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3. DESEMPENHO DO BRASIL NA IPhO

3.1. Análise Pelas Premiações

Como sabemos, os alunos são agraciados com medalha de ouro, de prata de bronze e com menção honrosa. Para metrificar o desempenho total do time brasileiro, iremos definir uma pontuação para cada prêmio, e por fim, somar a pontuação total da equipe. Obviamente que a medalha de ouro terá a maior pontuação e a menção honrosa terá a menor pontuação. A pontuação está indicada na Tabela 3. Notemos que foi atribuído o valor 2 para a menção honrosa apenas para aumentar a sua distinção em relação aos não premiados.

Tabela 3 : Pontuação atribuída a cada premiação ao utilizar a métrica por premiação Premiação Pontuação

Medalha de Ouro 5 Medalha de Prata 4 Medalha de Bronze 3 Menção Honrosa 2

Primeiramente fizemos o levantamento das premiações obtidas pelos times brasileiros desde que iniciou-se efetivamente a primeira participação do Brasil na edição de 2000, realizada na Inglaterra [37]. Na edição anterior, realizada em 1999 na Itália, o Brasil participou apenas como observador. Assim, os prêmios obtidos estão indicados na Tabela 4 e no Gráfico 2.

Tabela 4: Premiações Brasileiras na IPhO

IPhO Ouro Prata Bronze Menção

2000 0 0 0 0 2001 0 0 0 1 2002 0 0 1 2 2003 0 0 0 1 2004 0 0 0 1 2005 0 0 1 2 2006 0 0 0 3 2007 0 0 1 0 2008 0 1 1 2 2009 0 2 2 1 2010 0 0 5 0 2011 1 0 4 0 2012 1 0 3 0 2013 0 1 4 0 2014 0 0 5 0 2015 0 0 3 2 2016 1 1 3 0 TOTAL 3 5 33 15 Fonte: http://ipho-unofficial.org/countries/BRA/individual   G áfi o  : Qua tidade de  edalhas de ou o, p ata,  o ze e  e ções ho osas do B asil  a IPhO

Ou o P ata B o ze Me ção Ho osa

Em uma breve análise qualitativa e visual desta tabela, podemos perceber que nas 17 participações brasileiras, os primeiros resultados eram muito ruins, havendo muitos zeros. Com o passar dos anos alguns números foram aparecendo, mas primeiramente na coluna da direita, havendo posteriormente um avanço para as colunas da esquerda. Assim, isso já indica que realmente houve alguma evolução ao longo dos anos, mas precisamos refinar esta análise através de indicadores mais objetivos.

Assim, veremos na Tabela 5 as pontuações obtidas em cada ano, substituindo cada medalha pela sua respectiva pontuação. Assim, por exemplo, a célula que tiver uma medalha de bronze será preenchida por 3 pontos. Analogamente, a célula que tiver três medalhas de bronze será preenchida com 9 pontos.

Tabela 5: Pontuação das Premiações Brasileiras na IPhO IPhO Ouro Prata Bronze Menção Total de Pontos

2000 0 0 0 0 0 2001 0 0 0 2 2 2002 0 0 3 4 7 2003 0 0 0 2 2 2004 0 0 0 2 2 2005 0 0 3 4 7 2006 0 0 0 6 6 2007 0 0 3 0 3 2008 0 4 3 4 11 2009 0 8 6 2 16 2010 0 0 15 0 15 2011 5 0 12 0 17 2012 5 0 9 0 14 2013 0 4 12 0 16 2014 0 0 15 0 15 2015 0 0 9 4 13 2016 5 4 9 0 18

Assim, iremos plotar um gráfico com a evolução temporal da pontuação global do desempenho do time brasileiro.

Gráfico 3: Evolução temporal da pontuação total das premiações brasileiras na IPhO, utilizando as pontuações atribuídas pela Tabela 3. A linha tracejada indica a tendência linear da evolução.

O gráfico anterior não deixa dúvidas de que se analisarmos toda a história do Brasil na IPhO houve uma evolução significativa. Ao efetuarmos a regressão linear, indicada pela linha tracejada no gráfico, podemos claramente perceber a tendência de crescimento. O coeficiente angular da reta de tendência está bem próximo de um, o que indica que os resultados estão melhorando. Além disso, pela métrica utilizada o coeficiente angular igual a 1 indica que a cada ano a pontuação da equipe brasileira tende a subir um ponto, ou seja, um aluno tenderá a subir de premiação. Isso significaria que se tivéssemos em um determinado ano 5 medalhas de bronze, depois de 5 anos deveríamos ter 5 medalhas de prata ou uma configuração de medalhas com pontuação total equivalente.

