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Circunstâncias históricas que refletem a insustentabilidade de métodos tradicionais

No documento MARIA OLIVEIRA DA SILVA COSTA (páginas 53-64)

2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.3.2 Circunstâncias históricas que refletem a insustentabilidade de métodos tradicionais

As experiências dos últimos cinqüenta anos vêm demonstrando que o desenvolvimento é possível, mas não inevitável. A História tem mostrado que não faltam exemplos de problemas ocasionados pela exploração abusiva dos recursos naturais em nome do crescimento econômico, que afetaram a vida no planeta, desde o período da Idade Média até o início da Revolução Industrial, com a prática dominante do homem sobre a natureza. Segundo Stiglitz (2003) exemplifica,

enquanto que alguns países foram bem sucedidos em experimentar um rápido crescimento econômico, que reduziu a diferença entre estes e os países mais avançados, e eliminou a pobreza de milhões de seus cidadãos, muitos outros países assistem ao crescimento dessa disparidade que, quando medida pelo padrão mínimo de um dólar por dia – chega a 1,3 bilhão (2003:3).

Isto é, as estratégias do passado, mesmo quando seguidas à risca, não asseguraram o êxito. São inúmeras as circunstâncias da História que demonstram que a ação humana, inspirada pelo modo de produção capitalista, contribuiu diretamente para o impacto negativo na natureza. Mais especificamente, foi no período da Segunda Guerra com o crescimento econômico desenfreado, a partir da forma como se deu, respaldado na utilização ilimitada dos

recursos naturais, que resultou na aceleração das alterações ambientais. Conforme visão vislumbrada por Furtado, era preciso que:

uma nova orientação do desenvolvimento teria que ser num sentido muito mais igualitário (...) reduzindo o desperdício provocado pela extrema diversificação dos atuais padrões de consumo dos grupos privilegiados (1974:74)

A alusão ao desperdício relacionado ao consumo desequilibrado pode ser vinculada à percepção levantada pelo Relatório do Clube de Roma, de 1972, “Limites do Crescimento”, de que tal estilo de vida tem um custo de tal forma elevado, que:

em termos de depredação do mundo físico, ... toda tentativa de generalizá-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma civilização (FURTADO, 1974:75).

De lá pra cá, foram várias as questões que, na consecução emaranhada das relações sociais, interferiram no processo de desenvolvimento, constatando a situação insustentável que os resultados demonstram.

Ao se tornarem evidentes, tais problemas ganharam repercussão popular, a partir da manifestação de organizações sociais, discussões e protestos em defesa do meio ambiente, questão que tomou proporções significativas dentre as demais conseqüências provocadas pela insustentabilidade do modelo capitalista que até então perdura numa mescla entre moldes antigos e traços inovadores. Como afirma Ignacy Sachs,

Graças à pujança técnica multiplicada ao longo do século, a economia mundial conheceu um desenvolvimento sem precedentes, atingindo picos de produção de

riquezas materiais. No entanto, a parte maldita do produto não cessa de crescer,

absorvida no aumento dos custos de transação e das despesas inesperadas do funcionamento do capitalismo e esterilizada nos circuitos de especulação financeira, que produz uma riqueza virtual, sem esquecer as despesas bélicas.

Disso resulta uma gigantesca troca e uma má distribuição cada vez mais forte – entre nações e no interior das nações – acarretando fenômenos maciços de desemprego, subemprego e exclusão social, mais do que um desperdício, a destruição de vidas humanas. Enquanto um bilhão de habitantes de nosso planeta vive em prosperidade, outro bilhão sobrevive numa miséria que desafia qualquer descrição e quatro bilhões dispõem de rendas modestas próximas do mínimo vital. O fenômeno marcante do século é, portanto, o mau desenvolvimento, enquanto que o produto mundial eqüitativamente repartido seria suficiente, desde já, para assegurar uma vida confortável ao conjunto das populações. (...)

