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Resultados do Diagnóstico

No documento MARIA OLIVEIRA DA SILVA COSTA (páginas 79-96)

4 PESQUISA DE CAMPO

4.2 FASE 1: REALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DO TERRITÓRIO DE BAIXIO – PERFIS DEMOCRÁTICO, SOCIAL, ECONÔMICO-PROFISSIONAL, CULTURAL E AMBIENTAL

4.2.2 Resultados do Diagnóstico

A pesquisa realizada em Baixio contou com a participação direta da comunidade na aplicação do questionário, de forma direcionada para os chefes de família, compreendendo uma amostra de 192 entrevistados, o que representa aproximadamente 32% da população do Baixio, sendo o total em torno de 600 habitantes. A aplicação do questionário para conhecer o perfil demográfico, social, profissional, econômico, cultural e ambiental da vila de Baixio ocorreu em junho de 2008, em parceria, em alguns momentos, com a coordenação social da empresa proprietária da Fazenda Baixio, e a forma de contato utilizada foi a entrevista com base nas perguntas do questionário (anexo).

Perfil Demográfico

Para levantamento do perfil demográfico de Baixio, foram analisados dados como idade, estado civil, cidade do nascimento, número de filhos, entre outros. Da população total, foram entrevistados 192 habitantes, dos quais 39% apresentam idade entre 41 e 60 anos (ver gráfico e tabela 1).

Tabela 1 – Faixa Etária da População

Idade Quant. % De 16 a 20 anos 11 6% De 21 a 30 anos 29 15% De 31 a 40 anos 39 20% De 41 a 60 anos 75 39% Acima de 60 anos 38 20% Total 192 100%

Gráfico 1 – Faixa etária da população

Das pessoas entrevistadas, aproximadamente 78% estão em fase produtiva, considerando como faixa de idade economicamente ativa de 15 a 55 (base IBGE), sendo que em média 40% deste universo é representado por jovens e adultos entre 16 e 40 anos.

Em torno de 60% da amostra analisada é composta por mulheres, responsáveis pela manutenção da família, demonstrando a importância do direcionamento de atividades de cunho econômico para o público feminino.

Tabela 2 – Dados sobre Faixa etária e Gênero

Faixa etária Gênero Total Homens Mulheres Quant % Quant % De 16 a 20 anos 11 6 8% 5 4% De 21 a 30 anos 29 12 16% 17 15% De 31 a 40 anos 39 10 13% 29 25% De 41 a 60 anos 75 30 38% 45 39% Acima de 60 anos 38 19 25% 19 17% Total 192 77 100% 115 100%

Fonte: Pesquisa realizada em parceria com a empresa Prima Empreendimentos em Baixio, junho 2008.

Gráfico 2 e 3 – Faixa etária e Gênero da população de Baixio

Do total de entrevistados, mais de 60% declararam-se casados e/ou de convivência marital (tabela 3).

Tabela 3 - Estado Civil

Estado Civil Quant. %

Casado 107 56%

Não casado 59 31%

Convivência Marital* 24 13%

Não declarou 2 1%

Total 192 100%

*Pessoas não casadas que demonstram convivência pública e contínua.

Fonte: Pesquisa realizada em parceria com a empresa Prima Empreendimentos em Baixio, junho 2008.

Com relação ao local de nascimento, 36% da amostra afirmam ter nascido em Baixio e 23% em regiões circunvizinhas, os demais entrevistados nasceram em maternidades localizadas em outros municípios ou estados, haja vista a falta de instalações adequadas para o nascimento dos seus filhos no vilarejo. No ano passado, foi inaugurada uma maternidade na localidade vizinha a Baixio, pois até o momento a maternidade mais próxima ficava no município do Conde (a 50 km).

Figura 3 – fotografia da unidade de maternidade de Mata, localidade vizinha a Baixio.

