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O acesso e democratização do Ensino Médio Integrado no IFSP: o Sistema de

nº 12.711/2012

O ensino será ministrado com base no princípio da igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (Art. 206 da Constituição Federal do Brasil)

Nesse capítulo, destacamos que nos processos de seleção dos jovens para o EMI os sentidos atribuídos a questão da democratização do acesso estão carregados de intencionalidades antagônicas entre meritocracia e direito à educação. Nesse sentido, destacamos o Sistema de Acréscimo de Pontos para ingresso implementado anteriormente no IFSP. Apresentaremos, também, o processo de implementação da Lei 12.711/2012 no IFSP, a partir da análise do processo de seleção do ano de 2012 para ingresso nos cursos do EMI, com objetivo de identificar as peculiaridades, obstáculos e contradições da implementação da Lei para os cursos de nível médio. Não será objeto de análise a política, mas sim, a possibilidade da materialidade de sua implementação.

Interessa-nos verificar, especialmente, os significados e ressignificações atribuídos à legislação e aos documentos institucionais, que regulamentam os processos seletivos para ingressos nos cursos de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, e quais têm sido seus efetivos impactos na correção das desigualdades de acesso e permanência no EMI no IFSP.

O Sistema de Acréscimo de Pontos para ingresso

Historicamente, os processos de seleção para ingresso no EMI foram idealizados a partir da lógica de “seleção dos melhores”, nos quais o mérito e as diferenças individuais justificavam a hierarquização social. Sustenta-se a ideai de que a escola está ao alcance de todos e que alcançar esse objetivo é de responsabilidade individual. Direciona-se a responsabilidade do mérito exclusivo ao aluno, diminuindo o peso das desigualdades sociais e a responsabilidade do Estado em oferecer uma educação pública de qualidade para todos. Nessa perspectiva, Dubet (2008), assevera que a igualdade meritocrática das oportunidades permanece uma figura cardinal da justiça escolar nas sociedades democráticas, ou melhor, “nas sociedades que consideram que todos os indivíduos são livres e iguais em princípio, mas que também admite que esses indivíduos sejam distribuídos em

posições sociais desigual” (p.11). Para o autor, a igualdade de oportunidade, baseada puramente no mérito, considera legítimas as desigualdades, ao julgar que todos os indivíduos são naturalmente iguais e que apenas o mérito explicaria as diferenças que podem levar às diferenças de performance escolar. Segundo o autor:

A igualdade das oportunidades e valorização do mérito são consubstanciais às sociedades democráticas, porque permitem conciliar dois princípios fundamentais: de um lado, o da igualdade entre os indivíduos; do outro, o da divisão do trabalho necessário a todas as sociedades modernas. Em outras palavras, enquanto as desigualdades decorrentes do nascimento e da herança são injustas, a igualdade das oportunidades estabelece

desigualdades justas (grifos nossos) ao abrir a todos a competição pelos

diplomas e pelas posições sociais. (Dubet, 2008. p. 19)

Como visto anteriormente, a qualidade dos IFs tem ganhado destaque nas avaliações institucionais64. Segundo os resultados do PISA, divulgados em 2016, os estudantes da rede foram os segundos melhores avaliados na área de leitura. Os resultados alcançados pela rede são expressivamente superiores ao da média atingida pelo Brasil65, o que colocaria a rede, se pensada isoladamente, em uma posição de destaque em relação aos outros países que compõe a OCDE.

Tabela 15 - Resultados do PISA em pontos - 2016

Avaliação Rede Federal Média geral do Brasil

Leitura 528 407

Ciência 517 401

Matemática 488 377

Fonte: O Programme for International Student Assessment (Pisa)

64 No que tange a questão das avaliações consideramos fundamentais as contribuições de Freitas, como a do texto a seguir: A indústria da avaliação, da tutoria, da logística de aplicação de testes, das editoras, entre outras, compõe um conglomerado de interesses que são responsáveis por formar opinião e orientar políticas públicas a partir de Movimentos, ONGs, institutos privados, indústrias educacionais, mídia e outros agentes com farto financiamento das corporações empresariais (por exemplo: Gall & Guedes, s/d). A estes, somam-se os interesses eleitorais dos políticos em postos de comandos em municípios e estados, desejosos de apresentar resultados na esfera educacional e que são presas fáceis de propostas milagrosas – alguns de boa fé, outros nem tanto (Freitas, 2011, p. 09).