Assim como os direitos humanos, a noção de desenvolvimento é central nas preocupações da ONU. Ao longo dos últimos 50 anos, ela se enriqueceu consideravelmente. A idéia simplista de que o crescimento econômico por si só bastaria para assegurar o desenvolvimento foi rapidamente abandonada em proveito de uma caracterização mais complexa do conceito, expressa pelas adições sucessivas

de epítetos: econômico, social, cultural, naturalmente político, depois viável [sustainable], enfim, último e recente acréscimo, humano, significando ter como objetivo o desenvolvimento dos homens e das mulheres em lugar da multiplicação das coisas (1998:3).

Desse modo, pode-se perceber que os diversos aspectos que contribuíram para o processo de desenvolvimento da forma que se deu não se restringiram apenas à questão econômica. Como ressalta Furtado, “o modelo da economia em expansão destrói e degrada em larga escala o meio ambiente, além de criar a ilusão de que, crescendo a economia, tem-se desenvolvimento” (1974:115).

Como este processo ocorre a partir das inter-relações entre tais aspectos, é imprescindível analisá-lo considerando o comportamento do conjunto de fatores sejam eles econômicos, ambientais, demográficos e ainda aqueles que acarretam desigualdades sociais.

Questões econômicas em pauta

Aprende-se depressa que o crescimento da economia mundial não uma completa “felicidade” como muitos tentam fazer crer. A escala da atividade econômica humana – ampliada oito vezes desde 1950, e, possivelmente, seis vezes mais até 2050 – está causando destruição ambiental em uma escala que era impossível em qualquer outro estágio passado da vida humana. A atividade econômica é baseada fortemente na utilização de recursos naturais. Mesmo com o expressivo crescimento de populações e da renda per capita, os principais ecossistemas no mundo estão sob ameaça pelas atividades humanas em prol do crescimento econômico.

Como hoje se percebe, os limites deste crescimento existem na medida em que a atividade econômica não passa de um sistema isolado, como querem os economistas (DAILY, 1991:xiii) e sim um sistema aberto, que utiliza matéria e energia de alta qualidade do meio ambiente, devolvendo-a como matéria e energia degradadas. Como aponta Clóvis Cavalcanti,

o sistema econômico exerce dupla pressão sobre o meio ambiente, sugando seus recursos – alguns deles inequivocadamente esgotáveis (caso de petróleo) – e jogando na natureza a todo instante a sujeira que, em derradeira instância, resulta de tudo o que o homem faz (2002:77)”.

Como um protesto, é clara a inconformidade de uma linha de pensamento que não aceita mais a associação da ideia de desenvolvimento com a de crescimento da economia através da expansão de mercados em busca de abocanhar novas economias, por meio de vantagens políticas e tecnológicas, sem, com isso, satisfazer as reais necessidades sociais e de sobrevivência ao seu redor.

Nesse sentido, o crescimento econômico, defensor da acumulação de riquezas, não pode ser considerado um requisito ou um fator para o desenvolvimento do ser humano, uma vez que o que determina tal desenvolvimento é o uso que uma coletividade faz da sua riqueza, e não a riqueza em si mesma. Países, como o Brasil, por exemplo, que apresentam níveis de riqueza econômica bem distintos dos de bem-estar coletivo constatados. Ou ainda o dinamismo econômico vivenciado no cenário mundial pós-guerra que, apesar da concentração de riquezas alcançada naquele período, não combateu as desigualdades sociais nem a devastação ambiental, aliás, muito pelo contrário, acirrou tais processos.

A fantasia de liberdade e felicidade pautada no consumismo e no ideal do ter mais do que do ser foi interrompida, no entanto, com a reverberação das palavras de Erich Fromm (1978):

Ter liberdade não quer dizer se libertar de todos os princípios guias, mas sim ter a liberdade para crescer de acordo com as leis estruturais da existência humana; a condição para amar e ser produtivo é a liberdade de não ter impedimentos, de estar livre do desejo de ter coisas e o próprio ego (apud DUARTE & WEHRMANN, 2002:68).

