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A pesquisa ora analisada é fruto da aplicação de um questionário junto aos responsáveis pelas PME que encerraram as actividades, de forma precoce, na cidade do Mindelo – SV, cujo objectivo consiste em avaliar as principais causas da mortalidade dessas empresas.

Num universo de 34 empresas, enviamos 20 questionários, dos quais se obteve resposta somente de 15 inquiridos, sendo que 87% da amostra são do sexo masculino e os 13% restantes do sexo feminino, conforme se pode constatar no gráfico nº1 que se segue abaixo.

Gráfico nº 1 - Sexo

Fonte: Análise do Autor

Logo, é logico perante aos olhos dos leitores que a tendência ao fechamento das empresas inclina-se mais para o sexo masculino, talvez também, por estes serem os que mais abrem as empresas em São Vicente.

Rosilda Lima Fortes 66 Gráfico nº 2 - Idade

Fonte: Análise do Autor

De acordo com o gráfico nº 2 há uma acentuada concentração dos proprietários e/ou gerentes nas faixas etárias entre os 36 e 40 anos de idade, e dos 41 aos 50 anos de idade correspondendo ambos quase o mesmo percentual de 26% e 27% dos inquiridos. O resto dos colaboradores distribui-se por outras faixas etárias: 20% dos inquiridos têm idade entre 31 e 35 anos, 13% dos inquiridos têm mais de 60 anos, e 7% dos inquiridos igualmente têm idade compreendida entre 25 e 30 anos e entre 51 e 60 anos.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 25 - 30 Anos 31 - 35 Anos 36 - 40 Anos 41 - 50 Anos 51 - 60 Anos > 60 Anos 7% 20% 26% 27% 7% 13%

Rosilda Lima Fortes 67 Gráfico nº 3 - Habilitação escolar

Fonte: Análise do autor

De acordo com o grau académico dos inquiridos, podemos verificar a seguinte distribuição:

Licenciatura e Ensino secundário completo, estão representados ambos por 26,7%, com Mestrado e Ensino secundário incompleto 20%, e Ensino primário completo 6,7% dos inquiridos;

Isso leva a concluir segundo o gráfico que, quanto maior o nível de escolaridade, maior é a chance de mortalidade, mas que por mera vontade não se pode adiantar a ideia, pois normalmente pode-se relacionar a ideia de maior nível de escolaridade versus maior vontade e autonomia, e maior experiencia versus maior nível de risco, e em alguns casos, isso leva como consequência final a mortalidade, caso este, que é pode ser evitado por pessoas contrárias (com menor nível de escolaridade e menos experiencia, e por conseguinte menos vontade de arriscar num próprio negocio).

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 Ensino primário completo

Ensino secundário incompleto Ensino secundário completo Licenciatura Mestrado 6,7 20,0 26,7 26,7 20,0

Rosilda Lima Fortes 68 Gráfico nº 4 - Formação profissional

Fonte: Análise do autor

Questionado aos nossos inquiridos acerca de possuírem ou não formação profissional, 73% dizem ter formação profissional, ambos distribuídos nas áreas técnicas, económicas e sociais, e 27% destes dizem não possuir nenhum tipo de formação profissional.

Gráfico nº 5 - Ocupação anterior a abertura a empresa?

Fonte: Análise do autor

Imediatamente antes de abrirem seu negócio, cerca de 40% dos inquiridos eram empregados de empresas privadas, 33% dizem que já eram proprietários de outra empresa, 20% eram funcionários públicos, e apenas 7% estavam desempregados,

0% 20% 40% 60% 80% sim nao 73% 27% 0% 10% 20% 30% 40%

Empregado(a) de empresa privada Desempregado Proprietário de outra empresa Funcionário publico

40% 7%

33% 20%

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perante as 6 opçoes de resposta que oferecemos, em que a opção “outro” e “autónomo”, não foi escolhido por nenhum dos inquiridos.

