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3.2 An´ alise para o VIH-2

4.1.4 An´ alise de res´ıduos

Ap´os o ajustamento do modelo de regress˜ao de Cox, e no sentido de avaliar a quali- dade desse ajustamento, realizou-se uma an´alise de res´ıduos. Os res´ıduos estudados foram: res´ıduos de Schoenfeld e res´ıduos martingala.

Res´ıduos de Schoenfeld

O pressuposto de riscos proporcionais foi investigado atrav´es dos res´ıduos de Schoenfeld do modelo ajustado. A interpreta¸c˜ao dos res´ıduos de Schoenfeld permite verificar se o efeito de cada vari´avel ´e sempre o mesmo ao longo de todo o per´ıodo de observa¸c˜ao, ou seja, se os riscos s˜ao proporcionais ao longo do tempo. A an´alise visual dos res´ıduos de Schoenfeld para cada uma das vari´aveis inclu´ıdas no modelo de Cox foi efectuada e as conclus˜oes foram os seguintes:

Time

Beta(t) for AZT2

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4

−4

−2

0

2

Figura 4.20: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel Ano de Diagn´ostico, para os casos de SIDA (VIH-1).

Observando a Figura 4.20 podemos verificar que o efeito desta vari´avel n˜ao per- manece constante ao longo do tempo, ou seja, o efeito da vari´avel Ano de Diagn´ostico no final do per´ıodo de observa¸c˜ao parece ser diferente do que era no in´ıcio do per´ıodo,

tendo um comportamento oscilat´orio. Este resultado ´e consistente com o valor do valor-p obtido pelo teste de proporcionalidade do risco e que se observa na Tabela 4.10.

Time

Beta(t) for Sexo1

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −6 −4 −2 0 2

Figura 4.21: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel G´enero, para os casos de SIDA (VIH-1).

Time

Beta(t) for IdadeG2

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −4 −2 0 2 4 Time

Beta(t) for IdadeG3

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −5 0 5 10 Time

Beta(t) for IdadeG4

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4

−5

0

5

10

Figura 4.22: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel Grupo Et´ario, para os casos de SIDA (VIH-1).

Time

Beta(t) for Doenca2

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −4 −2 0 2 4 6 8 Time

Beta(t) for Doenca3

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4

05

1

0

Time

Beta(t) for Doenca4

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 0 1 02 03 04 0 Time

Beta(t) for Doenca5

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 0 1 02 03 04 05 0 Time

Beta(t) for Doenca6

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −5 0 5 10 15 Time

Beta(t) for Doenca7

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −4 −2 0 2 4 6

Figura 4.23: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel Tipo de Patologia, para os casos de SIDA (VIH-1).

Time

Beta(t) for Origem2

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −5 0 5 10 15 Time

Beta(t) for Origem3

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 0 2 04 06 08 0

Figura 4.24: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel Naturalidade, para os casos de SIDA (VIH-1).

Time

Beta(t) for Ctrans2

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4

−5

0

5

Time

Beta(t) for Ctrans3

0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4

−5

0

5

10

Figura 4.25: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel Categoria de Transmiss˜ao, para os casos de SIDA (VIH-1).

Time Beta(t) for CD42 0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 − 2 02468 Time Beta(t) for CD43 0.032 0.086 0.27 0.59 1.1 2 3.7 8.4 −5 0 5 10 15 20 25

Figura 4.26: Gr´afico de res´ıduos de Schoenfeld da vari´avel N´umero de Linf´ocitos T CD4+, para os casos de SIDA (VIH-1).

Pela observa¸c˜ao dos gr´aficos de res´ıduos de Schoenfeld (Figura 4.21 `a Figura 4.26) constata-se que os riscos s˜ao proporcionais ao longo do tempo, ou seja, o efeito das vari´aveis permanece constante ao longo do tempo, n˜ao existindo uma varia¸c˜ao evidente (nenhuma tendˆencia), com excep¸c˜ao da vari´avel Ano de Diagn´ostico, tal como referido anteriormente.

