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Análise do desempenho acadêmico entre estudantes cotistas e não cotistas

...se a escola, pelo peso da sociedade e também por influência da própria carga, envereda pela opressão dos oprimidos, ela é, ao mesmo tempo, um dos locais onde o combate existe, onde ele pode, de forma privilegiada, evoluir de tal maneira que os oprimidos adquiram lucidez e força (SNYDERS, 2005 p.397)

É nosso objetivo, nesse Capítulo, analisar o desempenho acadêmico dos estudantes cotistas buscando elementos que possam nos aproximar ou distanciar dos resultados similares aos das pesquisas no campo educacional sobre as Ações Afirmativas. Como apresentamos no início desse trabalho, tais estudos apontam que não existem diferenças no resultado acadêmico, especialmente em termos de rendimento, entre os estudantes cotistas e não cotistas no IFSP, relacionando com o debate sobre as possibilidades e limites das ações afirmativas, no que se refere ao compromisso efetivo com a democratização do acesso dos jovens da classe trabalhadora a este sistema de ensino.

As turmas de 2013 de EMI do Campus São Paulo

Nesse momento é oportuno explicitar que em 2013, foi implementada uma mudança na carga horária e no currículo dos quatro cursos de EMI do Campus São Paulo, os cursos passaram de 4 anos para 3 e a carga horária mínima obrigatória do curso de Informática passou de 3.751,50 para 3.309 horas, veja-se o anexo Estruturas Curriculares. Tais mudanças foram foco de divergência entre os professores do campus, os professores vinculados à formação básica, em geral defendiam os cursos de quatro anos, em oposição aos professores vinculados às disciplinas de formação profissional que defendiam o curso de três anos. As justificativas96 para as mudanças nos cursos foram, basicamente, que os cursos de 4 anos

representavam uma desvantagem na “possível concorrência” com os cursos do Centro Paula Sousa, que já eram organizados em 3 anos, e a evasão decorrente de “possíveis abandonos dos cursos” no fim do 3º ano, após certificação do Ensino Médio pelo ENEM97. Todavia, a

96 Acompanhamos esse processo já como Pedagoga na Pró-reitoria de Ensino e identificamos, na experiência vivenciada, que não foram apresentados dados para tais justificativas.

97 A partir de 2017 não é mais possível a utilização da nota do ENEM para certificação de conclusão do Ensino Médio.

partir de 2016 os cursos voltaram a ser ofertados em 4 anos com carga horária mínima de 3.837 horas.

É pertinente, também, uma apresentação dos critérios de aprovação e retenção adotados pelo IFSP para os cursos EMI e PROEJA, desde a aprovação da atual Organização Didática do IFSP, em maio de 2014, Resolução n° 85. Segundo a orientação do documento “fica sujeito a reavaliação, que em geral é realizada no final de cada ano letivo, o estudante que obtiver, no componente curricular, nota final inferior a 6,0 (seis) e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) das aulas e demais atividades”. Após a reavaliação/recuperação a nota final é a média obtida nas áreas do conhecimento: Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Disciplinas Técnicas, sendo considerado aprovado o estudante que obtiver nota igual ou maior que 6,0 (seis) e frequência global mínima de 75% em cada área do conhecimento.

Assim, um estudante que ao final do ano letivo tenha obtido a média 5,0 em Química será encaminhado para reavaliação/recuperação desse componente curricular. Após esse processo, tendo obtido a nota 3,0, prevalecerá como nota final do componente curricular a maior nota obtida entre as duas, no caso 5,0. Mas a média final será a média das notas dos componentes curriculares da área de conhecimento, imaginando que o estudante tenha obtido 7,0 em Física e 9,0 em Biologia, sua média final se dará da seguinte forma: (5,0 + 7,0 + 9,0) / 3 = 7,0.

No Caso dos estudantes com frequência global mínima de 75% (setenta e cinco por cento) nas aulas e demais atividades, masque não foram aprovados por média, é prevista a análise da situação do estudante pelo Conselho de Classe. O Conselho de Classe no IFSP é organizado em duas instâncias, uma consultiva, o Conselho Pedagógico, que ocorre a partir de demandas apontadas pelos coordenadores dos cursos e uma deliberativa, denominada de Conselho de Classe, que ocorre ao final de período letivo, ambos contam com a participação obrigatória dos docentes das turmas do coordenador do curso e de um pedagogo, membro do serviço sociopedagógico do campus.

