• Nenhum resultado encontrado

3 CASUÍSTICA E MÉTODO

3.7. Análise Estatística

Os dados coletados foram tabulados em planilhas do tipo Excel® Microsoft for Windows, e após o término da coleta, foram submetidos à análise estatística através do software SPSS 16.0 for Windows.

Os testes estatísticos aplicados foram:

- Teste do Qui-quadrado de Pearson: utilizado para verificar a presença de associação entre duas variáveis qualitativas, verificando se a distribuição de frequências de uma variável foi semelhante nos grupos de estudo.

-Teste da partição do Qui-quadrado de Pearson: foi utilizado para localizar a categoria responsável por um resultado significante no teste do qui-quadrado, servindo para identificar o(s) grupo(s) com distribuição de frequência diferente dos demais.

- Mann-Whitney: utilizado para comparar a mediana entre dois grupos independentes. - Teste Exato de Fisher: utilizado para avaliar associação entre variáveis qualitativas em tabelas 2x2, nas quais o teste Qui-quadrado não é adequado, pelo fato de ter sido observada uma ou mais frequências esperadas menores do que cinco.

- Generalização do Teste Exato de Fisher: análogo ao Teste Exato de Fisher, porém foi utilizado nos casos em que a dimensão da tabela a ser avaliada era maior do que dois. Esse cálculo foi realizado com auxílio do software STATA 8.2 for Windows.

- Teste da Razão de Verossimilhança: utilizado para avaliar associação entre variáveis qualitativas em situações nas quais o teste do Qui-quadrado não foi adequado e o software estatístico não foi capaz de detectar o valor de significância da Generalização do Teste Exato de Fisher, devido ao tamanho da amostra e ou a dimensão da tabela avaliada.

- Razões de Prevalência (RP): foram calculadas com obtenção do acesso venoso, ou complicações, como variável dependente. Na análise multivariada a RP e seu respectivo intervalo de confiança a 95% (IC 95%), foi estimado utilizando o Modelo Linear Generalizado (GLM) com distribuição binomial e função de ligação logarítmica. Toda a análise foi realizada no programa STATA 8.2.120-121

Em todos os testes fixou-se em 5% o nível para a rejeição da hipótese de nulidade (α=0,05). Portanto, valores de níveis descritivos iguais ou inferiores a esse valor (p ≤ 0,05) foram considerados estatisticamente significantes.

4 RESULTADOS

Os resultados desta investigação estão apresentados segundo o estudo das variáveis de caracterização dos grupos, relativas às características das crianças, da TIV e dos profissionais executantes da punção venosa, e das variáveis dependentes referentes ao índice de obtenção do acesso venoso periférico, à assertividade, ao tempo de permanência do CIP e à ocorrência de complicações da TIV.

É oportuno esclarecer que, por ocasião do planejamento da pesquisa, estimou-se o estudo de 969 punções venosas periféricas, para atingir um poder de estudo de 80,0%, entretanto, devido às limitações do tempo de coleta de dados da pesquisa e de custo, houve a necessidade de redução da amostra, sendo estudadas 382 punções, 188 (49,2%) do GE e 194 (50,8%) do GC, realizadas em 335 crianças com idade entre 12 dias e 17 anos.

O tamanho da amostra de 382 PVP, apresenta um poder de estudo de 47,2%, com relação à variável obtenção do acesso venoso, para detectar poder do efeito de 0,096, utilizando um grau de liberdade do Teste do Qui-quadrado, com nível de significância de 0,050.

4.1. Variáveis de Caracterização dos Grupos de Estudo 4.1.1. Variáveis relativas às crianças

As variáveis idade, gênero, cor da pele, grau de nutrição e potencial de contaminação da cirurgia foram utilizadas, tanto para descrição das crianças atendidas na unidade em estudo, como para caracterização dos grupos de pesquisa em relação a estas variáveis.