Para complementar a an´alise gr´afica realizou-se um teste de proporcionalidade dos riscos para o modelo de Cox, com o intuito de verificar a existˆencia de cor- rela¸c˜ao entre as vari´aveis e o tempo de sobrevivˆencia, sendo que a hip´otese nula ´e de correla¸c˜ao igual a zero. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.10.

Tabela 4.10: Teste de proporcionalidade dos riscos para o modelo de Cox ajustado.

rho χ2 valor-p AZT2 -0,144 6,3×101 1,9×10−15 Sexo1 0,012 4,5×10−1 5,0×10−1 IdadeG2 -0,046 6,2×100 1,3×10−2 IdadeG3 -0,034 3,5×100 6,0×10−2 IdadeG4 -0,060 1,1×101 1,2×10−3 Origem2 -0,009 2,6×10−1 6,1×10−1 Origem3 0,002 1,1×10−2 9,2×10−1 Doenca2 -0,121 4,5×101 2,2×10−11 Doenca3 0,042 5,2×100 2,3×10−2 Doenca4 -0,062 1,1×101 7,2×10−4 Doenca5 -0,042 5,3×100 2,1×10−2 Doenca6 -0,063 1,2×101 5,6×10−4 Doenca7 -0,153 7,2×101 < 0, 0001 Ctrans2 -0,001 2,2×10−3 9,6×10−1 Ctrans3 0,037 4,0×100 4,5×10−2 CD42 -0,051 7,9×100 4,9×10−3 CD43 -0,058 9,9×100 1,6×10−3 Global NA 2,8×102 < 0, 0001

Como se observa pela Tabela 4.10, o valor-p obtido para as vari´aveis AZT, IdadeG, Doenca e CD4 leva a que se rejeite a hip´otese nula de riscos proporcionais para estas vari´aveis. Em rela¸c˜ao `as vari´aveis Sexo, Origem e Ctrans verifica-se que n˜ao se rejeita a hip´otese nula de riscos proporcionais. Analisando a proporcionali- dade global do modelo conclu´ı-se que se rejeita a hip´otese nula de proporcionalidade dos riscos. Contudo, Klein e Moeschberger (1997) dizem ser prefer´ıvel, para verificar o pressuposto de riscos proporcionais, a an´alise gr´afica dos res´ıduos ao teste formal

de proporcionalidade, uma vez que acreditam que a hip´otese de proporcionalidade dos riscos ´e apenas uma aproxima¸c˜ao do modelo correcto para uma covari´avel e que qualquer teste formal, baseado numa amostra suficientemente grande, rejeitar´a a hip´otese nula de proporcionalidade. Assim sendo daremos maior credibilidade `as conclus˜oes obtidas pela an´alise gr´afica de res´ıduos.

Res´ıduos martingala

Os res´ıduos martingala foram utilizados com o intuito de investigar a existˆencia de indiv´ıduos mal ajustados pelo modelo (Figura 4.27), bem como avaliar a forma funcional de uma vari´avel cont´ınua, verificando se apresenta uma forma linear ou se ´

e necess´ario efectuar alguma transforma¸c˜ao (Figura 4.28).

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 −2 −1 0 1 Índice Resíduo

Figura 4.27: Gr´afico de res´ıduos martingala para o modelo final, casos de SIDA (VIH-1).

O gr´afico dos res´ıduos martingala versus o ´ındice de cada indiv´ıduo (Figura 4.27) n˜ao apresenta qualquer padr˜ao, correspondendo a um bom ajustamento, uma vez que n˜ao foram observados dados extremos e est˜ao distribu´ıdos uniformemente acima e abaixo da linha do zero.

20 30 40 50 60 70 80 −0.5 0.0 0.5 1.0 Idade Resíduos

Em rela¸c˜ao `a forma funcional da vari´avel idade (Figura 4.28), podemos observar que ´e praticamente linear, n˜ao sendo necess´ario alterar a sua forma. Assim sendo, podia ter sido inclu´ıda no modelo de Cox. Contudo, em termos epidemiol´ogicos era mais adequado considerar o grupo et´ario a que cada caso pertencia em vez da respe- ctiva idade. Assim, em vez de considerar-se a vari´avel explicativa idade (cont´ınua), optou-se pela vari´avel explicativa grupo et´ario (categ´orica), ou seja, discretizou-se a vari´avel.

