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ANÁLISE DOS DADOS

No documento pauloricardodasilva (páginas 71-74)

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

A análise é um dos momentos mais complexos da investigação, uma vez que é no seu decorrer que o pesquisador organiza, interpreta, confronta, sintetiza e estabelece o caminho para a interpretação dos dados (ANDRÉ; LUDKE, 1986). Além disso, é o momento em que dados e referenciais teóricos devem dialogar, de maneira a construir uma análise consistente. Assim, a experiência do pesquisador possui grande importância na identificação de pontos a serem mais aprofundados, no reconhecimento dos limites e potenciais de determinada estratégia metodológica, bem como na correlação entre dados e teoria.

A análise dos dados foi realizada com base nos preceitos da Análise de Conteúdo. “O ponto de partida da Análise de Conteúdo é a mensagem, seja ela verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada.” (FRANCO, 2007, p. 12). A análise desenvolvida neste trabalho parte do princípio descrito acima, ou seja, da mensagem por trás dos dados obtidos. Todos os documentos obtidos com a pesquisa, seja por meio da escrita (questionários) ou por meio da fala (gravações) foram submetidos a intensas leituras e releituras, com o objetivo de encontrar significados, de formular e buscar respostas para as indagações.

Franco (2007) destaca que a Análise de Conteúdo deve levar a conhecimentos com relevância teórica, ou seja, uma análise que visa uma informação de caráter apenas descritivo perde em qualidade. Dessa maneira, a própria autora aponta que um dado construído a partir de uma mensagem (verbal, escrita, gestual) deve ter ligação com outro dado; portanto, um trabalho que se paute em Análise de Conteúdo deve buscar a comparação entre informações, buscando nuances, tendências, mudanças, enfim, “devem, obrigatoriamente, ser direcionados a partir da sensibilidade, da intencionalidade e da competência do pesquisador” (FRANCO, 2007, p. 20). Tendo em vista que toda mensagem é emitida em um contexto, é importante considerar as condições em que a mensagem foi emitida para posteriormente analisar o conteúdo desta mensagem. Dessa forma, uma informação interpretada fora do contexto pode exprimir um significado, mas não um sentido, o que compromete a qualidade da análise. A diferença entre significado e sentido é exemplificada por Franco (2007, p. 13):

[...] a palavra “livro” assume um determinado sentido por parte de leitores alfabetizados e implica, igualmente, graduações de sentido diferenciadas entre os leitores digamos “eruditos” e os leitores “comuns”. Já quando transportada para indivíduos ou grupos não-alfabetizados, a mesma palavra “livro” pode até ser compreendida mediante o mesmo significado que lhe é atribuído

universalmente, porém seu sentido assume uma conotação completamente diferenciada.

Nesta direção, a Análise de Conteúdo prevê a delimitação de duas Unidades de Análise: Unidades de Registro e Unidades de Contexto. De acordo com Franco (2007, p.41) “a Unidade de Registro é a menor parte do conteúdo, cuja ocorrência é registrada de acordo com as categorias levantadas”. Pode ser de quatro tipos: Palavra, Tema, Personagem e Item. De acordo com as características desta investigação, optamos por delimitar o Tema como Unidade de registro, uma vez que tal unidade é considerada a mais útil e pode ser usada em estudos sobre concepções e valores, por exemplo (FRANCO, 2007). O tema caracteriza-se como sendo uma asserção sobre determinado assunto, ou seja, é o resultado da produção de significados de uma mensagem, expressa por um conjunto de palavras (frase, parágrafo).

De maneira a compreender a mensagem de forma ampla, é preciso lançar mão das Unidades de Contexto, que podem ser entendidas como o “pano de fundo” que dão significado às Unidades de Registro (FRANCO, 2007), ou seja, as características dos sujeitos, suas trajetórias e experiências, por exemplo. Dessa forma, caracterizamos previamente o contexto e os sujeitos da pesquisa e ao longo das análises procuraremos explicitar mais características deste “pano de fundo” que envolve o trabalho desenvolvido.

A sequência da Análise de Conteúdo envolve atividades de análise propriamente ditas, tais como leituras flutuantes, que são caracterizadas pelo estabelecimento de contato com os materiais em sua forma “bruta”, de maneira a criar primeiras impressões, registrar emoções, tendências, expectativas (FRANCO, 2007). Tendo esses primeiros registros, procede-se à definição dos materiais a serem analisados, delimitando corpus de análise; neste trabalho, delimitamos como corpus de análise todos os dados construídos por meio das estratégias e instrumentos supracitados. Entretanto, conforme apontado anteriormente, devido ao grande volume de informações contidas nas gravações dos encontros, foram realizadas leituras flutuantes (ou uma pré-análise das gravações) deste material e posteriormente selecionamos episódios específicos a serem transcritos e analisados.

Por fim, segue-se o processo de categorização, que pode ser entendida como “uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos.” (FRANCO, 2007, p. 59). O processo de definição de categorias é caracterizado por intensas leituras e releituras do corpus de análise, bem como retornos sucessivos à teoria, formulações e reformulações.

Categorias criadas a priori são utilizadas quando o pesquisador já possui categorias e indicadores pré-definidos; pesquisas de intenção de voto bem exemplificam este caminho, uma vez que as respostas possíveis são dadas e o processo de análise centra-se na verificação das tendências do grupo estudado. Por outro lado, também pode-se desenvolver um planejamento metodológico no qual deseja-se explorar um tema ainda pouco conhecido e o que a população pensa sobre tal tema, de maneira que as categorias vão emergindo da análise dos dados; estas categorias não são definidas a priori. Neste trabalho, lançamos mão das duas perspectivas de categorização, com maior frequência das categorias não definidas a priori, observando as tendências emergentes na construção dos dados ao longo do desenvolvimento desta pesquisa. Em alguns momentos, optamos pela não utilização de categorias, mas indicações de tendências, devido pequeno tamanho do corpus de análise (principalmente nos dados referentes às respostas de questionários).

5 O PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA: VIVÊNCIAS, DESAFIOS E

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