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Estudo da incidência e determinantes dos acidentes de trabalho com risco biológico

4.2 Fontes de informação e definição das variáveis

4.2.1 Estudo da incidência e determinantes dos acidentes de trabalho com risco biológico

A recolha de informação foi efetuada através da análise documental, nomeadamente da consulta dos modelos de participação e de acompanhamento clínico dos AT associados a fatores de risco biológico, existentes na unidade hospitalar em estudo.

Os modelos analisados foram:

a) o modelo de participação clínica do AT da instituição de saúde em estudo; b) o formulário de participação do AT da companhia de seguros;

d) os resultados analíticos dos marcadores víricos do doente e do profissional; e) o registo de assiduidade do profissional.

A recolha de informações para a análise e investigação das causas dos AT baseou-se na aplicação de um questionário estruturado e na realização de entrevistas individuais aos profissionais que participaram AT associados a fatores de risco biológico. Paralelamente foram visitados os locais de trabalho dos profissionais com o intuito de avaliar as condições de trabalho em que o profissional desempenhou as suas tarefas (a título de exemplo as condições de instalação do local; a dimensão do espaço físico; o espaçamento entre camas; a localização dos contentores de resíduos; entre outros) e os materiais utilizados durante a ocorrência do AT (por exemplo o tipo de dispositivos cortantes e/ou perfurantes; os sistemas de segurança dos dispositivos cortantes e/ou perfurantes; tipo de contentores de resíduos; instrumentos de auxílio na utilização de agulhas de sutura; entre outros) para identificar as eventuais causas associadas à ocorrência dos AT. Sempre que necessário e para melhor compreender o procedimento clínico adotado foi solicitado ao profissional a simulação do procedimento realizado no momento da ocorrência do AT.

O questionário (anexo III) foi elaborado pelo autor do estudo tendo sido estruturado em cinco grupos. O grupo I do questionário contém informações sobre a caracterização socioprofissional do funcionário, nomeadamente a faixa etária, o género, as habilitações académicas, a categoria profissional, a antiguidade na instituição, a carga horária semanal e o tipo de horário praticado na instituição de saúde em estudo. O grupo II caracteriza o AT no que concerne ao local, à data e hora do AT, à hora de atendimento no Serviço de Urgência, ao número de horas trabalhadas até ao momento do AT, à data do último dia de descanso face ao dia da ocorrência do AT, à carga horária efetivamente realizada até ao momento do AT e à tarefa que o profissional executava no momento da ocorrência. O grupo III abrange questões relacionadas com a exposição ocupacional a agentes biológicos, designadamente o tipo de exposição, a especificação do tipo de dispositivo cortante e/ou perfurante que provocou o AT por lesão percutânea, a profundidade da lesão percutânea, a presença de sangue visível no dispositivo cortante e/ou perfurante, o tipo e quantidade de fluído que atingiu o profissional no momento do AT, a parte do corpo atingida e a utilização de equipamento de proteção individual. No grupo IV foram abordadas informações sobre a atuação dos profissionais após exposição ocupacional a agentes biológicos, tais como as medidas adotadas após a ocorrência do AT (lavagem, desinfeção do local da ferida, entre outros), a identificação do doente fonte de contaminação, a realização de análise ao doente fonte, os dados serológicos do doente fonte e do profissional, a adoção de medidas profiláticas e o tipo de medidas adotadas. Neste grupo foram igualmente considerados os efeitos secundários da medicação efetuada, a existência de trabalhadoras grávidas ou em período de amamentação no momento do AT, a realização da profilaxia após exposição ocupacional até ao final do tratamento e o grau de incapacidade ocasionado pelo AT. No último grupo foram analisadas as causas dos AT com risco biológico, nomeadamente, a existência de dispositivos cortantes e/ou perfurantes com sistema de segurança incorporados e a sua funcionalidade. Questões relacionados com a ativação ou não do sistema de segurança no momento do AT, a formação dos profissionais da instituição no âmbito da exposição a riscos biológicos e as causas associadas à ocorrência do AT. As causas encontram-se subdivididas em quatro fatores principais:

b) fatores organizacionais; c) fatores materiais;

d) fatores ambientais ou do local de trabalho.