4.2

An´alise para o VIH-2

4.2.1

An´alise explorat´oria

Dos 277 casos com diagn´ostico positivo para o VIH-2, 90 casos (32,5%) foram diagos- ticados at´e Dezembro de 1996, e 187 casos (67,5%) apresentavam data de diagn´ostico entre 1997 e Mar¸co de 2008.

O n´umero de casos diagnosticados para o VIH-2, tendo em conta o grupo et´ario e o g´enero do indiv´ıduo observa-se na Tabela 4.11. Deste modo, 65,3% dos casos dizem respeito ao sexo masculino e apenas 34,7% ao sexo feminino, sendo os grupos et´arios dos 40 aos 49 anos e dos 50 ou mais anos, aqueles com mais casos diagnosticados, representando 34,7% e 36,1%, respectivamente, do total de casos.

Tabela 4.11: Distribui¸c˜ao dos casos de SIDA, para o VIH-2, segundo o Grupo Et´ario e o G´enero.

G´enero

Grupo Et´ario Feminino Masculino Total

13 - 29 anos 11 7 18 30 - 39 anos 21 41 62 40 - 49 anos 30 66 96 50 ou mais anos 33 67 100 Desconhecido 1 0 1 Total 96 181 277

Para os casos diagnosticados no estadio de SIDA, pelo VIH-2, no per´ıodo de Janeiro de 1993 e Mar¸co de 2008, a idade m´edia `a data de diagn´ostico ´e 45,69 anos. A idade mediana ´e 46 anos, sendo que a idade m´ınima verificada ´e 15 anos e a idade m´axima 75 anos, como se observa na Figura 4.29. Analisando os casos diagnosticados de acordo com o g´enero, podemos observar que a idade mediana dos casos diagnosticado para o sexo feminino ´e 44 anos, enquanto para os casos do sexo masculino ´e 47 anos (Figura 4.30).

No que diz respeito `a naturalidade, observou-se que 140 casos (50,5%) tˆem natu- ralidade portuguesa, e que 133 casos (48%) referem naturalidade africana.

A vari´avel que representa o n´umero de linf´ocitos T CD4+ foi exclu´ıda da folha de

20 30 40 50 60 70 Idade

Figura 4.29: Boxplot da vari´avel Idade `a data de diagn´ostico de SIDA pelo VIH-2.

Feminino Masculino 20 30 40 50 60 70 Sexo Idade

Figura 4.30: Boxplot da vari´avel Idade `a data de diagn´ostico de SIDA segundo o G´enero para o VIH-2.

notificados n˜ao apresentam esta vari´avel preenchida. Deste modo, apenas 154 casos registaram informa¸c˜ao, dos quais 134 casos tˆem um n´umero de linf´ocitos T CD4+

inferior a 200/µl, 20 casos tˆem entre 200/µl e 499/µl linf´ocitos T CD4+ e 4 casos

tˆem um n´umero de linf´ocitos T CD4+ superior a 499/µl.

Verifica-se pela Tabela 4.12 que 84% dos casos foram registados na categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual), enquanto que 6% dos casos est˜ao associados ao consumo de drogas por via endovenosa, e 4% dos casos dizem respeito `a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina). ´E vis´ıvel que para ambos os sexos, a categoria de transmiss˜ao mais relevante ´e a transmiss˜ao sexual (heterossexual), correspondendo a 90% dos casos observados no sexo feminino e a 81% dos casos no sexo masculino.

Na Tabela 4.13 podemos observar os casos diagnosticados de acordo com cada grupo et´ario e categoria de transmiss˜ao. Assim, na categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual) o grupo et´ario com menos casos diagnosticados ´e dos 13 aos 29 anos,

Tabela 4.12: Distribui¸c˜ao dos casos de SIDA, para o VIH-2, segundo a Categoria de Transmiss˜ao e o G´enero.

