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A análise de Longobardi para os SDs nus: uma comparação entre as línguas

1.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SDs

1.3.2 A análise de Longobardi para os SDs nus: uma comparação entre as línguas

Tendo definido os conceitos básicos e formado a chave de codificação (que será disponibilizada de maneira detalhada no próximo capítulo) com as variáveis baseadas nos conceitos fundamentais do trabalho de Lyons (1999), entrar-se-á na discussão sobre o estudo de Longobardi (1994, 1998), que trata dos nomes nus, comparando o seu comportamento nas línguas Românicas e Germânicas, do ponto de vista das suas diferenças sintáticas e semânticas, levando em consideração suas propriedades morfossintáticas.

Longobardi (p.2) aponta para duas propostas na literatura no que diz respeito à atribuição para a posição de determinantes. A primeira é aquela que localiza os SDs dentro dos SNs, mais precisamente na sua posição de SPEC: [SN SD[N’ N]]. A segunda proposta, que, segundo ele, surgiu a partir de uma intuição da parte de Zabolcsi (1983, 1984 e trabalhos subsequentes) e que está registrada no trabalho de ABNEY (1986, 1987), sugere que as construções nominais, como um todo, coincidem com SD e SNs são complementos do núcleo D: [SD [D’ D SN]].

O autor (p.3) argumenta que se for considerado que, em uma língua, o movimento pode acontecer de dentro do SN para uma posição dentro do SD (de SPEC para SPEC ou de N° para a de D°), deve-se descartar a primeira hipótese já que, dentro da proposta minimalista, o movimento não pode ser feito para nenhuma posição que não seja c-comando.

Longobardi adota, assim, a segunda proposta como a mais adequada e, para justificar ainda mais sua escolha, dá exemplos do Inglês, Norueguês, Escandinavo e Romeno. Nos exemplos do Inglês: A very strange man (Um homem muito estranho) e

How strange a man (Quão estranho o homem), Longobardi afirma que, se o par for

relacionado transformacionalmente, o movimento de SPEC do SN para o SPEC de SD pode ser atestado. Usando os exemplos de Taraldsen (1990), Longobardi (p.3) mostra uma estrutura dos SNs germânicos (do Norueguês mais especificamente) em que o sujeito assimetricamente c-comanda o objeto: Hans bøker om sintaks (His books about syntax / Seu livro sobre sintaxe) e outro exemplo em que o nome aparece no início e o sujeito também c-comanda o objeto assimetricamente: Bøkene hans om syntaks (Book- s-the his about syntax / Livro-s-os dele sobre sintaxe). Segundo Longobardi (p.4), Taraldsen (1990) defende que há aí uma subida de N, corroborando com a análise dos nominais noruegueses como SDs. Longobardi (p. 4) afirma que a análise adotada por Taraldsen (1990) pode se estender para a língua escandinava: en book (a book / um livro)/ Boken (Book-the / livro-o). Uma abordagem similar também se mostrou adequada, de acordo com Longobardi (p.4), para explicar o uso dos artigos definidos sufixais do Romeno nos estudos de Grosu (1988) e Drobovie-Sorin (1987).

O autor (p.4) aponta para o fato de ainda não estar claro se a segunda proposta também serve para as línguas românicas, mas, apesar disso, assume que ela também seja adequada para essas línguas.

O próximo passo do trabalho de Longobardi é analisar algumas propriedades semânticas e distribucionais dos Ns e dos Ds. O autor toma o italiano como base para fazer sua análise e chega à conclusão de que: “uma ‘expressão nominal’ é um argumento somente se for introduzida por uma posição lexicalmente preenchida.” (p. 6). (tradução minha)

