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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.5 ANÁLISE DOS DADOS

Esse tópico apresenta a maneira como as evidências do estudo foram analisadas, são discutidos os critérios de validade e confiabilidade do estudo, finalizando com apresentação dos métodos de análise de dados.

5.5.1 Codificação e análise dos dados

Análise de dados envolve tanto a separação como a síntese dos dados, eles devem ser observados atentamente, sintetizados para serem interpretados, revistos e confrontados de outras formas de interpretação. Em estudos de caso, há uma maior necessidade de medições categóricas para auxiliar na compreensão do fenômeno e relações oriundas dele, concentrando-se nas relações identificadas na pergunta de pesquisa (STAKE, 1995; 2010).

A análise dos dados seguiu a lógica proposta por Stake (1995). De acordo com o autor, dados provenientes de estudo de caso podem ser analisados por meio de interpretações diretas ou por agregação categórica. Em ambas as formas, existe a busca por padrões. Por se tratar de um estudo de caso instrumental em que os casos ajudam a compreender o fenômeno, para essa dissertação, foi definida a análise por agregação categórica (STAKE, 1995).

Após a coleta os dados foram codificados conforme a metodologia proposta por Miles; Huberman; Saldaña (2014) e analisados por meio da análise temática, recomendada para estudo de caso interpretativo (SALDAÑA, 2016). Nesse tipo de análise os temas podem ser identificados a partir da literatura ou emergir durante a análise como categorias ou códigos. É uma maneira de capturar o fenômeno que se busca entender. Durante a análise busca-se em dados de entrevistas e documentos como os temas podem ser semelhantes, diferentes ou em identificar uma relação entre eles (SALDAÑA, 2016, p 122).

O software Atlas.Ti na v. 8 foi utilizado para auxiliar na codificação e análise de todas as entrevistas, documentos e notas de campo. Os tipos de codificação utilizados foram: codificação descritiva que consiste em atribuir códigos a um pequeno trecho dos dados para resumi-los em uma palavra ou frase curta, e codificação holística em que foi aplicado um único

código a uma grande quantidade de dados para capturar uma ideia de conteúdo, desenvolvendo as categorias de análise (MILES; HUBERMAN; SALDAÑA, 2014).

Essa etapa consistiu em duas fases, conforme proposto por Miles, Huberman e Saldaña (2014). Na codificação do primeiro ciclo, inicialmente foi desenvolvida uma lista de códigos dedutivos oriundos da literatura, questões de pesquisa e roteiro da entrevista (38 códigos). Durante a codificação, novos códigos emergiram progressivamente (códigos indutivos) e foram acrescidos a essa lista. A todos os códigos foram atribuídas definições e a lista de códigos foi utilizada durante todo processo de codificação. Depois da codificação de todas as entrevistas e documentos, os códigos foram revisados, alguns foram renomeados, outros foram unificados. No total, a codificação do primeiro ciclo foi finalizada com 120 códigos.

A segunda etapa foi composta pela codificação de segundo ciclo em que os códigos foram agrupados para construção das categorias e temas. Durante essa etapa, o Atlas. Ti foi utilizado para criação de redes que auxiliaram na análise dos dados. Códigos inteligentes e grupos de códigos foram criados, associando todos os códigos a suas respectivas categorias. No final desse processo, foram criadas as redes no software. De início as redes foram criadas a partir dos próprios códigos gerados pelo Atlas.Ti. Conforme o desencadeamento da análise, alguns códigos foram atribuídos, excluídos, renomeados ou realocados para outras categorias. No final da análise, sobraram 81 códigos. No Apêndice 5 encontra-se um quadro com as informações a respeito de todos os códigos e definições, destacando sua natureza, se indutivos ou dedutivos. O Quadro 8 apresenta os temas, categorias analíticas e os códigos associados e utilizados na codificação e análises dos dados.

QUADRO 8 - TEMAS, CATEGORIAS ANALÍTICAS E CÓDIGOS ATRIBUÍDOS NA PESQUISA

TEMAS CATEGORIAS CÓDIGOS

P RE S S ÕE S I NST IT UC IONAI S Pressões Miméticas

*Benchmarking; Competição; Reputação Pressões

Normativas

Normativas/decretos internos; Parcerias; Envolvimento alta gestão, Políticas de Sustentabilidade; Rede IES; *Plano Ambiental; Pressão comunidade acadêmica; *Missão Institucional; *Visão Institucional; *Valores Institucionais Pressões

coercitivas

*A3P; Influência de Alunos; *Influência Religiosa; *PLS; *REUNI; Expectativa social

P AR T ICI P ÃO DA S UN IVE RSI DA DE S NO RA NKI NG Objetivos Institucionais

*Visão Institucional; *Missão institucional; *Valores institucionais; Cultura de sustentabilidade; Políticas de sustentabilidade, *Plano Ambiental; *A3P; *PLS Motivações para

