• Nenhum resultado encontrado

3.1 GERAÇÃO EÓLICA NO PERU

3.1.2 Incentivos às Energias Renováveis

Em 2008, o Decreto Legislativo 1002 - Lei de promoção de investimento em geração de eletricidade com o uso de energias renováveis - designado como (Lei RER), estabeleceu as bases regulatórias para o desenvolvimento das energias renováveis não-tradicionais, como a energia eólica, solar fotovoltaica, biomassa e pequenas usinas hidrelétricas (PCHs) com até 20 MW de capacidade, impulsionando assim a implantação da geração eólica no SEIN.

A Lei permitiu a declaração de interesse nacional e necessidade pública, o desenvolvimento de nova geração elétrica mediante o uso de recursos energéticos renováveis (RER) e a promoção do uso eficiente da energia no setor elétrico peruano, outorgando os seguintes incentivos:

• É garantida a participação de 5% dos geradores no suprimento do consumo energético do SEIN durante os primeiros 5 anos. Posteriormente esta porcentagem será modificada pelo Ministério de Energia e Minas em 2013.

• Através de leilões de energia garante-se ao empreendedor vencedor do leilão um preço firme (ofertado no leilão) pela energia que injeta no sistema durante o período de contrato de fornecimento de até 20 anos, período tal que o gerador compromete-se a fornecer energia baseada em RER ao SEIN.

• A venda de energia é garantida no mercado de curto prazo a custo marginal somado a uma “prima”33 caso o custo marginal seja menor que a tarifa estabelecida por OSINERGMIN.

• A geração elétrica baseada em RER terá prioridade no despacho diário estabelecido pelo COES, custo variável zero (0), e acesso livre às redes de transmissão e distribuição do SEIN.

Estes incentivos dados pela lei viabilizaram a construção dos primeiros parques eólicos, permitindo incentivar o mercado e impulsionar uma maior

33 É o valor pago pela diferença do custo da energia elétrica contratada em relação ao custo marginal

de curto prazo dos empreendimentos RER, rateados entre todas as classes de consumidores finais atendidas pelo SEIN.

participação desta fonte na matriz elétrica, como uma fonte complementar ao sistema hidrotérmico. Além disso, a lei permitirá a geração de fundos para o desenvolvimento de pesquisa em aproveitamentos (RER), como está estabelecida na regulação do setor.

A quantidade proposta e requerida pelo MEM para o primeiro leilão de energia RER foi de 500 MW, capacidade tomada com base em 5% do consumo real de energia total do SEIN. As adjudicações dos empreendimentos no leilão foram para os projetos cujas ofertas de preço e quantidades de energia propostas cumpriram com os limites estabelecidos pelo Osinergmin.

O desenvolvimento dos projetos eólicos no marco da lei RER exige dos empreendedores alguns requisitos, como contar com ao menos um (01) ano de medições válidas de vento. Também considera que os geradores que não são vencedores do leilão podem vender energia a clientes livres no mercado de curto prazo. Os leilões são convocados com periodicidade não menor que 2 anos.

O regime de remuneração aplicável à geração RER resume-se no seguinte, (OSINERGMIN, 2010b):

• O gerador RER tem o compromisso de entregar ao menos sua energia anual contratada e estipulada no contrato, com obrigação de suprimento ao SEIN à tarifa do respectivo contrato.

• Ao gerador RER é garantido uma receita igual ao produto de sua tarifa de adjudicação por sua energia contratada. Quando as injeções líquidas de energia num período tarifário são menores que a energia contratada, a tarifa de adjudicação será reduzida aplicando um fator de correção, estabelecido no contrato inicial.

• As injeções líquidas de energia, até o limite da energia adjudicada, são remuneradas conforme a tarifa de adjudicação; no entanto as injeções líquidas de energia em excesso à energia adjudicada são remuneradas ao correspondente custo marginal. Com respeito ao último caso, o Artigo 19° do Regula mento RER define que as injeções líquidas de energia correspondem à diferença entre a geração menos os retiros de energia por compromissos contratuais que tenha o Gerador RER com terceiros.

arrecadado nas vendas de energia (até pela energia adjudicada) e por potência no mercado de curto prazo for menor que o rendimento garantido.

Para efeitos da primeira determinação da “prima”, a energia adjudicada será igual à alíquota do período compreendido desde o início do prazo de vigência até o fim do respectivo período tarifário (o qual se compreende desde o dia primeiro de maio até 30 de abril).

• A tarifa de adjudicação é atualizada com frequência anual que coincide com o final do período tarifário, de acordo com a fórmula contida no anexo dos contratos RER.

O regime de remunerações descrito é mostrado graficamente nas figuras 24, 25 e 26 para melhor entendimento.

Figura 24 – Estrutura geral da remuneração da geração RER __________________

Fonte: (OSINERGMIN, 2010b).

Nota-se que o cumprimento da entrega da energia adjudicada (área alaranjada da figura 24) se efetua com o acúmulo da energia desde primeiro de maio até no máximo 30 de abril do correspondente ano tarifário; se fosse verificado o cumprimento da injeção de energia contratada antes de finalizar o ano tarifário, a

valorização das injeções líquidas de energia que se produz daí em adiante não seriam consideradas para a determinação da “prima”.

Figura 25 – Composição da renda dos geradores RER __________________

Fonte: (OSINERGMIN, 2010b).

Observa-se na figura anterior que a receita total de um gerador RER que opere no SEIN resulta da soma da receita garantida (caso seja vencedor de um leilão), das vendas de eletricidade a terceiros (outros geradores, usuários livres ou usuários regulados via contratos bilaterais) e ainda das vendas de energia excedente não contratada em leilões ou por terceiros no mercado de curto prazo.

A receita total obtida por um gerador RER de acordo com o DL 1002 é consistente, pois pode operar no SEIN sem a necessidade de ter participado ou ter obtido contrato em um leilão RER. Se assim fosse a figura 24 sofreria modificações, pois não teria a obrigação com a energia adjudicada, portanto também não teria direito à tarifa “prima” como é mostrado na figura 26 a seguir.

Figura 26 – Estrutura da remuneração dos geradores RER sem ingresso garantido __________________

Fonte: (OSINERGMIN, 2010b).

A tarifa de geração RER é complementada com o valor da tarifa “prima” se os preços do mercado de curto prazo (CMg) são menores que o custo da energia contratada. A tarifa “prima” para cada gerador RER é a diferença entre a renda garantida e a renda obtida através das transferências no mercado spot. A “Prima” deverá cobrir as diferenças quando o preço Spot for menor que as tarifas RER, de modo que seja cumprido o pagamento das remunerações mínimas garantidas dos empreendimentos RER, como é mostrada na figura 27, (OSINERGMIN, 2011b).

Figura 27 – Remuneração dos geradores RER. __________________

Esta tarifa “prima” é paga aos geradores RER anualmente e é calculada (ex–post ao final do ano) pelo Osinergmin, assegurando uma remuneração mínima de 12% aos empreendimentos. As “primas” são cobertas pelos usuários e é adicionada como um encargo anual nas tarifas, repassadas aos custos de transmissão ou pedágios, e liquidadas depois de um ano, garantindo uma receita constante ao longo do tempo, como é mostrado na equação abaixo.

Onde:

RRER = Remuneração por energia RER = TRER x Energia Líquida Injetada

RCMg = Remuneração a custo marginal = Cmg x Energia Líquida Injetada

Prima = RRER – RCMg= Energia Líquida Injetada x (TRER – Cmg)

RCMg : Remunerado pelo mercado.

Prima: Remunerado pelos consumidores.