A posição de destaque dos IFs também pode ser observada nos resultados do ENEM. O IFSP em 201566, por exemplo, alcançou o sétimo lugar entre as escolas públicas, com a média objetiva de 652,7067.

Nesse contexto, o “ranqueamento” das escolas de ensino médio, por meio de exames como o ENEM, tem causado, segundo Nogueira e Larceda (2014), expressivos impactos nas escolas e na sua “clientela”, sendo o mais direto desses impactos, a interferência nas escolhas das escolas pelas famílias68. Nesse sentido, os autores destacam os estudos69 que apontam

para distribuição desigual de “capitais”, dado que, em geral, são as famílias com maior capital cultural que conseguem, em suas escolhas, decodificar melhor as informações sobre a qualidade dos estabelecimentos de ensino. Desse modo, suas escolhas, pautam-se “tanto nos projetos educativos elaborados para seus filhos”, como em função dos “recursos matérias e simbólicos disponíveis” (p.132) 70.

Os autores destacam ainda a existência de um “quase-mercado71” educacional, alimentado, por um lado, pela procura das escolas públicas mais bem posicionadas nos

rankings. Por outro lado, as escolas selecionam os melhores estudantes, por critérios, mais

ou menos claros e lícitos, o que tem sido denominado de “quase-mercado oculto”, organizado por ‘mecanismos pouco visíveis ou mesmo deliberadamente ocultados. Conforme os autores, o “quase-mercado” educacional opera mesmo quando existe regulamentação que setoriza as matrículas. A lógica do quase-mercado educacional é um movimento circular: destaque/reconhecimento da qualidade, elevação da concorrência,

66 É importante destacar que a primeira divulgação dos dados excluiu os resultados IFs, o que justificado pelo INEP como um “equívoco na interpretação da legislação por parte da equipe que fez os cálculos para divulgação dos resultados”

67 Média das quatro avaliações (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza)

68 No que tange a questão dos rankings, os autores destacam o trabalho de Andrade (2011) segundo o qual o problema principal dos ranking, no Brasil, das escolas de Ensino Médio é que ele se baseia no ‘valor absoluto’, isto, é, no valor expresso pela média dos resultados dos alunos em teste de proficiência, e não no valor adicionado pelo estabelecimento de ensino, o que suporia debitar da nota do aluno aquilo que se deve a seu background socioeconômico e que não pode, portanto, ser imputado à escola por ele frequentada. (p.130) 68 Inclui-se as notas da rede federal, das redes municipais, das estaduais e da rede privada.

69 Nogueira, 1998; Ball, 2005; Van Zanten, 2009

70 Ver também os estudos de Almeida sobre a formação das elites (2009), Almeida e Nogueira (2002) e Almeida (2004).

71 Em nota os autores asseveram que, “segundo Resende, Nogueira e Nogueira (2011, p.967), a expressão ‘quase-mercado’ tem sido utilizada, pela literatura, para ressaltar as especificidades do mercado escolar (sobretudo no segmento público), o qual combina financiamento público e regulação estatal do ensino com alguma possibilidade de escolha por parte dos pais e de concorrências entre as escolas” (p.134)

possibilidade de seleção dos melhores estudantes, que mantem o alto padrão da escola, que pode nos ajudar a compreender os dados apresentados anteriormente sobre o perfil dos estudantes do IFSP.

Para Dubet (2008), as desigualdades das oportunidades escolares também são resultado das competências dos pais de conhecer, ou não, o “mercado escolar”, isto porque, o sistema escolar tornou-se extremamente complexo. Conhecer suas regras, seus códigos explícitos e ocultos possibilita uma utilização mais eficaz do sistema.

Se a escola não é um mercado verdadeiro, do que devemos nos felicitar, nada impede que ela também funcione ‘como um mercado’, pois nela os bens escolares têm valores e utilidades diferentes, e os usuários que também são cidadãos, devem ter a possibilidade de nela se situar e de identificar seus mecanismos. [...] os que vem aí uma abdicação diante do ‘consumismo liberal’ tem somente que observar as estratégias dos pais ‘esclarecidos’ [...] cada um admitirá que a mobilização dos pais é um fator de êxito e que para ser eficaz, ela deve se apoiar num bom conhecimento das expectativas e das exigências escolares. (Dubet, 2008, p. 65)

De outro lado, a alta reputação, e consequentemente, a concorrência dos processos seletivos geram processos de auto-eliminação escolar entre os estudantes que muitas vezes se julgam “não capacitados”, ou mesmo, “não merecedores” dessas escolas. Esses estudantes são, em geral, oriundos das escolas públicas.

