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A Rede Federal de Educação Profissional no Brasil e o lugar do Ensino Médio

Não se pode separar o homo faber do homo sapiens. (Gramsci, 2000)

Neste capítulo, apresentaremos uma breve discussão sobre Educação Profissional Técnica de Nível Médio e uma síntese do processo de expansão da Rede Federal e da criação dos Institutos Federais nos governos do Partido dos Trabalhadores (2003 a 2016). Nesse cenário, discutiremos a política de ampliação dos cursos de Ensino Médio Integrado como uma proposta capaz de contribuir para superação da dualidade que historicamente marcou o Ensino Médio no Brasil, ou seja, o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional como uma possibilidade de formação educacional de qualidade para os jovens da classe trabalhadora.

A Educação Profissional Técnica de Nível Médio no marco dos Governos do Partido dos Trabalhadores

O texto, inicialmente aprovado, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei Federal nº 9394/96), além de confirmar o ensino médio como fase final da educação básica aponta para possibilidade da oferta do ensino médio como forma de preparação para o exercício de profissões técnicas, por meio da Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Conforme Kuenzer (2009, p. 36), foi a necessidade de assegurar o Ensino Médio para todos que levou à compreensão da necessidade de sua organização em diferentes modalidades, “inclusive a habilitação profissional, com intuito de tratar diferentemente os desiguais”.

Em 1996, o Ministério da Educação, em conjunto com o Ministério do Trabalho, lançou o documento “Reforma do ensino técnico”42. Esse documento explicita a proposta de

uma reformulação para educação profissional com vistas a atender às novas demandas por qualificação profissional e consequentemente às necessidades do desenvolvimento do país a partir de orientações neoliberais. Segundo Ferretti (1997), a proposta é resultado de processos realizados separadamente pelos dois ministérios. De um lado, estava o Ministério

42 Para maiores detalhes da proposta, Ferreti, no texto citado, apresenta uma rica análise do documento apresentado pelos Ministérios da Educação e do Trabalho. Ver: FERRETTI, C.J. Formação profissional e reforma do ensino técnico: anos 90. Educação & Sociedade, Campinas, v. 18, n. 59, p. 225-269, 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v18n59/18n59a01.pdf k

do Trabalho que buscava “recolocar a questão da educação profissional na pauta da construção do modelo de desenvolvimento”, do outro, o Ministério da Educação que se voltou para o debate das funções das escolas técnicas e sobre o significado do Ensino Médio. Ainda no que tange à questão da educação profissional, a aprovação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) trouxe de volta a velha questão da dualidade entre ensino médio e educação profissional. Essa marcada separação concretizou-se pelo Decreto nº. 2.208/97, que instituiu novamente a divisão entre ensino médio e a educação profissional, por meio do veto à oferta de ensino Médio Integrado à educação profissional. Nesse momento, expandiu-se a oferta de cursos de ensino superior e, ao mesmo tempo, a oferta do ensino médio regular. Conforme Pacheco (2011), tal quadro ampliou as segmentações já existentes na rede, porque a ampliação do acesso ao ensino superior acentuou a busca pela excelência nos cursos de Ensino Médio regular, capazes de promover tal acesso. Por outro lado, os cursos superiores foram segmentados entre formações acadêmicas e formações mais técnicas, como demonstra a separação entre as Engenharias, por exemplo, e os cursos de tecnologia.

Em 1998, ficou proibida a construção de novas escolas na rede federal, a não ser por meio de parcerias “com Estados, Municípios, Distrito Federal, setor produtivo ou organizações não-governamentais, instâncias que serão responsáveis pela manutenção e gestão dos novos estabelecimentos de ensino” (Brasil, 1998). O Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP) foi o principal agente da reforma da educação profissional desse período. Concebido dentro da lógica neoliberal de privatização, o Programa tinha como objetivo financiar a restruturação da Rede Federal “desde o ponto de vista de suas ofertas educacionais, da gestão e das relações empresariais e comunitárias na perspectiva de torná-la competitiva no mercado educacional” (Brasil, 2007, p.20).

