -,002 -,125 ,001 -1,889 ,059 Desempenho <--- Rel. Verticais ,008 ,049 ,011 ,699 ,485 Desempenho <--- Rel. Horizontais ,052 ,224 ,021 2,442 ,015 Desempenho <--- Rel. Org.s Suporte -,005 -,050 ,008 -,706 ,480

Adicionalmente, a partir da verificação dos índices de modificação propostos pelo

software (Anexo 3), foi possível observar que o erro associado à variável Relacionamentos

com Organizações de Suporte (e31) apresenta uma alta correlação com os erros associados às variáveis Relacionamentos Verticais (e29) e Relacionamentos Horizontais (e30). Considerando que a cooperação, seja com empresas do mesmo ponto da cadeia produtiva, seja com empresas de atividades distintas, é uma operação complexa (POWELL, 1990) e com resultados incertos (LADO; BOYD; HANLON, 1997; PODOLNY; PAGE, 1998; ALBERS, 2013), diversos estudos ressaltam a função desempenhada por organizações públicas ou privadas de suporte à atividade empresarial, em especial em ambientes em que há uma baixa propensão à cooperar, atuando como garantidoras das condições necessárias para o estabelecimento dos relacionamentos (BRUSCO, 1993; GRANDORI; SODA, 1995; ZAMBRANA; TEIXEIRA, 2015; HUMPHREY; SCHMITZ, 1995; BAIARDI; LANIADO, 2000; CASTRO; BULGACOV; HOFFMANN, 2011; FIANI, 2011; SACOMANO NETO; PAULILLO, 2012). Nesse sentido, decidiu-se pela criação de duas trajetórias causais partindo dos Relacionamentos com Organizações de Suporte para os Relacionamentos Verticais e Horizontais. Considerando as re-especificações descritas, foi realizada nova análise mantendo os padrões adotados anteriormente. Os resultados são apresentados na Figura 4.8.

Figura 4.8 - Análise de Equações Estruturais - Modelo Re-especificado

Obs.: valores padronizados.

Os indicadores resultantes da análise do modelo reespecificado (X²/g.l. = 2.02; CFI = 0,925; GFI = 0,901; PCFI = 0,768; PGFI = 0,669; RMSEA = 0,063) indicam um bom ajustamento do modelo aos dados. A partir desse ajustamento, procedeu-se à análise das trajetórias causais entre variáveis latentes. As estimativas dessas relações são apresentadas na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 - Estimativas das Relações entre Variáveis – Modelo Teórico Reespecificado

Variáveis Estimativa Coef. Padr. Erros Padr. C.R. p-value Rel. Org.s Suporte <--- Competição -,026 -,154 ,012 -2,261 ,024 Rel. Horizontais <--- Competição -,002 -,020 ,005 -,313 ,755 Rel. Horizontais <--- Rel. Org.s Suporte ,415 ,868 ,070 5,924 ,000 Rel. Verticais <--- Rel. Org.s Suporte ,505 ,709 ,082 6,175 ,000 Desempenho <--- Competição -,002 -,132 ,001 -2,008 ,045 Desempenho <--- Rel. Horizontais ,037 ,171 ,017 2,183 ,029

Os resultados apresentados pela Tabela 4.7 indicam que os Relacionamentos com Organizações de Suporte apresentam influência significativa sobre os Relacionamentos Verticais, assim como sobre os Horizontais. Relacionamentos Horizontais, por sua vez, influenciam positivamente o desempenho, enquanto que a Competição possui influência

negativa sobre a referida variável. Diferentemente do resultado encontrado no modelo original, a Competição não apresenta influência significativa sobre os Relacionamentos Horizontais. Aparentemente, a inserção da trajetória causal entre os Relacionamentos com Organizações de Suporte e os Relacionamentos Horizontais leva à redução da influência da Competição. De forma similar, nota-se que a relação causal entre Relacionamentos Horizontais e Desempenho é minorada pela inserção do relacionamento causal com os Organizações de Suporte. Vieira (2009) descreve o comportamento de uma variável como mediadora quando influencia a relação entre uma variável independente e uma variável dependente, de modo que sua inserção em uma equação estrutural neutraliza, ou mesmo reduz, a força do impacto da variável independente sobre a dependente.

Como forma de verificar se a relação entre Competição e Relacionamentos Horizontais se mantém na ausência dos Relacionamentos com Organizações de Suporte, o Modelo Re-especificado foi testado novamente suprimindo-se as variáveis Relacionamentos Verticais e com Organizações de Apoio. Os resultados são apresentados na Figura 4.9 e na Tabela 4.8. Adicionalmente, foi empregado o Teste de Sobel, seguindo as orientações dispostas em Vieira (2009).

Figura 4.9 – Modelo Teste – Relacionamentos Horizontais e Competição

Tabela 4.8 –Relações entre Variáveis – Relacionamentos Horizontais e Competição

Variáveis Estimativa Coef. Padr. Erros Padr. C.R. p-value Rel. Horizontais <--- Competição -,027 -,213 ,015 -1,808 ,071 Desempenho <--- Competição -,011 -,455 ,003 -3,938 ,000 Desempenho <--- Rel. Horizontais ,055 ,298 ,024 2,352 ,019

O modelo testado apresenta indicadores de ajustamento muito bons, de acordo com os critérios de análise estabelecidos. A análise dos coeficientes padronizados indica que a Competição influencia negativamente o desempenho das empresas, enquanto que os Relacionamentos Horizontais apresentam uma influência positiva, ambos relacionamentos significativos (p<0,05). A relação entre Competição e Relacionamentos Horizontais apresenta coeficiente padronizado negativo significativo (p<0,1). Adicionalmente, o teste de Sobel resultou em valores superiores a 1,96 na tabela do teste Z, de forma que a relação de mediação é significativa. Considerando os resultados encontrados, pode-se argumentar que os Relacionamentos com Organizações de Suporte exercem uma influência mediadora sobre o relacionamento entre Competição e Relacionamentos Horizontais conforme apresentado na Figura 4.8.

Nas seções seguintes os resultados estatísticos encontrados são discutidos à luz do referencial teórico, hipóteses e objetivos de pesquisa.