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O corpo e a mente em um estado de equilíbrio: a cirurgia bariátrica na moda

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA

CAROLINY FERNANDA FRIZO

O CORPO E A MENTE EM UM ESTADO DE EQUILÍBRIO: A

CIRURGIA BARIÁTRICA NA MODA.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

APUCARANA 2016

(2)

CAROLINY FERNANDA FRIZO

O CORPO E A MENTE EM UM ESTADO DE EQUILÍBRIO: A

CIRURGIA BARIÁTRICA NA MODA.

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda.

Orientador: Profª Bruna Villas Boas da Silva

APUCARANA 2016

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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Apucarana

CODEM – Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda

TERMO DE APROVAÇÃO

Título do Trabalho de Conclusão de Curso Nº 209

O corpo e a mente em um estado de equilíbrio: a cirurgia bariátrica na moda por

CAROLINY FERNANDA FRIZO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado aos vinte e oito dias do mês de novembro do ano de dois mil e dezesseis, às vinte horas, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda, linha de pesquisa Processo de Desenvolvimento de Produto, do Curso Superior em Tecnologia em Design de Moda da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela banca examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a banca examinadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________________________________________ PROFESSOR(A)BRUNA VILAS BOAS DA SILVA PONTARA– ORIENTADOR(A)

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) ANA CLÁUDIA DE ABREU – EXAMINADOR(A)

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) PATRÍCIA HELENA CAMPESTRINI HARGER – EXAMINADOR(A)

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

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Dedico este trabalho a todos que sofrem com a gordofobia.

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AGRADECIMENTOS

Esse trabalho nasceu a partir de uma pequena semente plantada no peito e que muitos estão ajudando a regar, esta será a primeira de muitas flores cultivadas no vasto jardim que pretendo criar. Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que fizeram parte dessa importante fase de minha vida. Portanto, desde já peço desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem estar certas que fazem parte do meu pensamento e de minha gratidão.

Agradeço aos meus pais que me deram o dom da vida e que estão presentes em todos os meus passos.

Agradeço ao Giovane por toda gentileza e carinho ao me ajudar com o trabalho.

Agradeço a minha primeira orientadora Profª Me. Rosimeirie Naomi Nagamatsu pela sabedoria com que me guiou nesta trajetória, sorrindo, emocionando-se e desesperando-se comigo.

Agradeço a minha segunda orientadora Profª Bruna Villas Boas pela disponibilidade em sanar minhas dúvidas a qualquer horário, as caronas e tardes de orientação que muitas vezes se tornavam em tardes de conversas maravilhosas.

Aos meus amigos de faculdade Mônica Gomes, Isaque Carvalho, Danilo Matsui, Jefferson Duque, Caio Verdelli e Rene Freiras que em meio ao curso se tornaram uma família para mim. Enfim, a todos os que, por algum motivo, contribuíram para a realização desta pesquisa.

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“Em mim eu vejo o outro e outro e outro enfim dezenas trens passando vagões cheios de gente centenas. ” (LEMINSKI, Paulo, 1997)

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RESUMO

FRIZO, Caroliny. O CORPO E A MENTE EM UM ESTADO DE EQUILÍBRIO: A CIRURGIA BARIATRICA NA MODA. 2016. 186 f. Trabalho de Conclusão de Curso em Design de Moda - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Apucarana, 2016.

Este projeto tem por objetivo analisar o corpo do indivíduo após a cirurgia bariátrica, e com isso, causar uma reflexão entre moda e arte para melhor compreensão e valorização da beleza instalada neste novo corpo, para o desenvolvimento de um vestuário que atenda suas necessidades psicológicas e fisiológicas após o procedimento cirúrgico. A obesidade mórbida mostra-se em episódios de comorbidades e transtornos psicológicos, como a depressão e a fobia social. A metodologia para desenvolver este estudo foi a bibliográfica, de abordagem qualitativa com os indivíduos que passaram pela cirurgia. O trabalho visa entrelaçar a arte juntamente com o design colaborativo para melhor atender a este público que se encontra deslocado no mercado e na sociedade. Espera-se, com este trabalho, contribuir para a valorização do indivíduo e sua natureza, elevando seu caráter e sua personalidade, trazendo sua autoestima e identidade.