G´enero

Categoria de Transmiss˜ao Feminino Masculino Total

Heterossexual 86 146 232

Toxicodependente 5 12 17

Homossexual 0 12 12

Desconhecida 5 11 16

Total 96 181 277

ao passo que os grupos et´arios dos 40 aos 49 anos e dos 50 ou mais anos, representam 36,6% e 37,9%, respectivamente, do total de casos desta categoria. Tanto na catego- ria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina) como na categoria associada ao consumo de drogas por via endovenosa, os grupos et´arios apresentam um n´umero de casos semelhante. Contudo, para a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina) n˜ao se observou nenhum caso no grupo et´ario dos 13 aos 29 anos. Tabela 4.13: Distribui¸c˜ao dos casos de SIDA, para o VIH-2, segundo o Grupo Et´ario e a Categoria de Transmiss˜ao.

Categoria de Transmiss˜ao

Grupo Et´ario Heterossexual Toxicodependente Homossexual Desconhecida Total

13 - 29 anos 11 6 0 1 18 30 - 39 anos 47 7 4 4 62 40 - 49 anos 85 3 5 3 96 50 ou + anos 88 1 3 8 100 Desconhecido 1 0 0 0 1 Total 232 17 12 16 277

De acordo com a Tabela 4.14, observa-se que perto de metade dos casos dia- gnosticados (48,7%) est˜ao associados `a tuberculose, sendo a patologia com um maior n´umero de casos diagnosticados nas trˆes categorias de transmiss˜ao. Tamb´em se veri- fica que as patologias tuberculose e pneumocystis jiroveci, linfoma e citomegalov´ırus apenas apresentam casos diagnosticados na categoria de transmiss˜ao sexual (hete- rossexual).

No per´ıodo entre Janeiro de 1993 e Mar¸co de 2008 foram diagnosticados com SIDA, pelo VIH-2, 277 casos. Desses casos foi observada a morte em 139 casos, correspondendo a 50,2% do total, e os restantes 138 casos (49,8%) est˜ao vivos no final do per´ıodo em estudo.

A mediana do tempo de follow-up ´e de 1355 dias, ou seja, 3,71 anos, e verifica-se que o tempo m´ınino no estudo ´e de 3 dias e o tempo m´aximo de seguimento s˜ao 5554 dias (15,22 anos).

Tabela 4.14: Distribui¸c˜ao dos casos de SIDA, para o VIH-2, segundo o Tipo de Patologia e a Categoria de Transmiss˜ao.

Categoria de Transmiss˜ao

Tipo de Patologia Heterossexual Toxicodependente Homossexual Desconhecida Total

Tuberculose (TB) 114 11 6 4 135 Pneumocystis jiroveci 14 1 4 2 21 TB e Pneumocystis jiroveci 1 0 0 0 1 Linfoma 19 0 0 3 22 Citomegalov´ırus 4 0 0 0 4 Toxoplasmose 20 2 1 2 25 Outras patologias 60 3 1 5 69 Total 232 17 12 16 277

Os indiv´ıduos que faleceram por SIDA, no per´ıodo em estudo, apresentam as seguintes caracter´ısticas:

• 94 casos do sexo masculino e 45 casos do sexo feminino;

• 4 casos com idade entre os 13 e 29 anos, 27 casos com idade entre os 30 e 39 anos, 46 casos com idade entre os 40 e 49 anos, e 62 casos com idade superior a 49 anos;

• 59 casos foram diagnosticados antes de 1997 e h´a 80 casos com diagn´ostico entre 1997 e 2008;

• 62 casos est˜ao associados `a tuberculose, 11 casos `a pneumocystis jiroveci, 1 `a tuberculose e pneumocystis jiroveci, 12 a linfoma, 3 a citomegalov´ırus, 19 `a toxoplasmose e 31 a outras patologias;

• 60,4% dos casos referem naturalidade portuguesa e 39,6% dos casos tˆem natu- ralidade africana;

• 3,6% dos casos referem-se `a categoria de transmiss˜ao “toxicodependentes”, en- quanto que 82% dos casos diagnosticados dizem respeito `a categoria de trans- miss˜ao sexual (heterossexual), e 4,3% dos casos `a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina);

• 64 casos apresentam um n´umero de linf´ocitos inferior a 200/µL, 11 casos tˆem entre 200/µL e 499/µL linf´ocitos e nenhum caso apresentou um n´umero de linf´ocitos superior a 499/µL.