Para Bourdieu e Passeron (2008), os diferentes estabelecimentos de ensino e o tipo de currículo oferecido “atraem desigualmente os estudantes das diferentes classes sociais em função do seu êxito escolar anterior e das definições sociais, diferenciadas segundo as classes”. (p.193). Conforme Bourdieu (2014), os grupos menos favorecidos têm menores chances de descobrirem as instituições de ensino “mais valorizadas”, ou as descobrem com atraso, quando esses já estão desvalorizadas, para o autor, tal desvalorização ocorre, inclusive, pelo fato de terem se tornado acessível aos menos favorecidos. Por outro lado, as classes mais favorecidas conhecem melhor, por isso, tendem a fazer melhores escolhas, a possibilidade de escolha apresenta-se, segundo o autor, como “estratégia objetivas”, e são determinadas pela antecipação do futuro e, de “suas próprias consequências”. (p.104/105).

De modo ilustrativo, replicamos uma matéria com a fala de uma estudante, divulgada no portal de notícias G172, que atraída pelo bom desempenho das escolas públicas federais, técnicas e militares, trocou a escola privada por uma escola da rede federal:

[...] a estudante de 17 anos, trocou um colégio particular da Região Nordeste de Belo Horizonte pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), onde, segundo ela, encontrou um melhor preparo para a “vida adulta”, com o curso técnico de edificações. Para estudante, faltava “alguma coisa” no colégio em que estudava [...]. Para ela, a primeira impressão do Cefet foi “um choque”. “É completamente diferente. As pessoas, a mistura das pessoas. Cada uma das minhas amigas mora em uma cidade. Todo mundo muito diferente, o que acrescenta muito. Se conhece gente de tudo quanto é jeito. E o ensino é bem puxado. Acho que eu cresci mais aqui. Estou mais bem preparada para o mundo”.

Isto posto, estudos sobre o perfil dos estudantes da rede federal, como os de Krüger e Tambara (2006), Bandera (2010), Loponte (2006 e 2010) e Valaski (2012) corroboram a tese de que, entre as décadas de 70 e 80, com o sucateamento das redes estaduais, com a perda do poder aquisitivo das classes médias, ocorre uma mudança significativa no perfil dos estudantes dessas escolas, pois as classes médias recorreram a esse sistema de ensino em razão de sua qualidade socialmente reconhecida, como forma de manter sua distinção aos moldes do conceito formulado por Pierre Bourdieu.

A pesquisa de Loponte (2010, p.81-171), por exemplo, destaca que, em 2009, 73,5% dos estudantes de três turmas dos cursos Ensino Médio Integrado à Educação Profissional do Campus São Paulo eram originários de escolas privadas. Quanto às expectativas de futuro dos estudantes entrevistados pela autora, o estudo revela que estas “estão mais voltadas para o ingresso no ensino superior do que para o ingresso no mercado de trabalho o que reflete um cenário de descompasso entre aquilo que propõe a lei e aquilo que, de fato, ambicionam os jovens entrevistados”.

Um estudo realizado no Campus Araraquara do IFSP aponta que aproximadamente 48% dos alunos do curso de Mecânica na modalidade Ensino Médio Integrado à Educação Profissional não pretendem seguir a carreira técnica e aproximadamente 59% dos alunos afirmam ter escolhido a escola pela qualidade da formação visando aos processos seletivos para o ensino superior. Jesus e Jesus (2013),

72 Portal Globo de Notícias, reportagem de Pedro Cunha e Alex Araújo, do G1 MG, Vanessa Fajardo e Paulo Guilherme, do G1 em São Paulo, divulgada em 28 de novembro de 2012 sobre a distribuição de ricos e pobres nas escolas privadas e da rede públicas.

A partir desse quadro, constata-se, então, a existência de situações que parecem se contrapor ao objetivo principal da política educacional em termos do público-alvo. Deve-se indagar, nesse cenário, não apenas o que suscita tais situações, mas também, como elas têm sido enfrentadas e com que resultados.