As sociedades precisam buscar uma melhor distribuição econômica e não se limitar a desejar o acúmulo de posses para satisfazer prazeres fugazes enquanto representações de riquezas. Devem, mais que isso, atentar para os autênticos desejos e/ou demandas existenciais bem como para os impactos concretos que causam no meio ambiente com o estilo de vida consumista que optam em ostentar. O desvelamento de Fromm, na passagem acima, quanto à verdadeira liberdade do ser humano, afirma que esta passa pela possibilidade de ser, crescer e viver de acordo com o curso natural da existência humana, de amar e produzir de modo livre e não preso a um modelo e/ou padrão que dita o que ter e o que sentir para satisfazer o próprio eu.

Questões ambientais em pauta

A partir do distanciamento de valores éticos e morais em torno do ser humano frente ao avanço econômico, respaldado na tecnologia e no estímulo contínuo e crescente dos processos de produção e consumo, refletido pelo aumento populacional e inchaço dos centros urbanos, ganhou terreno no cenário global uma realidade repleta de circunstâncias que se materializaram como problemas ambientais.

O ano de 1972 pode ser considerado um marco importante da discussão ambiental: foi quando o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – o PNUMA foi criado, resultante da culminância dos movimentos sociopolíticos e populares ao longo dos anos 60 que buscavam atribuir a esta questão um caráter universal durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. Neste mesmo ano, grande repercussão ganhou o relatório encomendado pelo Clube de Roma, Os Limites do Crescimento, que antecedeu a Conferência, em Estocolmo, esquentando os debates em torno da (in)viabilidade do modelo de crescimento industrial frente às disparidades ambientais. A Conferência deu destaque a esta pauta, reforçando a preocupação e a necessidade de se voltar a atenção mundial para as questões ambientais. Ainda neste ano, foi lançada a obra de Edward Goldsmith, O ecólogo, um manual de sobrevivência, que abordava a insustentabilidade do modo de vida da sociedade industrial ao argumentar que “se for permitido que as tendências atuais continuem, o colapso da sociedade e a ruptura irreversível dos sistemas de sustentação da vida neste planeta (...) são inevitáveis” (1972:9). No ano seguinte, em 1973, foi publicado o livro O importante é ser pequeno, do economista britânico E. F. Schumacher, que revisita o tema do crescimento econômico capitalista defendendo a ótica do não-crescimento e criticando o desperdício e a depreciação dos recursos pelos processos industriais dependentes de fontes de energia e de matéria-prima naturais para o funcionamento da sua engrenagem tecnológica geradora de riquezas.

Em 1983, com o avanço das discussões ambientais, foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento que, mais tarde, em 1987, sob a presidência da primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, publicou relatório, mais conhecido como Relatório Brundtland, intitulado Nosso futuro comum, dando maior destaque à questão ambiental. Dando seqüência ao rumo das discussões e decisões pós-conferências, mais uma foi convocada, desta vez, realizada no Rio de Janeiro, a Eco-92, na qual foi aprovada a

Agenda 21, contendo os princípios centrais para um modelo de desenvolvimento sustentável e o estabelecimento de compromissos entre nações para com as gerações futuras.

Dessa forma, foi possível perceber que a partir do acelerado progresso em vigor, causador dos efeitos poluidores decorrentes do processo industrial e do agravamento das questões ambientais, a repercussão desta pauta abriu espaço para a inclusão dos temas ambientais no cotidiano das nações.

No ano de 2002, a ONU realizou a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Johanesburgo, África do Sul, que contou com a participação de representações de diversos países preocupados em traçar as diretrizes do desenvolvimento sustentável. A Cúpula da Terra, como ficou conhecido este encontro (ou Rio +10), apresentou as seguintes conclusões:

(i) os países se comprometeram a investir na geração de fontes limpas de energia – solar, eólica e pequenas hidrelétricas -, e, na universalização do fornecimento de energia a toda população;

(ii) investir em serviços de saneamento básico de modo a atender cerca de 1 bilhão de pessoas e fornecer água tratada para mais de 600 milhões de pessoas até 2015; (iii) reduzir os impactos sobre o meio ambiente e o homem dos produtos químicos fabricados;

(iv) investir em tratamento adequado de lixo químico;

(v) os países industrializados deverão diminuir os subsídios a produtores agrícolas e facilitar o acesso de produtos dos países em desenvolvimento;

(vi) os países ricos deverão destinar 0,7% do PIB para financiamento do desenvolvimento dos países pobres;

(vii) reduzir, até 2010, as perdas e exploração da biodiversidade;

(viii) estabelecimento da responsabilidade comum, mas diferenciada, no que se refere à reparação de danos ao meio ambiente provocados pelos países;

(ix) garantir que o acordo sobre patentes da Organização Mundial do Comércio (OMC) não impeça os países pobres de fornecerem remédios para todos (Correio Brasiliente, 04/09/02, apud Assunção, 2002:10).