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ABSTRACT

FRIZO, Caroliny. THE BODY AND MIND IN A STATE OF BALANCE: THE BARIATRIC SURGERY FASHIONABLE. 2016. 186 f. Work of Conclusion in Fashion Design Course – Federal Technological College from Paraná. Apucarana, 2016.

This project aims to analyze the individual's body after bariatric surgery, and thereby cause a reflection of fashion and art for better understanding and appreciation of beauty installed in this new body, to develop a garment that meets their psychological needs and physiological after surgery. Morbid obesity is shown in episodes of comorbidities and psychological disorders such as depression and social phobia. The methodology for developing this study was to literature, it will be the qualitative approach with individuals who have surgery, looking for ways to better serve this audience that is moved in the market and society. It is expected this work, contribute to the development of the individual and his, elevating his character and his personality, bringing their self-esteem and identity.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Vênus de Willendorf" 11,1 cm - c. 24.000-22.000 a. C. ... 23

Figura 2 - Retrato de Mona Lisa 1506 – 1517 Leonardo da Vinci ... 27

Figura 3 - Artist: Fernando Botero, Family Scene, 1969. ... 29

Figura 4 - Love in the mood, acrílica sobre tela, 15,7x15,7,75,7 ... 30

Figura 5 - Sarah Janeszikora Mothers and daughters ... 31

Figura 6 - A Natureza da Vida – Bosque Central Londrina, Madona, 2011. ... 32

Figura 7 - Logo Galeria Fashion ... 41

Figura 8 - Editorial da Marca Mei Smith ... 44

Figura 9 – Editorial da Marca Chica Bolacha ... 44

Figura 10- Imagem ilustrativa para promover as redes sociais da marca ... 48

Figura 11 - Imagem Ilustrativa para promoção ... 49

Figura 12 – Fachada da Loja ... 51

Figura 13 – Interior da loja ... 51

Figura 14 – Objetos de decoração ... 52

Figura 15 – Área externa do estabelecimento ... 52

Figura 16 - Cartão de visita parte da frente ... 53

Figura 17 - Cartão de visita, parte de trás. ... 54

Figura 18 - Embalagem para presente ... 54

Figura 19 - Ecobag ... 55

Figura 20 - Saco para loja online ... 56

Figura 21 - Tag ... 56

Figura 22 - Imagem de público alvo ... 57

Figura 23 - Imagem do comentário na foto com Nuta Gonçalves ... 59

Figura 24 - Imagem do comentário na foto de Ju Romano ... 59

Figura 25 - Imagem do segundo comentário na foto de Ju Romano ... 60

Figura 26 – Macrotendência: Viagens ... 61

Figura 27 - Representação: estética corpo ... 62

Figura 28 - Representação: estética corpo ... 63

Figura 29 - Silhueta Alongada ... 65

Figura 30 - Pontos de cor ... 66

Figura 31 - Foco de Estampa ... 66

Figura 32 - Referências da Coleção ... 69

Figura 33 - Cartela de Cores ... 70

Figura 34 - Cartela de materiais ... 71

Figura 35 - Estampa Manual ... 72

Figura 36 - Shapes ... 74

Figura 37 - Painel Semântico ... 75

Figura 38 - Look 01 ... 76

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Figura 40 - Look 03 ... 77 Figura 41 - Look 04 ... 77 Figura 42 - Look 05 ... 78 Figura 43 - Look 06 ... 78 Figura 44 - Look 07 ... 79 Figura 45 - Look 08 ... 79 Figura 46 - Look 09 ... 80 Figura 47 - Look 10 ... 80 Figura 48 - Look 11 ... 81 Figura 49 - Look 12 ... 81 Figura 50 - Look 13 ... 82 Figura 51 - Look 14 ... 82 Figura 52 - Look 15 ... 83 Figura 53 - Look 16 ... 83 Figura 54 - Look 17 ... 84 Figura 55 - Look 18 ... 84 Figura 56 - Look 19 ... 85 Figura 57 - Look 19 ... 85 Figura 58 - Look 21 ... 86 Figura 59 - Look 22 ... 86 Figura 60 - Look 23 ... 87 Figura 61 - Look 24 ... 87 Figura 62 - Look 25 ... 88