Quanto aos SDs nus, o autor pontua que esses podem ocorrer na Estrutura Superficial (doravante Estrutura-S) do italiano somente sob as seguintes condições: “a) São restritos aos plurais e nomes de massa como muitos outros determinantes; b) estão sujeitos ao requerimento de governança lexical como qualquer outro núcleo não- preenchido; c) recebem uma interpretação indefinida correspondendo a um quantificador existencial não-específico para número e que assume o escopo mais restrito possível.” (p. 11-12) (tradução minha). Os exemplos que se seguem ilustram sentenças gramaticais do italiano que mostram as condições acima citadas sendo atendidas Bevo sempre vino (I always drink wine / Eu sempre bebo vinho) Mangio

patate (I eat/am eating potatoes / Eu como/estou comendo batatas) (p.6-7). Para

sentenças agramaticais como: *Ho incontrato grande amico di Maria ieri (I met great friend of Maria yesterday /Eu encontrei grande amiga de Maria ontem). Essa sentença só se tornaria gramatical, caso os determinantes un(a) ou il(the) estivesse presente antes do objeto direto, atendendo ao que foi dito anteriormente sobre as ‘expressões nominais’. No PB, no entanto, a condição “a)” não se aplica, pois, SDs nus objetos singulares, como em: Vejo cachorro fazendo suas necessidades no passeio todos os dias

/ Aluguei apartamento na Graça, são muito comuns.

Assumir essas condições específicas para a ocorrência de SDs nus na Estrutura- S leva o autor a revisar a condição da ocorrência de uma expressão nominal no italiano: “uma ‘expressão nominal’ é um argumento somente se for introduzida por uma categoria D”. (p.15) (tradução minha)

Assumindo que a posição D transforma uma expressão nominal em argumento, uma questão acerca do uso dos nomes próprios em italiano é imediatamente levantada (p. 16): como é possível que os nomes próprios ocorram livremente em italiano na função de argumento sem o uso do determinante? Como é sabido, nomes próprios não designam massa, plural e nem possuem uma interpretação indefinida. Além disso, eles podem ocorrer numa posição lexicalmente não-governada. A sugestão do autor para resolver tal problema é assumir que, nas línguas românicas, nos casos em que os nomes próprios não vêm acompanhados de determinantes (há línguas em que é possível tanto que eles sejam acompanhados de determinantes como venham “nus”, como é o caso do PB), a posição deve ser preenchida por meio da subida do nome próprio (p.18).

O movimento de N para D é confirmado na análise sobre os nomes próprios e, tendo em vista que a segunda proposta para a estrutura dos SDs nus se mostra adequada, Longobardi (p. 24) reafirma, como apontado anteriormente por Stoweel (1989), que SDs podem ser argumentos e SNs, não.

Tendo feito a distinção entre SNs e SDs, o autor tenta explicar o licenciamento de tais categorias de acordo com Chomsky (1986a), que se apoiou na proposta de Rothestein (1983). Longobardi (p.24-25) afirma que, segundo Chomsky, projeções máximas tanto podem ser licenciadas como argumentos ou predicados. Na maioria dos casos, SDs são argumentos e, em algumas situações, podem ser predicados (construções de cópula ou small-clauses). SNs não podem assumir função de argumento (só se forem complementos de uma posição D).

Para defender a ideia de que uma expressão nominal só é argumento quando precedida por uma categoria D, Longobardi recorre a exemplos de usos da língua inglesa. Ao comparar o inglês e o italiano, o autor (p. 30) percebe que o primeiro, com propriedades radicalmente diferentes desse último, admite e requer a ocorrência de determinantes nus na Estrutura-S. Em inglês é possível encontrar sentenças como: I

don’t like dogs of this type (Eu não gosto de cães desse tipo). Em italiano, um

determinante seria obrigatório antes do objeto direto para que a sentença fosse considerada gramatical. Assim, o autor desiste de levar adiante a ideia da generalização da interpretação existencial default para os Ds nus, que sugere que a leitura existencial para os Ds nus é atribuída automaticamente pelo sistema linguístico. O autor deixa sem explicação a ausência de governança lexical em inglês e o aparente comportamento excepcional dos adjetivos substantivados da língua que admite sentenças como: The

rich are becoming even richer (os ricos estão ficando ainda mais ricos), mas não Ø Rich are becoming even richer (Ricos estão ficando ainda mais ricos) (p.29).