Hoje existe, em vários níveis das sociedades, uma crescente conscientização e preocupação com os problemas vivenciados, principalmente em relação às questões ambientais, tendo em vista a expansão que esta pauta ganhou na mídia global, nas discussões políticas, nas cadeiras da academia, nos movimentos sociais. A constatação da “escassez de recursos e de energia, e a diminuição crescente da qualidade desses recursos e da

biodiversidade de uma forma geral” (2002: 11), levou Duarte e Wehrmann a buscar nas palavras de Buarque a explicação para o momento que passamos atualmente e para onde as possibilidades apontam:

Durante as duas últimas décadas, o mundo passa por um período de transição de paradigmas, combinando os problemas e as contradições do fordismo em decadência com a desorganização decorrente da emergência de novas relações... Essa transição para um novo paradigma de desenvolvimento não só demanda novas concepções e percepções, como torna viáveis novas propostas de organização da economia e da sociedade. O desenvolvimento sustentável surge e difunde-se como uma proposta de desenvolvimento diferenciada (BUARQUE, 1999:16).

O apelo por uma proposta de desenvolvimento diferenciada que leve em consideração a preocupação consciente com relação aos danos irreversíveis causados ao meio ambiente e a necessidade de frear tal processo do então dinâmico crescimento econômico como vem acontecendo e trazer para a discussão da questão ambiental o ser humano enquanto parte integrante da natureza e que afetar este pedaço é o mesmo que comprometer a sua própria existência possibilitou o surgimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável como uma proposição que valorize as peculiaridades locais e a capacidade de gestão do seu meio, em negação à homogeneização dos padrões até então impostos, em nome da viabilidade da autenticidade da vida.

Questões demográficas em pauta

A questão demográfica é de fundamental relevância na análise do processo de desenvolvimento, pois seus reflexos afetam diretamente seja a economia global, com o aumento do número de pessoas no planeta, o que, conseqüentemente, gera aumento na produção econômica e na renda; seja na expansão da ocupação territorial, o que, por sua vez, implica em impactos causados ao meio ambiente devido à utilização ilimitada e despreocupada dos seus recursos naturais; ou ainda, seja na distribuição do número de pessoas entre ricos e pobres. Todos estes aspectos, integrados ou não, irão determinar a trajetória do desenvolvimento.

Com o crescimento da população mundial, cresce a atividade econômica e produtiva, o consumo, a demanda por serviços sociais básicos como saúde, educação, cultura e entretenimento, a ocupação territorial, e principalmente, costura-se novas relações, formula-se

novas opiniões a cada dia, por fim, configura-se todo um emaranhado de fatores e suas inter-relações que contribui para delinear o processo de desenvolvimento tal qual seja o grau de articulação entre estes fatores.

A população mundial é de 6,6 bilhões hoje e sua tendência é continuar crescendo, como mostra os saltos nos números de reprodução da população de muitos países, de forma acelerada ao longo dos anos. Por exemplo, no Oriente Médio, Turquia e região caucasiana, a população total cresceu de 53 milhões em 1950 para 220 milhões em 2007. Para se ter uma idéia associativa, o produto mundial bruto cresceu até oito vezes desde 1950 (SACHS: 2008, 19). Todo este crescimento populacional, que reflete no econômico, deve ainda ser considerado um indicador da pressão humana no meio ambiente, como resultado do fato de todos os elementos estarem inter-conectados uns aos outros e seus efeitos gerados a partir de interferências mútuas entre eles.