Figura 63 - Look analisado 01 ... 88

Figura 64 - Look analisado 02 ... 89

Figura 65 - Look analisado 03 ... 90

Figura 66 - Look analisado 04 ... 91

Figura 67 - Look analisado 05 ... 92

Figura 68 - Look analisado 06 ... 93

Figura 69 - Look analisado 07 ... 94

Figura 70 - Look analisado 08 ... 95

Figura 71 - Look analisado 09 ... 96

Figura 72 - Look analisado 10 ... 97

Figura 73 - Look analisado 11 ... 98

Figura 74 - Look analisado 12 ... 99

Figura 75 - Ficha técnica 1 saia godê ... 100

Figura 76- Ficha técnica 2, saia godê. ... 101

Figura 77 - Ficha técnica 3, saia godê ... 102

Figura 78 - Ficha técnica 4, saia godê. ... 103

Figura 79 - Ficha técnica 1, blusa preta. ... 104

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Figura 81 - Ficha técnica 3, blusa preta. ... 106

Figura 82 - Ficha técnica 1, macacão de linho. ... 107

Figura 83 - Ficha técnica 2, macacão de linho. ... 108

Figura 84 - Ficha técnica 3, macacão de linho. ... 109

Figura 85 - Ficha técnica 1, blusa com recortes. ... 110

Figura 86 - Ficha técnica 2, blusa com recortes. ... 111

Figura 87 - Ficha técnica 3, blusa com recortes. ... 112

Figura 88 - Ficha técnica 4, blusa com recortes. ... 113

Figura 89 - Ficha técnica 1, saia de linho. ... 114

Figura 90 - Ficha técnica 2, saia de linho. ... 115

Figura 91 - Ficha técnica 3, saia de linho. ... 116

Figura 92 - Ficha técnica 1, calça. ... 117

Figura 93 - Ficha técnica 2, calça. ... 118

Figura 94 - Ficha técnica 3, calça. ... 119

Figura 95 - Ficha técnica 4, calça. ... 120

Figura 96 - ficha técnica 1, colete. ... 121

Figura 97 - Ficha técnica 2, colete. ... 122

Figura 98 - Ficha técnica 3, colete. ... 123

Figura 99 - Ficha técnica 1, regata. ... 124

Figura 100 - Ficha técnica 2, regata. ... 125

Figura 101 - Ficha técnica 3, regata. ... 126

Figura 102 - Ficha técnica 1, blusa rosa. ... 127

Figura 103 - Ficha técnica 2, blusa rosa. ... 128

Figura 104 - Ficha técnica 3, blusa rosa. ... 129

Figura 105 - Ficha técnica 1, macacão azul. ... 130

Figura 106 - Ficha técnica 2, macacão azul. ... 131

Figura 107 - Ficha técnica 3, macacão azul. ... 132

Figura 108 - Ficha técnica 1, vestido. ... 133

Figura 109 - Ficha técnica 2, vestido. ... 134

Figura 110 - Ficha técnica 3, vestido. ... 135

Figura 111 - Ficha Técnica 4, vestido. ... 136

Figura 112 - Prancha 01 ... 137 Figura 113 - Prancha 02 ... 137 Figura 114 - Prancha 03 ... 138 Figura 115 - Prancha 04 ... 138 Figura 116 - Prancha 05 ... 139 Figura 117 - Prancha 06 ... 139

Figura 118 - Look confeccionado 01 ... 140

Figura 119 - Look confeccionado 02 ... 140

Figura 120 - Look confeccionado 03 ... 141

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Figura 122 - Look confeccionado 05 ... 142

