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CAPÍTULO III -APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.5 Apresentação e análise das entrevistas com as professoras

3.5.1 Análise da entrevista com “Professora A”

Ao ser indagada sobre suas propostas pedagógicas embasadas no Modelo Cognitivo- Interacionista, a “Professora A” assegurou que ocorreram avanços em relação ao mundo percebido, consigo mesma e com o outro.

Acredito que sim, pois procuro além de oferecer as atividades, ampliar os conteúdos já existentes nos livros do SME, valorizar o que o aluno já sabe e fazer um link com os novos conteúdos a partir das várias áreas do conhecimento. Acredito que a forma como as atividades nos são apresentadas ajudam a perceber a mim mesma e perceber o aluno nesse contexto. Com isso terá sentido o ensino que quero transmitir para meu aluno quando começa em mim esse entendimento. (PROFESSORA A).

Em relação à sensibilidade nas ações pedagógicas propostas nos livros do SME para a Educação, a “Professora A” ressaltou os momentos de roda de conversa como um “momento de parada para ouvir e perceber cada criança”, momento para estimular “meu aluno a pensar e participar das aulas, porque esses momentos de interação são importantes para consolidar o ampliar da sensibilidade e da percepção em minhas ações pedagógicas”. Esse momento especial está registrado na Figura 22, a seguir:

Figura 22 – Roda de conversa dos alunos com a “Professora A”

Fonte: Colégio Presbiteriano Mackenzie

Esta ação da professora evidenciou os argumentos de Merleau-Ponty (Cf. 2006) sobre a importância da abertura ao contato em perceber o outro. Ao descrever a roda de conversa como um momento de parar para oferecer atenção, sentir as crianças, ouvi-las de forma próxima, demonstra sua sensibilidade e percepção aguçadas da “Professora A”.

Quanto aos momentos de interação, compreensão e reflexão sobre sua prática e aprendizagem dos alunos, evidenciou-se que as ações da “Professora A” embasam-se no Modelo Cognitivo-interacionista (MCI). Suas ações foram significativas e atentas ao que o aluno já sabia, oferecendo também possibilidades de ampliar a sua percepção e o significado na aprendizagem.

Procuro considerar como ponto de partida para a minha ação educativa os conhecimentos que os alunos trazem em função de suas mais variadas experiências. A partir disto, ampliar e aprofundar os conhecimentos fará com que se sintam respeitados em sua capacidade de ser e pensar. Essa interação do aluno com o objeto do conhecimento ampliara a compreensão e reflexão mediante a minha orientação e intervenção. (PROFESSORA A).

A análise mostrou o modo como a “Professora A” conduz as suas ações pedagógicas está alinhado à Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (Cf.1963) pelo aspecto relacional que a caracteriza, além da interação cognitiva dos conhecimentos prévios às novas informações.

Quanto às considerações aos movimentos corporais e propriocepção no espaço escolar, como fatores que contribuem para a aprendizagem das crianças, a “Professora A” afirmou a relevância dessas ações educativas que proporcionaram os movimentos corporais, destacando que essa foi uma forma da criança reconhecer-se a si mesma, perceber as coisas que a rodeavam

e explorar seu corpo no espaço, evidenciando a efetivação do aguçar da percepção e propriocepção caracterizada pelo movimento cinestésico, ratificando o enfatizado por Han et al. (Cf. 2016) quanto à propriocepção ser a fonte mais importante para a promoção do desenvolvimento neural específico, em linha com o que se defende no Modelo Cognitivo- Interacionista.

A relevância desse trabalho com o corpo é uma forma da criança expressar a sua individualidade, reconhecer-se a si mesma no espaço, e perceber as coisas que a rodeiam. As atividades com o corpo podem ser realizadas de maneira lúdica, direcionado num contexto de jogos motores, musicalização, artes e suas linguagens e em todas as áreas que, aliadas às atividades didático-pedagógicas, mostram-se instrumentos educativos imprescindíveis para a aprendizagem infantil. Essas vivências corporais favorecem a aprendizagem, uma vez que por meio delas pode-se experimentar sensações e explorar os movimentos do corpo no espaço, possibilitando uma aprendizagem de maneira significativa para as crianças. (PROFESSORA A).

Figura 23 – Ações educativas com ênfase no movimento cinestésico

Fonte: Colégio Presbiteriano Mackenzie

Quanto às artes e suas linguagens como eixo integrador do currículo, a “Professora A” assegurou que foram “instrumentos educativos imprescindíveis para a aprendizagem infantil”. Destacou que as crianças aprendem fazendo arte e brincando numa relação leve e natural com o mundo que a rodeia. Ressaltou ser um momento de aflorar de emoções, sensações, interações, criatividade e aprendizagens “para uma vida toda”.

As artes e suas linguagens proporcionam um ampliar de possibilidades de inserção ao mundo letrado. As leituras de formas e imagens ajudam a criança a acessar o universo dos símbolos evitando que ela estranhe ou tenha dificuldade mais tarde! Toda a educação se dá de forma processual, e as linguagens da arte, sem dúvida, garantiram um ambiente promissor de alfabetização e letramento. (PROFESSORA A).

A análise dos comentários da “Professora A” ressalta as palavras enfatizadas por Rizolli (Cf. 2005), quando afirmou que a experiência artística contribui para a ocorrência de informações sensoriais e afetivas, possibilitando o perceber, o participar e, enfim, o aprender.

