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2.8 INTEGRAÇÃO ELÉTRICA PERU BRASIL

2.8.2 Análise do Processo de Integração

Do acordo efetuado em 2009 entre ambos os países, se contempla a cooperação técnica e financeira por parte do Brasil para a realização dos estudos de viabilidade da interligação elétrica entre os sistemas elétricos dos dois países, para a exportação de energia de Peru para o Brasil e o abastecimento de energia elétrica ao mercado elétrico peruano.

Para a realização de estudos, financiamento, construção e operação dos projetos hídricos localizados na Amazônia peruana foi estimado um custo total de US$ 16 bilhões de dólares. O convênio prevê que a maior parte do financiamento será com investimento de capitais privados brasileiros com associação da Eletrobrás, via o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Brasil, que será a encarregada do financiamento.

Dentro do acordo propõe-se prioritariamente a construção de cinco grandes usinas hidrelétricas, que se detalham na tabela 5.

Tabela 5 - Potencial hidrelétrico amazônico peruano comprometido ao Brasil

Fonte: Ministério de Energia e Minas (Peru).

As localizações geográficas destes potenciais estão situadas na Amazônia Sul do Peru e na vertente do Atlântico, em regiões próximas à fronteira com Brasil (estado do Acre) como se mostra na figura 20.

Figura 20 – Localização geográfica das hidrelétricas da Amazônia Peruana. __________________

Fonte: COES - PERU.

As implicações do acordo de Integração energética entre Peru e Brasil para o fornecimento de eletricidade ao Peru e sua exportação de excedentes ao Brasil geram algumas considerações que merecem ser abordadas dentro do

NOME DO PROJETO TIPO P (MW)

U.H. Inambari Hidro 2200,0

U.H. Paquitzapango Hidro 2000,0

U.H. Mainique I Hidro 607,0

U.H. Tambo 40 Hidro 1286,0

processo de integração elétrica entre ambos países, como parte do contexto da situação atual e futura do setor elétrico peruano.

Menciona-se principalmente alguns aspectos relevantes do acordo que prevê definitivamente, dentro de seu marco legal, a promoção de infraestrutura em território peruano para a produção de eletricidade que atenda ao mercado peruano e a exportação de excedentes de potência e energia elétrica ao Brasil, com a finalidade de viabilizar a interligação elétrica entre os dois países.

Sob a capacidade acumulada de todas as usinas de geração hidrelétrica contempladas preferencialmente dentro do convênio, adota-se o compromisso para a exportação de 6000 MW de potência, mais uma tolerância de 20%, o que implica uma capacidade máxima comprometida à exportação de 7200 MW, por um período de 30 anos com contrato fixo a partir da entrada em operação de cada usina hidrelétrica, desde que sejam determinadas as quantidades de potência e energia excedentes de exportação.

Em relação à potência e energia elétrica associada a cada uma das usinas de Geração, destinadas a cobrir as necessidades do mercado elétrico peruano e a exportar os excedentes ao mercado elétrico brasileiro, comprometeram- se no acordo a respeitar a seguinte ordem: (1) o mercado regulado peruano, (2) o mercado livre peruano e (3) o mercado brasileiro, isso indica que na ordem de prioridades o suprimento em primeira ordem é do mercado elétrico peruano.

Também foi definido que antes da autorização da concessão definitiva das usinas hidrelétricas e estudos realizados, o estado Peruano determinará a quantidade de potência e energia elétrica associada, destinadas ao mercado regulado peruano, com os correspondentes preços por um período de 30 anos.

Com respeito ao suprimento do mercado livre peruano serão considerados os processos públicos de venda de potência e energia elétrica para determinar as quantidades que serão comprometidas ao mercado livre peruano, estes serão levados pelos titulares dos projetos, mediante procedimentos que estabeleça o estado peruano.

As quantidades de potência e energia elétrica serão destinadas ao mercado regulado e livre peruano conjuntamente com seus respectivos preços e a expectativa de preços de exportação, os projetos somente serão levados a cabo caso tenham comprovada sua viabilidade técnica, econômica, social e ambiental; isso quer dizer que necessariamente terão que cumprir com os requisitos prévios

exigidos para sua viabilidade completa, levando em conta a regulação do setor elétrico peruano, bem como estabelece-se que o estado peruano que definirá os excedentes de potência e energia elétrica associada para a exportação.

As quantidades definidas e comprometidas para a exportação de energia e potência do SEIN para o Brasil, que constaram nos contratos de concessão de cada projeto manterão-se fixos por um período de 30 anos.

A respeito da energia exportada ao Brasil, os titulares dos projetos hidrelétricos mediante agentes de exportação e/ou importação de energia elétrica do mercado brasileiro, poderão vender nos leilões de compra de eletricidade no mercado regulado do Brasil, da mesma forma que no Peru, por um período de 30 anos, seguindo procedimentos do sistema de leilões brasileiros, até o limite de quantidade de potência e energia elétrica, definida pelo Peru.

A construção das linhas de transmissão que interligaram as usinas hidrelétricas do convênio, bem como os gastos da utilização do sistema interligado brasileiro será financiada pelo agente vendedor do leilão de compra de eletricidade para o mercado brasileiro conforme procedimento estabelecido no sistema interligado nacional do Brasil. Por outro lado, o custo da construção das linhas de transmissão que interligue as usinas hidrelétricas com o sistema elétrico peruano, será assumido pelo mercado elétrico peruano.

Também foi estabelecido, que para o desenvolvimento, construção e operação das usinas de geração e linhas de transmissão localizada em território peruano, será necessário obter do estado peruano concessões de geração hidrelétrica e de transmissão, as que se outorgarão por um prazo de 30 anos, adicional aos anos gastos para a construção da usina.

De acordo com os respectivos contratos de concessão, ao vencimento dos prazos de concessão, deverão transferir-se ao estado peruano, sem custo algum, os direitos elétricos e a propriedade da infraestrutura. Isto significa que ao termino dos 30 anos, o estado peruano poderá dispor livremente e decidir manter as quantidades de potência e energia elétrica, comprometida à exportação.

Também existe o compromisso do estado peruano de manter sua margem de reserva em não menos de 30% durante o mesmo período, com o objetivo de atender de forma segura sua demanda interna bem como os contratos de exportação.

operação e despacho das futuras usinas do convênio a cargo do operador do sistema interligado peruano (COES) quem realizará as transferências de potência e energia comprometidas para a exportação ao Brasil, e a cooperação técnica entre o COES e o operador nacional do sistema elétrico Brasileiro (ONS) e a câmara de comercialização de energia elétrica do Brasil (CCEE), além de outros aspectos regulatórios e procedimentos que terão que ser implementados pelos ministérios do setor e, portanto pelos governos de cada estado.

O acordo estabelecido colocou um marco geral que ainda precisa ser estruturado de forma específica sobre os procedimentos técnicos e aspectos regulatórios que ainda precisam ser levados a um acordo comum entre os dois países, pelo que atualmente a integração energética bilateral encontra-se numa etapa inicial, estima-se que no médio a longo prazo seja concretizado.

No entanto o avanço da construção das usinas hidrelétricas priorizadas dentro do convênio atualmente encontra-se em etapa de estudos, pelo que vem sendo estudada sua viabilidade técnica, econômica, ambiental e social dos projetos. Como é o caso do projeto da usina hidrelétrico de Inambari, um dos projetos com maior avanço em seus estudos e processo de licenciamento ambiental e social.