Tabela 1: Distribuição das características demográficas das crianças, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Variáveis GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) p Idade (anos) 0,028a Mediana (Q1 – Q3) 8,2 (4,8 - 12,5) 7,2 (3,9 - 10,6) Mínimo - Máximo 0,03 - 17,8 0,04 - 16,6 Gênero 0,891b Feminino 83 (44,1) 87 (44,8) Masculino 105 (55,9) 107 (55,2) Cor da pele 0,147c Branca 78 (41,5) 97 (50,0) Parda 83 (44,1) 69 (35,6) Preta 27 (14,4) 26 (13,4) Vermelha - 2 (1,0) Amarela - - Grau de nutrição 0,698b Eutrofia 156 (83,0) 160 (82,5) Desnutrição 22 (11,7) 20 (10,3) Sobrepeso 10 (5,3) 14 (7,2)

Potencial de contaminação da cirurgia 0,714b

Limpa 50 (26,6) 55 (28,3)

Potencialmente contaminada 110 (58,5) 110 (56,7)

Contaminada 22 (11,7) 19 (9,8)

Infectada 6 (3,2) 10 (5,2)

Legenda: Q1 - 1º Quartil; Q3 - 3º Quartil; a – Teste de Mann-Whitney; b – Teste do Qui-quadrado; c - Generalização do Teste Exato de Fisher.

Os grupos de estudo foram compostos predominantemente por meninos, eutróficos, submetidos a cirurgias potencialmente contaminadas, com distribuição semelhante entre os grupos.

A distribuição da cor da pele demonstrou maior frequência de crianças com cor da pele branca no GC e crianças com cor da pele parda no GE. Entretanto, de acordo com a Tabela 1, o resultado do teste estatístico não demonstrou diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,147).

Com relação à variável idade, a mediana do GE foi maior do que a do GC, entretanto, mantendo-se nos dois grupos na faixa etária escolar. O teste estatístico aplicado demonstrou diferença estatisticamente significante (p=0,028), o que pode ser visualizado na Figura 22.

GE GC Grupos de Estudo 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Id ad e (a no s) d as C ri an ça s

Figura 22: Idades (anos) das crianças, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

De acordo com os resultados apresentados na Figura 22, é possível observar que as crianças que compuseram o GE apresentaram média maior de idade quando comparadas às crianças do GC.

Desta forma, com relação às variáveis relativas às crianças que participaram do estudo, verifica-se que a maioria encontrava-se na faixa etária escolar, com predominância de crianças Teste de Mann-Whitney p=0,028

mais jovens no GC, do sexo masculino, com cor da pele branca principalmente no GC e parda no GE, eutróficas e submetidas a cirurgias potencialmente contaminadas.

4.1.2. Variáveis relativas à terapia intravenosa

A seguir, os resultados que se referem às variáveis relativas à TIV, são apresentados em duas partes. A primeira parte trata das características do uso da TIV antes do início da participação da criança no estudo, como uso prévio de TIV, período pregresso de utilização da TIV, tempo desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC, uso prévio de CVC, antecedentes de complicações da TIV, tipos de complicações, condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações e tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações.

A segunda parte apresenta as variáveis relacionadas à TIV atual, a saber, condição da rede venosa periférica, dominância lateral, calibre do cateter, garroteamento do membro, método de punção venosa, número de tentativas de punção, motivo do insucesso da primeira e da última PVP, vaso sanguíneo de inserção do cateter, local de instalação do cateter, reposicionamento do cateter, uso de tala, forma de infusão da terapia intravenosa, método de infusão das soluções e fármacos, tipo de infusão, soluções e fármacos de risco para complicações, número de soluções, número de fármacos e motivo da retirada do cateter antes da alta do tratamento.

Figura 23: Uso prévio de TIV, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

No que diz respeito ao uso prévio de TIV, a Figura 23 mostra que a maioria das crianças que participou do estudo já a havia utilizado, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos.

Das 188 crianças que receberam PVP e compuseram o GE, 145 (77,1%) já haviam utilizado TIV e das 194 do GC, 150 (77,3%) haviam recebido tal terapia previamente, assim, na Tabela 2, apresentam-se os dados referentes à distribuição, nos grupos de estudo, do período de utilização de TIV, tempo desde a última utilização e tipo de cateteres intravenosos utilizados.