A boa notícia diante deste cenário “abarrotado” de gente, “pesado”, populacionalmente falando, é que, simultaneamente, vem ocorrendo a descoberta de variadas práticas econômicas sustentáveis por muitas nações no mundo, deixando de ser um conhecimento restrito a poucos. A globalização tem contribuído para esta troca de experiência e know how entre povos e países, através da criação de redes sociais e de mercado, de produção e consumo, finanças, tecnologias e migrações, tudo isso viabilizado e estimulado a partir do seu modus operandi colaborativo.

A questão demográfica não se resume apenas no crescimento populacional e na migração humana. Vai além, alertando para o fato da apropriação dos sistemas naturais da Terra pelas populações para seu uso, o que, em geral, tem comprometido o bem estar da própria vida humana e a vida de outras espécies. Com atividades de alto impacto e intensidade, os seres humanos alimentam o círculo vicioso da exploração dos recursos naturais para o seu consumo, este, por sua vez, cada vez maior devido ao crescente número de pessoas no planeta.

Não é de hoje a prática humana de retirar da natureza as condições para a sua sobrevivência e, com isso, alterar o cenário natural. Desde os primatas e os povos nômades que utilizavam o fogo para devastar florestas e transformá-las em pastos para facilitar a prática da caça. Desde então, tais hábitos humanos já alteravam o meio ambiente e, portanto, este é o desafio atual, contornar hábitos antigos em prol do salvamento da espécie humana e da natureza e seus recursos como um todo.

Desigualdades sociais em pauta

A lacuna existente entre o mais rico e o mais pobre está cada vez maior. Não significa dizer que não esteja ocorrendo, na média, um enriquecimento de certa parcela dos pobres. Contudo, não o suficiente para tirar da situação de miséria mais de um bilhão de pessoas que encontra-se abaixo de uma linha tolerável de pobreza. Nestas condições em que vive, este bilhão não encontra caminhos para a implementação de condições de vida mais dignas nem para a promoção de um desenvolvimento econômico sustentável. Vivendo em plena armadilha da pobreza, lugares como os situados ao sul do Saara, na África, enfrentam esta crise ao mesmo tempo em que a perpetuam com o acelerado crescimento populacional, o que dificulta mais ainda uma mudança uma vez que tal fator contribui para o aumento de demandas inerentes à vida de um indivíduo, as quais tais lugares já não vinham dando conta de provir nem de controlar ou atender.

Embora possa parecer que o fosso esteja aumentando, os números mostram uma redução da extrema pobreza desde os tempos da Revolução Industrial até hoje. Segundo o que mostram os dados apresentados por Bourguignon and Morrisson (2001), os índices de pobreza atingiram a marca de 50% em 1950, caíram para 25% em 1992 e hoje registram a marca de 15% (apud SACHS, 2008: 50). O maior desafio, no entanto, está no fato da maior concentração da pobreza encontrar-se hoje em lugares fora da rota do mercado globalizante ou ainda em locais que convivem com uma dura realidade, seja devido à falta de serviços básicos, água limpa, a proliferação de doenças, ou mesmo, à existência de características geográficas naturais desfavoráveis ao atendimento das necessidades humanas para a sobrevivência.

O desafio está posto: tirar da situação de pobreza inúmeros povos que convivem com condições de sub-vida e, com isso, caminhar para o extermínio das desigualdades sociais entre pobres e ricos. Segundo defendem alguns economistas, há uma tendência à convergência que indica que a renda per capita dos países pobres se aproxima cada vez mais da dos ricos a uma velocidade de crescimento maior do que a dos ricos. A convergência ocorre, portanto, devido ao crescimento da renda per capita dos países pobres ser mais acelerado, em termos percentuais, do que nos países ricos. Assim, a partir desse ritmo, a tendência é que convirjam

até se encontrarem em padrões de vida bem semelhantes e próximos no que tange à satisfação das necessidades, mantendo, no entanto, cada povo as suas peculiaridades.

A título ilustrativo, vejamos o Brasil, a China e a Índia que demonstraram um crescimento econômico dos seus mercados, com base na globalização, que viabilizou negociações ao “aproximar as fronteiras”, facilitando transações econômicas positivas aos cofres destes países, o que, portanto, aponta indícios de um cenário oportuno para o aumento

No documento MARIA OLIVEIRA DA SILVA COSTA (páginas 53-64)