A adoção de políticas de ações afirmativas, nos cursos ofertados pela rede federal, antecede à implementação da Lei nº 12.711/2012. No caso do IFSP, em 2007, foi adotado, para o processo seletivo dos cursos técnicos e superior, o “Sistema de Acréscimo de Pontos” (SAP). Esse sistema pressupunha uma bonificação de pontos que poderiam ser acrescidos à nota final dos candidatos, sendo 3% para estudantes que se autodeclarassem “afrodescendentes e/ou indígena”73, 10% para estudantes oriundos de escola pública e, em

2009, 10% para estudantes premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática. Os documentos comprobatórios eram exigência para matrícula. Eram excluídos estudantes oriundos de instituições mantidas pela iniciativa privada, estudantes bolsistas de escolas privadas e de escolas do “Sistema S”.

A partir do concurso de 2010, para ingresso no primeiro semestre de 2011, em razão da criação do Sistema de Seleção Unificada (SISU)74, os processos seletivos para os cursos técnicos passaram a ser organizados separadamente da seleção para os cursos superiores.

O sistema de acréscimo de pontos foi criado no ano de 2006 (ainda no CEFET-SP) por uma decisão do conselho superior75 e foi implantado no processo seletivo para ingresso dos cursos técnicos nas formas concomitante e subsequente e para o ensino superior no segundo semestre de 2007. E para os cursos Ensino Médio Integrado à Educação Profissional no processo seletivo de 2008.

73 No que tange as questões de raça/etnia optamos por manter as expressões utilizadas nos documentos analisados.

74 O Sistema de Seleção Unificada (SISU) é o sistema informatizado, gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), pelo qual instituições públicas de educação superior oferecem vagas a candidatos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Fonte: Ministério da Educação

No o processo de seleção dos cursos do ensino superior, 50% das vagas tem como forma de ingresso o Sistema de Seleção Unificada – SISU e outros 50% das vagas são preenchidas pelo processo seletivo próprio.

75 De acordo com o Estatuto, o Conselho Superior é o órgão máximo dentro do Instituto Federal de São Paulo, de caráter consultivo e deliberativo. Presidido pelo reitor, conta com representantes dos docentes, discentes, servidores técnico-administrativos, egressos, representantes da sociedade civil, do Ministério da Educação e dos diretores-gerais de campi. O Conselho Superior é um órgão colegiado que tem por finalidade analisar e regular as diretrizes de atuação do Instituto Federal de São Paulo, no âmbito acadêmico e administrativo, tendo como finalidade o processo educativo de excelência. Fonte: Site http://www.ifsp.edu.br/ acesso em 10 de abril de 2016

Quadro 2 - Orientações dos Editais- referentes ao Sistema de Acréscimo de Pontos

Processo seletivo Orientações dos Editais- referentes ao Sistema de Acréscimo de Pontos Edital nº 101/2007, ano letivo 2008; Edital nº 253/2008, ano letivo 2009 e Edital nº 114/2009, ano letivo 2010.

3% para o candidato que se declarar afrodescendente e/ou indígena;

10% para o candidato oriundo de escola pública; 10% para o candidato que obtiver premiação de ouro, prata ou

bronze na Olimpíada Brasileira da Matemática. Total máximo de pontos 23%.

Edital nº 471/2010, ano letivo 2011.

3% para o candidato que se autodeclarar afrodescendente e/ou indígena;

10% para o candidato que declarar ter cursado o Ensino Fundamental (5.ª à 8.ª série ou 6.º ao 9.º ano) em instituições da

Rede Pública de Ensino ou em cursos de Educação de Jovens e Adultos - EJA.

Total máximo de pontos 13%.

Edital nº 109/2011, ano letivo 2012.

3% para o candidato que se autodeclarar afrodescendente e/ou indígena;

10% para o candidato ao curso técnico concomitante ou EMI que declarar ter cursado integralmente, o ensino fundamental (5.ª a

8.ª série ou 6.º ao 9.º ano) em instituições da Rede Pública de Ensino ou para candidatos ao curso técnico subsequente que

declarar ter cursado, integralmente o ensino médio em instituição da Rede Pública Federal

Obs. Igualmente, os 10% valem para quem concluiu o ensino fundamental ou médio em cursos de Educação de Jovens e Adultos – EJA (apenas para essa modalidade de ensino, valem

os 10% para quem concluiu em instituições públicas ou privadas).