Tabela 2: Período pregresso de utilização de terapia intravenosa, tempo desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC e uso prévio de CVC, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Variáveis GE (n=145) GC (n=150)

f (%) f (%) p

Período pregresso de utilização de

TIV (dias) 0,421a

Mediana (Q1 – Q3) 3 (1 - 10) 3 (1 - 7) Mínimo - Máximo 1 - 100 1 - 90

(continua) Teste do Qui-quadrado p=0,964

(conclusão)

Variáveis GE (n=145) GC (n=150)

f (%) f (%) p

Tempo desde a última utilização

(dias) 0,741a

Mediana (Q1 – Q3) 365 (90 - 1095) 365 (90 - 1095) Mínimo - Máximo 1 - 6205 1 - 4380

Uso prévio de CIP 1,000b

Sim 144 (99,3) 149 (99,3)

Não 1 (0,7) 1 (0,7)

Uso prévio de PICC 0,754c

Sim 10 (6,9) 9 (6,0)

Não 135 (93,1) 141 (94,0)

Uso prévio de CVC 0,332c

Sim 13 (9,0) 9 (6,0)

Não 132 (91,0) 141 (94,0)

Legenda: Q1 - 1º Quartil; Q3 - 3º Quartil; a – Teste de Mann-Whitney; b - Teste Exato de Fisher; c – Teste do Qui-

quadrado.

Pode-se verificar na Tabela 2 que as características investigadas não apresentaram diferenças significantes entre os grupos e que a maioria das crianças utilizou TIV por curtos períodos de tempo (mediana de três dias), administrada por CIP há cerca de um ano.

Apesar da mediana do tempo entre a última utilização de TIV e a atual ser de um ano, destaca-se que algumas crianças a utilizaram até um dia antes do início do estudo.

A seguir, os antecedentes de complicações da TIV apresentados pelas crianças no momento da inclusão no estudo, durante a avaliação da condição da rede venosa periférica, são mostrados na Figura 24 e na Tabela 3.

Figura 24: Antecedentes de complicações da terapia intravenosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

A Figura 24 mostra que 33 (17,6%) crianças do GE e 30 (15,5%) crianças do GC apresentaram complicações da TIV antes da participação no estudo, distribuídas sem diferença estatística nos grupos (p=0,582).

Tabela 3: Tipos de complicações prévias da terapia intravenosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Tipos de Complicações GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) p Hematoma 0,914a Presente 21 (11,2) 21 (10,8) Ausente 167 (88,8) 173 (89,2) Grau do hematoma 0,707a Leve 17 (81,0) 16 (76,2) Moderado 4 (19,0) 5 (23,8) (continua) Teste do Qui-quadrado p=0,582

(conclusão) Flebite 0,685b Presente 2 (1,1) 4 (2,1) Ausente 186 (98,9) 190 (97,9) Grau de flebite 0,600c I 1 (50,0) 3 (75,0) II - 1 (25,0) III 1 (50,0) - Infiltração 0,322a Presente 12 (6,4) 8 (4,1) Ausente 176 (93,6) 186 (95,9) Grau de infiltração >0,999b I 5 (41,7) 4 (50,0) II 7 (58,3) 4 (50,0) Equimose 0,545a Presente 8 (4,3) 6 (3,1) Ausente 180 (95,7) 188 (96,9)

Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b - Teste Exato de Fisher; c - Generalização do Teste Exato de Fisher.

Com relação ao tipo de complicação prévia apresentada, a mais verificada foi a ocorrência de hematoma (GE – 11,2%, GC – 10,8%), sem diferença estatística entre os grupos de estudo (p=0,914). A classificação da gravidade desta complicação, decorrente da avaliação clínica do enfermeiro, resultou na maioria de grau leve, sem diferença entre os grupos.

Identificou-se presença de infiltração em 20 crianças, seguida pela equimose em 14 crianças e flebite observada em seis, sem diferença estatística entre os grupos (p=0,322, p=0,545 e p=0,685, respectivamente).

Portanto, quanto à ocorrência prévia de complicações da TIV, dentre as observadas verificou-se presença em 82 (21,5%) crianças que participaram do estudo, sendo o hematoma e a infiltração as complicações mais frequentes.

A Figura 25 apresenta a distribuição de condições da criança predisponentes ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações.

Figura 25: Condição da criança predisponente ao insucesso da punção venosa e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Na Figura 25 é possível constatar que 70 (37,2%) crianças do GE e 79 (40,7%) do GC apresentavam alguma condição predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos de estudo (p=0,485).

A seguir, os dados da Tabela 4 ilustram quais condições predisponentes para o insucesso da punção e para a ocorrência de complicações foram observadas nas crianças que participaram do estudo.