Tabela 4 - Cidade de nascimento

Cidade Quant. %

Baixio 70 36%

Conde 16 8%

Esplanada 22 11%

Outros municípios/distritos da Bahia* 59 31%

Outros Estados (RJ e SE) 5 3%

Palame 5 3%

Salvador 15 8%

Total 192 100%

*Alagoinhas, Amargosa,Cardeal da Silva,Candeias,Camaçari,Canavieiras,Cipó, Conceição do Coité,Entre Rios,Feira de Santana, Itapitanga, Jequié,Lauro de Freitas, Maragogipe, Nova Itarana, Nazaré,Rio Real,Simões Filho.

Fonte: Pesquisa realizada em parceria com a empresa Prima Empreendimentos em Baixio, junho 2008.

Os dados coletados no levantamento do perfil demográfico demonstram que 63% da população local entrevistada residem neste local há mais de 20 anos, possuem base religiosa pautada no catolicismo, representada por 71% da amostragem, que em boa parte são casados, porém com tendências de convergência para a religião evangélica, fato observado no surgimento de diversas igrejas e pregadores na referida localidade, já contabilizando cerca de

18% de adeptos a esta religião. Uma pequena fatia do universo entrevistado afirma não seguir e nem acreditar em nenhuma religião, representando, assim, cerca de 1,6% dos moradores da localidade.

Quanto ao número de filhos por entrevistados, 43% possuem 4 filhos ou mais, vivendo em condições simples e com baixa perspectiva de crescimento intelectual e profissional, reflexo dos hábitos alimentares, sociais e culturais. Muitos possuem como principal alternativa de lazer os atrativos naturais e bares da localidade, sendo muito pouco estimuladas atividades culturais, a apreciação da leitura, por exemplo; não há biblioteca pública na vila.

Tabela 5 - Quantidade de filhos e a faixa de idade

Quantidade de filhos Resultados Total Per ce n t ua l 192 100% 01 filho 24 13% 02 filhos 38 20% 03 filhos 21 11% 04 filhos 19 10% 05 filhos 16 8% 06 filhos 11 6% 07 filhos 14 7% Acima de 08 filhos 20 10%

Não tem Filhos 29 15%

Fonte: Pesquisa realizada em parceria com a empresa Prima Empreendimentos em Baixio, junho 2008.

Uma característica marcante da população de Baixio, observada na pesquisa, é que todos os entrevistados possuem membros da família residindo no domicílio.

Outro fato que merece atenção é a quantidade de familiares dos residentes em Baixio que moram atualmente em outras localidades, 142 entrevistados afirmam que 1 ou mais membros da família moram fora. A partir dos dados levantados podemos concluir que aproximadamente 309 pessoas se ausentaram de Baixio nos últimos 10 anos. Possivelmente, a falta de alternativas de geração de emprego e renda contribuiu para a emigração da população local.

Gráfico 4 – Dados de membros da família que deixaram Baixio

Fonte: Pesquisa realizada em parceria com a empresa Prima Empreendimentos em Baixio, junho 2008.

Neste levantamento, foi solicitado ao entrevistado dar uma nota para o estilo de vida em Baixio, dos quais 61% deram notas acima de 7, e 34% declararam nota 10. Esse dado demonstra que a maioria dos entrevistados gosta de viver em Baixio, apesar de todas as dificuldades enfrentadas e apontadas nesta pesquisa.

Perfil Social (educação, saúde e infra-estrutura)

A localidade de Baixio apresenta um índice baixíssimo de conhecimento acadêmico de sua população. Segundo os dados coletados, 18% são analfabetos e 58% alcançaram o ensino fundamental, divididos entre completo e incompleto. Metade desta população freqüentou a escola na própria localidade. Os demais 24% atingiram o ensino médio, sendo que destes, apenas 8% o concluíram e metade destes seguiram para o ensino superior.

Atualmente a comunidade de Baixio possui 2 (duas) escolas municipais: a Escola Municipal Maria Beatriz Rocha – 1º Grau – e a Escola Municipal Prof. Dejesir Serra de Oliveira – 2º Grau. A primeira possui 186 alunos de 4 a 25 anos em classes que vão da pré-escola até a 8ª série. A pré-escola conta com 12 professoras.