Inferimos que a mudança nos critérios de aprovação e retenção teve como objetivo reduzir o número de reprovações. Observamos nas entrevistas e a partir de nossa experiência cotidiana que muitos professores demonstram incômodo com o fato dos jovens estarem “jogando com as regras do jogo”, especialmente os estudantes dos cursos organizados em três anos, cujo currículo era composto por 18 componentes curricular distribuídos em tempo integral. Os professores relatavam que os estudantes desses cursos selecionavam dentro das

áreas de conhecimentos em quais componentes se empenhariam mais, deixando sempre algum em segundo plano, pois, a retenção em um ou outro componente curricular não implicaria em retenção na área de conhecimento, ou seja, o desempenho nos componentes de forma isolada não caracterizaria critério suficiente para retenção do aluno.

“eles faltam nas minhas aulas para estudar, para Física e Matemática que tem uma carga gigante e os professores enchem eles de atividades, eles faltam na minha aula para estudar para outra disciplina, as aulas são expositivas, a gente não tem ambientes adequados” (Professor da formação geral).

Dando sequência à apresentação de informações importantes para a compreensão da abordagem adotada em nossa pesquisa, exporemos alguns conceitos fundamentais. As definições foram convencionadas pela SETEC98 com a finalidade de padronizar a coleta e a análise dos dados para toda a rede federal. Como segue:

• Ciclo de Matrícula: envolve a oferta de um curso com uma carga horária definida, com a mesma data de início e de previsão de término, visando englobar um conjunto de matrículas de alunos no Sistec, para a obtenção de uma mesma certificação ou diploma;

• Cursando/retido: é o número de alunos que permanece matriculado por período superior ao tempo previsto para integralização do curso. Representa o total de alunos de um dado ciclo de matrícula que estejam em situação ativo, concluinte ou integralizado fase escolar, que tenham mês de ocorrência posterior a data final prevista para o ciclo de matrícula, e que pertençam a um mesmo ciclo de matrícula • Desligado: É o aluno que solicita o cancelamento de sua matrícula junto à secretaria

da unidade escolar;

• Evadido: É o aluno que não possui nenhuma possibilidade regulamentar de retorno ao curso no mesmo ciclo de matrícula, geralmente por faltas além de 25% e não trancamento de matrícula.

98 A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC) é a coordenadora nacional da política de educação profissional e tecnológica (EPT) no país. Tem por atribuição formular, implementar, monitorar, avaliar e induzir políticas, programas e ações de EPT, atuando em regime de colaboração com os demais sistemas de ensino e os diversos agentes sociais envolvidos na área. Fonte: Ministério da Educação, disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec-secretaria-de-educacao-profissional-e- tecnologica

• Integralizado: É o aluno que concluiu disciplinas, módulos ou créditos, mas que por não ter sido aprovado no estágio obrigatório ou ter concluído o TCC, ainda não está apto a colar grau e não é considerado “concluinte”.

• Concluinte: é o aluno que integralizou todas as fases do curso, incluindo disciplinas, módulos ou créditos, estágio obrigatório, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), etc. e está apto a colar grau. Não inclui o número de integralizados;

• Reprovado: É o aluno que foi retido definitivamente, sem possibilidade de continuação. Não representa a situação acadêmica transitória do aluno que não foi promovido em disciplina, módulo, crédito, ano letivo etc.;

• Transferido externo: O aluno é transferido de uma unidade para outra unidade de ensino;

A seguir estão os dados extraídos do Sistec, disponibilizados pela Diretoria de Informações Acadêmicas, ligada a Pró-reitora de Ensino do IFSP, que nos permite verificar alguns indicadores dos cursos que tiveram o ciclo de matricula em 2013, a partir do processo seletivo investigado nesse trabalho.

Tabela 33 – Situação da matrícula por curso no ciclo 2013/2015

Situação Ensino Médio Integrado

Eletrônica Eletrotécnica Mecânica Informática

Vagas Ofertadas 80 40 80 80 Abandono 9 6 5 4 Conclusão 42 21 53 46 Desligamento 6 3 7 3 Em Curso 4 3 5 5 Integralização 3 2 4 Transferência 7 2 3 4 Evasão 22 11 15 11 Total Matrículas* 71 37 73 66 Fonte: Sistec

* o total de matrícula representa o número de alunos ingressante no primeiro ano do ciclo do curso.

