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2. ABORDAGEM TEÓRICA

2.2. Empreendedorismo

2.2.2. Empreendedorismo versus empreendedor

O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo, contudo a sua popularidade renasceu nos últimos tempos, tornando uma das mais recentes áreas de estudo, como se tivesse sido uma descoberta súbita. As definições do tema são as mais diversas e tem sido utilizado com diferentes significados, onde actualmente não se pode dizer que exista uma definição unânime e consensual.

Segundo Dornelas (2001), o empreendedorismo é o envolvimento de pessoas que em conjunto levam a transformação de ideias em oportunidades. E o autor ainda considera que se as oportunidades forem bem implementadas levará a criação de negócios de sucesso.

Partindo da mesma ideia, um conceito de empreendedorismo aceite pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)5, é referida como sendo a dinâmica de identificação e aproveitamento económico de oportunidades (Costa, 2008). Mendes (2006), parte do conceito de outros autores definindo o empreendedorismo como sendo “o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes, e

5 OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) é uma organização internacional composta por 30 países, que tem como objectivos, coordenar políticas económicas e sociais, apoiar o crescimento económico sustentado, aumentar o emprego e a qualidade de vida dos cidadãos e manter a estabilidade financeira, entre outros.

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recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência económica social”.

Schumpeter (1982) associa o conceito de empreendedorismo ao processo de inovação tecnológica e criatividade: o empreendedor é aquele que destrói a ordem económica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. (Mendes, 2006)

Oliveira (2011), adapta-se também ao conceito de novos autores e diz que “o empreendedorismo não é um acontecimento inato: é antes determinado pelas condições da envolvente que se manifestam a diversos níveis”.

Seguindo esse contexto, Dornelas (2001), diz que :

“Hoje em dia, cada vez mais acredita-se que o processo empreendedor6 pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de uma gama de factores internos e externos ao negócio, do perfil empreendedor e de como ele administra as adversidades que encontra no dia-a-dia de seu empreendimento”.

Ou seja, por outras palavras, o empreendedorismo é algo que concordamos sim, estar inerente aos seres humanos, uma vez que estes podem apresentar características empreendedoras na sua própria personalidade, nomeadamente quando conseguem detectar oportunidades onde outros nada vêem, mas, por outro lado, o empreendedorismo é algo que também pode ser atingido, através do estímulo da

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Processo empreendedor envolve todas as funções, acções, e actividades associadas com a percepção de oportunidades e criação de meios para persegui-las.

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criatividade e da eficiência alcançando a inovação, bastando para isso, que se procurem oportunidades.

É a partir dessa síntese de pensamento contemporâneo que Morris et al. (1994), propõem a seguinte definição de empreendedorismo:

“O empreendedorismo é uma actividade processual (um processo). Geralmente envolve as seguintes contribuições: uma oportunidade; um ou mais indivíduos pró-activos; um contexto organizacional; risco; inovação; e recursos. Pode produzir os seguintes resultados: uma nova empresa ou empreendimento; valor; novos produtos ou Processos; lucro ou benefício pessoal; e crescimento”.

Para se ter maior sucesso quanto a compreensão da importância de se conhecer o que é empreendedorismo, torna-se também necessário entender o que é ser empreendedor, e atendendo a definição do termo existem muitas, mas uma das mais antigas e que talvez melhor reflita o espírito empreendedor é dada na citação de Dornelas (2001):

“O empreendedor é aquele que destrói a ordem económica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”.

De acordo com Dornelas (2001), outros autores também partiam de uma abordagem diferente, citando o seguinte: “o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente”.

Já para o próprio autor, ele considera o empreendedor como aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo assim riscos calculados.

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Ainda para Dornelas (2001), um dos principais atributos do empreendedor “é identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo”. Ele defende também que, em qualquer definição de empreendedorismo encontram-se pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:

 Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.

 Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e económico onde vive.

 Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar

Quanto a Chiavenato (2007)

“O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar

uma ideia ou projecto pessoal, assumindo riscos e responsabilidades inovando continuamente. O empreendedor é a energia da economia, a alavanca dos recursos, o impacto de talentos e ainda, o farejador de oportunidades”.

Portanto seguindo o raciocínio diria que como exemplo de empreendedor, pode ter-se: - Um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela;

- Uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda de seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores;

- Um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais, etc.

Partindo desse pressuposto conforme afirmam os autores, pode concluir-se que o empreendedor é aquele que consegue visualizar oportunidades de forma diferenciada e criativa, combinando recursos, trabalho, materiais e outros activos, para tornar seu valor

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maior do que antes, e isto muitos não conseguem, ficando assim evidenciada a diferença do cidadão empreendedor dos demais, pois, como já dizia Dornelas (2001), “o empreendedor de sucesso leva consigo uma característica singular, que é o facto de conhecer como poucos o negócio em que actua”.

Quadro 4 - Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores

Fonte: Dornelas (2001).

O quadro mostra que cabe ao gerente tradicional gerir os recursos disponíveis enquanto que ao empreendedor cabe-lhe multiplicar os recursos e utilizá-los de forma surpreendente em favor próprio e da sociedade.

Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores

Motivação principal

Promoção e outras recompensas tradicionais da corporação, como secretária, status, poder etc.

Independência, oportunidade para criar algo novo, ganhar dinheiro

Referência de tempo

Curto prazo, gerenciando orçamentos semanais, mensais etc. e com horizonte de planeamento anual

Sobreviver e atingir cinco a dez anos de crescimento do negócio

Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente

Status Preocupa-se com o status e como é visto na empresa

Não se preocupa com o status

Como vê o risco Com cautela Assume riscos calculados

Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas Aprende com erros e falhas

Decisões Geralmente concorda com seus superiores Segue seus sonhos para tomar decisões

A quem serve Aos outros (superiores) A si próprio e a seus clientes

Histórico familiar Membros da família trabalharam em grandes empresas

Membros da família possuem pequenas empresas ou já criaram algum negócio Relacionamento

com outras pessoas

A hierarquia é a base do relacionamento As transações e acordos são a base do relacionamento

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Enfim, as diferentes interpretações e apropriações da ideia de Empreendedorismo, permitem-nos perceber as especificidades do papel do empreendedor e do empreendedorismo na contemporaneidade, embora, a discussão acerca dos limites entre um conceito e outro continua a existir. De qualquer forma, por mais alterações, modificações e outros significados que ocorram com estes conceitos ao longo dos anos, um elemento de continuidade permanece inalterado: a centralidade do papel da empresa neste processo, produzindo mudanças económicas e criação de riquezas.

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