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4.2 Fontes de informação e definição das variáveis

4.3.1 Análise descritiva e inferencial

Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o software estatístico - Stata versão 12.0, adotando o nível de significância estatística de 5%, admitindo-se existir diferença significativa quando o valor de p fosse inferior a 0,05.

Foi efetuada uma análise descritiva das diferentes variáveis associadas aos AT com risco biológico. Efetuou-se a análise descritiva univariada da participação dos AT para caracterização da amostra em estudo (n= 438) e posteriormente procedeu-se à abordagem analítica bivariada para comparar as diferentes variáveis dos AT associados a fatores de risco biológico. Na análise estatística bivariada foram utilizados o teste qui-quadrado e o teste exato de fisher para as variáveis nominais dicotómicas. O último foi utilizado sempre que a frequência esperada foi inferior a cinco.

A análise estatística bivariada incluiu:

1) Comparação das características socioprofissionais, espaciais e temporais dos AT ao longo dos 3 anos em estudo;

2) Comparação das tarefas e a caracterização das exposições ocupacionais ao longo dos 3 anos em estudo;

3) Comparação das fontes de contaminação e das intervenções clínicas ao longo dos 3 anos em estudo;

4) Estudo das principais causas associadas à ocorrência dos AT ao longo dos 3 anos em estudo.

Paralelamente foram calculadas as taxas de incidência dos AT associados a fatores de risco biológico por 1.000 profissionais e por 10.000 horas-homem trabalhadas. A taxa de incidência dos AT por 1.000 profissionais foi calculada tendo em consideração o número de AT associados a fatores de risco biológico por ano e considerando o número de profissionais existentes na instituição de saúde em cada ano. Foram calculados os intervalos de confiança a 95% (IC 95%) considerando uma aproximação binominal exata.

Na tentativa de investigar uma hipotética periodicidade semanal e/ou mensal dos AT, foi concebida uma abordagem baseada essencialmente numa visão frequentista do fenómeno em estudo. Relativamente ao número de AT por mês, a hipótese de investigação estabelecida prevê uma confrontação, descriminando os meses do ano, entre o número de AT registados num determinado mês e o número de AT esperado na hipótese de independência (leia-se equiprobabilidade de um AT num determinado mês) do número de AT em relação ao mês em estudo. A existirem diferenças estatisticamente significativas entre os valores observados e os valores esperados, podemos inferir pela existência de um desvio à “normalidade” do número de AT por mês, eventualmente atribuível ou não a uma qualquer causa exterior ao(s) mês(es) em estudo. Procedeu-se à contagem do número de AT por mês, tendo sido definido:

- OOut = número de AT observado no mês de outubro; - ONov = número de AT observado no mês de novembro; - ….

- Oacidentes = OOut + ONov +… = número total observado de AT (438) no período em análise, e ainda, nas hipóteses de igual probabilidade de ocorrência de acidentes de trabalho em qualquer mês do ano:

- EOut = Oacidentes / 12 = número de AT esperado no mês de outubro;

- EOut = ENov = … = ESet = número de AT esperado, em qualquer mês do ano;

- Eacidentes = EOut + ENov +… + ESet = número total esperado de AT (438) no período em análise.

Uma vez na posse dos valores observados e dos valores esperados foi possível sujeitar a hipótese formulada a um teste de hipóteses. O mesmo procedimento foi aplicado para os dias da semana. Para estimar o efeito independente das características associadas à subnotificação dos AT com risco biológicos foram utilizados modelos de regressão logística multivariada, estratificados por tipo de AT. A regressão logística é um método de regressão para variável dependente dicotómica que permite estimar odds ratios (OR) a partir dos coeficientes de regressão, para quantificar a sua associação com uma ou várias variáveis independentes. Foram calculados os OR e respetivos intervalos de confiança a 95% ajustados para o género, idade, categoria profissional e serviço. A análise estatística incluiu:

1) Comparação das variáveis na prevalência e na subnotificação dos AT;

2) Comparação das variáveis da subnotificação com as características individuais e profissionais dos inquiridos.

Com base nas informações dos questionários sobre a subnotificação dos AT com risco biológico foi calculada a taxa de incidência dos AT com risco biológico nos últimos cinco anos através da equação 2:

Equação 2

O cálculo da taxa de incidência implicou as seguintes operações:

a) O número total de AT foi obtido pelo somatório do número de AT com risco biológico que os profissionais mencionaram ter sofrido nos últimos cinco anos. Este número foi calculado por tipo de lesão (lesão percutânea ou lesão mucocutânea);

b) N.º de pessoas/dia= n.º dias de trabalho por mês (22) x n.º de meses de trabalho do ano (11) x n.º de anos do estudo (5 anos). Esse produto foi multiplicado pelo n.º de inquiridos que responderam à questão sobre se sofreu, nos últimos 5 anos, algum AT por lesão percutânea (2513) ou por lesão mucocutânea (2489).

Para o cálculo dos impactos económicos dos AT associados a fatores de risco biológico foram estabelecidos seis cenários distintos para estimar os custos diretos mediante o tipo de AT. Para

cada cenário foi definido o valor unitário associado e respetivas quantidades. Foram igualmente estimados os custos indiretos dos AT.

Posteriormente e para obter o custo global de cada cenário foi efetuado o somatório do valor associado a cada variável. Foram igualmente analisados os custos médios totais dos AT associados a fatores de risco biológico ao longo dos 3 anos do estudo através do somatório dos custos diretos e dos custos indiretos ( Equação 3).

Ctotais = Cdiretos + Cindiretos Equação 3