Na Tabela 33, inicialmente chamamos atenção para o número de alunos concluintes do curso de Informática, que é divergente das informações disponíveis no Sistema Acadêmica do IFSP, pois, segundo esse banco de informações, são 47 os concluintes do curso de Informática. Assim, trabalharemos com este dado. Conforme observado anteriormente, o total de alunos ingressantes e a quantidade total de matrículas resultam em

número menor que as vagas ofertadas. Destacamos, também, que os números relativos ao abandono, desligamento e transferência externa somados representam o total numérico da evasão. O total de matrículas refere-se ao número de estudantes ingressantes, por curso, no ano de 2013. Para uma melhor visualização dos dados apresentamos, a seguir, Gráfico 20, com percentual de concluintes, dos alunos ativos (cursando) e evadidos, separados por cursos

Gráfico 20- Indicadores por curso

Fonte: Sistec/IFSP

Os números apresentados merecem algumas observações sobre o movimento de matrículas em temos de alunos ingressantes, e concluintes. Os dados revelam que a taxa de conclusão dos cursos é em média 65%, sendo que o curso de Eletrônica tem a menor taxa de conclusão 59% e o curso de Mecânica a maior taxa de conclusão, 73%. Por conseguinte, as taxas de estudantes que não concluem os cursos, isto é, a taxa de evasão que agrega os índices de abandono, desligamento e transferência externa, são expressivamente elevadas: o curso de Eletrônica apresenta a maior taxa 31% e o de Informática a menor taxa 16,7%, formalizando uma média de evasão entre os cursos de 24,4%.

Os altos índices de evasão chamaram a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), após a realização, em 2011, de auditoria operacional sobre Educação, em geral, e Educação Profissional na rede federal, destinada a analisar, entre outras coisas, a

59,2 56,8 69,7 72,6 5,6 8,1 7,6 6,8 31 29,7 16,7 20,5 4,2 5,4 6,1 0

ELETRÔNICA ELETROTÉCNICA INFORMÁTICA MECÂNICA

caracterização da evasão na rede e as medidas implementadas para reduzi-la. Esse trabalho resultou no Acordo nº506/2013, que recomendou a adoção de medidas e implementação de ação conjunta entre a Setec, o MEC e as instituições da rede federal para o aprimoramento do combate à evasão. Com esse objetivo, o IFSP constitui uma Comissão Interna de Acompanhamento das Ações de Permanência e o Êxito dos Estudantes (CIPEE) que tem entre suas funções elaborar e acompanhar o Plano Estratégico de Ações de Permanência e Êxito dos Estudantes, que ainda se encontra em fase de finalização.

Os resultados preliminares dos trabalhos da CIPEE apontam as principais causas da evasão na instituição, de modo geral. Causas individuais dos estudantes: capacidade de aprendizagem e habilidade de estudos, formação anterior, incompatibilidade entre a vida acadêmica e o trabalho. Causas internas da instituição: questões didático-pedagógicas, gestão acadêmica do curso, insuficiência/abrangência dos programas institucionais, infraestrutura física, material, tecnológica e de pessoal. Causas externas: falta de oportunidade de trabalho para egressos, dificuldade com transporte/localização e acesso.

A seguir apresentaremos, a título de comparação, o gráfico com indicadores de conclusão, evasão, alunos cursando e integralização, dos cursos de Eletrônica, Eletrotécnica, Informática e Mecânica, relativos as turmas de que tiveram início em 2009, 2010, 2011 e 2012, cursos com 4 anos de duração.

Gráfico 21 – Indicadores dos cursos de quatro anos

Fonte: Sistec/IFSP 68,5 69,0 73,8 0,0 0,0 0,0 30,4 29,9 25,0 1,1 1,1 1,2 01/01/2010 01/01/2011 01/01/2012

Técnico - Integrado - % Conclusão Técnico - Integrado - % Cursando

Nota-se que a taxa média de conclusão das turmas de 2013, cursos de 3 anos, 65%, é menor do que a taxa das turmas de 2010, 2011 e 2012, que tiveram taxas de conclusão de 68,5%, 69%, e 73,8, respectivamente. Tal realidade foi uma das justificativas para o retorno, em 2016, dos cursos de 4 anos.