Figura 123 - Look confeccionado 06 ... 142

Figura 124 - Página Inicial do site ... 143

Figura 125 - Conceito da marca ... 143

Figura 126 - Explicação do projeto social. ... 144

Figura 127 - Fotos da coleção ... 144

Figura 128 - Loja virtual ... 145

Figura 129 - Detalhes do produto e procedimento de compra. ... 145

Figura 130 - Detalhes do produto ... 146

Figura 131 - Relacionamento com o cliente. ... 146

Figura 132 - Capa e contra-capa ... 147

Figura 133 - Verso da capa e página 1. ... 147

Figura 134 - Página 2 e 3. ... 148 Figura 135 - Página 4 e 5 ... 148 Figura 136 - Página 6 e 7. ... 149 Figura 137 - Página 8 e 9. ... 149 Figura 138 - Página 10 e 11. ... 150 Figura 139 - Página 12 e 13 ... 150

Figura 140 - Maquiagem e Cabelo ... 151

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...11 1.1 OBJETIVOS ...12 1.1.1 Objetivo Geral ...12 1.1.2 Objetivos Específicos ...12 1.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA ...13 1.3 JUSTIFICATIVA ...13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...15 2.1 A CIRURGIA BARIÁTRICA ...15

2.2 PRÉ E PÓS DEPRESSÃO DA CIRURGIA BARIÁTRICA ...17

2.3 O NOVO EU ...19

2.3.1 O Design Colaborativo e Design Emocional ...21

2.4 A BELEZA ...23

2.4.1 Os Excessos da Beleza...24

2.4.2 A Beleza na Arte ...26

3 METODOLOGIA ...34

3.1 ANALISE DOS DADOS OBTIDOS NA PESQUISA ...35

4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO ...40

4.1 GALERIA FASHION ...40

4.1.1 Conceito da Marca ...41

4.1.2 Segmento ...42

4.1.3 Distribuição, Sistema e Pontos de Vendas ...42

4.1.4 Concorrentes Diretos...43

4.1.5 Concorrentes Indiretos ...43

4.1.6 Produtos ...45

4.1.7 Preços Praticados ...45

4.2 MARKETING ...45

4.2.1 Projeto Social – Expõe, Galeria, Expõe...46

4.2.2 Promoção ...47 4.2.3 Planejamento Visual ...49 4.2.4 Embalagem ...53 4.3 PÚBLICO-ALVO ...57 4.4 TENDÊNCIAS ...60 4.4.1 Macrotendência ...60 4.4.1.1 Viagens ...61

4.4.1.1.1 Primeira Estética: corpo ...62

4.4.1.1.2 Segunda Estética: alma ...63

4.4.2 Microtendência ...64

4.4.2.1 Silhueta Alongada ...64

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5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ...68

5.1 DELIMITAÇÃO PROJETUAL ...68

5.1.1 Necessidades a Serem Atendidas ...68

5.2 ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO ...68 5.2.1 Conceito da Coleção ...68 5.2.2 Nome da Coleção ...69 5.2.3 Referências da Coleção ...69 5.2.4 Cartela de Cores ...70 5.2.5 Cartela de Materiais ...70 5.2.6 Cartela de Estampas ...71

5.2.7 Processo de Pintura no Tecido ...72

5.2.8 Mix de Coleção ...73

5.2.9 Formas e Estruturas ...74

5.2.10 Painel Semântico ...75

5.3 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ...75

5.4 ANÁLISE E SELEÇÃO JUSTIFICADA DAS ALTERNATIVAS ...88

5.5 FICHAS TÉCNICAS ...100 5.6 PRANCHAS ...137 5.7 LOOKS CONFECCIONADOS ...140 5.8 DOSSIÊ ELETRÔNICO...142 5.9 CATÁLOGO IMPRESSO ...147 5.9 DESFILE ...150 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...153 REFERÊNCIAS ...155

(15)

