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Como resultado da pesquisa, os dados e as informações levantadas precisam ser analisados e interpretados. Nesse sentido, Richardson (2017) orienta que é nesta etapa da pesquisa que as informações obtidas serão analisadas pelo pesquisador, sendo posteriormente interpretadas, com o objetivo de responder à pergunta da pesquisa.

Segundo Gil (2019), apesar de possuírem uma relação muito próxima, a análise e a interpretação dos dados podem ser consideradas atividades distintas: o objetivo

da análise é organizar e sumarizar os dados para que seja possível obter as respostas do problema de pesquisa, enquanto a interpretação visa ampliar o sentido das repostas obtidas por meio da correlação com conhecimentos anteriores. As etapas básicas desta fase, de modo geral, podem ser delineadas pelo estabelecimento de categorias, codificação, tabulação, análise estatística dos dados, avaliação das generalizações, inferência de relações causais e interpretação de dados (GIL, 2019).

Segundo Bardin (2016), a análise de conteúdo é um conjunto de instrumentos metodológicos, os quais são aplicados a discursos variados, considerando a objetividade e a subjetividade, inerentes à atividade interpretativa. Segundo a autora, essa técnica tem por objetivo superar as incertezas do pesquisador sobre o tema pesquisado, ao mesmo tempo que enriquece a leitura do material coletado. Além disso, possui função heurística à medida que fomenta a tentativa exploratória, aumentando assim seu potencial de descobertas, bem como, servindo de método confirmatório para a pesquisa (BARDIN, 2016). Conforme a autora, a análise de conteúdo objetiva compreender criticamente o sentido dos dados, seu conteúdo manifestado ou latente, buscando suas significações mais ocultas.

Bardin (2016) ressalta que durante a realização da análise de conteúdo, o pesquisador deve ter em mente que as etapas atinentes a construção metodológica não é estanque, podendo sofrer alterações conforme a necessidade do pesquisador e/ou do ambiente estudado. Consoante aos ensinamentos de Bardin (2016), a análise de conteúdo é organizada em três fases:

1) Pré-análise: organizar o material para torná-lo operacional;

2) Exploração do material: definição de categorias (sistemas de codificação), a identificação das unidades de registro e das unidades de contexto. Esta etapa envolve a codificação, a classificação e a categorização.

3) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação: condensação e o destaque das informações para análise, culminando nas interpretações inferenciais, é o momento da intuição, da análise reflexiva, devendo ser realizada de forma crítica e com a utilização de múltiplas fontes de evidências.

Na primeira fase da análise o pesquisador deve fazer a leitura flutuante, que implica em ter o primeiro contato com o material e conhecê-lo. A segunda etapa da primeira fase, refere-se à escolha dos documentos, onde o pesquisador após ter

procedido a leitura flutuante ampla, realiza a escolha dos documentos que comporão o corpus da análise de conteúdo. Não obstante, para ter o êxito na escolha dos documentos, algumas regras devem ser seguidas, são elas: regra da exaustividade, exige que nenhum documento seja deixado de fora; regra da homogeneidade, esta regra exige que a seleção de documentos deva ter o mesmo tema, para que seja possível compará-los. A última regra, chamada de regra da pertinência, cobra que os documentos devam guardar correlação com os objetivos da análise (BARDIN, 2016). Assim, na fase de pré-análise foram identificados aqueles documentos a serem analisados bem como procedeu-se a uma primeira leitura dos mesmos, além do conteúdo das entrevistas transcritas.

Segundo Bardin (2016), na segunda fase ocorre a descrição analítica do material, a qual diz respeito ao corpus, ou seja, o conjunto de materiais que foram levantados pelo autor da pesquisa. Esse material, deverá ser submetido a um estudo aprofundado, orientado pelos objetivos e pelo referencial teórico da pesquisa. Nesta fase foram realizados os procedimentos de codificação e categorização. A codificação compreende a escolha de unidades de registro, a seleção de regras de contagem e a escolha de categorias (BARDIN, 2011). Segundo a autora a categorização permite reunir o maior número de informações, correlacionando classes de acontecimentos para que posteriormente sejam ordenados. As categorias preliminares de análise do processo de autoavaliação institucional estão apresentadas na estrutura de pesquisa (seção 3.3.3) e descritas nos Quadros 9 e 10.

