TÓPICO 2 – ESTUDO E PLANEJAMENTO DO PROJETO
2.2 ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO E INTERNO
Todo projeto está inserido em uma estrutura organizacional que possui um ambiente interno, estrutura que de fato impacta na gestão do projeto. Assim como também, o projeto, está vinculado com os elementos externos à organização. Para poder compreender melhor a dinâmica destes dois ambientes, vamos começar estudando o ambiente externo.
2.2.1 Ambiente Externo
O objetivo de estudar o meio ambiente externo possui o intuito de saber quais são as ameaças e oportunidades do que está acontecendo porta afora da organização e do projeto em si, seja uma organização privada ou pública. Basicamente existe a necessidade de avaliar cinco grandes elementos desse ambiente externo, os quais podem se observar no seguinte quadro:
TÓPICO 2 | ESTUDO E PLANEJAMENTO DO PROJETO QUADRO 6 – IMPACTO EXTERNO
Ameaça e/ou
Oportunidade Questionamentos Área de ação
Econômico
• Quais as tendências de crescimento econômico, inflação e taxa de câmbio?
• Quais as projeções de crescimento da concorrência nacional e estrangeira?
• Qual a distribuição da renda na região onde terá impacto o projeto?
• Regional, estadual, nacional e/ou internacional.
Governamental
• Quais as perspectivas de mudanças nas leis e seus impactos no projeto?
• Quais impostos podem impactar, e/ou quais incentivos podem se aplicar no projeto? • Quais as perspectivas políticas, regionais e nacionais, e como pode impactar isso no projeto?
• Regional, estadual, nacional e/ou internacional. • Leis fiscais e trabalhistas: regional, estadual, nacional e/ou internacional.
Tecnológico
• Quais tecnologias inovadoras estão se desenvolvendo com impacto nos processos do projeto?
• Essas possíveis mudanças tecnológicas terão um impacto no curto ou no longo prazo no mercado onde vai atuar o projeto?
• Qual o sistema de informação integrado da organização e como está mudando e inovando essa área de gestão integrada?
• Sistema Integrado de Gestão Empresarial -SIGE-; ou Enterprise Resource Planning -ERP-
• Tecnologia de ponta do produto. • Tecnologia de ponta no equipamento. • Tecnologia de processos produtivos. • Tecnologia de processos de gestão. Meio Ambiente
• Qual o nível de conscientização no mercado do projeto?
• Como está reagindo a concorrência aos impactos ecológicos?
• Como poderá impactar a atual legislação ambiental, e como está evoluindo esta?
• Leis e incentivos ambientais: Regional, estadual, nacional e/ou internacional.
Demográfico
• Quais as tendências demográficas e como poderá impactar isso sobre o projeto, ameaça ou oportunidade?
• A pirâmide populacional é adulta e qual o nível educacional dessa população?
• Tendências populacionais: Regional, estadual, nacional e/ou internacional.
FONTE: O autor
Assim, deve-se fazer um levantamento desses impactos externos ao projeto, pois estes podem determinar: o que deve e como deve ser feito no momento
de desenvolver o projeto. Existem outros elementos importantes que devem ser
aprofundados deste ambiente externo, a análise da indústria, a análise do mercado
e a análise da competitividade, mas são elementos com um maior foco para os
projetos privados com algumas exceções tal como organizações públicas que oferecem produtos/serviços comerciais à sociedade, exemplo disso: a Caixa Econômica, a Petrobras, e o Banco do Brasil, itens que não vão ser estudados neste caderno.
UNIDADE 1 | GESTÃO E ESTRUTURA DE PROJETOS PÚBLICOS
2.2.2 Ambiente Interno
Após considerar o ambiente externo, devemos nos perguntar: qual o meio interno da organização pública onde vai se desenvolver o projeto? Pergunta importante para identificar forças internas da organização apropriadas para enfrentar as oportunidades e as ameaças que vêm de fora. Assim, para responder isso primeiramente deve ser feito um levantamento das fortalezas e fraquezas da organização, levantamento que deve considerar os seguintes passos:
• Síntese das ameaças e oportunidades, considerando os elementos competitivos
da organização em função do projeto.