1 INTRODUÇÃO

A moda é um meio de expressão que pode tornar o individuo único, mas pelo fato de estar preso às tendências de moda passageiras, fast fashion1 e padrões

impostos pela sociedade, o sujeito não se dá conta do que realmente quer ou gosta. A comunicação de moda detida pelas mídias na atualidade possui uma evolução de informações muito veloz, logo, as empresas que trabalham com produtos pautados nas tendências de moda, se preocupam somente em dispor a novidade, sem se ater à qualidade e as opções de modelagens em diversos tamanhos, pois junto com a moda existe uma ideia de corpo ideal detido na cultura social. Por consequência, os indivíduos que não se encaixam deste padrão desenvolvem problemas de depressão e autoaceitação, acarretando algumas vezes em sedentarismo e obesidade mórbida.

A cirurgia bariátrica é um dos meios nos quais o indivíduo se sujeita para dar início neste processo de combate a obesidade, esta operação vem de forma radical nas mudanças de comportamento, mudanças físicas e psíquicas. A obesidade é a causa a ser combatida, aonde a operação vem de forma radical para intervir em outras comorbidades2 que o excesso de peso pode trazer para o indivíduo e o processo de cirurgia é baseado nas condições do paciente. A cirurgia bariátrica é um dos meios nos quais o indivíduo se sujeita para dar início neste processo de combate a obesidade, esta operação vem de forma radical nas mudanças de comportamento, físicas e psíquicas. Destas nas quais causam vários efeitos pessoais e sociais na vida de cada uma destas pessoas, refletindo experiências boas e ruins.

A metodologia utilizada neste projeto consiste em métodos, qualitativos, bibliográficos e técnicas de pesquisa para assim desenvolver um vestuário que atenda às necessidades físicas, como o conforto na escolha dos tecidos para confecção das peças e também na inserção do indivíduo através do design colaborativo e emocional.

1 São tendências de consumo rápidas

2 São doenças relacionadas a alterações metabólicas decorrentes do excesso de gordura

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar o corpo do indivíduo após a cirurgia bariátrica para o desenvolvimento de um vestuário que atenda suas necessidades psicológicas através do design emocional e colaborativo e fisiológicas através da escolha dos tecidos, após o procedimento cirúrgico.

1.1.2 Objetivos Específicos

- Estudar sobre os tipos de cirurgia bariátrica.

- Compreender o pós-cirúrgico, seu desenvolvimento e peculiaridades. - Estudar conceitos de beleza fora dos padrões.

- Introduzir o design colaborativo e emocional no processo criativo do vestuário.

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1.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA

A cirurgia de redução de estômago, como é popularmente conhecida, traz benefícios aos pacientes, embora alguns problemas apareçam posteriormente, como o da flacidez, influenciando nas funções estéticas e vitais do sujeito ao manifestar assaduras, irritações e micoses, estas inconveniências provocam baixa estima, devido à necessidade que o paciente encontra em achar roupas que lhes trazem conforto. Esses complexos podem transformar-se em vícios ou até em depressões. É possível englobar pessoas recém operadas e indivíduos fora dos padrões de forma colaborativa no processo criativo de um produto de moda relacionado ao universo artístico que tenha um valor simbólico – emocional – agregado a peça?

1.3 JUSTIFICATIVA

Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em 2014 foram realizadas 88 mil cirurgias sendo, 70 % desses pacientes, mulheres, as maiores insatisfeitas com o corpo. O Brasil é o segundo país que mais executa tais procedimentos ficando apenas atrás dos Estados Unidos, e 10% dessas operações foram feitas pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

A pós-cirurgia tem sucesso na questão de saúde e educação alimentar, mas logo se depara com problemas que a sociedade e os meios lhe impunham. Se o indivíduo não se cuidar, ele pode voltar a engordar - segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, cerca de 10% dos pacientes voltam ao estado de obesidade - de acordo com uma pesquisa feita por médicos da Universidade de São Paulo - USP, do Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares - PROATA e da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; alguns pacientes após o procedimento apontam casos de depressão, ansiedade, comportamentos compulsivos, e alguns chegam até a cometer suicídio.