O conceito de evasão escolar, na perspectiva de exclusão, tem sido foco de análise de grande número de pesquisas no Brasil que explicitam noções bastante difusas sobre a temática. Em geral, explicam a evasão escolar considerando as relações de interdependência que configuram a realidade social, com centralidade na relação entre origem social e desempenho escolar, sem desconsiderar fatores externos e internos aos indivíduos. Também é possível identificar noções bastante difusas quanto à caraterização do fenômeno do ponto de vista empírico: abandono com retorno para outra escola ou sistema de ensino, abandono sem retorno, desligamento sem retorno, desligamento com retorno para instituição ou para outra instituição, trancamento da matrícula, ou ainda, o não acesso aos sistemas de ensino. No caso da nossa pesquisa, a evasão escolar restringe-se ao conjunto de estudantes que trancaram ou cancelaram as matrículas ou foram transferidos.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2014), 52% dos jovens de 15 a 17 abandonaram a escola antes de concluírem o Ensino Fundamental, 29% concluíram o Ensino Fundamental e o Ensino Médio apenas 19% concluíram o Ensino Médio. Entre os jovens negros, pretos e pardos 57% abandonaram a escola antes de concluírem o Ensino Fundamental, 29% concluíram o Ensino Fundamental e apenas 14% concluíram o Ensino Médio. Entre os jovens brancos, 43% abandonaram a escola antes de concluírem o Ensino Fundamental, 29% concluíram o Ensino Fundamental e apenas 28% completaram o Ensino Médio. Os dados apontam que a maioria dos jovens no Brasil abandonaram a escola antes do Ensino Médio, sendo que esse abandono é maior entre os jovens negros do que entre os jovens brancos. Além disso, os dados mostram que a taxa de conclusão do Ensino Médio entre os jovens negros é menor.

Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (2009) apontou que 40,29% dos estudantes evadiram do Ensino Médio por “falta de interesse”; por questões ligadas a renda 27,09% evadiram. Resultado similar foi apresentado por Marchesi e Pérez (2004, p. 19): segundo levantamento dos autores, “mais da metade os resultados de fracasso escolar são conferidos às diferenças individuais dos alunos”, contudo, as variações nos resultados do sucesso ou fracasso escolar são determinadas pelas interações de fatores sociais, culturais e familiares.

Com relação à temática da evasão escolar na educação profissional de nível médio, o volume de pesquisas ainda é pequeno, todavia, os trabalhos de Dore e Lüscher (2011), Dore, Araujo e Mendes (2014), Daros, (2013), Pelissari (2012), Steimbach (2012), Silva, Pelissari, Lucas; Steimbach, (2013); Silva (2017), apontam para o caráter multifacetado do fenômeno que envolve variáveis individuais, institucionais e sociais e que, portanto, exigiria uma compreensão a partir da complexidade de suas inter-relações.

A pesquisa de Daros (2013), por exemplo, identificou o trabalho, as dificuldades de aprendizado e o desinteresse dos estudantes pelos cursos como as causas principais da evasão em 6 campus do IFSP – Araraquara, Bragança Paulista, Itapetininga, Hortolândia, São João da Boa Vista e Sertãozinho –. Já Pelissari (2012), ao investigar a alta procura pelos cursos relacionados à área de tecnologia99 no Paraná e os paradoxais altos índices de evasão desses cursos, identificou uma visão fetichizada sobre a tecnologia, ligada aos significados atribuídos ao mercado de trabalho e aos salários. Para o autor, esse paradoxo é aparente, uma vez que, a visão fetichizada dos cursos, ou seja, “a falta de clareza sobre os cursos, sobre os conteúdos estudados, a exigência, a carga de aulas práticas, a relação orgânica do conhecimento teórico com a prática do mundo do trabalho” é também causa relevante do abandono desses cursos.(p. 183)100.

Na mesma direção, Dore e Lüscher (2011) alertam que a escolha do eixo tecnológico para oferta dos cursos na educação profissional é uma dimensão decisiva para a permanência ou não dos estudantes. Os autores chamam a atenção para indissociabilidade entre as condições de permanência na educação profissional e desta na educação básica. Segundo os autores, a evasão na educação profissional, especificamente, está relacionada “aos altos índices de evasão e de outros indicadores de fracasso escolar na educação básica”. Nessa perspectiva, as possiblidades de acesso à educação profissional de nível técnico “são limitadas tanto pela política educacional quanto por fatores relacionados ao desempenho escolar dos estudantes na educação básica”. Por fim, para os jovens que conseguem superar esses limites “resta ainda o desafio de superar condições nem sempre favoráveis à sua permanência na escola”. (p.778 e 781).

99 Para o autor os cursos relacionados a área de tecnologia são aqueles que tem relação direta com a aplicação e/ou concepção de dispositivos tecnológicos e novas tecnologias no setor produtivo.