Total máximo de pontos 13%. Fonte: Site do IFSP – organizado pela pesquisadora

Observamos, no quadro acima, que, nos editais de 2008 a 2011, o sistema de Acréscimo de Pontos passou por alguns ajustes, sendo eles:

a) no Edital nº 471/2010, a exclusão da pontuação para participantes da Olímpiada Brasileira de Matemática;

b) o Edital nº 471/2010 também incluiu os alunos oriundos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) como beneficiários da pontuação de escola pública;

c) O Edital nº 109/2011 ampliou o benefício dos alunos advindos da EJA para os alunos que cursaram essa modalidade em instituições de ensino privadas. Conforme entrevista com uma servidora que foi coordenadora da Comissão de processo seletivo, a implementação do Sistema de Acréscimo de Pontos foi uma resposta frente às ações que vinham sendo implementadas nas instituições de ensino federal, especialmente as de ensino superior, contudo, a lógica que pautou essa política não foi a do direito à educação, mas, o assistencialismo.

“Quando se pensa em políticas sociais no Instituto, ainda é muito latente, nisso aqui, quando se fala em políticas sociais que é uma garantia maior, ela é respaldada na questão do direito, do direito a educação, o processo de bonificação a instrução não tá respaldada a na questão da política de direito, ela tá respaldada pelas questões da meritocracia, e não diria da assistência social, mas de uma assistência maior aos desprovidos” (Técnica Administrativa que foi coordenadora da Comissão de processo seletivo em 2012 )

Em março de 2010 a Pró-reitoria de Ensino (PRE) do IFSP responde por meio de memorando, às indagações do Núcleo de Inovação Tecnológica, diretoria ligada a Pró- reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação (PRP)76, acerca dos indicadores de ações

afirmativas. Nesta oportunidade, explica-se que “a quantidade de alunos que ingressaram pelo sistema de acréscimo de pontos não pode ser fornecida por esta coordenadoria, uma vez que é as secretarias dos campi que efetuam as matrículas e não nos repassa esses dados” (IFSP, 2010).

Em abril de 2010, a Instituição, na figura do seu Reitor, responde ao ofício da Ouvidoria do Gabinete da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, acerca das ações do IFSP relativas às questões da “Educação das Relações Étnico- Raciais”. O documento informa que tais questões fazem parte dos princípios filosóficos presentes no Projeto Político Institucional. O documento afirma, também, que a instituição “procura construir uma política de formação contínua ou capacitação de professores que contemple os princípios contidos na Lei 10639/0377”, entre outras coisas.

76 A Pró-reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação é responsável por planejar, dirigir, supervisionar e coordenar todas as atividades de pesquisa, de apoio à inovação e de pós-graduação mantidas pelo IFSP. Fonte: site IFSP

77 A Lei 10.639/03 altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

Em abril de 2011, a Pró-reitoria de ensino responde novamente às questões referentes os indicadores de ações afirmativas, encaminhadas pela Diretoria de Pesquisa, também ligada a PRP. No que tange a questão do número de estudantes ingressantes por meio dos SAP, a resposta da PRE afirma que:

No superior, ingressaram 900 alunos por meio da cota social, no entanto, aos candidatos ingressantes, por meio do sistema de acréscimos de pontos, não temos um gráfico de quantos exatamente ingressaram. O vestibular é organizado por uma empresa contratada, cujos serviços são desenvolvidos, tendo como referência o Projeto Básico. Dentre as competências da empresa não estava prevista pelo projeto o levantamento deste dado. No entanto, no projeto básico de 2012, acrescentamos mais este serviço, entre os relatórios que a empresa prestará conta com IFSP. (IFSP, 2011)

Ao questionamento sobre a avaliação dos resultados do SAP o documento de 2011 responde de forma genérica:

Pergunta: Como foi o processo de avaliação e quais foram os resultados? Resposta: Amplo debate da Organização Didática e do PDI com toda a comunidade acadêmica do IFSP, que serviram de base para o Novo Projeto Básico do Processo Seletivo 2012 e para os programas especiais (NAPNES, Assistência Estudantil, Projeto de contenção de evasão), (IFSP,2011)

Desses documentos concluímos que, em primeiro lugar, existia uma pressão no que tange às políticas de ações afirmativas, em segundo lugar, tais documentos evidenciam que, no âmbito da gestão do IFSP, o acompanhamento e a avaliação do SAP, como política