Observe-se que a participação dos desempregados parece ser relativamente pequena entre as pessoas que abrem formalmente um novo negócio. Esse facto pode ser reflexo de uma maior dificuldade dessas pessoas no processo de abertura de uma nova empresa, com uma menor propensão a se tornarem empreendedores, maior tendência em migrar para actividades informais ou mesmo a falta de capital.

Gráfico nº 6 – Gosta de assumir responsabilidades?

Fonte: Análise do autor

Analisando as respostas dos inqueridos relativamente ao seu próprio perfil pode-se constatar que 73% afirma que gosta de assumir responsabilidade “sempre” enquanto que 20% afirma gostar de assumir responsabilidade “por vezes” e 7% dizem que “raramente” gostam de assumir responsabilidades, e outra opção não escolhida por nenhum dos inquiridos foi “ocasionalmente”.

0% 20% 40% 60% 80% Sempre Por vezes Raramente 73% 20% 7%

Rosilda Lima Fortes 70 Gráfico nº 7 – Apercebe-se das suas probabilidades de êxito?

Fonte: Análise do autor

No que diz respeito à percepção das suas probabilidades de êxito, 60% dos inquiridos "por vezes" apercebem-se das suas probabilidades de êxito, 33% "sempre" apercebem- se das suas probabilidades de êxito, apenas 7% "ocasionalmente" apercebem-se das suas probabilidades de êxito, e “raramente” foi a outra opção não escolhida no entanto, por nenhum dos inquiridos.

Com estes resultados pode-se considerar que os inquiridos demonstram autoconfiança e segurança na obtenção de êxito.

Gráfico nº 8 – Possui orientação para o futuro?

Fonte: Análise do autor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sempre Por vezes Ocasionalmente 33% 60% 7% 0% 20% 40% 60% 80% Sempre normalmente 20% 80%

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Quanto à orientação para o futuro, foi aplicada uma questão com quatro (4) opções de resposta, em que mais de metade dos inquiridos (80%) possui “normalmente” orientação para o futuro, enquanto que 20% possui “sempre” orientação para o futuro, e as restantes opções como “raramente” e “nunca” foram descartadas pelos nossos inquiridos.

Com este resultado, pode-se dizer que os inquiridos possuem, de certa forma, uma visão clara e objectiva do futuro, fixando os objectivos que pretendem atingir, por forma a aproveitar em antecipação as oportunidades que se lhes oferecem, uma vez que das opções oferecidas todos os inquiridos optaram pela opção “normalmente” e “sempre”.

Gráfico nº 9 – Consegue adaptar-se as mudanças do meio envolvente?

Fonte: Análise do autor

Relativamente à facilidade de adaptação, o gráfico mostra que os 100% dos inquiridos conseguem adaptar-se facilmente às mudanças do seu meio envolvente, pois das possíveis respostas, “raramente” e “não” foram elimindas das possibilidades de resposta, e das outras, 33% "sempre" tem facilidade de adaptação e 67% "normalmente tem facilidade de adaptação.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Sempre Normalmente

33%

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Significa que na sua maioria, os inquiridos possuem capacidade para se ajustarem fácil e rapidamente às mudanças que ocorrem no seu meio envolvente.

Tabela 5 - Razões da abertura da empresa

Porque abriu a empresa? %

Para ser uma fonte de rendimento 22%

Resolveu arriscar 8%

Estava desempregado 0%

Trabalhava antes no ramo e então resolveu legalizar 14%

Tinha experiência anterior 17%

Oportunidade de negócio 31%

Fez curso sobre o assunto 3%

Estava insatisfeito no emprego 6%

TOTAL 100%

Fonte: Análise do autor

No que diz respeito aos motivos que levaram a abertura das empresas dos nossos inquiridos, foram oferecidos 8 possíveis respostas, conforme pode constatar-se na tabela apresentada. Ocorre que, segundo as respostas obtidas o que mais prevalece para a abertura da empresa foram a questão da existência de uma oportunidade de negócio correspondendo a 31% das respostas, e para ser uma fonte de rendimento 22%. Outras razões citadas foram “tinha experiência anterior” (17%), “trabalhava antes no ramo e então resolveu legalizar o negócio” (14%), “resolveu arriscar” (8%), “estava insatisfeito no emprego” (6%), e por fim com menor representatividade, os inquiridos que tinham feito curso sobre o assunto com apenas 3%.

