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Nesta fase da pesquisa, denominada análise dos dados, o pesquisador, em contato com o que foi coletado, busca respostas às suas indagações, procurando estabelecer relação entre os dados obtidos e hipóteses formuladas, que podem ser negadas ou confirmadas com anteparo teórico. É uma fase que tem como objetivos compreender os dados, confirmar ou não as inferências da pesquisa, responder ao problema, ampliar o conhecimento sobre o que foi pesquisado (MARCONI; LAKATOS, 2016; MYNAIO, 2000).

Assim, neste estudo, trabalhou-se com dois tipos de análises dos dados: a bibliográfica, com a leitura de livros, artigos, textos, entre outros, sobre a temática racial e a análise dos dados decorrentes das entrevistas com professores. Assim, após coletados os dados, por meio da entrevista, estes passaram por diversas fases

compreendidas: organização, transcrição e interpretação, buscando respostas ao problema da pesquisa.

3.6- Técnica de análise de dados: análise de conteúdo

Visando interpretar os dados da pesquisa obtidos nas entrevistas, optou-se pela análise de conteúdo, pois Triviños (1990) destaca que essa técnica é muito importante no campo da pesquisa qualitativa. Caracteriza-se por ser “[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações [...]” (BARDIN, 2011, p. 47). Constitui-se em técnica que emprega estratégias sistemáticas e objetivas para descrever os conteúdos das comunicações. Tenta compreender o que não está muito claro nas mensagens, buscando outros significados que vão além das aparências, portanto, afastando-se da compreensão espontânea. Quando se quer compreender as comunicações para além de seus significados imediatos recorre-se à análise de conteúdo (BARDIN, 2011).

A análise de conteúdo obedece a três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. A pré-análise é caracterizada por ser a fase de organização do material a ser analisado. É a etapa em que se faz um contato inicial com os documentos que são escolhidos, em que se apropria do seu texto, em que há formulação de hipóteses de objetivos e indicadores e, com base nos objetivos e problematização do estudo define-se a unidade de registro e de contexto, destacando-se trechos significativos, estabelecendo-se as categorias, a modalidade de codificá-las. O objetivo é tornar operacional e sistematizado as ideias iniciais esquematizando-os para os próximos passos a serem realizados. Bardin (2011) diz que, na pré-análise, faz-se a “leitura flutuante” que permite identificar que informações devem ser consideradas na análise; a organização do material para a constituição de seu corpus (no caso desta pesquisa seu corpus principal é a entrevista transcrita); a preparação do material.

A exploração do material é uma fase que se preocupa com as unidades de codificação, portanto consiste em operacionalizar a codificação, em que os dados brutos do texto são transformados por recortes (escolha das unidades de contexto e análise), enumeração (escolha das regras de contagem) e agregação (escolha das categorias) para se obter uma representação do conteúdo do texto, ou da sua

expressão. Minayo (2000) inspirada em Bardin afirma que a codificação, transformando os dados brutos, visa atingir o núcleo de compreensão do texto. Pela codificação chega-se à categorização que pretende encontrar o eixo central das entrevistas. As unidades de registro (também chamada de unidade de análise), que significa a unidade a ser codificada, sendo a unidade de base para a categorização, são obtidas através da decomposição da mensagem, já codificada em unidade de contexto, estas são mais amplas e servem de referências para as unidades de registro. Nessa fase, o texto das entrevistas é todo recortado em unidades de registros.

Na fase de tratamento dos resultados, faz-se a inferência e interpretação. É o momento em que os dados brutos ganham significação e validade. Esta interpretação deve ultrapassar conteúdo evidente dos documentos, pois, interessa ao pesquisador o conteúdo que está oculto e o sentido que se encontra por trás da aparente realidade (BARDIN, 2011).

Para realizar a análise de conteúdo, seguiu-se as etapas propostas por Bardin, em que, primeiramente foram selecionados os documentos a serem analisados, que nesse caso, são as entrevistas, que depois de transcritas e organizadas, constituíram o corpus da pesquisa, sendo submetidas à “leitura flutuante”. As entrevistas foram lidas várias vezes buscando-se as impressões que delas emanavam. Em seguida, depois de várias leituras, passou-se para a fase de codificação em que o texto das entrevistas foi todo recortado, estabelecendo-se as unidades de registro que, são partes de texto que tenham interesse e importância para os objetivos da pesquisa e contém indicativos para as questões do estudo. (BARDIN, 2011; SILVA, 2012).

Nesse caso, das unidades de registro (fragmento das entrevistas recortadas) extraíram-se as subcategorias. Estas foram estabelecidas. tendo em vista os objetivos da pesquisa e buscando-se articulação com as categorias definidas e fundamentadas a priori, nos capítulos 1 e 2, com base em referencial teórico. O quadro 3 a seguir, apresenta as categorias definidas nos capítulos 1 e 2 e as subcategorias que emanaram das entrevistas:

Quadro 3 - Categorias e subcategorias de análise

Categorias Subcategorias

Conscientização

Percepções positivas

Intenções de educar relações étnico- raciais

Práticas pedagógicas limitadas

Racismo e Discriminação racial

Presente na sociedade e na escola Enfrentamento ao racismo e discriminação

Manifestação velada e inconsciente Fonte: Elaborado pela autora (2017)

As subcategorias, que emanaram das falas dos professores são explicadas e analisadas no capítulo 4, levando-se em consideração as categorias Conscientização, Racismo e Discriminação racial.

Todo esse processo deu condições para a execução da terceira etapa da análise de conteúdo, em que foi feito a inferência apoiada em referencial teórico.

CAPÍTULO 4

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo, são apresentados os resultados das análises das entrevistas, em que se buscaram respostas para os questionamentos da pesquisa, entre eles, se nas práticas pedagógicas dos professores da disciplina de História, é abordado o ensino de história e cultura afro-brasileira na perspectiva da Lei nº 10.639/03, em um contexto de educação das relações étnico-raciais. A técnica utilizada foi a da análise de conteúdo em que, com base nas falas dos entrevistados, bem como nos objetivos, emergiram as subcategorias, apresentadas no quadro 3. Estas, foram analisadas e interpretadas com base no referencial teórico, em articulação com as categorias definidas a priori.

Entende-se que educar relações étnico-raciais vai além da simples abordagem de conteúdos e do cumprimento de regras e preceitos, mas é antes de tudo, uma ação conscientizada e conscientizadora, porque ela requer uma aproximação crítica e não ingênua da realidade opressora para poder transformá-la. Todo ensino que tem como objetivo a emancipação de pessoas deve proporcionar a conscientização e acredita-se que educar relações raciais, como é intenção da lei em questão, implica em emancipação.

4.1 Ensino de história e cultura afro-brasileira na perspectiva da lei nº