A eleição do Presidente Lula, em 2002, após três tentativas, gerou grandes expectativas para alguns setores mais progressistas da sociedade, inclusive aqueles ligados à militância educacional. No que tange à educação profissional, o MEC, por meio da Secretaria de Educação Média e Tecnológica (SEMTEC), retomou o debate com diferentes setores da sociedade durante todo o ano de 2003. Tais discussões e disputas levaram ao Decreto nº 5.154, de 23 de junho de 2004, que revogou a proibição da expansão da rede federal e retomou a oferta de educação profissional integrada ao ensino médio.

Com efeito, a partir do Decreto nº 5.154/2004, as escolas que integravam a rede federal passaram a ter autonomia para criação de novos cursos, inclusive de nível superior, fortalecendo a ideia de verticalização do ensino.

Nesse contexto, devemos considerar as disputas pela hegemonia em torno do redirecionamento da política de Educação Profissional entre as forças progressistas e conservadoras da sociedade brasileira, isto é, entre os que, pautados pela concepção de politecnia, inspirada em Gramsci, defendiam a integração curricular entre ensino médio e profissionalizante e os que a defendiam a concepção presente no Decreto nº. 2.208/97 que dissociava educação profissional e educação básica. Tais disputas podem ser averiguadas, por exemplo, pela opção, do então governo Lula, por um novo decreto que revogasse o 2.208/97, em vez de uma regulamentação pelo Conselho Nacional de Educação ou mesmo de um projeto de lei, tendo em vista, a possibilidade de atuação das forças conservadoras na produção dessa nova regulamentação de modo a garantir seus interesses (Frigotto. et al.,2012 p. 30).

Ademais, o Decreto nº 5.154/2004, não representou uma ruptura com a concepção anterior, uma vez que, seu texto é uma tentativa de acomodar os distintos interesses em torno da educação profissional de nível médio: de um lado, a defesa da politecnia e, por conseguinte, da integração; do outro, a manutenção da oferta independe entre as modalidades.

Nesse sentido, em texto em que analisam os debates sobre a revogação do Decreto nº 2.208/97 e a construção do Decreto nº 5.154/2004, Frigotto, Ciavatta e Ramos (2012) sinalizam que o embate para a revogação do Decreto 2.208/1997 representa a luta entre projetos societários e o projeto educativo mais amplo. Também para os autores, o conteúdo final do Decreto 5.154/04 apresenta de um lado, a persistência de forças conservadoras no manejo do poder de manutenção de seus interesses, além de revelar “a timidez política do governo na direção de um projeto nacional de desenvolvimento popular e de massa”, o que demandaria necessariamente outras reformas estruturais.

Sabemos ser demasiadamente simplório e reducionista afirmar que a complexidade das reformas da educação profissional no Brasil se limita às necessidades do desenvolvimento industrial. É preciso considerar, como aponta Apple e Weis (1989), que: “existe uma dinâmica cultural parcialmente autônoma em funcionamento nas escolas que não é necessariamente redutível aos resultados e às pressões do processo de acumulação do

capital”. Contudo, não podemos desconsiderar a centralidade do processo de desenvolvimento do capitalismo nesse processo.

Não é nosso objetivo negar ou ocultar os conflitos, contradições, limites e possibilidades da implementação dessa política ou ainda negar os processos de resistência e ressignificação destas pelos atores internos às instituições. Nesse sentido, oportunamente citamos Pacheco (2011):

[...] é importante lembrar que as instituições federais, em períodos distintos de sua existência, atenderam a diferentes orientações de governos, que possuíam em comum uma concepção de formação centrada nas demandas do mercado, com a hegemonia daquelas ditadas pelo desenvolvimento industrial, assumindo, assim, um caráter pragmático e circunstancial para a educação profissional. No entanto, é necessário ressaltar outra face dessas instituições federais, aquela associada à resiliência, definida pelo seu movimento endógeno e não necessariamente pelo traçado original de uma política de governo. Isso as torna capazes de tecer, em seu interior, propostas de inclusão social e de construir, “por dentro delas próprias”, alternativas pautadas nesse compromisso com a sociedade. (Pacheco, 2011, p.19)