Tabela 4: Tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da punção venosa e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tipo de Condição GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) p Prematuridade 0,503a Presente 3 (1,6) 6 (3,1) Ausente 185 (98,4) 188 (96,9) Doença crônica 0,859b Presente 48 (25,5) 48 (24,7) Ausente 140 (74,5) 146 (75,3) Doença vascular >0,999a Presente - 1 (0,5) Ausente 188 (100,0) 193 (99,5) Agitação psicomotora 0,596a Presente 20 (10,6) 24 (12,4) Ausente 168 (89,4) 170 (87,6) Hiperatividade 0,800b Presente 5 (2,7) 6 (3,1) Ausente 183 (97,3) 188 (96,9) Infecção 0,499a Presente - 2 (1,0) Ausente 188 (100,0) 192 (99,0) Espasmos musculares 0,369b Presente 7 (3,7) 11 (5,7) Ausente 181 (96,3) 183 (94,3) Ausência de acompanhante - Presente - - Ausente 188 (100,0) 194 (100,0) Recusa à TIV 0,118a Presente 3 (1,6) - Ausente 185 (98,4) 194 (100,0) (continua)

(conclusão) Tipo de Condição GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) p Outros >0,999a Presente 4 (2,1) 5 (2,6) Ausente 184 (97,9) 189 (97,4)

Legenda: a - Teste Exato de Fisher; b - Teste do Qui-quadrado.

Dentre as condições que poderiam predispor ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações, foram observadas a presença de prematuridade, doença crônica, doença vascular, agitação psicomotora, hiperatividade, infecção, espasmos musculares e recusa à TIV.

Na categoria outros, foram identificados relatos de sudorese intensa, múltiplas cicatrizes de punções, deficiência auditiva, desidratação e jejum prolongado.

De acordo com os dados expressos na Tabela 4, verifica-se que os dois grupos não apresentaram diferença estatisticamente significante segundo estas condições (p>0,05).

A condição ausência de acompanhante foi elencada devido à possível relação que apresenta com o insucesso do procedimento e a ocorrência de complicações, entretanto não apresentou frequência neste estudo.

A Figura 26 mostra a presença de características do tratamento predisponentes ao insucesso da PVP e à ocorrência de complicações, instituído previamente às crianças que participaram do estudo.

Figura 26: Característica do tratamento predisponente ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Na Figura 26 nota-se que a presença de características do tratamento prévio, predisponentes ao insucesso da PVP e à ocorrência de complicações, obteve frequência estatisticamente semelhante nos grupos de estudo (p=0,595), sendo que 47 (25,0%) crianças que receberam PVP e compuseram o GE e 44 (22,7%) do GC, apresentaram alguma característica do tratamento prévio que poderia predispor ao insucesso e complicações, sendo tais características detalhadas na Tabela 5, a seguir.

Tabela 5: Tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Tipo de Característica GE (n=188) GC (n=194)

f (%) f (%) p

Tratamento cirúrgico prolongado 0,066a

Presente 35 (18,6) 23 (11,9)

Ausente 153 (81,4) 171 (88,1)

Terapia intravenosa prolongada 0,892a

Presente 31 (16,5) 31 (16,0)

Ausente 157 (83,5) 163 (84,0)

Uso de fármacos vesicantes 0,494a

Presente 15 (8,0) 12 (6,2)

Ausente 173 (92,0) 182 (93,8)

Sinais de lesão da pele 0,856a

Presente 8 (4,3) 9 (4,6)

Ausente 180 (95,7) 185 (95,4)

Outros >0,999b

Presente 2 (1,1) 2 (1,0)

Ausente 186 (98,9) 192 (99,0)

Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b - Teste Exato de Fisher.

Os dados apresentados na Tabela 5 mostram distribuição sem diferença estatística entre as características do tratamento previamente recebido pelas crianças, que poderiam predispor ao insucesso da PVP e à ocorrência de complicações (p>0,05).

Vale ressaltar que o grupo experimental apresentou maior porcentagem de crianças submetidas a tratamento cirúrgico prolongado (18,6%) quando comparado ao grupo controle (11,9%), entretanto o teste estatístico não evidenciou tal diferença, apresentando significância marginal (p=0,066).

Com relação ao uso de terapia intravenosa prolongada, fármaco vesicante e sinais de lesão da pele, não foram observadas diferenças significantes entre os grupos (p=0,892, p=0,494 e p=0,856, respectivamente).