A distribui¸c˜ao dos tempos de seguimento, em anos, dos casos diagnosticados no estadio de SIDA, pelo VIH-2, pode ser observada na Figura 4.31. Podemos verificar que 122 casos (87,8%) faleceram por SIDA nos primeiros 5 anos ap´os diagn´ostico, sendo que 48 com diagn´ostico anterior a 1997 e 74 com diagn´ostico entre 1997 e Mar¸co de 2008. Os casos do sexo masculino representam 59% do total de casos

Tempo (Anos) Frequência 0 5 10 15 20 0 5 0 100 150 122 13 4

Figura 4.31: Distribui¸c˜ao dos tempos at´e ao ´obito (VIH-2).

notificados, enquanto que 28,8% dos casos s˜ao do sexo feminino. A tuberculose ´e a patologia onde se registam mais casos com 54 casos, seguida da toxoplasmose com 18 casos. A naturalidade portuguesa verificou-se em 72 casos, e a naturalidade africana observou-se em 50 casos. Tanto no pr´e-HAART como no p´os-HAART, e para ambos os sexos, a categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual) ´e a mais notificada, com um total de 98 casos diagnosticados.

Entre 6 e 10 anos ap´os diagn´ostico de SIDA ocorreu a morte de 13 casos, dos quais 12 associados `a categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual) e um `a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina). Foram diagnosticados 8 casos entre Janeiro de 1993 e Dezembro de 1996 e 5 casos depois de 1996. Em rela¸c˜ao `a natu- ralidade, 8 casos referem naturalidade portuguesa e 5 casos naturalidade africana. Registaram-se 4 casos do sexo feminino e 9 casos do sexo masculino. A tuberculose ´

e o tipo de patologia com mais casos diagnosticados (7 casos).

Entre 11 e 15 anos ap´os diagn´ostico, a morte por SIDA observou-se em 4 casos. Estes casos tˆem naturalidade portuguesa e pertencem `a categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual), sendo um caso do sexo feminino e diagnosticado antes de 1997, e 3 casos do sexo masculino, sendo um deles diagnosticado entre 1997 e Mar¸co de 2008 e 2 casos diagnosticados antes de 1997.

Os indiv´ıduos que permaneceram vivos, no per´ıodo em estudo, apresentam as seguintes caracter´ısticas:

• 87 casos do sexo masculino e 51 casos do sexo feminino;

• 14 casos com idade entre os 13 e 29 anos, 35 casos com idade entre os 30 e 39 anos, 50 casos com idade entre os 40 e 49 anos, e 38 casos com idade superior a 49 anos;

• 31 casos foram diagnosticados antes de 1997 e h´a 107 casos com diagn´ostico entre 1997 e 2008;

• 73 casos est˜ao associados `a tuberculose, 10 casos `a pneumocystis jiroveci, ne- nhum caso `a tuberculose e pneumocystis jiroveci, 10 casos a linfoma, 1 caso a citomegalov´ırus, 6 casos `a toxoplasmose e 38 a outras patologias;

• 40,6% dos casos referem naturalidade portuguesa, 56,5% dos casos tˆem natu- ralidade africana e 1,4% dos casos tˆem outra naturalidade;

• 8,7% dos casos referem-se `a categoria de transmiss˜ao “toxicodependentes”, enquanto que 85,5% dos casos diagnosticados dizem respeito `a categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual), e apenas 4,3% dos casos `a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina);

• 70 casos apresentam um n´umero de linf´ocitos inferior a 200/µL, 9 casos tˆem en- tre 200/µL e 499/µL linf´ocitos, e 4 casos tˆem um n´umero de linf´ocitos superior a 499/µL. Tempo (Anos) Frequência 0 5 10 15 20 0 2 04 06 08 0 41 61 34 2

Figura 4.32: Distribui¸c˜ao dos tempos de censura (VIH-2).

