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Rankings Universitários de sustentabilidade e o desempenho sustentável nas Instituições

3. SUSTENTABILIDADE E UNIVERSIDADES

3.3 RANKINGS UNIVERSITÁRIOS DE SUSTENTABILIDADE

3.3.1 Rankings Universitários de sustentabilidade e o desempenho sustentável nas Instituições

O desempenho sustentável é cada vez mais considerado como importante nas decisões organizacionais (FERREIRA; RIZO; LOPEZ, 2018). Muitas organizações tem utilizado

padrões mínimos para mensurar a sustentabilidade quando na verdade deveriam ir além disso para configurar meios eficientes em promover a sustentabilidade (HOURNEAUX JR et al, 2014). O desempenho sustentável pode ser mensurado a partir de indicadores específicos que tratam das questões ambientais, sociais e econômicas, e mensurá-lo é fundamental para a gestão da sustentabilidade nas organizações (HOURNEAUX JR; GABRIEL; VÁZQUEZ, 2018).

Assim como outras organizações as IES estão cientes da importância de observar de perto o desempenho sustentável no campus, buscando ferramentas para auxiliar no desenvolvimento de políticas e programas para este fim (FERREIRA; RIZO; LOPEZ, 2018). Avaliar o desempenho sustentável das atividades exercidas pelas universidades é fundamental para a criação de campus sustentáveis (DISTERHEFT, 2012), uma vez que o impacto das atividades das IES sobre a sustentabilidade está sendo cada vez mais cobrado pelo os

stakeholders dessas instituições (FINDLE et al, 2019).

Para auxiliar na identificação desse impacto diversas ferramentas para avaliação da sustentabilidade foram desenvolvidas, incluindo rankings relacionados ao tema (ABDULLAH et al, 2019; FINDLE et al, 2019). Conforme já mencionado nesse capítulo, rankings relacionados a sustentabilidade são ferramentas que auxiliam na gestão da performance sustentável das universidades (PUERTAS; MARTI, 2019) e, portanto, são levados em consideração como ferramentas para avaliar seu desempenho.

O estudo de Findler et al (2019) analisou 1134 indicadores de 19 diferentes sistemas de classificação, identificando que a maioria deles se concentram apenas nas informações relacionadas ao impacto interno das IES sobre a sustentabilidade, negligenciando os impactos que as IES têm além dos seus limites organizacionais. Outro ponto identificado por alguns autores é que a maioria dos sistemas de avaliação possuem indicadores fortemente focados na sustentabilidade ambiental e negligenciam as questões sociais e econômicas (ALGHAMDI; HEIJER; DE JONGE, 2017; BULLOCK; WILDER 2016).

Alguns autores perceberam que o desempenho das IES nesses sistemas de avaliação pode ser prejudicado a depender do tipo de morfologia do campus. O estudo de Marrone et al., (2018) mostrou que o critério do UIGM relacionado a configuração e infraestrutura do campus pode prejudicar o desempenho de IES com campi difusos (multicampi) com relação as instituições tradicionais (edifícios espalhados por áreas verdes).

Para além desses problemas, também há estudos que mostram a influência positiva desses sistemas para melhorar o desempenho sustentável de IES. Por exemplo, a participação de uma universidade italiana no UIGM instigou a instituição a melhorar seus esforços em diversos aspectos relacionados a sustentabilidade exigidos pelo ranking, incluindo a criação de

um ‘escritório verde’ e um plano de ação ambiental para direcionar as futuras ações da instituição para a sustentabilidade (BARICCO et al, 2018).

O estudo de Nurcahyo et al (2019) identificou uma relação entre os requisitos do ISO 14001 e das categorias associadas aos indicadores do UIGM, mostrando que ambas as ferramentas se mostraram eficientes opara medir e melhorar o desempenho ambiental de IES. A pesquisa de Abdullah et al. (2019) utilizou os critérios do UIGM para observar a pegada de carbono de uma universidade pública da Malásia participante do ranking. Os pesquisadores descobriram que uma edição após a instituição ter iniciado sua participação seu desempenho geral melhorou consideravelmente com relação às outras participantes do país. A partir dos planos e estratégias empregadas pela instituição a emissão de carbono teve um decréscimo considerável.