A categoria outros, segundo os dados primários, referem-se à frequente infusão de hemoderivados.

Quanto às características do tratamento instituído previamente às crianças que participaram do estudo, observa-se maior frequência de tratamento cirúrgico prolongado, o que favorece maior utilização de TIV, com possível relação com as variáveis dependentes investigadas.

A seguir é apresentado o estudo das variáveis relacionadas à TIV atual, iniciando-se pela investigação das condições da rede venosa periférica das crianças submetidas à punção venosa, a partir da avaliação clínica realizada pelos enfermeiros, antes do procedimento.

Tabela 6: Condição da rede venosa periférica, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Condição da Rede Venosa Periférica

GE (n=188) GC (n=194)

f (%) f (%) p

Mão direita 0,068a

Visível e ou palpável 175 (93,1) 186 (95,9) Não visível e ou palpável 13 (6,9) 6 (3,1)

Não disponível - 2 (1,0)

Mão esquerda 0,036a

Visível e ou palpável 178 (94,7) 181 (93,3) Não visível e ou palpável 10 (5,3) 7 (3,6)

Não disponível - 6 (3,1)

(conclusão) Condição da Rede Venosa

Periférica

GE (n=188) GC (n=194)

f (%) f (%) p

Membro superior direito 0,007a

Visível e ou palpável 175 (93,1) 189 (97,4) Não visível e ou palpável 13 (6,9) 3 (1,6)

Não disponível - 2 (1,0)

Membro superior esquerdo 0,018a

Visível e ou palpável 179 (95,2) 187 (96,4) Não visível e ou palpável 9 (4,8) 3 (1,5)

Não disponível - 4 (2,1)

Pé direito 0,496a

Visível e ou palpável 165 (87,8) 174 (89,7) Não visível e ou palpável 16 (8,5) 11 (5,7) Não disponível 7 (3,7) 9 (4,6)

Pé esquerdo 0,454a

Visível e ou palpável 166 (88,3) 174 (89,7) Não visível e ou palpável 16 (8,5) 11 (5,7) Não disponível 6 (3,2) 9 (4,6)

Membro inferior direito 0,571a

Visível e ou palpável 162 (86,2) 169 (87,1) Não visível e ou palpável 19 (10,1) 15 (7,7) Não disponível 7 (3,7) 10 (5,2)

Membro inferior esquerdo 0,473a

Visível e ou palpável 163 (86,7) 169 (87,1) Não visível e ou palpável 19 (10,1) 15 (7,7) Não disponível 6 (3,2) 10 (5,2)

Região cefálica 0,388a

Visível e ou palpável 3 (1,6) 5 (2,6) Não visível e ou palpável 2 (1,1) - Não disponível 183 (97,3) 189 (97,4) Legenda: a – Generalização do Teste Exato de Fisher.

Verifica-se na Tabela 6 que a maior parte das avaliações da rede venosa das crianças que participaram do estudo, permitiram identificar que eram visíveis e ou palpáveis, com exceção da região cefálica que predominou como local não disponível, o que está relacionado com a faixa etária das crianças.

Identificou-se diferença estatisticamente significante entre os dois grupos de estudo para mão esquerda (p=0,036), membro superior direito (p=0,007) e membro superior esquerdo (p=0,018). Para a mão direita, a generalização do teste Exato de Fisher evidenciou diferença marginalmente significante (p=0,068), com predominância de avaliações visíveis e ou palpáveis nos grupos de estudo.

Vale ressaltar que o GC apresentou maior número de avaliações da rede venosa como não disponível, reduzindo a disponibilidade de sítios de punção, e as crianças do GE apresentaram menor número de avaliações de rede venosa visível e ou palpável.

Quanto à dominância lateral das crianças que participaram do estudo, a Tabela 7 apresenta os dados referentes a este estudo, independente do local em que foram realizadas as punções.

Tabela 7: Dominância lateral das crianças, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Dominância Lateral GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) p Direita 157 (83,5) 138 (71,1) 0,015a Esquerda 12 (6,4) 20 (10,3) Não determinada 19 (10,1) 36 (18,6) Legenda: a – Teste do Qui-quadrado.

