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ANÁLISE DAS DIFICULDADES E POTENCIALIDADES PARA A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TERRITÓRIO DE BAIXIO: IDENTIDADE

No documento MARIA OLIVEIRA DA SILVA COSTA (páginas 112-115)

5 FASE 3: ANÁLISE DOS RESULTADOS À LUZ DA QUESTÃO-PROBLEMA

5.1 ANÁLISE DAS DIFICULDADES E POTENCIALIDADES PARA A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TERRITÓRIO DE BAIXIO: IDENTIDADE

LOCAL COMO PONTO DE PARTIDA

A terceira fase apresenta a análise dos resultados obtidos a partir do Diagnóstico e da Caracterização da vila de Baixio, realizados nas fases anteriores, que contribuíram para a descoberta da identidade local e para a compreensão das dificuldades e potencialidades vivenciadas no território.

Ao analisar as dificuldades e potencialidades locais, busca-se compreender a teia de relações sociais características e específicas à realidade deste território, considerando tais aspectos da identidade local como base para a tomada de decisões em prol da promoção de processos de Desenvolvimento Sustentável na região. Tal compreensão integrada à realidade local visa dar subsídios para a elaboração de proposições para a construção de processos e ações sustentáveis em prol do desenvolvimento local.

Tomando por meta a compreensão das dificuldades e potencialidades constituintes da realidade local e de proposição de ações sustentáveis, com base nos aspectos próprios do território, destaca-se, na análise, o (re)conhecimento das especificidades de Baixio como um passo imprescindível para efetivação de tais propósitos (compreender e propor) que, para tanto, embasa-se na descoberta da própria identidade local. Através do conhecimento produzido em relação aos aspectos específicos deste território é possível compreender o que ocorre neste contexto, como se dão as inter-relações e sob quais valores se baseiam, viabilizando, a partir disso, a elaboração de proposições condizentes com o que é peculiar e próprio de Baixio, pertinente à sua identidade local. A citação a seguir, do professor Salvador Trevizan (2002), ilustra bem a importância do (re)conhecimento das especificidades do território que remetem à sensação de pertencimento e, conseqüentemente, à participação nas tomadas de decisão:

A identidade da comunidade com o local ocorre quando um conjunto de características físicas e culturais pertencentes ao espaço em que se situa a comunidade é reconhecido por seus membros, individual ou coletivamente, como a eles pertencentes e, por isto, como sendo de sua responsabilidade zelar por elas. A sensação de pertencimento leva à participação espontânea, ou a reivindicação por ela quando pessoas ou grupos se sentirem isolados dos processos que levam à tomada de decisões no âmbito comunitário, especialmente quando os significados coletivos não forem respeitados (p.15)”.

Ademais, a análise, que busca apontar para alternativas e caminhos para a promoção do Desenvolvimento Sustentável na região, destaca o envolvimento com e no território ora estudado como uma necessidade “face às conseqüências geradas pela cultura da produção e da culturalização da economia que vivenciamos neste início de século (HERSCHMAN, 2007:3)”27, aprofundadas, mais tarde, ao longo da análise, que tendem a homogeneizar as relações, com sutil imposição de padrões hegemônicos em sobreposição às especificidades locais. Tal necessidade, portanto, demanda, por sua vez, uma nova teoria (EAGLETON, 2005:35), não-absoluta em seu relativismo, capaz de fomentar agregação entre os indivíduos, que sincronize liberdade com vinculação social, retratadas em ações de auto-estima e inclusão.

Só é possível estimular tais mudanças de paradigma de comportamento e valores a partir do envolvimento com as questões locais que, por conseguinte, ocorrerá com o

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OURIQUES, Evandro Vieira. Comunicação, palavra e políticas públicas: a importância do conceito

reconhecimento e valorização das especificidades que definem a identidade local. Caso contrário, será difícil haver pertinência e adequação entre o que foi pesquisado e compreendido a respeito do próprio território e a elaboração de proposições para este.

Assim, o envolvimento é um fenômeno importante a ser considerado no sentido de fazer parte do cotidiano dos moradores. A prática do envolvimento não é só relevante na relação entre a pesquisa, a caracterização da vila e sua compreensão como também não tão somente para o propósito de elaborar proposições condizentes com a realidade. É um aspecto a ser analisado e fomentado junto à população constantemente, inclusive nos processos de tomada de decisões através da sua incorporação no modo de viver, principalmente para os momentos participativos de formular e implementar ações que sejam pautadas nas especificidades do território, englobando o planejamento de meios e procedimentos mais adequados, tendo em vista a promoção do Desenvolvimento Sustentável local.

O envolvimento, decorrente da sensação de pertencimento, leva à participação espontânea que surge a partir do momento que a comunidade se apropria, moldando o local de forma a se identificar com este. O desenvolvimento, a partir deste enfoque local, além de circunscrever a questão no espaço de inserção de um grupo social com suas especificidades, valoriza o envolvimento comunitário, alicerçando-se em relações horizontais e na noção de empoderamento da comunidade, valores que constituem a garantia ética de sustentabilidade nos processos de desenvolvimento.

Concordando com o pesquisador Armando Dias Mendes, como envolvimento entende-se as articulações do entende-ser humano com o ambiente que o cerca: entende-seu comprometimento e os cometimentos correspondentes. Para ele,

A categoria envolvimento é sugerida como resultante da simpatia do ser humano pelas coisas que o cercam, não apenas as que provêm de suas artes & ofício, mas as que lhe foram doadas no bojo da criação, pela natureza, as dotações naturais. Mas não estarei me referindo à mera fruição sentimental e sim a uma simpatia ativa, a ação de (res)guardar, acudir, (a)colher” (1994:33).

Foi, portanto, a partir do envolvimento efetivado com o local, possível adquirir conhecimento em relação ao território e a população local, com base na pesquisa em campo realizada, tornando viável o reconhecimento do que é específico daquele contexto

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Assim, pautado no conhecimento do território, analisa-se a seguir os seus aspectos próprios a partir dos resultados obtidos, no que se refere à realidade de Baixio e às suas características, às formas de funcionamento das relações sociais próprias de Baixio, bem

como aos saberes e valores locais identificados em articulação com as possíveis dimensões da sustentabilidade latentes na vila.

O intuito desta análise é apontar para a relevância do território enquanto fonte de produção de conhecimento, através da sua identidade, dos seus saberes e valores locais, para a promoção do Desenvolvimento Sustentável local, focando, para tanto, a compreensão das dificuldades e potencialidades do território.

São analisadas neste capítulo, portanto, os aspectos que representam dificuldades e potencialidades próprias da vila e como eles podem e devem ser tratados para que, em articulação com as características da identidade local, possam apontar para alternativas sustentáveis para o desenvolvimento da região. Uma vez reconhecidos os elementos constitutivos das dificuldades e das potencialidades da vila, que interferem, ora impedindo, ora facilitando o desenvolvimento local, a população estará mais bem preparada para a elaboração, reivindicação e/ou implementação de ações socialmente sustentáveis em prol do desenvolvimento local, em equilíbrio com o meio ambiente.

Nesse sentido, os resultados obtidos são analisados sob a luz das dificuldades e potencialidades apresentadas, levantadas juntamente com a população de Baixio nas fases da pesquisa de campo, bem como identifica valores característicos da comunidade e dimensão(ões) da sustentabilidade latentes na vila. Posteriormente, possíveis desafios e proposições são apontados para que possam ser trabalhados ao longo do seu processo de desenvolvimento.

No documento MARIA OLIVEIRA DA SILVA COSTA (páginas 112-115)