Rosilda Lima Fortes 73 Gráfico nº 10 – De quem foi a iniciativa para a criação da empresa?

Fonte: Análise do autor

Relativamente ao quesito de quem foi a iniciativa para a criação da empresa, 53% dos inquiridos dizem que a iniciativa foi própria, 33% dizem que foi de familiares e apenas 13% referem ter sido de amigos a iniciativa para a criação de empresas, descartando assim, “outros”, como possibilidade de resposta.

Isso leva a concluir que a maioria dos inquiridos acredita em si mesmo e na sua capacidade de criar a sua própria empresa.

Gráfico nº 11 - Ramo de actividade da empresa?

Fonte: Análise do autor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Pessoal Familiar Amigos 53% 33% 13% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Construção civil Comércio Indústria Prestação de serviços Outro 27% 47% 7% 13% 7%

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Quanto a questão relacionada com o ramo de actividade da empresa dos nossos inquiridos 47% destes dizem ser comercio, 27% dizem ser construção civil, 13% dizem ser uma empresa de prestação de serviços, e 7% distribuem-se igualmente em indústrias e outro tipo de empresa.

Gráfico nº 12 - Tipo de Financiamento da empresa?

Fonte: Análise do autor

Para a abertura do negócio, 47% dos empreendedores fizeram uso de capital próprio, 27% recorreram a empréstimos bancários, 20% fizeram uso da poupança familiar, apenas 6% citaram outras fontes de recursos, e nenhum dos inquiridos escolheram as opções como “negociou prazos com fornecedores” e “empréstimos com amigos” como possíveis respostas.

Esses dados revelam que os novos proprietários dependem principalmente de recursos pessoais para abrir sua empresa, e como se vê, não é muito alta a participação de recursos de terceiros, em especial, dos empréstimos bancários para empresas recém- abertas, pois segundo os inquiridos a recorrência a empréstimos bancários, é quase a mesma percentagem que o uso da poupança familiar.

0% 10% 20% 30% 40% 50% Capital próprio Poupança familiar Empréstimo Bancário outras fontes 47% 20% 27% 6%

Rosilda Lima Fortes 75 Gráfico nº 13 – Houve facilidade de Financiamento?

Fonte: Análise do autor

Segundo os nossos inquiridos na questão de facilidade de financiamento da empresa, 73% dizem que não houve facilidade de financiamento da empresa, e 27% dizem ter facilidade no financiamento da empresa.

Isso prova que a aquisição da participação de terceiros como por exemplo as instituições bancarias para facilitar o financiamento da empresa não é muito.

Gráfico nº 14 - Duração de funcionamento da empresa?

Fonte: Análise do autor

Quanto a duração do funcionamento da empresa 40% dos nossos inquiridos dizem que a empresa durou um pouco mais de cinco anos, 27% dizem que a empresa durou entre os

0% 20% 40% 60% 80% Sim Não 27% 73% 0% 10% 20% 30% 40% < 1 Ano 1 - 2 Anos 3 - 4 Anos 4 - 5 Anos > 5 Anos 7% 13% 27% 13% 40%

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3 aos 4 anos, 13% distribui-se igualmente em empresas que duraram entre os 4 e os 5 e 1 e 2 anos, e apenas 7% dos inquiridos afirmam que a empresa funcionou por um período menor de um ano.

Gráfico nº 15 – Quantos trabalhadores tinha a empresa?