Já a Escola Municipal Prof. Dejesir Serra de Oliveira oferece duas turmas de 1º série, duas de 2º série e uma turma de 3º série para um total de 122 alunos. Além das disciplinas regulares, são oferecidas disciplinas de Turismo, Meio Ambiente e Informática. Para esta última, no entanto, não há um único computador.

Com base nos números relativos ao perfil educacional dos moradores entrevistados da vila de Baixio, pode-se inferir que o surgimento de oportunidades de trabalho fica comprometido, além de possíveis ascensões socioeconômicas, o que exige maior empenho dos setores público e privado na geração de oportunidades de emprego e renda. Diante deste cenário, a vila torna-se, significativamente, dependente de iniciativas externas, tanto na área econômica como na área social.

Ademais, a baixa escolaridade desta comunidade pode dificultar o desenvolvimento de algumas ações em função do baixo nível intelectual do público pesquisado. Urge, portanto, a necessidade de adoção de programas de alfabetização de jovens e adultos para a região.

As doenças mais freqüentes apontadas pela população são gripe e dores de cabeça com 36% e 11% respectivamente. Existem muitos casos de verminose, fruto da falta de infra-estrutura urbana e hábitos alimentares não saudáveis. A localidade é assistida por um posto de saúde daprefeitura que funciona de segunda a quinta, no atendimento de sintomas e doenças corriqueiras.

Tabela 6 – Relação das Doenças mais freqüentes na vila Doenças mais freqüentes na família

Doenças Quant. % Dengue 3 2% Diabetes 2 1% Diarréia 3 2% Doenças do coração 6 3% Doenças respiratórias 8 4% Dores de cabeça 22 11% Dor de dente 1 1%

Dores do aparelho digestivo 3 2%

Doenças musculares, coluna e dos nervos 7 4%

Dores renais 3 2%

Febre 3 2%

Gripe 70 36%

Stress 1 1%

Verminose 3 2%

Mais de uma das opções 32 17%

Nenhuma doença 14 7%

Não declarou 11 6%

Total 192 100%

Fonte: Pesquisa realizada em parceria com a empresa Prima Empreendimentos em Baixio, junho 2008.

O posto de saúde do povoado possui 5 funcionários (uma enfermeira chefe, dos auxiliares de enfermagem e dois médicos), mas só há médico de plantão de segunda a quinta, pela manhã, pois um atende de segunda a quinta e outro às sextas-feiras. Nos finais de semana, o atendimento é feito por um auxiliar de enfermagem. Além disso, costuma faltar material devido à indisponibilidade de transporte de Esplanada para o litoral. Para resolver esta falha, muitas vezes, os funcionários que trabalham em outros locais, conseguem doações para compor a farmácia básica do posto. O hospital mais próximo fica em Conde – sede do município vizinho de mesmo nome – a 50 km de Baixio.

Apesar de não ser equipado para o atendimento de emergência, mas sim para o atendimento ambulatorial, as ocorrências mais freqüentes, no posto médico, são ferimentos decorrentes de brigas. Os problemas de saúde mais comuns, na população, são hipertensão e diabetes, ocorrendo também alguns casos de Doenças de Chagas, Leishmaniose e Esquistossomose, mas estes são mais freqüentes nas populações rurais das proximidades. As verminoses e doenças de pele são muito comuns na região devido aos problemas de infra-estrutura (ausência de água encanada e rede de esgoto) e aos hábitos de higiene no sentido de evitar algumas doenças.

A ausência de rede de esgoto em Baixio é um fator preocupante, pois para dar vazão aos dejetos, os moradores costumam construir fossas sépticas. Devido às peculiaridades do solo, as fossas não são construídas com a profundidade adequada e costumam transbordar em períodos de festas, em que a população flutuante cresce muito. Do total de entrevistados, 44% possuem 1 fossa e 31% duas fossas.