Porém, se analisarmos com mais cuidado, podemos perceber que entre 2007 e 2009 houve um salto no desempenho do time brasileiro. Este fato possivelmente pode ser explicado pelo fato de que em 2008 houve uma grande mudança no esquema de seleção do time brasileiro. Antes, eram selecionados os melhores 40 alunos na OBF que estavam cursando a 1ª série do ensino médio para

 =  ,  ‐ , Po tu ão á o

PONTUAÇÃO TOTAL DA EQUIPE BRASILEIRA

formar o grupo de pré-classificados para as OIFs (Olimpíadas Internacionais de Física). Este grupo fazia duas provas quando estivessem cursando a 3ª série do ensino médio. Estas duas provas ocorriam em meados de março e abril do mesmo ano que eles participariam da IPhO. Estas provas também ocorriam nos respectivos estados dos candidatos. As provas eram enviadas para a SBF e corrigidas pela coordenação nacional da OBF. Só que este modelo claramente não estava funcionando, pois, os alunos eram pré-selecionados no fim da 1ª série, e fariam provas apenas no início da 3ª série, para poucos meses depois já participarem da IPhO. E nesse intervalo de tempo, que geralmente era de 14 a 16 meses, os alunos na prática não tinham nenhum tipo de orientação ou cobrança. Além disso, as provas eram apenas teóricas.

Em 2004 mudou-se o esquema das provas seletivas. Os 40 melhores alunos da 1ª série da OBF continuaram sendo selecionados da mesma forma. Só que eles passaram a ter duas provas seletivas durante a 2ª série do ensino médio. A primeira no final de julho e a segunda no meio de dezembro do ano que cursavam a 2ª série do ensino médio. A primeira prova abrangia apenas metade do conteúdo de Física Clássica que estava no programa da IPhO e a segunda prova o restante. A Física Moderna seria cobrada apenas na fase final. Dessa forma, os alunos já receberam um guia e uma meta de estudo para cada semestre daquele ano. Ao fim deste ano, foram selecionados os 12 melhores do grupo que incialmente tinha 40 alunos. Nessa seleção, foi levado em conta as notas das duas provas seletivas e a nota da 3ª Fase da OBF daquele ano (ano em que os alunos estavam cursando a 2ª série do ensino médio). Foi criada uma nova fase que selecionaria os 5 estudantes dentre os 12 que representariam o Brasil na IPhO. Essa fase final foi aplicada nos respectivos estados dos alunos nos anos de 2006 e 2007, e era constituída apenas de provas teóricas.

Mas, em 2008, a fase final passou a ser aplicada em um mesmo local para todos os alunos, e passou a ser constituída de provas teóricas e experimentais. Portanto, essa mudança, que se efetuou em 2008 com a realização de provas teóricas e experimentais em um mesmo local para todos os estudantes participantes da fase final, foi a responsável pelo salto que podemos observar no Gráfico 4.

Gráfico 4: Análise da Pontuação Brasileira na IPhO, utilizando a pontuação atribuída pela tabela 3. Em azul (vermelho) os valores correspondentes ao período de 2000 a 2007 (2009 a 2016) com a tendência linear

indicada pela linha tracejada.

Dividimos os resultados em dois Períodos, o primeiro de 2000 até 2007 e o segundo de 2009 até 2016. Foi feita a regressão linear dos Períodos separadamente. Cada respectiva regressão está indicada pela linha tracejada. Podemos perceber claramente a mudança de patamar que houve entre esses dois períodos.

No Primeiro Período, podemos observar que o coeficiente angular está em torno de 0,5. O que é aproximadamente metade do obtido quando fizemos a análise considerando-se todos os anos em um único período. Isso indica que nesse primeiro período já tínhamos uma tendência de melhora, pois este 0,5 indica que a cada 2 anos um aluno tenderia a subir de menção honrosa para bronze ou que a cada 4 anos teríamos uma menção honrosa a mais. E essa tendência é muito natural, pois as primeiras participações são as mais difíceis, pois a total falta de experiência dos professores e dos alunos torna um bom desempenho praticamente impossível. Assim, já era esperado que nas próximas edições, com a experiência obtida nos anos anteriores, os resultados fossem melhorando. Quais tipos de erros eram cometidos pelos professores? O estilo e o nível de dificuldade das questões das provas seletivas eram diferentes dos que eram apresentados na IPhO. Os alunos se preparavam principalmente para essas provas seletivas. E devido a essas diferenças, eles não estavam preparados para as provas que iriam realizar na IPhO.

 =  ,  ‐ ,  =  , Po tu ão á o

No Segundo Período, podemos observar que a linha de tendência está em um patamar bem superior, mas que surpreendentemente tem coeficiente angular da linha de tendência igual a zero. Isso indica que nesse período a tendência de crescimento é nula, ou seja, há uma estagnação. Essa linha representa o valor médio da pontuação do período que é de 15,5 pontos. Logo, se dividirmos pelos 5 participantes, temos uma média de 3 pontos por aluno. Ou seja, a pontuação média do brasil corresponde à medalha de bronze. Se fizermos a média aritmética das pontuações do primeiro período, obteremos um média de 3,6 pontos por ano. Ao dividir pelos 5 alunos, temos uma média de 0,7 por aluno. O que indica claramente que a média do desempenho do Brasil como equipe estava bem abaixo da menção honrosa (2 pontos). Além disso, podemos observar que a média do Brasil por ano saltou de 3,6 para 15,5 pontos, o que representa um crescimento de mais de 330%. Mas o grande problema é que pela nossa análise, as mudanças efetuadas proporcionaram essa melhora entre esses dois períodos, e aparentemente o Brasil encontra-se estável no nível de Bronze.

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