O passo seguinte do trabalho do autor é tentar encontrar uma resposta teórica para algumas questões levantadas pelo padrão dos nomes e dos determinantes nas línguas românicas e germânicas como um todo. O autor (p.30) aponta, inicialmente, para o fato de que, nas línguas românicas e germânicas, nomes singulares contáveis não ocorrem na posição de argumento, a não ser que sejam singulares com interpretação de plural ou nome de massa, como em: I ate beaver (significando: I ate “beaver meat”/ Eu comi carne de castor) (p.31). Longobardi (p. 35) faz uma generalização para os nomes comuns, pronomes e nomes próprios entre as línguas. Os primeiros, argumenta ele, devem sempre ser usados para se referirem a tipos, e podem, assim, prover uma variedade de determinantes (lexicais ou evidentes) entendidos como operadores; os segundos não podem ser submetidos a essa interpretação; e os últimos não precisam, mas podem levar essa interpretação em casos marcados. Em outras palavras, se temos como exemplo: Eu comprei um carro, o objeto direto carro pertence a um grupo, cujos elementos possuem características similares e podem ser diferenciados, quantificados, definidos ou especificados a partir do acréscimo de determinantes na sentença (um, o, aquele, esse, etc.). Os pronomes não se referem a tipos, pois, a fórmula: Pronome x, tal

que x pertence à classe de Y não pode ser verdadeira. Já os nomes próprios podem ser

interpretados como tipos em exemplos como: Conheci várias Marias. Os pronomes, segundo o autor, são gerados em D e nunca ocorrem na posição N; os nomes próprios,

por sua vez, em algumas línguas como no italiano, ocorrem em D na Estrutura-S; já os nomes comuns, mesmo em línguas como o italiano, normalmente não sobem para a posição D. Longobardi resume suas postulações da seguinte maneira: “Um nome, para se referir a tipo, deve ser o núcleo da projeção N na Estrutura-S”. (p. 35-36) (tradução minha)

Após analisar alguns exemplos do inglês, Longobardi propõe, finalmente, uma generalização para a subida do nome: “em línguas e construções em que o nome sobe do núcleo para uma posição D e substitui o artigo, apenas os nomes próprios podem subir; em línguas e construções em que a subida adjunge o nome ao artigo, os nomes comuns também podem subir para D. (p.40) (tradução minha)

Longobardi propõe, então, um parâmetro para distinguir as línguas românicas e germânicas, tomando como base o italiano e o inglês: “N sobe para D (por substituição) na sintaxe do italiano, mas não na do inglês”. (p.41) (tradução minha)

O autor aponta para a possibilidade de o italiano não possuir subida de nomes na Forma Lógica (FL) de maneira alguma, mas a descarta, argumentando que o “Earliness

Principle”7 proposto por Pesetsky (1989) parece mais adequado para dar as diretrizes à formulação de uma condição geral para a tipologia geral das línguas (crosslinguistics): “A interpretação existencial default é atribuída aos SDs o quanto antes (na Estrutura-S ou na FL, dependendo do parâmetro de movimento) e não pode ser mudada no curso da derivação” (p. 43) Da mesma forma, argumenta Longobardi, a condição de que um núcleo vazio precisa ser lexicalmente governado é checada o quanto antes no que diz respeito aos Ds.

A discussão para se chegar a uma teoria paramétrica para os genéricos em inglês e nas línguas românicas é o próximo passo de Longobardi. Para fazer os testes que levem a um resultado paramétrico eficiente, o autor sugere que se leve em consideração dados dos adjetivos substantivados do inglês, que pedem um artigo definido mesmo na interpretação genérica plural: I visit the poor every year (Eu visito os pobres todo ano). A conclusão do autor é que “para uma leitura genérica, um artigo deve ser introduzido apenas para prevenir que a posição D fique vazia na FL” (p.45), se adequando as postulações anteriormente feitas pelo mesmo autor sobre a interpretação default e sobre núcleos vazios que devem ser lexicalmente governados.

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O “Earliness Principle”, como explicado numa nota de rodapé em Longobardi (p. 44), sugere que “o status de ± WH é atribuído a CPs incorporados o quanto antes (estrutura-S ou Forma Lógica, dependendo do parâmetro do movimento) e não pode ser trocado no curso da derivação

Sobre os SDs genéricos, Longobardi (p. 48) argumenta que são casos em que a subida do N para o D ocorre na FL, se assemelhando à questão dos nomes próprios singulares nessa mesma língua. Podemos perceber essa similaridade se analisarmos os exemplos: I drink pure water/ I drink [water [pure e]] (Eu bebo pura água) e I met old

Mary/ I met [Mary [old e]] (Eu encontrei velha Maria). Na língua inglesa a FL parece

ser o nível mais relevante para a interpretação de Ds e Ns (p.48).