Participação

*Abordagem UIGM; *Aprendizado; *Comprometimento Institucional; *Consciência Ambiental; Cultura de Sustentabilidade; *Direcionar Práticas; Disponibilidade de recursos; Envolvimento Alta gestão; Expectativa social; *Feedback; *Internacionalização; *Melhorar Desempenho; *Pressão Ambiental; *PLS; *Benchmarking; Competição; Reputação; Rede IES; Ranking de Sustentabilidade; Relevância do ranking; *Transparência

Benefícios da Participação

*Aprendizado; *Consciência Ambiental; Comprometimento Institucional; Desenvolvimento Sustentável; Envolvimento Comunidade Acadêmica; *Feedback; *Ganha-Ganha;

*Internacionalização; *Benchmarking; Competição; Reputação; *Retorno do investimento

Facilitadores na participação

*Gestão dos dados; Disponibilidade de recursos; Envolvimento Alta Gestão; Envolvimento Comunidade Acadêmica; Tamanho da IES

Barreiras na Participação

*Abordagem UIGM; *Gestão dos dados; Comunicação Interna; Disponibilidade de recursos; tamanho da IES

Projetos futuros para participação

*Abordagem UIGM; Disponibilidade de recursos; *Melhorar Desempenho; *Gestão dos dados

Práticas de sustentabilidade

*Atendimento Comunitário; *Atmosfera; Campus Inteligente; *Compras Sustentáveis; *Conservação Fauna; *Direitos Humanos; *Diversidade; *Energia; EpS; Extensão; *Filantropia Gestão de Resíduos; *Inclusão Social; infraestrutura; Pesquisa *Preservação Ambiental; *Prevenção de Endemias; *Qualidade de Vida; Reciclagem; *Recuperação Ambiental; Redução Impacto Transporte; Tratamento de Esgoto

FONTE: Elaboração própria *Códigos indutivos

Além das etapas de codificação, a análise consistiu na interpretação dos dados codificados. Inicialmente, a partir dos códigos e categorias criadas, foram exportadas planilhas do próprio software que trouxeram informações sobre o documento, conteúdo da citação e os códigos associados a cada citação. Todas as citações foram lidas e a partir da própria planilha foi possível observar a coocorência dos códigos e associações entre as categorias de análise. Dessa forma foi possível também rever e conferir todo o processo de codificação e melhorar as redes geradas pelo software a partir da análise do pesquisador. Depois desse processo as redes e o conteúdo das planilhas foram usados para apresentar os resultados.

Para alcançar confiabilidade e explicações alternativas que tragam maior compreensão sobre o fenômeno, é necessário mais que a intuição do pesquisador (STAKE, 1995). A triangulação se refere a combinação de diferentes fontes de evidência, da observação de diferentes pesquisadores ou por meio de múltiplas perspectivas teóricas para observar o fenômeno (FLICK, 2018). Para isso, essa pesquisa fez uso da triangulação a partir da combinação de diferentes fontes de dados, por meio das entrevistas semiestruturadas, da análise de documentos, além da fundamentação teórica delineada nessa dissertação.

5.5.2 Critérios de validade e confiabilidade

A validade qualitativa se refere aplicação de determinados procedimentos para a verificação da precisão do que foi descoberto pelo pesquisador. Já a confiabilidade em pesquisas qualitativas mostra que a abordagem do pesquisador é consistente entre diferentes pesquisadores e projetos (CRESWELL; CRESWELL, 2018). Abaixo são apresentados os critérios de validade e confiabilidade determinados para esta pesquisa conforme proposto por Creswell e Creswell (2018).

• Triangulação de dados: Conforme discutido no tópico anterior, foi realizada a triangulação de evidências, a partir da combinação de diferentes fontes de dados (entrevistas, documentos e revisão da literatura)

• Descrição detalhada: Foi realizada a descrição rica e detalhada do cenário, para transmitir as descobertas da pesquisa, apresentado múltiplas perspectivas sobre o tema. O tema da pesquisa foi retratado de maneira detalhada e a partir da perspectiva de diversos estudos anteriores.

• Apresentar informações negativas ou discrepantes a respeito do tema: Isso foi feito com a apresentação de informações que vão contra a perspectiva geral do tema, como por

exemplo a apresentação das críticas a respeito da teoria institucional e sobre os rankings de sustentabilidade.

Para finalizar esse capítulo, o Quadro 9 apresenta uma síntese dos procedimentos metodológicos adotados nessa pesquisa.

QUADRO 9 - SÍNTESE DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Abordagens Procedimentos Adotados

Lógica Abordagem integrada - Ali e Birley (1999)

Natureza da pesquisa Exploratória e descritiva - Babbie (2014)

Abordagem Qualitativa - Creswell e Creswell (2018); Flick

(2009); Stake (2011)

Perspectiva temporal Transversal com aproximação longitudinal - Babbie

(2014)

Estratégia Estudo de caso múltiplo interpretativo - Stake (1995)

Técnica de coleta de dados Entrevistas semiestruturadas - Saunders; Lewis;

Thornhill (2009)

Codificação dos dados Codificação descritiva e holística - Miles, Huberman e

Saldaña (2014)

Técnica de análise dos dados Agregação categórica, análise temática e triangulação

dos dados – Flick (2018); Stake (1995); FONTE: Elaboração Própria (2020).