A expansão da rede federal e a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia

O governo do Presidente Lula, já no seu primeiro mandato, propôs uma nova lógica às políticas de investimento na rede federal, no que diz respeito à criação de universidades federais. Por exemplo, foram criadas doze universidades em todo país. Esse dado é bastante significativo quando comparado aos investimentos feitos pelo governo anterior. Um artigo do professor Lauro Mattei da Universidade Federal de Santa Catarina, aponta que no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso houve um “esfacelamento da educação superior”, o artigo descreve 13 indicadores de tal realidade:

1. Contratação de novos professores: Durante 5 anos (1997-2001) foram proibidas quaisquer contratações de professores, ao mesmo tempo que mudanças nas leis sobre as IFES levaram a uma enorme quantidade de pedidos de aposentadorias precoces;

2. Vagas: ao longo dos 8 anos do governo FHC não houve nenhuma expansão de vagas nas universidades públicas federais, fazendo com que a escala social de acesso ao ensino público e gratuito se verticalizasse cada vez mais;

3. Novas universidades: a durante os 8 anos não foram criadas nenhuma nova universidade federal;

4. Novos campi: o número de campi federais praticamente se manteve inalterado ao longo dos 8 anos de governo FHC;

5. Orçamento: durante todo o governo FHC ocorreram cortes sequenciais de verbas orçamentários, tanto para infraestrutura como para as atividades de ensino, pesquisa e extensão;

6. Salários de professores: por mais de 5 anos os salários dos docentes das IFES ficaram congelados levando a perdas salariais significativas para o conjunto da categoria, obrigando a mesma a desencadear greves praticamente todos os anos do Governo FHC;

7. Programas de qualificação docente: restrição enorme de bolsas para programação de doutorado e de pós-doutorado visando qualificar melhor a mão-de-obra docente;

8. Bolsas aos estudantes de pós-graduação: restrição enorme de bolsas de estudos, mantendo-se, inclusive, os valores congelados por muitos anos; 9. Bolsas aos estudantes de graduação: restrição enorme de bolsas para estudantes de graduação, especial nas áreas de iniciação científica e de extensão;

10. Programa internacionais de intercâmbio para os estudantes de graduação: nenhuma ação para este segmento estudantil foi implementada ao longo de 8 anos. Ao contrário, até mesmo as poucas bolsas foram reduzidas.

11. Técnicos Administrativos em Educação: restrição sequencial de contratações de novos servidores com implicação negativa sobre o funcionamento das universidades;

12. Salários do TAEs: arrocho salarial durante todo período com perdas salariais ao longo dos dois mandatos do governo FHC;

13. Expansão do ensino superior privado: uma política clara de opção pelo ensino superior privado no país, inclusive com o ministro da Educação virando consultor das instituições privadas de ensino superior e do Banco Mundial. (Mattei, 2014)

Como parte de um projeto de desenvolvimento, tecnológico, econômico e social, a expansão da Rede Federal de EPT teve início por meio da Lei nº 11.195, de 18 de novembro de 200543. A primeira fase da expansão previa a construção de 64 novas unidades com

objetivo de ampliar a rede federal em todo território nacional, em especial, nas periferias de grandes centros urbanos e em municípios do interior do país (MEC/SETEC, 2011). A segunda fase foi lançada em 2007, com objetivo de criar mais 150 novas unidades. Ao fim da segunda fase, em 2010, eram 214 novas unidades.