Fonte: Análise do autor

Relativamente ao quesito de quantos trabalhadores tinha a empresa, 53% dos inquiridos responderam que a empresa tinha menos de 5 trabalhadores, 34% disseram que a empresa tinha entre 5 á 10 trabalhadores, e 13% disseram que a empresa tinha mais de 50 trabalhadores, o que corresponde a um número um pouco elevado tendo em conta que o estudo se refere a pequenas e médias empresas.

Gráfico nº 16 – O trabalhadores possuíam formação específica?

Fonte: Análise do autor

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% < 5 5 - 10 > 50 53% 34% 13% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Sim Maioria Minoria Não 14% 33% 13% 40%

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Questionado aos nossos inquiridos se os trabalhadores das suas empresas possuíam formação especifica, 40% disseram que nenhum possuía formação, 33% disseram que a maioria, 14% todos possuíam formação especifica, e 13% disseram que uma minoria dos trabalhadores é que possuíam formação especifica.

Pois, podemos concluir, através dos dados aqui representados que uma das principais causas da inviabilidade do negócio, era o facto da maioria do capital humano não possuir nenhuma formação específica, relativamente a área que estavam laborando, facto esse que pode ser explicado por possuírem pouca experiência e não exigirem salários altos.

Gráfico nº 17 – Tem conhecimento dos incentivos as PME?

FontFonte: Análise do autor

Nesta questão, 60% dos inquiridos têm conhecimento sobre os incentivos as PME´s, e 40% disseram que não conhecem os incentivos as PME´s.

O que leva a concluir que, ou os inquiridos não procuraram buscar os conhecimentos, ou as entidades devem procurar formas de maior divulgação de modo a chegar a todos.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Sim Não

60% 40%

Rosilda Lima Fortes 78 Gráfico nº 18 – Como era a gestão da empresa?

Fonte: Análise do Autor

Relativamente a questão, de como era a gestão da empresa, 67% dizem que a gestão era boa, e a restante 33% dizem que a gestão era suficiente. Essa questão vai de encontro ao gráfico nº 16, onde 40% dos trabalhadores não tinham formação específica, demonstrando assim neste ponto que o factor escolaridade não foi primordial para uma gestão competente do negócio. E das outras opções de escolha, nenhum dos inquiridos tinha uma gestão muito boa, ou uma gestão má.

Gráfico nº 19 - A empresa tinha contabilidade organizada?

Fonte: Análise do autor

Segundo os nossos inquiridos na questão da empresa ter ou não contabilidade organizada, 73% assumem que a empresa tinha contabilidade organizada como

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Boa Suficiente 67% 33% 0% 20% 40% 60% 80% Sim Não 73% 27%

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ferramenta de gestão e 27% dessas empresas não utilizam-se desses demonstrativos contábeis para basear suas decisões gerenciais.

Tabela 6 - Motivos da extinção da empresa

Motivos da extinção da empresa %

L igad os a p róp ria em p re sa Baixo Lucro 52%

Fechou para abrir uma empresa maior 0%

Problemas com os sócios 7%

Problemas com a mão-de-obra qualificada 0% Problemas de contabilidade e documentação 0%

Mudança no ramo do negócio 4%

Tinha poucos clientes 22%

Falta de planeamento 0% Outros 15% TOTAL 100% E m t er m os p essoai s Arrumou um emprego 0% Problemas de saúde 0% Falta de experiencia 0% Outro 100% TOTAL 100% L igad os ao me io ext er n o Impostos altos 42%

Problemas com clientes 16%

Problemas com concorrência 32%

Situado em local inadequado 0%

Instalações inadequadas 0%

Outro 11%

TOTAL 100%

Fonte: Análise do autor

Com a finalidade de um melhor entendimento dos motivos que levaram as empresas a encerrar as suas actividades de maneira precoce, a análise deste tópico foi dividida em três blocos, buscando classificar os motivos ligados a empresa, ao empreendedor, e ao ambiente externo.