Na Figura 4.32 observamos a distribui¸c˜ao dos tempos de seguimento, em anos, dos casos diagnosticados com SIDA que permanecem vivos at´e Mar¸co de 2008. Ob- servamos que nos primeiros 5 anos ap´os diagn´ostico de SIDA, 41 casos permanecem vivos, dos quais 19 do sexo feminino e 22 do sexo masculino. Todos os casos apre- sentam diagn´ostico entre Janeiro de 1997 e Mar¸co de 2008, tendo 16 casos natu- ralidade portuguesa e 23 casos naturalidade africana. A categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual) representa 85,4% dos casos notificados, enquanto que 4,9% dos casos refere-se ao consumo de drogas por via endovenosa, e 9,8% `a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina). O tipo de patologia mais relevante ´e a tuberculose, com 14 casos, seguida da pneumocystis jiroveci com 6 casos diagnos- ticados.

No per´ıodo de 6 a 10 anos ap´os o diagn´ostico de SIDA foram observados 61 casos que n˜ao faleceram, sendo casos diagnosticados depois de 1996. Dos quais, 52 referentes `a categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual), 6 ao consumo de drogas por via endovenosa e apenas um caso `a categoria de transmiss˜ao sexual (homossexual masculina). Desses casos, 18 dizem respeito a indiv´ıduos do sexo feminino e 43 a indiv´ıduos do sexo masculino, sendo a tuberculose a patologia com mais casos, nomeadamente com 33 casos, seguida do linfoma com 6 casos diagnosticados. Em rela¸c˜ao `a naturalidade, 27 casos tˆem naturalidade portuguesa e 33 casos naturalidade africana.

Os casos que permaneceram vivos entre 11 a 15 anos ap´os o dian´ostico de SIDA foram 34, em que 13 casos s˜ao do sexo feminino e 21 casos do sexo masculino. A naturalidade portuguesa est´a presente em apenas 35,3% dos casos, ao passo que 61,8% dos casos tˆem naturalidade africana. A categoria de transmiss˜ao sexual (hete- rossexual) ´e a categoria notificada com maior frequˆencia, com 29 casos, sendo que os 5 casos diagnosticados antes de 1997 dizem respeito a esta categoria de trans- miss˜ao. Para as categorias de transmiss˜ao referentes ao consumo de drogas por via endovenosa e ao contacto sexual (homossexual masculina) foram observados 4 e 1 casos, respectivamente, diagnosticados entre Janeiro de 1993 e Mar¸co de 2008.

Registaram-se 2 casos com tempo ap´os dign´ostico superior a 15 anos que per- manecem vivos, tendo sido diagnosticados antes de 1997 e pertencem `a categoria de transmiss˜ao sexual (heterossexual). Um dos casos ´e do sexo feminino e tem natu- ralidade africana, e o outro caso ´e do sexo masculino e de naturalidade portuguesa. A tuberculose ´e a patologia associada a estes 2 casos.

4.2.2

An´alise de Sobrevivˆencia ap´os diagn´ostico de SIDA

Tal como nos estudos anteriores, para estimar a fun¸c˜ao de sobrevivˆencia do tempo desde o diagn´ostico de SIDA at´e ao ´obito tamb´em se utilizou o estimador de Kaplan- Meier, tendo obtido o gr´afico da Figura 4.33.

Pela an´alise da Figura 4.33, podemos observar que a estimativa da mediana do tempo de sobrevivˆencia ´e de 2633 dias (7,21 anos), ou seja, estimou-se que pelo 50% dos casos com SIDA permanecem vivos pelo menos at´e aos 7,21 anos ap´os dia- gn´ostico de SIDA. A estimativa do tempo m´edio de sobrevivˆencia ´e de 2882 dias, representando 7,9 anos. Estima-se que 69,3% dos casos sobrevivem pelo menos 1 ano ap´os o diagn´ostico, 54,6% dos casos permanecem vivos pelo menos 5 anos ap´os o diagn´ostico, e que 46,9% dos casos sobrevivem pelo menos 10 anos ap´os o dia- gn´ostico. A estimativa da probabilidade de um indiv´ıduo sobreviver para al´em de 10,6 anos ´e de 42%, pelo que podemos estimar a existˆencia de casos que permanecem vivos depois de 10,6 anos e at´e 15,22 anos ap´os o diagn´ostico de SIDA. De facto, a estimativa de Kaplan-Meier apenas est´a definida at´e ao maior tempo registado.

