• Nenhum resultado encontrado

Com o objetivo de diagnosticar o cenário do projeto e as preferências dos indivíduos que realizaram a cirurgia, foram executadas dez entrevistas de âmbito pessoal, visto que o assunto tem caráter particular e não são todos que se sentem à

vontade para contar sua trajetória. Foi criado um roteiro para executar a entrevista, porém conforme o sujeito sentia-se à vontade para contar sobre outros assuntos, assim novas perguntas surgiram e os depoimentos tomavam um rumo diferente do que se havia proposto. Sendo assim, a entrevista deu-se com oito mulheres e três homens, este número foi escolhido a partir dos estudos feitos ao longo deste trabalho, estas entrevistas completas encontram-se no Apêndice A.

A pergunta número um (Quadro 1) procedeu para conhecer o indivíduo, e quando ele havia realizado a cirurgia, observou-se que o público alvo são homens e mulheres que possuem de 24 a 34 anos.

“Tenho 24 anos. Eu fiz a cirurgia bariátrica – de redução de estomago mais popularmente conhecida - com dezessete anos, e meio que fora da lei, porque tinha que ser maior de idade, mas como era um caso de obesidade mórbida, e eu estava com princípios de diabetes e de outras comorbidades, eu tive que estar fazendo a cirurgia com mais antecedência. “.

A pergunta número dois, (Quadro 1) foi realizada a fim de saber sobre o paciente e seu vestuário após o procedimento cirúrgico, e foi constatado um incomodo com as regiões que a pele fica flácida, como: barriga, braços e joelhos; e alguns tecidos foram mencionados na entrevista, pois incomodam pelo fato da pele ficar mais sensível ou marcar, são eles: moletom e jeans; alguns entrevistados comentaram que não gostavam de roupas muito justas, regatas e nem de shorts muito curtos. “No momento eu estou escondendo muito a minha barriga, porque ela está bem flácida. ” Disse o primeiro entrevistado de 28 anos apontando com as mãos e mostrando sua insatisfação com a pele que havia sobrado.

A pergunta número três, (Quadro 1) propõe conhecer o que o indivíduo veste nos dias de hoje, o que ele mais gosta e o deixa mais confortável; alguns operados, optam ainda continuarem usando roupas mais largas, como calças sociais que não marcam e apertam - como revela 25 anos -, e outros preferem evidenciar o corpo com blusas de alcinha, saias e calças skinny; E outras como o oitavo entrevistado de 24 anos exprimiu que antes não conseguia usar calça legging, mas que agora, utiliza sem problema algum; O segundo entrevistado disse que após a cirurgia ela desenvolveu intolerância a lactose e que dependendo do que ela come, passa mal, sente incômodos na região abdominal, então se ela coloca um cinto e uma calça

mais justa, após um determinado tempo ela quer tirar as peças, por isso ela preza tanto pelo conforto.

A pergunta número quatro, (Quadro 1) é para conhecer melhor o que o indivíduo gosta de valorizar em seu corpo e o que prefere deixar menos a mostra. O colo foi uma resposta unanime entre os entrevistados, como a parte favorita do corpo; O quarto entrevistado disse que gosta de usar decotes para mostrar o colo e o pescoço, pois antes ela conta que não possuía rosto, pois seu queixo era “grudado” com o pescoço; O terceiro entrevistado de 28 anos, esclareceu que gosta de suas pernas e colo, mas que ainda sente um pouco de vergonha das axilas que é um lugar onde ela ainda possui sobras de pele.

A pergunta número cinco, (Quadro 1) é relacionada a identidade e o comportamento de compra do indivíduo antes de realizar a cirurgia; os entrevistados disseram que não conseguiam comprar roupas com seus gostos pessoais e sim que compravam aquilo que já estava posto – ou, que servia para eles -, mostrando a escassez do mercado para com corpos fora dos padrões; O sexto entrevistado de 26 anos, aponta que sua mãe comprava suas roupas, pois não gostava do simples fato de ir à loja experimentar, ela levava uma camiseta de molde e conseguia apenas encontrar roupas com temas infantis como perna-longa, e mickey; O quinto entrevistado mencionou na entrevista que sempre foi infiltrado no movimento rock and roll/punk rock e com isto tentava se vestir de acordo com o movimento, usava calças pretas que mandava fazer em costureiras e possuía o cabelo com o corte moicano e colorido; Entrevistado de número sete disse que tinha alguns estilos de roupas que ela mais gostava, porém não encontrava do seu tamanho; Entrevistado de número quatro, conta também que sempre amou calças jeans com sua cor azul original, mas que nos tamanhos 46/48 só encontrava calça sem nenhum estilo e de cores escuras, como marron e preto; Entrevistado de número três conta que sempre gostou de fazer compras mesmo estando gorda, ela tentava encontrar uma peça que fazia seu estilo, mas que não era ela que escolhia a roupa, e sim a roupa que a escolhia, e diz também que se a peça custasse R$ 300,00 e servisse, ela compraria, mas que isso não acontecia.