Tais problemas ambientais e de higiene também acarretam conseqüências socioeconômicas: em outros tempos, a lagoa era ponto de mariscagem e fonte de alimentação para muitas famílias, hoje ainda é possível ver marisqueiros em alguns pontos da lagoa, mas dizem já não se consegue, como antigamente, uma quantidade suficiente para o sustento da família.

O abastecimento de água em 45% das residências é realizado através da Embasa e de poço artesiano, sendo 43% das residências abastecidas somente pela Embasa e 11% somente por poços artesianos.

A distância em metros da fossa até o poço artesiano, de 25% das residências, é de mais de 17 metros. Uma quantidade aproximada de 45% das residências possui a distância inferior a 16 metros, da fossa para o poço artesiano. Já que na localidade as casas são próximas umas das outras é preciso considerar a possibilidade da proximidade entre a fossa do vizinho e o poço artesiano da residência.

Quando questionados com relação ao local de lavagem das roupas, 52% dos entrevistados afirmam que são lavadas em casa, 18% no Rio do Boi, 11% na Vajada, 18% lavam em mais de um local, aparecendo sempre na Vajada e em casa, no Rio do Boi e em casa.

A coleta de lixo, no povoado, é feita apenas uma vez por semana, pela Prefeitura, com uma caçamba. Este serviço, além de ser insuficiente, não tem regularidade e com isso o lixo se acumula em volta dos tonéis e em cada esquina.

Ainda há, em Baixio, casas de taipa, a maior parte ocupada pelos moradores mais antigos. Dentre as casas de alvenaria, boa parte é de veranistas e estas contrastam com as casas dos moradores pela qualidade das construções, já que as residências da população local não atendem aos padrões construtivos dos órgãos competentes. (BITTENCOURT-BITTENCOURT, 2004).

De acordo com o Censo Comunitário realizado pelo município de Esplanada entre os anos de 2001 e 2003, a quantidade de imóveis residenciais de Baixio vem crescendo a uma taxa de 34%. A taxa de crescimento do número de imóveis de veraneio, no entanto, é muito maior: 130%. Associando-se estes dados ao crescimento populacional já demonstrado, nota-se que há um problema grave de habitação no local, que já se manifesta na forma de instalação de residências em áreas impróprias e de forma ilegal, sem ordenamento planejado.

Na Barra do rio Inhambupe, por exemplo, um dos lugares de beleza rara em Baixio, existem atualmente, algumas pessoas morando em barracas de palha, as quais não têm nenhuma estrutura sanitária. Sendo assim, os dejetos acabam sendo jogados na areia, no mar e no Rio Inhambupe, provocando danos ao meio ambiente, e agravando ainda mais problemas vivenciados pelos pescadores. Estas pessoas são, também, co-responsáveis pelo acúmulo de lixo neste local e como o serviço de coleta se resume à vila, o problema só aumenta.

Perfil Profissional

Das pessoas entrevistadas, 54% apenas trabalham, 11% estudam e trabalham e 22% estão aposentados. Os demais 13% dos participantes declararam não desempenhar uma atividade profissional regular, realizando serviços auxiliares junto a algum membro da família, quando necessário. Estes últimos variam entre quem esteja estudando, quem esteja sem ocupação profissional e ainda quem esteja aposentado26.

Dentre as pessoas entrevistas que estão atuando profissionalmente (65% ou 125 pessoas entre 16 e 60 anos), 62% (78 pessoas) desempenham as seguintes atividades profissionais: mariscagem no mangue, pesca, extração de coco, serviços públicos, além das funções de pintor e pedreiro, seguidas de 38% (47 pessoas) que atuam no trabalho doméstico e no comércio informal. A jornada de trabalho de 37% da amostragem estudada é superior a 40 horas semanais.

