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2.1 AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.1.2 Autoavaliação Institucional

A avaliação institucional do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), resgatou a ideia do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB11), no que diz respeito à prescrição de uma proposta

de autoavaliação institucional, envolvendo a participação ativa de todos os membros e colegiados integrantes da instituição (BARREYRO; ROTHEN, 2006). Segundo os autores, o PAIUB foi o programa instituído em 1993 pelo MEC, para que as universidades criassem sistemas internos de avaliação.

A autoavaliação institucional constitui-se em um processo, que após a promulgação da lei do SINAES, passou a figurar como um sistema de autoconhecimento, estimulando a realização de uma análise crítica das áreas pedagógica, administrativa, gestão, dentre outras (BRASIL, 2004a). Atualmente, as orientações normativas para a realização da autoavaliação institucional estão inseridas no contexto do CONAES.

De acordo com a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES, órgão colegiado de coordenação e supervisão do SINAES e que também foi instituído pela lei 10.861/04, o sistema autoavaliativo é composto por três etapas. A Figura 3 sintetiza as etapas do processo autoavaliativo de acordo com as orientações emitidas pela CONAES.

11 Programa instituído em 1993 pelo Ministério da Educação (MEC) para que as universidades criassem

sistemas internos de avaliação – com posterior checagem pelos técnicos do MEC – que pudessem auxiliar no processo de aperfeiçoamento da instituição (MENEZES; SANTOS, 2001).

Figura 3 - Processo de Autoavaliação

Fonte: CONAES/adaptado pelo autor, 2019.

A primeira etapa do processo proceder-se-á a constituição da CPA. No texto de constituição, deve constar as datas de início e fim do processo, bem como os responsáveis por sua realização. O trabalho inicial envolve também as fases de sensibilização e a elaboração do projeto autoavaliativo.

As Comissões Próprias de Avaliação (CPAs), são órgãos autônomos, sendo as responsáveis pela condução do processo de autoavaliação das instituições de ensino superior no Brasil (BRASIL, 2004a). As CPAs são instituídas por determinação do art. 11º da lei nº 10.861/2004, que, juntamente com a avaliação externa, formam o processo de avaliação das IES. A lei 10.861/04 disciplina in verbis “art. 11º. Cada instituição de ensino superior, pública ou privada, constituirá Comissão Própria de

Avaliação - CPA, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta Lei [...]”. Nesse sentido, de acordo com Sordi (2011, p. 604):

As CPAs foram concebidas como estratégia agregadora de forças sociais existentes no cenário das IES para ações de diagnóstico situacional e eleição de prioridades com vistas às proposições de encaminhamentos sintonizados com a imagem de futuro institucional desejada.

Na segunda etapa, ocorre o desenvolvimento do processo, o qual é iniciado pela aplicação dos questionários junto aos discentes, docentes e aos técnicos administrativos em educação. O levantamento tem por objetivo conhecer a opinião dos envolvidos a respeito do funcionamento da instituição, por meio da emissão de relatórios parciais.

Na terceira e última etapa os dados são resgatados, consolidados e analisados de forma individualizada, com o objetivo de construir o relatório anual geral da instituição. Por fim, os dados são então publicizados no site institucional, em atendimento à obrigatoriedade legal regida pela lei nº 10. 861 de 2004 (SINAES) e pela lei nº 12.527 de 2011, a chamada lei de acesso à informação12.

A avaliação institucional é uma metodologia de visualização crítica da instituição diante da realidade e dos desafios da sociedade contemporânea (DIAS SOBRINHO, 2005). A autoavaliação é “uma prática social orientada, sobretudo para produzir questionamentos e, compreender os efeitos pedagógicos, políticos, éticos, sociais, econômicos do fenômeno educativo” (DIAS SOBRINHO, 2003, p. 177).

O processo de autoavaliação, disciplinado pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES, organiza-se a partir de uma estrutura planejada, porém, com uma dinâmica que observa e contempla as demandas cotidianas da instituição, por meio da qual se contemplam os cinco eixos avaliativos propostos para integrar as dez dimensões da avaliação (BRASIL, 2004a). De acordo com o SINAES, os cinco eixos e as dez dimensões descritas no sistema são tangibilizados no Quadro 1:

12 “A lei de acesso à informação estabelece diretrizes a serem observadas no intuito de assegurar o

direito fundamental de acesso à informação” (ALEXANDRINO; PAULO, 2013, p. 198). O art. 8º da LAI estatui que: “é dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas” (BRASIL, 2011). “Para tanto, é obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet)” (ALEXANDRINO; PAULO, 2013, p. 198).