Na Tabela 7 observa-se associação estatisticamente significante entre a dominância lateral da criança e o grupo de estudo (p=0,015). Prosseguindo-se a análise através de partições do teste do Qui-quadrado, verificou-se que a distribuição da dominância lateral esquerda e a dominância não determinada, não apresentaram diferença significativa entre os dois grupos (p=0,781). Dessa forma, pode-se calcular que houve maior proporção de punções em crianças

nas quais o membro dominante era o direito no grupo experimental, quando comparado ao grupo controle (p=0,004).

A Tabela 8 exibe os dados relativos ao estudo do calibre do cateter, garroteamento do membro e método de punção venosa.

Tabela 8: Calibre do cateter, garroteamento do membro e método de punção venosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Variáveis GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) p Calibre do cateter 0,783a 24 G 155 (82,4) 162 (83,5) 22 G 33 (17,6) 32 (16,5) Garroteamento do membro >0,999b Sim 186 (98,9) 191 (98,5) Não 2 (1,1) 3 (1,5)

Método de punção venosa 0,625a

Direto 71 (37,8) 78 (40,2)

Indireto 117 (62,2) 116 (59,8)

Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b – Teste Exato de Fisher.

É possível observar que, de acordo com os dados apresentados na Tabela 8, independente do grupo de estudo, houve maior proporção de cateteres de calibre 24 G, mantendo distribuição estatisticamente semelhante entre os dois grupos avaliados (p=0,783).

Em relação ao garroteamento do membro, nota-se que houve um predomínio do seu uso, com distribuição estatisticamente semelhante entre os grupos (p>0,999).

Quanto ao método de punção venosa, os dados mostram que em ambos os grupos houve maior proporção de punções pelo método indireto, com proporção observada no GE ligeiramente maior do que no GC, porém sem significância estatística (p=0,625).

É possível constatar predominância de cateteres de calibre 24 G, garroteamento do membro e punções pelo método indireto.

A seguir, a Tabela 9 mostra os resultados relativos ao número de tentativas de punção necessárias para obtenção do acesso venoso periférico.

Tabela 9: Número de tentativas de punção, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Número de Tentativas de Punção GE (n=161) GC (n=178)

f (%) f (%) p 1 102 (63,3) 117 (65,7) 0,430a 2 38 (23,6) 46 (25,9) 3 17 (10,6) 10 (5,6) 4 4 (2,5) 4 (2,2) 5 - 1 (0,6)

Legenda: a - Generalização do Teste Exato de Fisher.

A Tabela 9 exibe a distribuição, nos grupos de estudo, do número de tentativas de punção até a obtenção do acesso venoso periférico, sendo possível identificar que, do total de 339 obtenções de acesso venoso periférico, 157 (97,6%) do GE e 173 (97,2%) punções do GC, obtiveram sucesso até a terceira tentativa, resultado que evidencia grupos estatisticamente semelhantes quanto a este aspecto (p=0,430).

Vale ressaltar que, para a execução da coleta de dados da pesquisa, segundo os dados primários, foram utilizados 528 cateteres 24 G e 83 cateteres 22 G, sendo 311 cateteres no GE e 302 no GC, de acordo com o número de tentativas necessárias à realização do procedimento.

As Figuras 27 e 28 apresentam os motivos do insucesso da punção na primeira e na última tentativa, respectivamente, segundo os profissionais responsáveis pelo procedimento.

Figura 27: Motivo do insucesso da primeira punção, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Obtiveram-se 102 (63,3%) punções com sucesso na primeira tentativa dentre as 188 realizadas no GE, e em 117 (65,7%) das 194 PVP do GC.

Quanto aos motivos do insucesso da punção na primeira tentativa, os dados da Figura 27, mostram que o principal motivo foi a ocorrência de hematoma, seguido pela transfixação do

Generalização do Teste Exato de Fisher p= 0,857

vaso, punção ineficaz e obstrução do cateter, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,857).

Com relação aos outros motivos de insucesso, segundo os dados primários, foram observadas três (3,5%) punções arteriais no GE. No GC foram descritas cinco (6,5%) situações, sendo duas de agitação da criança e três ocorrências de punção arterial.

Figura 28: Motivo do insucesso da última punção, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008

Generalização do Teste Exato de Fisher P= 0,937

De modo semelhante, o principal motivo de insucesso da PVP foi a ocorrência de hematoma, seguido por transfixação do vaso e punção ineficaz, com distribuição estatisticamente similar entre os grupos (p=0,937). Observou-se a ausência de obstrução do cateter como motivo

Documentos relacionados