A “Professora A” também comentou que “as artes e suas linguagens proporcionam um ampliar de possibilidades de inserção ao mundo letrado. As leituras de formas e imagens ajudam a criança a acessar o universo dos símbolos evitando que ela estranhe ou tenha dificuldade mais tarde”.

O relato da “Professora A” enfatiza as palavras de Soares (Cf. 1998) sobre a relevância de ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se torne, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. As artes e suas linguagens contribuíram significativamente no processo de alfabetização e letramento das crianças.

Em relação ao desenvolvimento das propostas pedagógicas de modo a garantir a formas de aprendizagem por meio de brincadeiras e interações tendo as linguagens da arte como eixo integrador do currículo a “Professora A” comenta:

[ ] as crianças aprendem enquanto fazem arte e brincam, e a brincadeira faz com que ela tenha uma relação natural com o mundo em sua volta, compartilhando suas emoções, promovendo a socialização e aprendizagem para uma vida toda. As brincadeiras contribuem para o enriquecimento cultural e ampliam as possibilidades de interação entre os alunos. A oportunidade de brincar fazendo arte, seja pintando, cantando, dançando, representando possibilita às crianças um espaço para resolução dos problemas que a rodeiam. Exemplo: para ensinar o reconhecimento do nome próprio da criança, eu brinco com a música “A Canoa Virou e Dança da Cadeira”.

Figura 24 – Aprendizagem por meio das brincadeiras e interações

Fonte: Colégio Presbiteriano Mackenzie

Quanto à contribuição das atividades desenvolvidas para o aguçar da percepção das crianças, com eixo integrador as linguagens da arte (musical, visual, teatral e dança), a “Professora A” asseverou que “a partir do momento que o professor estimula seu aluno a investigar, inventar e explorar, a criança consegue desenvolver sua criatividade proporcionando atividades significativas”, como a apresentação desinibida e corajosa ilustrada na Figura 25.

Figura 25 – Crianças cantando no Sarau da Poesia

Fonte: Colégio Presbiteriano Mackenzie

Quando indagada sobre a contribuição das propostas pedagógicas dos livros didáticos do SME com relação à valorização dos sentidos, a “Professora A” assegurou que tais propostas foram significativas e, de igual forma, os recursos didáticos para ampliar as formas sensoriais utilizadas pela criança na exploração dos objetos. Relatou ainda o uso de formas mais lúdicas de interação entre os alunos mediante as propostas de exploração dos sentidos.

Para exemplificar a ampliação do perceber, da compreensão e da reflexão de conceitos (resolução de problemas) por parte das crianças nas aulas, a “Professora A” trouxe como exemplo prático os passos dados para desenvolver uma atividade proposta no livro do SME, sobre agrupamentos:

Primeiro verifiquei os conhecimentos prévios dos alunos, fiz toda a contextualização do que são agrupamentos, trabalhando com botões. Depois de trabalharmos bastante no concreto, fizemos agrupamentos. A partir dessa contextualização as crianças conseguiram entender o que era agrupamento [ ]. Para reforçar essa aprendizagem, a partir da compreensão das crianças em relação ao agrupamento por atributo de cores, desenvolvemos uma atividade de artes com o título ‘a primavera floresceu no Jardim I’ com o material que tínhamos dos botões agrupados por criança. Sempre procuro dialogar com várias áreas do conhecimento para de fato ocorrer a aprendizagem significativa. (PROFESSORA A)

Como resultado dessa atividade, instalou-se uma linda exposição com trabalhos desenvolvidos pelas crianças, registrada na Figura 26, a seguir:

Figura 26 – Instalação “A primavera floresceu no Jardim I”

Fonte: Colégio Presbiteriano Mackenzie

Entretanto, a “Professora A” frisou a responsabilidade do professor em “propiciar uma aula prazerosa, seja com músicas, exercícios, jogos, entre outras atividades, trabalhando didaticamente a aprendizagem de forma divertida, e ao mesmo tempo significativa”, evidenciando o que enfatizou Ausubel (Cf. 2003) ao ressaltar o importante papel do professor em oferecer novos conhecimentos potencialmente significativos para que o aluno aprenda.

Quanto à aprendizagem dos alunos, a professora qualificou a ocorrência como Aprendizagem Significativa, pois, segundo ela, os conhecimentos prévios das crianças foram sempre considerados num processo relacional em que “as crianças participaram tanto que

envolveram até a família. Esse foi o resultado que de fato houve aprendizagem significativa, pois foi conquistada por meio das interações” (PROFESSORA A).

A “Professora A” comentou a respeito da participação do avô de uma criança que foi até a sala de aula compartilhar de suas experiências e conhecimentos sobre pescaria, um outro tema apresentado pelo livro do SME e, segundo a professora, “[ ] Elas aprenderam de verdade e com significado” naquele momento, como ilustra a Figura 27, a seguir.

A análise dos dados evidenciou o enfatizado por Masini (Cf. 2003) quando discorreu sobre os vários pontos da Teoria de Ausubel que oferecem perspectivas para o assessoramento a professores e atendimento ao aluno, dentre eles o processo relacional e o esclarecimento que a aprendizagem do aluno só poderá ser adquirida com clareza, se apoiada (ou ancorada) naquilo que ele já sabe.

Figura 27– Ocorrência de aprendizagem significativa

Fonte: Colégio Presbiteriano Mackenzie

A Teoria da Aprendizagem Significativa esteve presente na prática pedagógica da “Professora A” e em suas afirmações.