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Mapa 1 – Mapa da sede e distrito de Sobral

2 PERCURSO METODOLÓGICO

2.2 Cenário da pesquisa

A pesquisa foi realizada em um Centro de Saúde da Família da macrorregional de saúde II da cidade de Sobral, no Ceará, localizado no bairro Sumaré.

A macrorregional de saúde II de Sobral é formada pelos seguintes bairros: Campo dos Velhos, Junco e Conjunto Cohab III, Cidade Dr. José Euclides 2, Vila União, Padre Palhano, Sumaré, Dom José, Coelce e Alto do Cristo. O bairro onde foi realizada a pesquisa está destacado no mapa 1:

Mapa 1 – Mapa da sede e distrito de Sobral

Fonte: Secretaria de Saúde de Sobral (2015)

A cidade de Sobral possui uma população de 218.099 pessoas que são cobertas pela ESF do município de Sobral (esse dado não corresponde ao número total de habitantes da cidade de Sobral). Total da população. 85.592 pessoas pertencem a macroárea II (macroárea que cobre o CSF Sumaré), com 09 Centros de Saúde da Família e 22 equipes de saúde da família. No Sumaré há 2 (duas) equipes de saúde da família, como mostra o gráfico 1:

Gráfico 1 – População, Número de CSF e de Equipes por Macroárea de Sobral

Fonte: Secretaria de Saúde de Sobral (2015)

Nessa mesma macroárea, na atenção à saúde mental há um total de 2814 pessoas em uso de medicação que exige controle especial e 1483 usuários de álcool ou outras drogas, conforme indicado no gráfico 2:

Gráfico 2 – Total de pessoas em uso de psicofármacos e usuários de álcool e drogas

Fonte: Secretaria de Saúde de Sobral (2015)

O CSF do bairro Sumaré foi escolhido para ser o cenário do estudo, por ter sido uma das unidades de saúde onde a pesquisadora trabalhava como psicóloga, integrando a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, formado pela equipe 5 (cinco) que, além de conter esta categoria profissional, contava ainda com o apoio dos seguintes profissionais: fisioterapeuta, farmacêutico, assistente social e nutricionista.

Durante toda a coleta de dados, a pesquisadora trabalhava no CSF do bairro Sumaré e Padre Palhano; além do distrito do Jordão e Baracho, como já foi dito anteriormente. Fazer a pesquisa nos distritos foi inviável, devido à distância da sede de Sobral e o gasto com transporte para o local.

O CSF do bairro Padre Palhano também tinha uma lista contendo os pacientes que faziam uso da medicação controlada, por que a equipe também realizou a territorialização, da mesma forma que o CSF do bairro Sumaré; mas este último foi escolhido para a pesquisa devido à organização do seu serviço, já que a equipe de saúde da família conta com o apoio de um matriciador da área da saúde mental. Os profissionais discutem os casos e elaboram projetos terapêuticos singulares, quando é necessário. O CSF também conta com uma ótima

estrutura física que garante um melhor acesso aos prontuários e à farmácia da unidade e, por ser um posto grande, com várias salas e espaços, facilitou a realização das entrevistas semiestruturadas que puderam ser realizadas em um espaço que garantiu a privacidade e o sigilo, exigidos pela pesquisa.

Além disso, cabe salientar que a pesquisadora fez parte da equipe deste CSF durante cinco anos, já que ela apoiou esta unidade de saúde durante sua Residência multiprofissional em Saúde da Família e depois retornou trabalhando como psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Assim, participou de vários processos de construção, transformação e organização do serviço, principalmente na área da saúde mental, com a que tem muita familiaridade.

O CSF também possui todas as fichas dos pacientes que usam medicação controlada. Essas fichas estão cadastradas na farmácia da unidade de saúde. O cadastro dos pacientes que usam medicação controlada foi atualizado, após a territorialização ocorrida no início do ano de 2015 e organizado com o apoio do farmacêutico, integrante da equipe do NASF, junto com as atendentes de farmácia.

Além disso, existia um número significativo de pacientes fazendo uso de medicação controlada. Durante a territorialização, ocorrida no início do ano de 2015, foi identificado um total de 233 pacientes cadastrados na farmácia que recebiam medicação controlada e 97 pacientes fazendo uso abusivo de álcool e outras drogas.

Neste ínterim, ressalta-se a caracterização do cenário do estudo, destaque para a primeira unidade de saúde do bairro que foi instalada em meados de junho de 1998, durante a primeira gestão do prefeito Cid Ferreira Gomes. Funcionava em uma casa alugada na Rua do Curtume. No ano seguinte, a sede foi transferida para a Rua Maria Benvinda, no bairro Sumaré, permanecendo até a construção do que hoje é a atual sede.

Somente em 2004, atendendo a uma crescente demanda de ações de saúde, foi inaugurado o Centro Saúde da Família Cleide Cavalcante de Sales. O CSF recebeu este nome em homenagem a uma das primeiras agentes comunitárias de saúde que trabalhou no posto e faleceu pouco tempo depois, vítima de acidente automobilístico.

O território do bairro do Sumaré está localizado em perímetro urbano, na porção sudoeste de Sobral, limitando-se ao norte, pelas ruas Acácio Alcântara e Dom José; ao leste, pela rua Arco Verde, do bairro Padre Palhano; ao oeste, pelo Rio Acaraú e ao sul, pela rua Tubiba (Br.222). O território se estende à área rural, que corresponde à localidade Córrego da Onça. A extensão total do território corresponde a 7,1 km². A distância do Centro de Saúde da família até o Centro da cidade (Praça de Cuba) é de 2,1 km em linha reta.