• Análise dos fatores diretos em função das possíveis ameaças e oportunidades. • Análise dos fatores indiretos das possíveis ameaças e oportunidades.
• Avaliação das alternativas viáveis que visem corrigir os pontos fracos da
organização.
• Avaliação e escolha da estratégia que possa fazer gestão dessas possíveis
ameaças e oportunidades vindas de fora.
Mas como a organização pode ter a capacidade de avaliar suas fortalezas e fraquezas para dar conta dessas ameaças e oportunidades externas? Isso pode ser feito, por meio de uma avaliação dos elementos e requisitos internos da organização. É bem diferente a organização de um governo municipal que do governo estadual, ou pior ainda do governo federal, ou inclusive a organização do governo municipal de uma cidade próxima; assim, este quesito é bem importante para obter todos os requisitos internos necessários.
Nesse sentido, os requisitos internos são as capacidades internas da organização para dar conta dos objetivos delineados no projeto. A seguir os requisitos internos mais importantes:
• Missão: é a causa em si de existir da organização, por meio da qual defende-se
e pretende-se realizar essa causa. Missão que leva definir os valores e as razões da organização.
• Capacidade de Gestão: ter a estrutura administrativa e recursos humanos
necessários buscando atingir os objetivos da organização e do projeto. Isso faz com que os recursos destinados sejam aprimorados, assim como, também garante uma contabilidade organizada a fim de apresentar contas em qualquer momento que se precisar.
TÓPICO 2 | ESTUDO E PLANEJAMENTO DO PROJETO • Sustentabilidade: é ter a capacidade de se manter no tempo. A seguir apresenta-
se um quadro de Tude, Mello e Vasconcelos (2012, p. 20), através do qual pode ser observada a sustentabilidade de uma organização desde o ponto de vista da organização e sua vinculação com a sociedade.
NO NÍVEL DA ORGANIZAÇÃO NO NÍVEL DO CONJUNTO
• Capacidade de geração/captação de recursos em relação às necessidades da organização.
• Grau de credibilidade associado à organização como conjunto em nível nacional e internacional.
• Índice de diversificação das fontes de apoio, tanto em número como no tipo de financiadores.
• Grau de iniciativa e participação do setor na interlocução pública sobre seu marco legal e sobre as formas de apoio públicas e privadas. • Proporção das receitas não vinculadas (oriundas de
geração própria e de apoios de caráter institucional), em relação às receitas vinculadas (apoios específicos a programas, projetos etc.).
• Grau de desenvolvimento e amadurecimento da legislação específica sobre apoio a ONGs.
• Grau de dependência em relação a recursos de origem internacional.
• Capacidade das ONGs enquanto “campo” de dialogar e influenciar.
• Nível e tipo de condições (políticas e técnico- gerenciais) e expectativas expressas pelo financiador em relação à autonomia da organização.
• Grau de aceitação por parte da legislação específica e por parte dos governos (federal, estaduais e municipais).
• Grau de desenvolvimento e qualidade dos instrumentos de accountability e de demonstração dos resultados da organização.
• Qualidade dos padrões e instrumentos de controle social público sobre as ONGs financiadas por recursos públicos.
QUADRO 7 – SUSTENTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES, NA ORGANIZAÇÃO E NO SEU CONJUNTO NA SOCIEDADE
FONTE: Tude, Mello e Vasconcelos (2012, p. 21)
Esses elementos de análise apresentados pelos autores Mello e Vasconcellos em função das necessidades de um projeto, podem demonstrar que uma organização possui, ou não, a capacidade e competência necessárias para se desenvolver o projeto com sucesso.
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