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Mapa 1 – Mapa da sede e distrito de Sobral

2 PERCURSO METODOLÓGICO

2.5 Análise dos dados

Primeiramente, foi feita a coleta dos dados quantitativos nos prontuários médicos, representando o levantamento demográfico e clínico da clientela do CSF que faz uso de medicação controlada. Após a coleta, os dados foram registrados e organizados em duas tabelas construídas pela pesquisadora para uma melhor visualização dos resultados. A tabela 2 contempla os dados sociodemográficos; a tabela 3 apresenta os dados clínicos. Os mesmos dados foram tabulados e organizados em planilhas do programa Excel (Microsoft Office 2013) e analisados através de tabelas e gráficos.

Tabela 2 – Dados sociodemográfico

Fonte: Elaborada pela própria pesquisadora (2015)

Tabela 3 – Dados Clínicos

Fonte: Elaborada pela própria pesquisadora (2015)

A análise dos dados coletados ocorreu através da análise de dados secundários, já que os principais instrumentos foram os prontuários médicos. Para Marconi e Lakatos (2003),

Prontuário Paciente Sexo Idade Escolaridade Estado civil Ocupação

Prontuário Paciente Hipótese diagnóstica

Psicofármacos utilizados

Alternativas

os dados secundários são obtidos através de livros, revistas, jornais, publicações avulsas e teses.

Após a análise das variáveis sociodemográficas e clínicas encontradas nos prontuários, etapa na qual foi realizada a caracterização da população, foi realizada a organização dos dados qualitativos e a transcrição das entrevistas.

Com os discursos gravados no celular e repassados para o computador, a transcrição manual dos discursos individuais foi feita pela pesquisadora em um caderno, visando obter maior familiarização com os depoimentos manifestados pelos entrevistados.

Numa próxima etapa realizou-se a digitação de cada roteiro de entrevista no Microsoft Office Word 2013, uma leitura atenta de cada uma das respostas e posteriormente tabulação e organização de dados discursivos de natureza verbal.

Os entrevistados foram identificados com as iniciais da categoria profissional, seguida do número da ordem de realização da entrevista, exemplo E1; F2 (Enfermeira 1 e Fisioterapeuta 2). Os usuários e os familiares foram identificados com a inicial da palavra usuário e o número identificando a ordem de realização das entrevistas, exemplo U1, U2 (usuário 1 foi entrevistado antes que o usuário 2). Optamos por não colocar esse material em apêndice, por acreditar que a leitura na íntegra dos discursos individuais pudesse comprometer o compromisso de sigilo assumido com os entrevistados.

Para a organização dos dados qualitativos do estudo, foi necessária a aplicação da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que é uma proposta de organização e tabulação de dados qualitativos de natureza verbal, obtidos através da análise do material verbal coletado extraído a partir de cada depoimento. Além disso, consiste numa forma de representar o pensamento de uma coletividade, agregando em um discurso-síntese, os conteúdos discursivos de sentido semelhante emitidos por pessoas distintas (OSTENIO, 2007).

“[...] é uma técnica de tabulação e organização de dados qualitativos, desenvolvido por Lefevre e Lefevre no fim da década de 90, e tem como fundamento a teoria da Representação Social” (FIGUEIREDO; CHIARI; GOULART,2013, p. 130). “[...] Permite que se conheça os pensamentos, representações, crenças e valores de uma coletividade sobre um determinado tema [...]” (FIGUEIREDO; CHIARI; GOULART, 2013, p. 130).

No Discurso do Sujeito Coletivo, os depoimentos são a matéria prima que vão formar um ou os vários discursos-síntese escritos na primeira pessoa do singular, contendo os conteúdos discursivos de sentido semelhante, emitidos por pessoas diferentes, para expressar o pensamento de uma coletividade, como se esta coletividade fosse o emissor de um discurso.

Assim, cada indivíduo entrevistado contribui para formar o pensamento de um coletivo, resultando em vários discursos coletivos ou DSCs (OSTENIO, 2007).

A técnica consiste basicamente em analisar o material verbal coletado em pesquisas que têm depoimentos como sua matéria-prima, extraindo-se de cada um destes depoimentos as Idéias Centrais ou Ancoragens e as suas correspondentes Expressões Chave; com as Idéias Centrais/Ancoragens e Expressões Chave semelhantes compõe-se um ou vários discursos-síntese que são os Discursos do Sujeito Coletivo. (FIGUEIREDO; CHIARI; GOULART, 2013, p. 132).

São necessários quatro momentos para a construção dos DSCs:

1. As Expressões-Chaves (E-CH): trechos mais significativos selecionados do material verbal dos depoimentos individuais, que melhor descrevem o tema da pesquisa;

2. As Ideias Centrais (ICs): fórmulas sintéticas com sentidos semelhante e complementar que descrevem os sentidos encontrados nos depoimentos de cada resposta e também nos conjuntos de cada resposta de diferentes indivíduos;

3. As Ancoragens (ACs): fórmulas sintéticas que descrevem as ideologias, valores, crenças, presentes no material verbal das respostas individuais ou nas agrupadas;

4. O Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) propriamente dito: Os DSCs são a reunião das E- CH presentes nos depoimentos, que tem ICs de sentido semelhante ou complementar, para dar-lhes a forma de frases encadeadas.

“Uma vez “qualificada” a variável pelo DSC, ela passa a poder ser quantificada usando-se os recursos habituais de quantificação como gráficos, tabelas, etc.” (OTENIO, 2007, p.100).

Para a elaboração do Discurso do Sujeito Coletivo, foram inicialmente selecionadas, de cada resposta individual, as expressões-chave das ideias centrais e/ou ancoragens. O próximo passo foi copiar estas informações para o word e imprimi-las numa folha de papel em branco para a categorização. Com essa lista de todas as ICs ou ACs foi muito mais fácil dar um nome para cada uma destas categorias (A, B, C, D, etc.). Com o material das "expressões-chave" de "ideias centrais" semelhantes, foram construídos os discursos-síntese, com número variado de participantes, na primeira pessoa do singular, que são os discursos do sujeito coletivo (DSC).

Assim sendo, pode-se colocar que a novidade que o DSC apresenta é a dupla representatividade – qualitativa e quantitativa – das opiniões coletivas que emergem da pesquisa: a representatividade é qualitativa porque na pesquisa com o DSC cada distinta opinião coletiva é apresentada sob a forma de um discurso, que recupera os distintos conteúdos e argumentos que conformam a dada opinião na escala social; mas a representatividade da opinião também é quantitativa porque tal discurso tem, ademais, uma expressão numérica (que indica quantos depoimentos, do total, foram

necessários para compor cada DSC) e, portanto, confiabilidade estatística, considerando-se as sociedades como coletivos de indivíduos. (LEFEVRE; LEFEVRE, 2006, p. 522).

Por último é importante destacar que:

“[...] um sujeito coletivo, no DSC, vem se constituindo numa tentativa de reconstituir um sujeito coletivo que, enquanto pessoa coletiva, esteja, ao mesmo tempo, falando como se fosse indivíduo [...]” (LEFEVRE; LEFEVRE, 2006, p. 519).

Divide as dificuldades que tenhas de examinar em tantas partes quantas for possível, para uma melhor solução.