Quadro 1 - Eixos e Dimensões do SINAES

Eixos Dimensões

Eixo 1: Planejamento e Avaliação

Institucional Dimensão 8: Planejamento e Avaliação

Eixo 2: Desenvolvimento Institucional

Dimensão 1: Missão e Plano de Desenvolvimento

institucional

Dimensão 3: Responsabilidade Social da

Instituição

Eixo 3: Políticas Acadêmicas

Dimensão 2: Políticas para o Ensino, Pesquisa e a

Extensão

Dimensão 4: Comunicação com a Sociedade Dimensão 9: Política de Atendimento aos

Discentes

Eixo 4: Políticas de Gestão Dimensão 6: Organização e Gestão da Instituição Dimensão 5: Políticas de Pessoal Dimensão 10: Sustentabilidade Financeira

Eixo 5: Infraestrutura Física Dimensão 7: infraestrutura Física

Fonte: elaborado pelo autor, 2019.

Destarte, o sistema envolve um conjunto de ações planejadas e que são desenvolvidas de forma conexa entre si, buscando o envolvimento e a colaboração de toda a comunidade acadêmica (BRASIL, 2004a). O roteiro do sistema autoavaliativo preparado pela CONAES e pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), estabelece quais os aspectos devem ser considerados pelas CPAs, durante a realização do seu trabalho de avaliação interna (BRASIL, 2004a). Não obstante, a CPA a seu critério, pode acrescentar outros fatores que porventura julgue necessário, possibilitando assim, a adequação do sistema avaliativo a sua realidade local (RISTOFF; GIOLO, 2006).

Nesse sentido, os resultados dos processos autoavaliativos precisam ser entendidos como uma fonte geradora de prioridades institucionais (MARCOVITCH, 1998). Segundo o autor, a instituição ao ter conhecimento destas prioridades, deve democraticamente e, a partir da autorreflexão da comunidade acadêmica, apresentar um relatório capaz de efetivamente contribuir para melhorar o desempenho institucional. Nessa perspectiva, a autoavaliação “deve ter uma função muito mais crítica, que meramente de constatação. Deve analisar o realizado, mas para melhor cumprir o que há por realizar” (DIAS SOBRINHO, 2003, p. 180).

O processo autoavaliativo cria uma atmosfera para que a comunidade acadêmica forme democraticamente, uma consciência dos indicadores que estão contribuindo para o atingimento da missão e da visão institucional e daqueles que não estão correspondendo ao pleno andamento das atividades dentro das IES (LEHFELD et al., 2010). O processo avaliativo torna-se útil quando ocorre um procedimento de retroalimentação, onde as informações coletadas tonaram-se relevantes para a instituição e para o seu planejamento (MARCOVITCH, 1998).

Não obstante, Barreyro e Rothen (2006) advertem que apesar da legislação declarar autonomia às CPAs em relação aos colegiados e órgãos que compõem o processo democrático institucional, o pleno cumprimento das funções elencadas sob sua responsabilidade, depende da vontade política institucional, bem como da estrutura organizacional que se fizer necessária para o cumprimento de sua missão. Em resumo, a missão da CPA é levantar a realidade da instituição, propondo melhorias na qualidade do ensino ofertado à comunidade estudantil. A gestão institucional por sua vez, deve apropriar-se destes dados e organizar seu processo de gestão, buscando solucionar as carências apontadas pela comunidade acadêmica, melhorando assim, a qualidade da instituição.

Consoante os ensinamentos de Juran (1992) e Lima (2007), a respeito dos meandros que cercam a definição do termo qualidade, a satisfação do cliente ou usuário é alcançada quando as características do produto ou serviço correspondem às necessidades do cliente. Infere Lima (2007) que, o diferencial de qualidade no processo de avaliação está no tipo de mudança que ela promove.

No ambiente educacional, essa percepção da qualidade muitas vezes se apresenta de forma intangível, mas que pode ser medida com a utilização de indicadores de satisfação, como é o caso do relatório da CPA. A qualidade quando analisada de uma forma ampla, estará diretamente ligada à missão, a visão e, aos valores da instituição (ABREU JÚNIOR, 2009).

De acordo com os estudos de Juliatto (2005) a busca pela excelência nas instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, necessita do engajamento e do comprometimento de toda a comunidade acadêmica. Conforme destacado pelo autor, cada segmento (discentes, docentes e técnicos administrativos educacionais) tem sua participação definida neste processo, atuando de maneira específica, diferenciada e única na sua construção. Nesse sentido, para a plena execução da

missão e o atingimento da visão institucional, cada processo, programa, meta ou objetivo, precisa ser planejado e constantemente reavaliado (JULIATTO, 2005).

Em resumo, por meio do atendimento da legislação vigente e consoante aos ensinamentos dos autores estudados, o processo autoavaliativo tem o potencial de contribuir para com o desenvolvimento institucional, afim de que a instituição por sua vez, atue de forma a suprimir às carências sociais latentes (BARREYRO; ROTHEN, 2006). Identifica-se que o processo de autoavaliação institucional é permeado de informações e conhecimentos e que, portanto, pode se beneficiar da perspectiva da gestão do conhecimento.