As análises sintáticas do autor levam-no a assumir (p. 50) que, semanticamente falando, as interpretações fornecidas pelos nomes que aparecem na posição N referem- se a conceitos universais (tipos) e as interpretações atribuídas aos nomes que aparecem na posição D referem-se à designação particular de todo o SD, tanto diretamente (ao atribuir referência a um único indivíduo) quanto indiretamente (ao hospedaro operador de uma estrutura denotacional).

Após afirmar que, em italiano, um artigo que introduz nomes próprios simples deve ser sempre expletivo8, Longobardi traz novamente a questão de que, na língua inglesa, o uso do artigo definido com plurais, nomes de massa e nomes próprios singulares não é admitido. É exatamente nesses casos que, em línguas como o italiano, o uso expletivo do artigo ocorre. O autor reforça o fato de que artigos expletivos só ocorrem com genéricos singulares que não representam nome de massa e adjetivos substantivados genéricos. O autor propõe, então, a seguinte generalização para o inglês: “artigos expletivos são licenciados apenas como último recurso” (p. 56). No entanto, ele deixa claro que dificilmente essa generalização pode ser aplicada às línguas românicas. O autor mostra exemplos do alemão que apontam para a diferença no licenciamento do artigo expletivo entre esse último e o inglês, pois, no alemão, é possível encontrar sentenças como: Der Hans ist angekommen (O Hans já chegou) (p.57). No inglês, a mesma sentença é agramatical: *The Hans has arrived, sendo sua correspondente gramatical Hans has arrived. . Parece que as restrições nos usos dos artigos em inglês e não em outras línguas germânicas e românicas se devem a fatores morfológicos próprios da língua, pois, como aponta Longobardi, a Gramática Universal (GU) traz como um de seus princípios que “a realização fonética da posição D é licenciada apenas se expressar conteúdo semântico ou traços gramaticais, ou como último recurso”(p.58). A mais forte evidência para promover o suporte morfológico para o uso do artigo expletivo, segundo Longobardi (p.61), está no estudo de Ebert (1970) sobre o frísio (língua falada na ilha

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de Föhr). Segundo esse estudo, como afirma Longobardi, o frísio apresenta dois tipos de artigo não-indefinido (a, at, at (usados com cada um dos três gêneros no singular) e a (no plural)) e (di, det, det (usados com cada um dos três gêneros no singular) e dön (no plural)). Os primeiros são sistematicamente usados para acompanhar nomes próprios e todos os tipos de genéricos (plurais, nomes de massa singulares, singulares contáveis e adjetivos substantivados) e são chamados de artigos-A. Os outros são usados para acompanhar nominais definidos específicos e são chamados de artigos-D. O autor (p.63) explica, ainda, que existem dois tipos de expletivos no dialeto frísio: o dos nomes próprios e expressões genéricas, que são morfologicamente neutralizados pelo artigo-A, ao passo que o artigo substantivado definido toma a forma do artigo-D, e apenas sua leitura específica continua disponível. Fica claro, então, que o artigo-A, é um expletivo com conteúdo fonético e, dessa forma, não apresenta nenhum problema segundo a análise de Longobardi, apesar de serem aplicados com adjetivos substantivados e com nomes contáveis singulares É importante ressaltar que o uso do artigo-A não corresponde à ocorrência do determinante nu em inglês, como afirma Longobardi (p.63), pois esse último não pode substituir “the” em dois casos em que o frísio emprega o a: o dos adjetivos genéricos e dos genéricos singulares contáveis. O que justifica a ocorrência do artigo definido do inglês nesses dois casos é que ele é um expletivo e que a leitura contável não é permitida nessas configurações estruturais.

No apêndice do seu trabalho, Longobardi (p.64) traz algumas considerações acerca das vantagens de uma interpretação minimalista da subida do N. A eliminação do parâmetro que admite o movimento de X na FL parece interessante do ponto de vista minimalista. Tendo em vista que o Programa Minimalista (PM) visa eliminar todos os níveis linguísticos (menos a Forma Lógica (FL) e a Forma Fonética (FF)), a questão reside em perceber a variação entre as línguas quanto à interpretação de um traço particular em um nível ou em outro.