A conceção do questionário teve por base a revisão bibliográfica efetuada sobre a temática em estudo, nomeadamente o questionário publicado pelo CDC no “Workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program”, traduzido e adaptado pelo Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e medicina do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego do Rio da Prefeitura, o artigo publicado pelo autor Alba (Alba et al., 2002), o questionário elaborado pelo grupo EPINET e no modelo de participação do AT da companhia de seguros da instituição de saúde em estudo. A Tabela 19 apresenta as fontes de informação em que se baseou a elaboração do questionário.

Tabela 19 - Fontes de informação do questionário de participação dos AT

Grupo do questionário Fonte de informação

Grupo I Dados do modelo de participação do AT da companhia de seguros.

Grupo II

Dados do modelo de participação do AT da companhia de seguros;

Dados do questionário publicado pelo CDC no “Workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program”, traduzido e adaptado pelo Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e medicina do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego do Rio da Prefeitura (Rapparini et al., 2010);

Dados do questionário do programa EPINET (International Safety Center, 2010).

Grupo III

Dados do questionário publicado pelo CDC no “Workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program”, traduzido e adaptado pelo Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e medicina do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego do Rio da Prefeitura (Rapparini et al., 2010);

Dados do artigo publicado pelo autor Alba (Alba et al., 2002);

Dados do questionário do programa EPINET (International Safety Center, 2010).

Grupo IV

Dados do questionário publicado pelo CDC no “Workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program”, traduzido e adaptado pelo Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e medicina do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego do Rio da Prefeitura (Rapparini et al., 2010);

Dados do artigo publicado pelo autor Alba (Alba et al., 2002);

Dados do questionário do programa EPINET (International Safety Center, 2010);

As questões sobre as medidas de primeiros socorros adotadas após exposição ocupacional a agentes biológicos, sobre os efeitos secundários da medicação e sobre a realização da PPE até ao fim são da autoria dos investigadores.

Grupo V

Dados do questionário publicado pelo CDC no “Workbook for designing, implementing, and evaluating a sharps injury prevention program”, traduzido e adaptado pelo Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de segurança e medicina do trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego do Rio da Prefeitura (Rapparini et al., 2010);

As questões sobre a formação dos profissionais no âmbito da exposição a riscos biológicos e das causas dos AT são da autoria dos investigadores.

Os questionários foram preenchidos num gabinete do Serviço de Saúde Ocupacional da unidade hospitalar em estudo ou no local de trabalho do profissional. Os profissionais submetidos à PPE foram contactados telefonicamente, 6 meses após a ocorrência do AT, para finalizar o preenchimento do questionário. O tempo associado ao preenchimento do questionário foi de aproximadamente 15 minutos.

À pergunta genérica “…podemos confiar nos estudos de opinião e inquéritos?...” vários especialistas refletem sobre o assunto, a título de exemplo Magalhães, 2011, Rosa, L., 2013, Zukin, 2015. Comum a alguns destes especialistas perpassa a ideia que, se as circunstâncias o permitirem, uma proximidade e acompanhamento na fase de inquérito, entre o inquirido e o inquiridor são os melhores critérios de validade e fiabilidade dos questionários “… eu continuo a achar que a entrevista cara a cara é a melhor técnica…”, referiu António Salvador, presidente da Intercampus in Revista Visão 05/08/2015.

A recolha de dados iniciou-se a 12 de janeiro de 2013 e terminou a 15 janeiro de 2015 (aproximadamente 24 meses). As informações foram recolhidas em formato papel.

As informações sobre caracterização dos profissionais da instituição hospitalar foram fornecidas pelo serviço de gestão de recursos humanos da instituição em estudo.