O Centro de saúde possui uma área de abrangência que compreende um total de 8328 pessoas, agrupados em um total de 2397 famílias, segundo o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB, 2014), correspondendo um número médio de 3,47 pessoas por família, sendo 4021 do sexo masculino e 4307 do sexo feminino. Conforme tabela 1, referente ao total de pessoas por sexo e faixa etária.

Tabela1 – Total de pessoas por sexo e faixa etária

Faixa etária Masculino Feminino Número de

pessoas < 1 ano 34 34 68 1 a 4 anos 225 225 450 4 a 6 anos 117 121 238 7 a 9 anos 175 194 369 10 a 14 anos 376 337 713 15 a 19 anos 442 451 893 20 a 39 anos 1629 1730 3359 40 a 49 anos 439 487 926 50 a 59 anos 257 324 581 ˃ 60 anos 327 404 731 Total 4.021 4.307 8.328

Fonte: Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB, 2014)

Quanto à escolaridade, têm um total de 158 chefes de família analfabetos e 5868 pessoas com idade superior a 15 anos que são alfabetizadas, equivalendo a 90,2% da população total. 838 pessoas na faixa etária de 7 a 14 anos que estão na escola.

A locomoção dos moradores, na sua grande maioria, ocorre através de meios de transportes próprios (a pé, bicicleta, moto, carro etc.), porém conta com transporte coletivo municipal, principalmente para que haja a locomoção de moradores da zona rural. Há também transportes coletivos que circulam durante o dia no bairro e, além disso, há uma estação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que liga o Sumaré aos outros bairros da cidade de Sobral, atualmente funcionando somente no período da manhã. O ponto do ônibus fica localizado na praça da Rua Arco Verde, a principal praça do bairro.

As ruas do bairro são largas, a maioria é asfaltada, mas existem ruas ainda sem saneamento básico. Existem ruas com subidas íngremes (Rua Maria Benvinda e São José II) e grandes distâncias a serem percorridas a pé (Córrego da Onça), que fazem parte da área rural de responsabilidade sanitária das equipes. Há muitos comércios como mercantis, borracharia, salões de beleza, oficinas, bares, motel, fábricas de cimento, entre outras fontes de renda.

Quanto ao programa de renda bolsa família do Governo federal, temos um total de 701 famílias (29,24%), onde 88% delas encontram-se em acompanhamento regular do

programa e 31 famílias encontram-se com renda per capita inferior a 70 reais.

Assim, como na maioria das periferias da sede do município, as famílias são predominantemente de baixa renda. Grande contingente está desempregada ou subempregada. As atividades de geração de renda são oriundas da economia informal ou de empregos de um salário mínimo nas indústrias.

A ausência de emprego e a falta de perspectiva da população facilitam o envolvimento cada vez mais precoce com o narcotráfico, a prostituição e/ou exploração sexual, gerando o aumento da violência, problema social que marca a história deste bairro ao longo dos anos, com episódios violentos provocados por grupos que se instalaram no bairro, na década de 70.

A posição geográfica do bairro Sumaré é delimitada por barreiras físicas bem evidentes o que leva à invasão frequente de terrenos insalubres. Isto tem dado uma característica diversa ao bairro, com áreas urbanizadas e outras muito degradadas.

Assim, visto os diversos riscos do bairro, entende-se a dificuldade em pontuar o quantitativo de famílias que vivem em condições de vulnerabilidade, contudo sua grande maioria encontra-se neste parâmetro, seja por viverem em extrema pobreza, em assentamentos, violência ou como moradores de rua.

Como organização social e cultural da comunidade, existe no bairro o Conselho Local de Saúde, a Associação Construtiva São José (Associação de moradores), Sociedade Pró- Infância – SOPRI, Grupo de Palha, Centro de Treinamento do Sumaré – CENTRESUM, Centro de Promoção Humana Padre Ibiapina – CEPROPHI, Casa da Memória e da Cidadania e Paróquia São José. Todos esses espaços também funcionam como hábitos culturais e espaços de cuidado com algumas características de grupos religiosos e crenças. Há o terreiro de umbanda, onde ocorre os cultos religiosos sincréticos, frequentado pela comunidade e visitantes no período noturno, bem como, as igrejas evangélicas, localizadas nas Ruas São Judas Tadeu, Maria Motão, São José II e Maria Isabel.

Para o lazer dos moradores, o bairro possui uma quadra, onde as pessoas jogam futebol e se reúnem para ensaiarem a quadrilha nas festas juninas; há também praças; há festas e serestas nos bares; as pessoas podem fazer caminhada no calçadão e, todos os anos, a comunidade promove a Fenasum, uma feira com os moradores, com barracas que oferecem produtos confeccionados pelos artesãos e alimentos dos donos de comércio do território.

O lixo ainda representa um dos grandes problemas da comunidade deste bairro, pois mesmo com a melhoria da pavimentação das ruas e avenidas e melhor cobertura da coleta pública de lixo, ainda existe dificuldade no acesso a algumas ruas, locais onde não há

tráfego do carro do lixo, devido à geografia local, acumulando uma quantidade maior de detritos. Ao caminhar pelo bairro, percebe-se a existência de lixo até nas ruas principais, onde há coleta três vezes na semana. Na maioria dos quarteirões, as condições de higiene são precárias, ainda com esgotos a céu aberto.

As habitações são em sua maioria de tijolo, mas ainda encontramos muitas habitações de taipa, em condições de extrema pobreza e algumas casas com risco de desabamento. Porém, há também conjuntos habitacionais e residências da classe média, com infraestrutura adequada. 100% dos domicílios possuem energia elétrica.

Dentro do território, existem áreas que foram invadidas pelos moradores, onde não há saneamento básico, nem pavimentação das ruas (Rua São José II), local também onde está concentrada a maior parte da população de baixa renda, configurando-se como de grande risco social e ambiental.