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CAPÍTULO II PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 Caracterização da pesquisa

O desenvolvimento da presente pesquisa mostra consistência do ponto de vista metodológico com as explanações de Richardson (Cf.1999) de que a pesquisa qualitativa, ao contrário da quantitativa não se preocupa em enumerar ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico sofisticado no processo de análise dos dados. Para esse autor, na abordagem qualitativa, a preocupação não se encontra em numerar, medir variáveis ou correlacioná-las, mas sim em identificar tais variáveis numa perspectiva de interação. Nesse sentido, Godoy (2007, p.353) afirma:

Em estudo qualitativo, o pesquisador parte de questões ou focos de interesse amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos e narrativos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos, segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo.

A abordagem qualitativa requer do pesquisador o exercício de reflexão constante, um dos aspectos mais atrativos do trabalho científico, segundo Rey (Cf. 2005), e ainda, como salienta Bryman (Cf.2004), a pesquisa qualitativa mostra a capacidade de um pesquisador de “ver através dos olhos” do outro e interpretar eventos a partir de seu ponto de vista. Para Richardson (1999, p.80)

Em geral, as investigações que se voltam para uma análise qualitativa, têm como objeto situações complexas ou estritamente particulares. Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar o processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento de particularidades do comportamento dos indivíduos.

Todas as respostas dadas na entrevista (Apêndices 1 e 2) foram analisadas considerando- as em sua complexidade no processo de interação dos sujeitos no ambiente escolar, de forma consciente sobre a diversidade de valores, sentimentos e percepções dos sujeitos sobre a temática investigada. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa tem a contribuir, visto que possibilita

a análise hermenêutica que viabiliza a compreensão do fenômeno estudado. Nas palavras de Richardson (1999, p.79) “a abordagem qualitativa de um problema [...] justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social [...]”.

Ainda no sentido de caracterização, ressalta-se também que segundo Vergara (Cf.2005) a pesquisa pode ser qualificada considerando dois aspectos: quanto ao fim e quanto aos meios de investigação. A autora salienta que, quanto aos fins, a pesquisa pode ser: Exploratória; Descritiva; Explicativa; Metodológica; Aplicada e Intervencionista. Quanto aos meios de investigação, esses podem ser: Pesquisa de Campo; Pesquisa de Laboratório; Documental; Bibliográfica; Experimental; Ex post facto; Participante; Pesquisa-Ação e Estudo de Caso.

Como mencionado, a abordagem qualitativa de pesquisa com natureza exploratória, conforme ressaltam Prodanov e Freitas (Cf. 2013), tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto investigado, possibilitando sua definição e seu delineamento, na perspectiva de facilitar a delimitação do tema da pesquisa, orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Para tal, asume- se, em geral, as formas de pesquisa de campo e estudos de caso.

Salienta-se que, segundo Bogdan e Biklen (1994, p.47), a pesquisa qualitativa apresenta cinco características básicas que constituíram esta investigação:

1. Na investigação qualitativa a fonte direta dos dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal;

2. A investigação qualitativa é descritiva;

3. Os investigadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos;

4. Os investigadores qualitativos tendem a analisar seus dados de forma indutiva; 5. O significado é vital na abordagem qualitativa.

Nesta pesquisa, os dados foram coletados por meio de utilização conjunta de entrevistas e análise de documentos e registros escritos, assim como de documentação fotográfica no ambiente em que o fenômeno ocorreu: Escola de Educação Infantil do Colégio Presbiteriano Mackenzie do bairro Higienópolis em São Paulo e Colégio Comenius situado em Uberaba, Minas Gerais, pois os professores dessas escolas utilizam os livros didáticos do Sistema Mackenzie de Ensino. Os sujeitos de pesquisa foram escolhidos pela relevância da experiência

vivida nas escolas com as crianças e pelo envolvimento com práticas pedagógicas que tem como norte os livros didáticos do SME cujo modelo pedagógico é o Cognitivo-Interacionista, foco desta investigação.

Os instrumentos de pesquisa visam descrever e interpretar os dados coletados dos sujeitos, num movimento de contínua reflexão. A valorização do processo se deu consoante uma percepção mais aguçada sobre o contexto em que as entrevistas foram realizadas e as respostas obtidas, enfatizando que o caminho percorrido desvela contribuições primorosas para a pesquisa antes de qualquer possível resultado esperado, pois é neste trilhar que passo a passo emergem os êxitos do processo educacional e as possíveis necessidades de melhorias e mudanças, embora, caiba bem ressaltar que, somente as pessoas envolvidas no processo tem reais condições de percebê-lo. Como observam Bogdan e Biklen (1994, p.265):

Os indivíduos que tentam modificar a educação, quer seja numa dada sala de aula ou em todo o sistema educativo, raramente sabem o que pensam as pessoas envolvidas no processo. Consequentemente, são incapazes de antecipar com precisão a forma como os participantes irão reagir. Caso desejemos que a mudança seja efetiva, temos que compreender a forma como os indivíduos envolvidos entendem a sua situação, pois são eles que terão que viver com as mudanças. É exatamente a estes aspectos humanos da mudança que as estratégias de investigação qualitativa abordam. Esta perspectiva obriga-nos a ver o comportamento no seu contexto e não privilegia os resultados em detrimento dos processos.

Pela natureza do trabalho, a análise se deu de forma mais indutiva, por meio do agrupamento dos dados na perspectiva da busca do significado, ensejado na sua forma objetiva, porém, com a inevitabilidade da percepção pelas lentes da pesquisadora, caracterizando, desta forma, a “não neutralidade” do pesquisador (Cf.ANDRÉ, 2005).

Segundo Lüdke e André (Cf.1986), analisar os dados durante a pesquisa de forma qualitativa significa “trabalhar” todo o material obtido. Os dados selecionados, observados e descritos foram delimitados pelos objetivos da pesquisa e pelo recorte do projeto denominado Princípio do Saber, inicialmente, proposto para a Educação Infantil de todas as escolas parceiras do SME.