A pergunta número 6, (Quadro 1) aborda a mudança radical que a cirurgia proporciona ao indivíduo, de acordo com as respostas, a preparação antes de realizar a cirurgia é primordial para que o sujeito não fique com problemas

psicológicos e não desenvolva vícios, os dados apontam também que mesmo realizando a cirurgia, poucos indivíduos conseguem um corpo dos sonhos, que ainda para a sociedade, os entrevistados continuam gordos.

O segundo entrevistado conta que em um dia você pesa 120 quilos e no outro dia acorda com 80 quilos, a camiseta que antes ficava justa, de repente parece que cabem três de você, isto é um choque muito grande. O primeiro entrevistado diz também que, às vezes, ao se olhar no espelho, ainda se acha gorda, mas ela está pesando 70 quilos - antes ela pesava 120 quilos -, e segundo ela, é preciso manter um equilíbrio entre a cabeça e o corpo, e emagrecer também a cabeça. O entrevistado de número três menciona que após a cirurgia, ela criou uma dependência em doces, e que, às vezes prefere ficar sem comer um prato de comida para comer um doce, e isto mostra uma sequela deixada pela cirurgia.

A pergunta de número sete, (Quadro 1) estende-se para o âmbito familiar, para tentar entender o que levou o indivíduo à obesidade mórbida, o qual em alguns casos apresentados são genéticos – tireoide -, por problemas psicológicos e meio familiar, ou em alguns casos, a união de todos estes fatores. O entrevistado de número seis cresceu com a avó materna fazendo doces e salgados para fora e o pai era chefe de buffet, uma vida rodeada de alimentos nada saudáveis. Seu pai realizou a cirurgia um ano após que ele havia feito, porém após a sua saída do hospital descobriram uma trombose, tendo de retornar ao hospital, e só após três semana teve alta. O caso do entrevistado de número três não teve um desfecho tão feliz, seu pai vendo sua alegria resolveu fazer a cirurgia também, porém por causa de um erro médico – corte no Basso -, após 72 horas ele veio a falecer.

O entrevistado de número sete disse que ela comia bastante, mas que seus tios e primos paternos sempre foram gordos, e que seu “problema” era genético. Diz que quando fez dietas com nutricionistas, ela seguia tudo corretamente, porém seu corpo se acostumava com a dieta e ela voltava a engordar mesmo praticando a reeducação alimentar, e quando ela foi ao médico para fazer sua primeira consulta antes de realizar a cirurgia bariátrica, o médico disse que ela nunca iria vestir tamanho 38, pois sua estrutura óssea era grande, e que então, ela emagreceria o suficiente pra ter uma vida saudável, de acordo com o seu biótipo.

Diante de uma visão geral, conclui-se que cada pessoa possui um biótipo, e uma maneira de enfrentar os percalços que a vida impõe. A cirurgia bariátrica surge

na vida de algumas pessoas como forma da continuação de uma história que estava por um fio a ser finalizada, porém este procedimento irá deixar marcas para uma vida toda. A ânsia por entrar nos padrões estéticos ditos como perfeitos pela sociedade, ocasionou pessoas a perderem a vida, ou passarem por momentos que se tornaram tão delicados, que não gostam nem de mencionar.

Ainda falta no mercado empresas que pratiquem a empatia e atendam os variados de corpos; faltam opções no mercado de roupas que transpassem o estilo dessas “novas” pessoas, sejam aquelas que queiram evidenciar o corpo e as que ainda querem esconder.

Toda opinião acerca de gostos, consumos e identidade foi ouvida e analisada, para que se possa criar um produto que atenda às necessidades físicas e psíquicas dos futuros clientes.

4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO

Documentos relacionados