Rosilda Lima Fortes 80 Ligados a própria empresa - baixo lucro (52%), poucos clientes (22%), outros

motivos (15%), problemas com os sócios (7%), mudança no ramo de negócio (4%).

Em termos pessoais – segundo os inquiridos nenhuma das possíveis respostas

apresentadas foram válidas, sendo que outros motivos para o encerramento levou a total das percentagens, acumulando assim os 100%.

Ligados ao meio externo – impostos altos (42%), problemas com concorrência

(32%), problemas com clientes (16%), e por fim outros motivos (11%), são estes os responsáveis por tornar o negócio inviável.

Destaca-se que algumas das respostas constituem faces distintas de um mesmo problema. Por exemplo, o baixo lucro, o item mais citado pelos inquiridos, pode estar associada ao número reduzido dos clientes, da concorrência elevada ou mesmo de impostos altos.

Gráfico nº 20 - Sentimento que ficou quando encerrou a empresa?

Fonte: Análise do autor

Segundo o quesito de que sentimento ficou ao encerrar a empresa, 33% dos nossos inquiridos ficaram tristes/magoados, 20% ficaram aliviados, outros 20% ficaram com um sentimento de perda, 13% dizem que não sentiram nada ao fechar o negócio, e 7%

0% 10% 20% 30% 40%

Frustração/Perda Tristeza/mágoa Não sentiu nada Alivio/tranquilidade Arrependimento Outro 20% 33% 13% 20% 7% 7%

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das respostas dos nossos inquiridos distribui-se igualmente para um sentimento de arrependimento e por outro sentimento não especificado.

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CONCLUSÃO

Esta monografia pretende de maneira objectiva auxiliar postulantes a abrirem negócios, seja pela realização de um sonho de independência financeira, falta de sustento ocasionado pela falta de um emprego ou a descoberta de um nicho de mercado a ser explorado.

A motivação que nos levou a realizar este estudo é a inquietante falência de novos negócios no nosso país, que embora as estatísticas não apontam a percentagem de empresas que fecharam, mas o patamar é considerável.

Assim, os resultados deste estudo permitiram, com base na extensa literatura pesquisada, identificar e caracterizar diversos factores contribuintes para a mortalidade precoce das PME em São Vicente. Os principais deles são os seguintes: baixo lucro; falta de clientes; tributação exagerada; problemas com a concorrência.

O estudo conclui que não existe um factor específico que possa ser responsabilizado isoladamente pelo encerramento precoce das actividades de uma empresa. Os factores contribuintes para a mortalidade são bastante interligados e dependem de certa forma da actuação do empreendedor, pois, normalmente ele é o principal responsável por pesquisar o mercado que deseja explorar, seus clientes e concorrentes, escolher os sócios, funcionários e parceiros que o irão auxiliar no esforço de abrir e gerir a empresa, escolher o ponto onde instalar sua empresa, definir as características dos produtos e serviços que irá comercializar e preparar a empresa para enfrentar os desafios do ambiente externo na qual está inserida.

Analisando o segmento das PME observamos que grande parte das empresas que encerraram as suas actividades em São Vicente é do sector de comércio,

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correspondendo a 47% do total das empresas estudadas. Os negócios são montados em grande parte com recursos próprios (73%), advindos da poupança pessoal, familiar e outras fontes, o que explica os resultados que mostram que alguns empresários, embora um número razoavelmente pequeno, dizem não ter dificuldades para conseguir empréstimos.

A conclusão a que se chega sobre este aspecto é a de que os empresários não contraem empréstimos, não porque possuem todo o capital de que precisam, muito pelo contrário, normalmente começam o negócio sem ter recursos suficientes. O que os afasta do financiamento de terceiros normalmente são os juros altos, a dificuldade em dar garantias de comprovação de rendimento, por ser uma PME, e a burocracia das instituições financeiras.