Quando as condições não são favoráveis e não é possível fazer a cirurgia plástica, vinda por meios públicos ou privados, por motivos financeiros, pessoais ou

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até mesmo de trabalho, estes procuram novas alternativas para se adequar ao seu novo estilo de vida.

Adaptar-se a este novo estilo de vida não parece ser tão fácil quando se está inserido em uma sociedade que cobra todos os dias um corpo perfeito. A moda, como um meio de expressão, não está preparada para atender biótipos diversificados por diversos motivos, nos quais podemos citar as questões comerciais e financeiras.

O conforto é um estado que envolve o indivíduo, podendo ser material ou emocional. Para Broega e Silva (2015) o conforto total do vestuário pode ser dividido em quatro aspectos fundamentais: o tema fisiológico, o sensorial, o ergonômico e o psicoestético. “As forças geradas no tecido durante o movimento do corpo estão diretamente relacionadas com as propriedades mecânicas dos tecidos, pelo que o estudo do conforto do vestuário tem de considerá-las.” (BROEGA; SILVA; 2015, p.5). O estilo de conforto utilizado neste trabalho será o sensorial, pois é nele em que estuda-se o toque entre pele versus tecido. O antigo obeso agora irá procurar por roupas que atendam suas necessidades formais e estéticas, voltadas para o encontro com sua identidade.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A CIRURGIA BARIÁTRICA

A cirurgia bariátrica é popularmente conhecida como cirurgia de redução de estômago, o melhor método para combater a obesidade mórbida em longo prazo. O procedimento é indicado a pacientes entre 16 a 60 anos com excesso de peso em que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Índice de Massa Corporal - IMC deve estar acima de 40 kg/m ou 35 kg/m², apresentando também doenças comórbidas, tais como: apnéia do sono, diabetes, hipertensão arterial, dificuldades de locomoção, entre outras, somadas à ineficácia de atividades físicas, tratamentos nutricionais e uso de medicamentos antiobesidade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, é dever da equipe médica, formada por cirurgiões, cardiologista, endocrinologista, pneumologista, psicólogo e assistente social, alertar sobre os riscos e benefícios ao paciente.

O propósito dessa cirurgia é reduzir e evitar as comorbidades, os complexos psicológicos, e reeducar hábitos alimentares e de atividades físicas, trazendo uma qualidade de vida maior para os obesos (SEGAL; FANDIÑO, 2002, p.2). Na maioria das vezes a cirurgia é direcionada aos obesos mórbidos por questão de saúde mental e física, e não simplesmente pela estética, pois, a perda de peso eficaz eleva a autoestima, e traz possibilidades para o paciente viver de forma mais saudável e ativa na sociedade.

Segundo o Consenso Latino Americano de Obesidade (1999), as cirurgias são classificadas em dois tipos, a Cirurgia Restritiva que reduz a porção de alimentos que entra pelo gastrointestinal e a Cirurgia Disabsortiva, a qual diminui a capacidade de absorção do intestino. Com os avanços da tecnologia, estes procedimentos podem ser executados a partir de videolaparoscopia, na qual o cirurgião realiza de três a cinco incisões no abdômen, aproximadamente de 15mm, inserindo instrumentos necessários e uma microcâmera para visualização da cirurgia. É um método menos invasivo para o paciente, pois não gera tantos problemas estéticos e físicos na pós cirurgia, como as anteriores, as quais faziam

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incisões maiores que provocavam problemas de pele.

Existem alguns tipos de Cirurgia conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica tais como:

Restritiva que reduz a porção de alimentos que entra pelo gastrointestinal, a Cerclagem dentária (pouco utilizada), o Balão Intragástrico, a Gastroplastia Vertical, Banda gástrica ajustável por Laparoscopia.

Cirurgia Disabsortiva a qual diminui a capacidade de absorção do intestino é visto a Cirurgia de Payne, a derivação bilio-pancreática ou cirurgia de Scopinaro, a derivação Bilio-pancreática com Duodenal Switch ou cirurgia de Hess.