Na terceira fase, os resultados são tratados de maneira a serem significativos para o objetivo da pesquisa, bem como sejam considerados válidos. Segundo Bardin (2016), tendo o pesquisador a sua disposição resultados fieis e significativos, será possível a proposição de inferências e interpretações acerca dos objetivos previstos, ou, o surgimento de resultados que sejam considerados inesperados pelo pesquisador. O uso de múltiplas fontes de evidências na pesquisa de estudo de caso, permite que o pesquisador aborde uma variação maior de aspectos históricos e comportamentais em sua análise, desenvolvendo linhas convergentes de investigação (BARDIN, 2016).

Nesse sentido, outra técnica utilizada visando conferir maior credibilidade aos resultados da pesquisa foi a triangulação. Segundo Vergara (2015), o termo triangulação origina-se do vocabulário naval e militar, sendo uma técnica que tem por objetivo determinar a posição exata de um objeto a partir da análise de vários pontos

de referência. Conforme a autora, é uma estratégia de pesquisa baseada na utilização de diversos métodos, com o objetivo de investigar uma mesma situação ou problema. O uso desta técnica, permite ao pesquisador auferir validade aos seus achados por meio da combinação de uma análise mais abrangente e completa do objeto de estudo (VERGARA, 2015).

De acordo com Flick (2009, p.361), a palavra triangulação é utilizada para “designar a combinação de diversos métodos, grupos de estudo, ambiente locais e temporais e perspectivas teóricas distintas para tratar de um fenômeno”. O autor destaca que inicialmente a triangulação foi conceitualizada como uma estratégia para a validação de resultados obtidos com métodos individuais, porém seu foco tem sido deslocado para o propósito de enriquecer e completar o conhecimento.

Segundo Vergara (2015), a triangulação possibilita o surgimento de novas perspectivas ligadas ao objeto de estudo, bem como a verificação da validade interna e externa. Porém, é natural nesse tipo de técnica, o surgimento de discrepâncias ou contradições entre os resultados. Por conseguinte, a autora alerta que essa modalidade de análise de dados, exige do pesquisador maior dispêndio de tempo e habilidade para identificar a origem das divergências encontradas, detectando se as mesmas dizem respeito a limitações do estudo ou se são contribuições para a pesquisa.

Na realização desta pesquisa, foram utilizados dois tipos de triangulação, a do método e a da teoria. A triangulação do método ou metodológica (DENZIN, 1989 apud FLICK, 2009), foi realizada a partir das informações coletadas durante as entrevistas, pelas observações que o pesquisador realizou em loco, além da realização da pesquisa documental, combinado portanto, diferentes técnicas de coleta de dados A triangulação da teoria (DENZIN, 1989 apud FLICK, 2009) foi utilizada uma vez que buscou-se compreender o processo autoavaliativo institucional a luz de ambas as perspectivas teóricas, a gestão do conhecimento e a teoria institucional.

A Figura 18, apresentada a seguir, explicita o processo de triangulação da pesquisa, a qual envolveu a triangulação do método e a triangulação da teoria.

Figura 18 - Triangulação

Fonte: elaborado pelo autor, 2019.

No lado direito da Figura está situada a triangulação da teoria, envolvendo o processo de autoavaliação, a gestão do conhecimento e a teoria institucional. Do lado esquerdo, encontra-se a triangulação do método de pesquisa, por meio das técnicas de entrevista, observação participante e de pesquisa documental. Por fim, na parte central, tem-se a análise e a discussão dos resultados, considerando os pressupostos de ambos, teoria e método.

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O objetivo desta seção é apresentar os resultados que foram originados no campo da pesquisa, respeitando a sequência apresentada nos objetivos específicos. As duas primeiras seções descrevem a instituição e toda sua importância histórica para a sociedade florianopolitana, catarinense e brasileira, bem como a forma como o processo de autoavaliação é realizado atualmente na instituição de ensino objeto desta pesquisa.

As demais seções descrevem a autoavaliação quanto aos processos de gestão do conhecimento e à incidência dos mecanismos isomórficos oriundos da teoria institucional. Na sequência, são abordadas as questões envolvendo os fatores facilitadores e limitantes ao processo de autoavaliação. Por fim, propõe-se recomendações para o aprimoramento do processo de autoavaliação institucional da autarquia.