Quando questionados sobre o tipo de atividade que os familiares desempenham, a realidade não é divergente do perfil do entrevistado, ou seja, os demais atuam de forma semelhante, mais uma vez, justificando ou justificado pelas condições socioeconômicas e educacionais.

Contudo, percebe-se a vontade de mudança nas condições de trabalho em mais de 30% dos entrevistados, com perspectivas na área de educação e turismo. Os demais, em parte expressiva, demonstram satisfação na atividade que desenvolvem, porém esperam por melhores condições de trabalho.

O fato dos entrevistados possuírem baixa escolaridade e ao mesmo tempo significativa aderência ou vontade de mudança profissional, com foco na atividade turística e atividades ligadas ao comércio e construção civil, indica que as propostas de profissionalização nas citadas atividades são bem quistas pela comunidade, retratando possibilidades concretas de mudanças nos perfis profissional e econômico e na melhoria da qualidade de vida desta população.

26

Nem todos acima de 60 anos estão aposentados da mesma forma que alguns, mesmo que aposentados, desempenham atividade profissional.

Perfil Econômico

Com relação ao perfil econômico dos entrevistados, a quantidade de jovens e adultos trabalhando é de 65%, enquanto que os que estão sem ocupação é de 35%, dentre eles, aposentados, estudantes e pessoas que não desempenham atividade profissional regular. Este último dado merece destaque diante das queixas da população: muitos falam em deixar o local em busca de oportunidades de trabalho.

Dentre os que estão ocupados, as duas atividades profissionais mais regulares são o trabalho no mangue e o emprego de funcionário público (12% e 11% respectivamente). A atividade pesqueira, uma das mais tradicionais no local, enfrenta uma concorrência desleal, assim como ocorre em todo o Litoral Norte, e já não consegue se manter como principal meio de subsistência para a população, que recorre a outras atividades produtivas, fazendo da pesca uma atividade complementar. Contudo, certamente, a esta complementaridade deve-se o significativo número de pessoas (25%) desempenhando esta ocupação na localidade.

O público masculino no comércio da localidade de Baixio representa a maioria, atingindo um índice de 52,5%. Entretanto, a presença da mulher no comércio local é bastante expressiva, com um percentual de 47,5%.

Existe uma concentração significativa de comerciantes com faixa etária com mais de 40 anos, atingindo uma marca percentual de 49,2% dos empreendedores locais, sendo que dentro deste universo 31,1% estão na faixa de 40 a 50 anos de idade e 18,1% têm mais de 50 anos.

Segundo os dados coletados, 39% da amostra são os responsáveis pelo sustento da família e 26% contribuem parcialmente para o sustento da família. A participação parcial dos entrevistados no sustento da família demonstra a característica da localidade em ter membros da família residindo no mesmo domicilio.

A renda média mensal familiar (soma de todos os salários) de 31% dos entrevistados encontra-se na faixa de R$ 300,00 a R$ 400,00 reais. Dos entrevistados, 24% recebem entre R$ 100,00 e R$ 300,00 reais. A maioria da população é assalariada e quando reflete-se acerca do quantitativo de pessoas residindo no mesmo domicilio que, em média podemos arriscar 06 pessoas a partir dos dados levantados no perfil demográfico, conclui-se que a renda per capita no local é muito baixa. Na maioria das famílias apenas 01 morador trabalha e, em um

percentual considerável de 20% das famílias, existe 01 trabalhador e 01 aposentado e em 18% das famílias, 02 membros trabalham.

A exclusão de profissionais com faixa etária maior que 55 anos no mercado de trabalho tem obrigado esse público a buscar novos caminhos para a estabilidade socioeconômica.

O baixo nível de escolaridade e renda reflete diretamente na dinâmica econômica e social da localidade, em decorrência dos efeitos multiplicadores da renda. O perfil de consumo da localidade baseia-se na demanda por bens não duráveis (alimentos e vestuários), que são adquiridos em outras localidades ou no único mercado da vila, que pertence a um morador de Cardeal da Silva (município próximo), não havendo o reinvestimento no local.