“Estima-se que de 2% a 8% dos gastos em tratamentos de saúde em vários países do mundo sejam destinados à obesidade” (FANDIÑO et al., 2004, p.47) Os alimentos, estilo “fast foods” estão em alta por todo o mundo, trazendo a comodidade e a eficácia, mas nem sempre é assim com a saúde. O sedentarismo é vizinho da obesidade, e todos esses problemas geram um desconforto social, acarretando em gastos cada vez mais altos para os pacientes, suas familias e também para o governo, tendo em vista as familias de classe média baixa que não possuem condições financeiras para arcar com um tratamento particular.

Após o procedimento cirúrgico, para Fandiño et al. (2004, p.48) “O paciente no período pós-operatório também deve ser avaliado em intervalos regulares, para o acompanhamento do seu funcionamento psicológico posterior”; desta forma o indivíduo, nos primeiros dias, com orientação de uma nutricionista, deve apenas inserir liquidos para se sentir hidratado e não ingerir calorias. Em alguns casos o paciente pode contrair anemia devido à desidratação pela reeducação alimentar radical da pós cirurgia, causando fraqueza, fragilidade nas unhas e na pele, e também queda e mutações no cabelo.

Náuseas e vômitos são geralmente causadas por superalimentação ou pela deglutição de fragmento maiores de alimento” Sanches et al. (2007, p. 208). Depois de aproximadamente uma semana, deve-se consumir vitaminas pois a deglutição de alimentos é muito pequena. Posteriormente, em média duas semanas após a cirurgia pode-se iniciar uma dieta com alimentos pastosos e depois de um mês, dieta leve.

A perda rápida de peso gera problemas como a flacidez, que causa desconforto no indivíduo, devido a assaduras, alergias e furúnculos, sem contar a

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baixa auto estima, que pode estimular a depressão pós cirúrgica, desencadeada por estas questões estéticas e fisiológicas. “Essas dificuldades de natureza psicológica podem estar presentes entre os fatores determinantes da obesidade ou entre as consequências” (OLIVEIRA; LINARDI; AZEVEDO, 2004). Por isso, deve-se tomar muiti cuidado na pré cirurgia, assegurando o paciente de todos os obstáculos que ele terá de superar, tanto na sociedade, à qual terá que se reenquadrar e reabituar ativamente, quanto em seu novo corpo, que responderá com êxito na questão de emagrecimento e saúde, mas que por outro lado, trará problemas em que terá de ter paciência e perseverança para resolver, ou se não, poderá acarretar em complexos psicológicos.

2.2 PRÉ E PÓS DEPRESSÃO DA CIRURGIA BARIÁTRICA

As dificuldades apresentadas ao obeso, que são ligadas ao desempenho físico, nos quais, as de locomoção, de problemas respiratórios, dificuldades nas relações sexuais entre outras privações que influenciam negativamente o seu desenvovimento. Com isso, as barreiras, para se enquadrar aos padrões da sociedade desencadeia outros problemas que são de origem psiquica, algumas barreiras para desenvolver atividades, desequilíbrio de comportamento e transtornos, que o deixa cada vez mais debilitado psicologicamente. Por não deter de equilíbrio pessoal e social, a eficácia dos meios acessíveis, como reeducações alimentares, dietas e exercicios tornam-se cada vez mais distante, fazendo com que o indivíduo opte por radicalizar para alterar o curso de sua vida.

Muitas vezes não é o desejo do obeso passar por uma cirurgia para emagrecer, sendo sempre a última opção, por isso, antes de tudo, ele é obrigado a passar por vários procedimentos com profissionais da área, como nutricionistas e endocrinologistas que irão avaliar seu desempenho durante o processo pré cirúrgico, quando passará por dietas e atividades físicas, para ver se não haverá outras formas do paciente emagrecer. Se estes concluírem que a cirurgia é a única opção, o processo fica nas mãos do psicólogo, que dará a carta final para a autorização do procedimento cirúrgico. Se durante as consultas forem observados distúrbios

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psicológicos no indivíduo, como a depressão, ele deverá passar por várias sessões até estar preparado psicologicamente não só para a cirurgia, mas para a fase mais delicada desse procedimento, que é a pós cirurgia.