A descentralização da rede foi um compromisso assumido pelo governo com o desenvolvimento local e regional. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes critérios para

43 Embora os primórdios da educação profissional no Brasil remontem ao período colonial, a partir da criação do Colégio de Fábrica em 1809, a origem do que é conhecido hoje como Rede Federal de Educação Profissional ocorre com as antigas Escolas de Aprendizes Artífices (EAAs), criadas em 1909, pelo Presidente Nilo Peçanha. Sabe-se que as primeiras experiências de educação profissional no Brasil, ainda no século XIX, tinham como objetivo central o controle da ordem social, por meio da oferta da aprendizagem de um ofício, para os chamados “desvalidos da sorte”. Todavia, essa realidade sofreu significativa mudança no início do século XX, quando o ensino profissional no Brasil ganhou papel importante no projeto de desenvolvimento do país, uma vez que era necessário qualificar a mão de obra para as atividades profissionais do emergente setor industrial.

escolha das cidades-polos: distribuição territorial equilibrada das novas unidades, cobertura do maior número possível de mesorregiões, sintonia com os Arranjos Produtivos Locais, aproveitamento de infraestruturas físicas existentes, identificação de potenciais parcerias (MEC/SETEC, 2009).

Segundo Pacheco (2011), a expansão da rede federal se inseriu em um conjunto de políticas para educação profissional e tecnológica (EPT) relacionadas à criação dos Institutos Federais. As outras políticas destacadas pelo autor são: cooperação com estados e municípios para ampliação da oferta dos cursos técnicos, especialmente na forma Integrada, inclusive na forma de educação à distância, apoio a elevação da titulação, formação de mais mestres e doutores, para os profissionais da rede federal, políticas de formação para o trabalho vinculadas a elevação da escolaridade, incluindo o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA).

Em 2008, a Lei nº 11.892/08 criou a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a partir da transformação das Escolas Técnicas Federais em Institutos Federais. Algumas das instituições que integravam a rede naquele momento, mais especificamente o Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ, o de Minas Gerais - CEFET-MG e Colégio Pedro II, Além da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, não aderiram ao novo modelo mantendo a estrutura administrativa que os caracterizavam, o que denota que o processo não foi consensual, tanto entre as instituições, como no interior de cada instituição.

Para Arcary (2015), as transformações ocorridas na Rede Federal de Educação Profissional, ao longo dos últimos quinze anos, são um marco sem paralelo em outras esferas da educação púbica no Brasil, tanto que o tema da expansão da Rede Federal de Educação Profissional foi usado como um importante trunfo na campanha para a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Para o autor, nenhuma rede pública no Brasil passou por tantas mudanças como a rede federal desde o final do regime militar.

A terceira fase da Expansão da Rede Federal foi lançada em 2011, pela Presidenta Dilma Rousseff, com perspectiva de criação de mais 208 unidades, alcançando o número de 562 unidades, conforme figura abaixo:

Figura 4 - Expansão da Rede Federal de 1909 a 2014

Fonte: Ministério da Educação

Conforme dados do MEC (Brasil, 2016), a Rede Federal é formada pelos 38 Institutos Federais, 02 Cefets, 25 escolas vinculadas a Universidades, o Colégio Pedro II e uma Universidade Tecnológica, sendo que os IFs estão presentes em 512 municípios, com 562 campos em todo o país. Ainda segundo o MEC, entre 2011 e 2014, foram investidos mais de 3,3 bilhões de Reais na expansão da rede.

Os governos Lula (2003 a 2010) e o primeiro governo de Dilma Rousseff (2011 a 2014) foram marcados pela estabilidade econômica e pelo destaque do país tanto no plano regional, América do Sul, como no plano mundial. Muitos dos programas sociais desses governos contribuíram para tal avanço no setor econômico, como é o caso do programa Bolsa Família44. A política educacional foi marcada por grandes contradições, como a já citada anteriormente referente ao ensino superior. No caso da educação básica, a expansão da rede federal e a criação dos IFs representam, sem dúvida, grande avanço. Contudo, a criação dos programas, por esses mesmos governos, como o PRONATEC45 representa um

44 De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social - MDS, o Programa Bolsa Família é concebido como uma política pública de transferência de renda e que visa combater a pobreza por meio de um benefício monetário pago às famílias pobres, mediante condicionalidades nas áreas da saúde, assistência social e educação. (Santos, 2010)