A Tabela 4.15 apresenta a estimativa do tempo de sobrevivˆencia m´edio, mediano e percentil 25, em anos, de acordo com as categorias que foram definidas para cada vari´avel.

Tabela 4.15: Estimativa do tempo (em anos) de sobrevivˆencia m´edio, mediano e percentil 25, de acordo com as categorias de cada vari´avel, para os casos de SIDA (VIH-2)

Vari´avel No Casos No Obitos´ T. M´edio Mediana Perc. 25 Ano de Diagn´ostico

< 1997 90 59 6,57 3,09 0,3

≥ 1997 187 80 6,57 10,39 0,9

G´enero

Feminino 96 45 8,24 7,9 0,6

Masculino 181 94 7,73 5,8 0,6

Grupo Et´ario

13 - 29 anos 18 4 11,5 - - 30 - 39 anos 62 27 8,73 - 1,6 40 - 49 anos 96 46 8,35 7,66 0,9 > 49 anos 100 62 5,48 3,55 0,2 Naturalidade Portugal 140 84 6,51 3,82 0,4 ´ Africa 133 55 9,18 - 1 Outras 2 0 6,92 - - Tipo de Patologia Tuberculose (TB) 135 62 8,79 10,19 1,4 Pneumocystis jiroveci 21 11 5,57 3,12 0,2 TB e Pneumocystis jiroveci 1 1 0,03 0,03 0 Linfoma 22 12 6,92 3,29 0,2 Citomegalov´ırus 4 3 6,65 5,40 0,4 Toxoplasmose 25 19 3,28 2,83 0,4 Outras doen¸cas 69 31 7,41 10,60 0,6 Categoria Transmiss˜ao Heterossexual 232 114 8,08 7,26 0,6 Toxicodependente 17 5 10,82 - - Homossexual 12 6 5,90 - -

N´umero de Linf´ocitos

< 200/µL 134 64 8,28 7,66 0,7

200/µL - 499/µL 20 11 7,78 6,17 1,6

0 5 10 15 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Tempo (Anos) S^(t)

Figura 4.33: Estimativa de Kaplan-Meier da fun¸c˜ao de sobrevivˆencia do tempo at´e ao ´

obito (VIH-2).

De seguida, utilizou-se o estimador de Kaplan-Meier com estratifica¸c˜ao de modo a estimar as probabilidades de sobrevivˆencia para os diferentes grupos de indiv´ıduos, com base nas categorias de cada vari´avel do estudo. Assim, obteve-se as curvas de sobrevivˆencia estratificadas por o Ano de Diagn´ostico, G´enero, Grupo Et´ario, Naturalidade, Tipo de Patologia, Categoria de Transmiss˜ao e N´umero de Linf´ocitos T CD4+. 0 5 10 15 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Tempo (Anos) S^(t) <1997 >=1997

Figura 4.34: Estimativa de Kaplan-Meier da fun¸c˜ao de sobrevivˆencia do tempo at´e ao ´

obito (VIH-2), segundo o Ano de Diagn´ostico.

Ao considerar, para qualquer instante, um tempo de sobrevivˆencia, a estimativa da probabilidade de sobrevivˆencia para al´em desse instante ´e sempre maior para os

casos cujo diagn´ostico se realizou depois de 1997 do que para os casos em que o diagn´ostico ocorreu entre Janeiro de 1993 e Dezembro de 1996, como se obverva na Figura 4.34. Estima-se que at´e 2 anos ap´os diagn´ostico de SIDA, 47,8% dos casos diagnosticados entre 1993 e 1996 falecem, ao passo que apenas 31,3% dos casos com diagnostico desde 1997 n˜ao sobrevivem at´e esse instante. O tempo m´edio de sobre- vivˆencia estimado ´e de 6,57 anos em ambos os per´ıodos. No entanto, a estimativa da mediana do tempo de sobrevivˆencia ´e de 3,09 anos, para os casos diagnosticados antes de 1997, e de 10,39 anos para os casos com diagn´ostico posterior a 1996, como