Para dar continuidade à sua proposta, Longobardi faz algumas colocações imprescindíveis: “a) todas as posições D são universalmente geradas com um traço abstrato ±R (sugerindo referencialidade), que deve ser checado com um dos dois valores; b) esse traço ±R é forte nas línguas românicas e fraco nas línguas germânicas; c) +R é universalmente checado se e somente se o D for interpretado como sendo uma cadeia/CADEIA contendo uma expressão de objeto referente (no sentido explicado no texto, isto é, um pronome ou nome próprio); d) –R é universalmente checado se e

somente se o D for interpretado numa cadeia/CADEIA que não contenha nenhuma expressão de objeto referente; e) o requerimento de governança lexical de núcleos vazios se aplica universalmente na FL; f) a interpretação existencial de Ds nus universalmente se aplica livremente ( é uma regra de “qualquer local”) e, uma vez atribuída, nem pode ser removida, nem o D pode ser preenchido com qualquer material”. (p.64)

O autor mostra todas as possibilidades de ocorrência do italiano: Ds checados como +R: Noi (medici) (We doctors / Nós médicos)/ La Maria (The Maria / A Maria/ A

Maria, uma Maria) (p.65) Ds checados como –R: Il castoro/i castori, (The beavers /

beavers Os castores / castores) (interpretação genérica) – Il castoro/i castori/ogni

castoro/ alguni castori etc., (The beaver/the beavers/every beaver/some beavers / O

castor/os castores/todo castor/alguns castores) (interpretação específica) (p.66), e Ds nus

Castori (Beavers / Castores) (interpretação existencial específica em posições

lexicalmente governadas) (p.66).

Logo em seguida, Longobardi (p.67) resume as conclusões tiradas com sua análise: 1) se D selecionar um nome comum, a checagem gramatical de +R torna-se inviável; 2) Se D selecionar um nome próprio, a checagem gramatical – R não se faz disponível; 3) se a posição D for gerada na base como vazia, a subida do nome próprio é obrigatória; 4) a subida de um nome próprio deve acontecer antes do SPELL OUT nas línguas românicas (em que o traço ±R é forte) e atrasada até a FL nas línguas germânicas (em que o traço ±R é fraco) por meio da “Procrastinação”9

; 5) A subida de um nome comum, nas línguas românicas, terá que se realizar antes do SPELL OUT , impedindo qualquer possibilidade de interpretação posterior; nas línguas germânicas, o processo de “Procrastinação” vai postergar até o componente da FL a escolha entre a interpretação existencial para D ou o seu preenchimento pela subida de N, o que lhe dará uma interpretação genérica 6) A “Procrastinação” obrigatoriamente retarda o movimento para depois do SPELL OUT caso haja qualquer disponibilidade de outras opção de não-movimento que se enquadrem aos requistos da FF 7) Como consequência do princípio de “Procrastinação”, a subida de nomes comuns na Sintaxe será universalmente excluída.

9A ideia da “Procrastinação proposta por Chomsky (1995) sugere que o movimento depois do Spell-out é “menos

custoso”, já que o movimento “covert”/disfarçado não tem que fazer o pied-piping com os traços fonológicos. O movimento somente pode ser procrastinado até depois do Spell-out quando traços fracos estão envolvidos, pois traços fortes são não-interpretáveis na FF e, dessa maneira, devem ser deletados antes do Spell-out

O texto de Longobardi apresenta uma proposta bastante interessante para o funcionamento do D e a interpretação do traço ±R nas línguas românicas e germânicas. A análise feita pelo autor possui argumentos fortes e de enorme contribuição para os trabalhos posteriores.

A partir da leitura do texto de Longobardi, assumiu-se, no presente trabalho, que a atribuição mais adequada da posição do determinante é [SD [D’ D SN]] e não [SN SD [N’ N]] para as línguas românicas, mais especificamente o PB e o PABH. Além disso, no capítulo 3, depois de analisar os resultados da distribuição dos dados e dos fatores que condicionam o uso dos determinantes, pode-se ou não assumir a proposta de que os SDs nus na posição de objeto em PABH se projetam em SD e possuem determinantes nulos, como propõe Longobardi (1998) para os SDs nus objetos das línguas em geral.