Também conclui-se, de acordo com a tabela 25 (nos anexos), que os empreendedores com maior ano de escolaridade permaneceram com o negócio um maior tempo no mercado, o que quer dizer que o factor escolaridade é importante a ser levado em conta, para quem quer abrir um negócio, mesmo contradizendo o acima exposto (gráfico nº 3), que quanto maior o nível de escolaridade, maior são as chances de mortalidade da empresa, é por isso, que deve realçar a ideia de que isso apenas não chegue, deve ser associado a alguma experiencia profissional.

Foram atingidos os objetivos gerais deste trabalho no momento em que foram identificados e analisados os principais factores que influenciam a mortalidade nas pequenas e médias empresas sedeadas em São Vicente.

Apesar de todo o exposto neste trabalho, ainda um conjunto de acções de apoio poderão ser adoptados para reduzir a mortalidade das empresas, articuladas de acordo com as

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necessidades específicas de cada sector no processo da abertura de um novo negócio, pois, há ainda muitas fragilidades diante das empresas perante os diversos factores apontados por Chiavenato (2007) como a falta de capacitação dos gestores, falta de capital e financiamento, desconhecimento do mercado e do publico alvo, de entre outros.

Confrontação das hipóteses:

No quadro da confrontação das hipóteses formuladas para este estudo, concluímos que não nos é possível confirmar a primeira hipótese. As respostas obtidas pelos inquiridos são vazias e não nos direcciona para factores pessoais como causa da mortalidade precoce das empresas. Como se pode verificar, as respostas dos inquiridos foram inconclusivos. Das quatro respostas opcionais sugeridas no questionário, a totalidade dos inquiridos (100%) não identificaram nenhuma delas como sendo as causas da mortalidade das suas empresas. As razoes são, portanto, outras não especificadas.

Relativamente a segunda hipótese: “A dificuldade de acesso ao crédito é um factor contribuinte para a mortalidade das PME”. Para efeito desta pesquisa, utilizou-se a seguinte definição para a variável acesso ao crédito: a facilidade ou a complexidade de regras e exigências para a concessão de empréstimos.

A análise dos dados efectuados aponta-nos para a confirmação desta hipótese. O cruzamento de dados realizado, conforme se pode ver na tabela 26 anexa (duração de funcionamento da empresa e facilidade de financiamento) nota-se que, mais de metade dos inquiridos não tiveram facilidade de financiamento para um começo sólido do negócio. Por outro lado, a análise do tipo de financiamento das empresas feita do gráfico nº 12, mostra que apenas 27% dos inquiridos abriram seus negócios com recurso a empréstimos bancários.

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Recomendações

Esta pesquisa buscou contribuir para a discussão dos factores que levam novos negócios ao insucesso, analisando os principais aspectos e formas para reduzir os índices de mortalidade das empresas, sem contudo ter a pretensão de esgotar o assunto.

No decorrer da pesquisa, cada empreendedor teve a oportunidade de escolher e dar sugestões no intuito de tornar mais fácil o processo de criação e gestão de um negócio, para outras pessoas que, eventualmente tenham interesse em constituir empresas de pequeno porte.

Recomenda-se assim o seguinte:

- Que o empreendedor não crie a empresa apenas por motivos pessoais de fonte de rendimento e de independência financeira mas sim que procure identificar uma real oportunidade de negócio dentre as ideias que surgiram.

- Que os empreendedores, antes de abrir a empresa, façam as contas do investimento inicial que terão que desembolsar com a compra de equipamentos, máquinas, móveis, eventuais obras de adequação do imóvel onde irão instalar sua empresa, levantem os custos com a constituição da empresa e que reservem também capital suficiente para manter o capital de giro (fundo de maneio) por pelo menos 6 meses após a abertura do negócio.

- Instalar a empresa num local estratégico, de modo a poder adequar a identidade do seu mix de produtos com o perfil da clientela local.

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