Compartilhamos da análise de Dore e Lüscher (2011), reconhecendo que a evasão escolar da escola média regular ou na educação profissional, vincula-se ao maior ou menor grau de democratização do acesso e que os altos índices de evasão podem comprometer o recente processo de democratização da educação profissional de nível médio no Brasil. Nesse sentido, é primordial identificar as causas da evasão, ainda que essa não seja uma tarefa fácil, em razão do seu caráter complexo, dinâmico e multifacetado. De forma análoga a outros processos vinculados ao desempenho escolar, a evasão é influenciada por um conjunto de fatores que se relacionam tanto ao estudante e à sua família quanto à escola e à comunidade em que se vive. (p. 776).

No quadro a seguir sintetizamos algumas pesquisas realizadas no âmbito da Rede Federal sobre a evasão escolar para os cursos Técnico de Nível Médio

Quadro 10 - Pesquisas sobre evasão nos IFs Instituto

Federal Pesquisa Curso Causas

Instituto Federal do Triângulo Mineiro Piedade, 2017 Eletrotécnica, Logística Mineração Questões pessoais e vocacionais; Fatores estruturais e administrativos da escola Fatores didático- pedagógicos Instituto Federal Norte de Minas Gerais Silva, 2017 Química Informática Fatores ligados ao aprendizado e às disciplinas Instituto Federal Norte de Minas Gerais Gomes e Laudares, 2016 Enfermagem Trabalho; Mobilidade/dificuldade de transporte” Instituto Federal de Brasília Silva; Dias e Silva, 2015 Eventos, Informática Serviços Públicos Renda Instituto Federal de Santa Catarina Sais, e Vieira, 2016 Edificações Eletrotécnica Incompatibilidade entre trabalho e estudo (falta de tempo para estudar, baixa renda de problema de transporte) Instituto Federal de Santa Catarina Padoin e Amorim, 2015 Telecomunicações e Refrigeração/Ar- condicionado Falta de identificação com o curso foi o fator mais apontado CEFET-RJ Figueiredo, 2014 Telecomunicações Lacunas na escolha do Curso; fatores escolares; dificuldades pessoais; influência de amigos; oportunidades e desinteresse institucional e/ou governamental. Elaborado pela pesquisadora – Inclui cursos Integrados,

Concomitantes e Subsequentes

Verificamos no quadro que as pesquisas apontam para dois conjuntos de fatores: um relacionado a questões socioeconômicas, renda, trabalho, transporte e outro relacionado a questões de ensino e aprendizagem, fatores didáticos pedagógicos e dificuldades de aprendizagem. Além desses fatores, foi possível observar questões relacionadas à escolha do curso. Considerando a evidência consolidada em inúmeros estudos, os resultados das

pesquisas evidenciam que a evasão nos IFs é um fenômeno complexo em que se cruzam fatores condicionantes socioeconômicos com elementos da dimensão educacional e da ordem das aprendizagens, das práticas pedagógicas e da assistência sócio pedagógica.

Dando continuidade à nossa análise, os dados organizados na Tabela 34 representam uma síntese dos resultados verificados nessa pesquisa. Nota-se que na relação ampla concorrência/vagas reservadas, as diferenças mais significativas estão nas extremidades do processo, isto é, entre os inscritos e entre os concluintes.

Tabela 34 – Situação por tipo de vagas

Tipo de Vaga Inscritos Convocados Matriculados Concluintes

Ampla Concorrência 3083 140 127 103

Vagas Reservadas 910 127 120 60

Total 3993 267 247 162

Fonte: Sistec/IFSP - Organizado pela pesquisadora

Gráfico 22 - Situação por tipo de vagas percentual

Fonte: Sistec/IFSP

Conforme observado no Gráfico 22, o número de estudantes que se inscreveram pela ampla concorrência correspondem a 77% do total, enquanto o número de estudantes inscritos pelas vagas reservadas tomam os 23% restantes. Os estudantes da ampla concorrência

77% 52% 51% 63% 23% 48% 49% 37%

Inscritos Convocados Matriculados Concluintes Ampla Concorrência Vagas Reservadas

convocados e matriculados, representam 52% e 51%, respectivamente. Os dados corroboram o impacto da implementação da política de reserva de vagas no que tange a uma maior equidade no acesso, conforme os números de convocados e matriculados, nos quais observamos diferenças muito menores. Entre os concluintes os estudantes que ingressaram pelas vagas de ampla concorrência representam 63% do total, os inscritos pelas vagas reservadas 37%. Tal resultado aponta para uma limitação da Lei de reserva de vagas, qual seja, é preciso garantir as condições de permanência e êxitos dos estudantes cotistas.

O curso de informática