45 O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi criado pelo Governo Federal, em 2011, por meio da Lei 11.513/2011, com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país, além de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público. [...]. Os cursos, financiados pelo Governo Federal, são ofertados de forma gratuita por instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e das redes estaduais, distritais e municipais de educação profissional e tecnológica. Também são ofertantes as instituições do Sistema S, como o SENAI, SENAT, SENAC e SENAR. A Partir de 2013, as instituições privadas, devidamente habilitadas pelo

grande retrocesso e uma contradição, uma vez que mantém a lógica de investimento público no setor privado em detrimento da ampliação dos investimentos na Rede Federal.

Com a Lei nº 11.892, de 29/12/2008, foram criados 38 institutos federais equiparados às universidades federais, ganhando “natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar”.

Conforme Pacheco (2011), os IFs estão inseridos em uma nova concepção de governo que supera a ideia de público como algo que se caracteriza apenas pelo vínculo e manutenção pelo orçamento do Estado, pois, no caso dos Ifs, outros elementos são considerados como comprometimento com o todo social e a articulação a outras políticas são parte da política pública adotada.

Os IFs são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades (artigo 2º da Lei nº 11.892/2008). Nesse sentido, os IFs representam uma experiência sem comparação, uma vez que não encontramos, no Brasil, outro sistema de ensino que oferte diferentes modalidades e todos os níveis de ensino, em uma mesma instituição. Destacamos, a seguir, outros elementos que caracterizam os Ifs. Segundo os parágrafos de 1 a 3, os IFs são instituições equiparadas às universidades federais quanto à regulação, avaliação e supervisão da educação superior, creditadoras e certificadoras de competências profissionais e dotadas de autonomia para criação e extinção de cursos nos limites de sua área de atuação.

Entre as finalidades e características dos IFs apresentadas pelo texto da Lei destacamos:

• oferta de educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando cidadãos com vista na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

• desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;

Ministério da Educação, também passaram a ser ofertantes dos cursos do Programa. Fonte: Site do Ministério da Educação. Acesso 13 de janeiro de 2016

• orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal.

A Lei demonstra a compreensão do papel da EPT no desenvolvimento local, regional e nacional, com estreita articulação com os setores produtivos, especialmente no que tange a soluções peculiares a cada região. Conforme a leitura do documento “Um novo modelo em educação profissional e tecnológica, elaborado pela Setec, a EPT é considerada estratégica para o desenvolvimento nacional, mas, deve contribuir para o “processo de inserção cidadã para milhões de brasileiros” (Brasil, 2010, p.07)

Verificou-se nos documentos institucionais, que nos governos do Partido dos Trabalhadores, a política de Educação Profissional de nível médio se daria pela expansão de rede federal e criação dos IFs com investimentos em infraestrutura e contratação de professores.

Acreditamos que esse novo conceito de escola é um avanço importante: interiorização, aumento da oferta de vagas e a aposta no desenvolvimento local e regional apresentam-se como elementos fundamentais para a implementação de um projeto de educação, que, por sua natureza, tem como objetivo inovar e organizar a educação profissional no Brasil, em novas bases estruturais e ideológicas. No entanto, é preciso analisar algumas contradições que envolvem a criação dos IFs, como a questão do ensino superior, apontada por Otranto (2006) que ressalta os IFs atendem ao “modelo de educação superior, proposto pelo Banco Mundial para os países “periféricos”, que tem custo inferior aos das Universidades pelo Banco Mundial”

Se analisarmos o documento do Banco Mundial, de 1994, veremos o incentivo à diversificação da educação superior, amparado na crítica ao modelo de ensino superior baseado nas universidades de pesquisa que, segundo o Banco, são muito caras e inadequadas às necessidades e recursos dos países mais pobres. (...) O documento do Banco Mundial de 1999, por sua vez, além de também destacar a necessidade de diversificação das instituições, defende que o sistema de educação superior dos países