Outros resultados observados a respeito do desempenho sustentável de IES a partir de parâmetros do UIGM foram identificados no estudo de Marrone et al. (2018). Os autores identificaram que universidades norte americanas e europeias de países desenvolvidos apresentaram melhor desempenho em sustentabilidade em relação àquelas da América do sul, África e Ásia. Ainda assim, os autores citaram o caso da Universidade Federal de Lavras, mencionando que, mesmo fazendo parte de um país recém industrializado, a instituição apresentou um alto nível no seu desempenho sustentável.

O mesmo estudo também mostrou que a média geral dos países recém industrializados nos critérios do ranking é inferior aos resultados de universidade americanas e europeias. Além disso, os países mais ricos da Europa e os que mais investem em pesquisa e desenvolvimento, como Reino Unido, Suécia, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Dinamarca, apresentaram melhor desempenho em sustentabilidade no UIGM (MARRONE et al, 2018).

Em síntese, a participação de IES em rankings universitários de sustentabilidade pode ser considerada uma maneira pela qual essas instituições venham ser consideradas legítimas (JONES, 2017) ao mesmo tempo que contribuem para a sustentabilidade (LAUDER et al., 2015). São ferramentas presentes no novo contexto social que proporcionam informações relevantes para mensurar o desempenho das IES em sustentabilidade (ABDULLAH et al, 2019). O tópico seguinte discute a relação entre as pressões institucionais e a participação das IES em rankings universitários de sustentabilidade.

4.PRESSÕES INSTITUCIONAIS E A PARTICIPAÇÃO DE UNIVERSIDADES EM RANKINGS DE SUSTENTABILIDADE

A teoria institucional enfatiza que as mudanças organizacionais ocorrem devido a dinâmicas exógenas e endógenas no ambiente institucional. Dessa forma, os arranjos institucionais podem tanto dificultar uma mudança (quando há institucionalização), quanto impulsioná-la (COOPER; BLEWITT, 2014). As pressões institucionais são fatores relevantes para compreender a adoção de práticas ambientalmente mais responsáveis (HOEJMOSE; GROSVOLD; MILLINGTON, 2014). Essas pressões podem se tornar motivadores para as organizações que visam obter certificações ambientais e aumentar sua reputação perante clientes, instituições públicas, comunidades locais (DADDI et al., 2016). Estudos mostram que pressões institucionais são uma forte influência para que as organizações adotem práticas de sustentabilidade (DADDI et al., 2016, 2020; HOEJMOSE; GROSVOLD; MILLINGTON, 2014; NIESTEN et al., 2017; SHUBHAM; CHARAN; MURTY, 2018).

As universidades também estão sendo influenciadas por essas pressões, uma vez que são chamadas para contribuir com a sustentabilidade por meio de movimentos, declarações e por meio de participação de rankings direcionados a sustentabilidade. As pressões são importantes pois desencadeiam mecanismos de mudança (COOPER; BLEWITT, 2014), necessários para orientar as IES na busca pela sustentabilidade, trazendo reconhecimento da importância de tornar a sustentabilidade uma meta institucional (CONNER et al., 2018). Argumenta-se aqui que sistemas como rankings universitários de sustentabilidade podem direcionar suas ações para essa contribuição e institucionalização dessas práticas (SHI; LAI, 2013).

A teoria institucional apresenta três tipos de pressões que levam ao isomorfismo organizacional (DIMAGGIO; POWELL, 1983). Na literatura, essas pressões são associadas a implementação de diferentes práticas de sustentabilidade, sendo que as mesmas pressões, podem levar a um posicionamento organizacional e estratégias diferentes (DADDI et al., 2016). Nos tópicos seguintes, as pressões normativas, coercitivas e miméticas são discutidas e os mecanismos de mudanças são associados a como essas pressões levam as IES à adoção de diferentes práticas de sustentabilidade que podem influenciar a sua participação em rankings de sustentabilidade. No final dessa discussão é apresentado um quadro síntese dessa relação (Quadro 4).

4.1 PRESSÕES COERCTITIVAS E A PARTICIPAÇÃO DE UNIVERSIDADES EM