Perfil Cultural

Em 26 de julho é comemorada a festa de Nossa Senhora de Santana padroeira de Palame. É uma grande festa na região e atrai pessoas de diversas localidades, mas os moradores mais antigos se queixam da descaracterização da festa, que atualmente se assemelha a qualquer festa de largo e já não tem vínculos com suas origens.

Em 04 de outubro, tradicionalmente se comemora a festa de São Francisco, padroeiro de Baixio, mas atualmente, para evitar a descaracterização, a festa foi dividida em duas partes: a religiosa e a profana. No entanto, segundo os moradores, isto fez com que a festa perdesse a força.

Isto vem ocorrendo também com as demais festas religiosas das proximidades. A Igreja Católica está na origem da maior parte das festas que já ocorreram e ainda ocorrem em Baixio. Atualmente, a maioria dos moradores antigos não participa mais das procissões, das festas dos santos padroeiros (Nossa Senhora de Santana em Palame e São Francisco em Baixio).

Existem também, muitas manifestações culturais em Baixio como, por exemplo: O Drama, Marujada, Reisado, Quadrilha de Jovens e de Senhoras, Caretas de Lama, de Onça e de Couro, Samba de Roda e Baile de Tabulado, Praianas. Atualmente, já não ocorrem mais com regularidade, pois os mais antigos não têm mais condições e os mais novos não se interessam.

Figuras 4 e 5 – Manifestações culturais a exemplo da Marujada e das Caretas de Couro

Figuras 6 e 7 – Manifestações culturais a exemplo do Reisado (Terno de Reis)

A produção de artesanato em Baixio se resume a uma lojinha, de estoque bastante reduzido, organizado pela associação de artesãos local, contudo, com freqüência irregular, localizada eventualmente na praça principal, que dispõe de precário público para seus produtos. Os artesanatos mais típicos de Baixio são peças decorativas. As peças ganham formas de peixes bastante coloridos e são feitas com uma fibra dura retirada dos coqueiros, cujo formato lembram mesmo um peixe. Há outros trabalhos feitos com essa fibra e também com materiais como búzios e piaçava.

Figuras 8 e 9 produtos artesanais produzidos pela Associação de Artesanato da vila de Baixio.

Algumas dessas peças e outras produzidas pelos artesãos locais são vendidas nas praias e na praça nos finais de semanas quando a visitação é bem mais intensa, e até mesmo na feira de Palame, que acontece todo sábado.

A feira local atrai moradores e comerciantes das localidades mais próximas. Lá é vendida uma grande variedade de produtos – de frutas, verduras e carnes, até panelas e artigos de camelô – no entanto, os moradores comerciantes e donos de pousadas em Baixio preferem fazer suas compras na feira em Sítio do Conde que dizem ser mais completa.

Existe em Baixio a tradição de realizar, no dia 13 de junho, a procissão de Santo Antônio, em comemoração ao dia do santo. As pessoas das fazendas e localidades mais próximas caminham, rezando e cantando, até o ponto mais alto da Fazenda Tabarixá, onde está localizada a pequena capela de Santo Antônio (aproximadamente 5m2), levando o andor com a imagem do santo. Nesta ocasião, há também o costume de reunir e entregar donativos para uma comunidade de descendentes de quilombos na região, a Comunidade da Pedra Grande. No local onde fica a capela, tem-se uma vista panorâmica do mar e de toda região.

Muito conhecido, visitado e louvado é um lugar chamado Alto de Santana, onde encontra-se a Igreja Nossa Senhora de Santana, situado no alto de Palame, na entrada para Baixio. Trata-se de uma construção bastante simples e sua beleza está justamente nesta característica. A área em frente à igreja é toda decorada com flores num trabalho de paisagismo simples e bonito, tornando-a ainda mais atrativa. Além disto, do Alto de Santana,

No documento MARIA OLIVEIRA DA SILVA COSTA (páginas 79-96)