Para Magdaleno, Chaim e Turato (2009, p. 76) “O paciente sente-se na ‘vitrine da moda’, e todo aquele sofrimento advindo da exclusão social, da rejeição por ser gordo, da ferida narcisística que representa um corpo fora dos padrões, de repente se reverte’’ A ânsia por ser magro é influenciada por estes empecilhos na vida do obeso. Existe um equívoco quando se pensa que a cirurgia bariátrica resolverá de uma vez por todas os seus problemas, pois os hábitos do obeso vão contra os reflexos que trazem a cirurgia; a cabeça adulta do gordo, agora, tem o estômago de uma criança, e trará problemas à reeducação alimentar.

A depressão pós cirúrgica vem quando o operado percebe de que nunca mais terá uma vida normal, tendo que se atentar com sua alimentação. O que antes era um prazer, agora fica desconfortável e regulamentado (MAGDALENO, CHAIM, TURATO, 2009).

“O período imediatamente após a cirurgia é relatado pelos cirurgiados como sendo um dos mais difíceis. É a fase de recuperação do ato cirúrgico, de maior desconforto e de adaptação à nova dieta” (OLIVEIRA; LINARDI; AZEVEDO, 2004). Aparentemente o paciente se sente bem e com a autoestima elevada, pela perda rápida de peso, pois começa a ter acesso a coisas que antes não tinha, como as roupas que não lhe servia, de formas mais apresentável para as pessoas próximas como o parceiro, bem como para a sociedade. Porém estas questões visuais que a veloz perda de peso causa ao paciente, é atrelada à uma mudança radical de hábitos, que ainda corresponde a um obeso, mas é regido por uma nova dieta reduzida.

A problemática da obesidade perante a sociedade não segmenta um ciclo na vida do cirurgiado, pois neste processo está dificuldade se transforma em uma nova estética desagradável, a flacidez. Perante isto, o indivíduo ainda continua detendo problemas sociais, nos quais o vestuário ainda continua sendo um problema, pois o corpo do indivíduo que antes era gordo, agora torna-se flácido e com alta sensibilidade na pele.

“O paciente no período pós-operatório também deve ser avaliado, a intervalos regulares, para o acompanhamento do seu funcionamento psicológico

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posterior” (FANDIÑO et al., 2004, p.48). Muitos destes pacientes abandonam o tratamento com os médicos, devido a depressão pós-cirúrgica, ou até mesmo por condições financeiras, não tendo estímulo para dar continuidade às dietas e atividades físicas. Até que o operado faça a cirurgia plástica, o que também depende do seu estado financeiro e do seu desempenho no processo pós-cirúrgico, ele terá que se contentar com seus novos complexos, e assim encontrar meios de saciar sua ansiedade que ainda busca pelo corpo padrão.

Em muitos casos, eles encontram prazer na autodestruição, alguns se tornam alcoólatras e outros chegam a usar drogas pesadas, trocando a ânsia de comer, por outras que irão lhes trazer malefícios, alimentando a sua depressão. O melhor modo de evitar que tais empecilhos venham a se manifestar na pós-cirurgia é alertando os pacientes sobre os riscos, os prós e os contras, firmando um laço e lhes dando alternativas para que não se percam no caminho do tratamento, e assim, rumem ao encontro da sua própria identidade.

Canalizar as energias geradas pela ansiedade em atividades que o identifique torna-se um caminho criativo e honesto perante ao momento difícil em que o pós operado está passando, com isso fica cada vez mais próximo o encontro deste novo corpo com a personalidade que já existia e que não perderá sua essência, mas se adequará neste novo processo de transição.

2.3 O NOVO EU

Alguns pacientes, antes da realização do procedimento cirúrgico, apresentam elevados sintomas de depressão, ansiedade e têm dificuldades para encontrar a sua própria personalidade (OLIVEIRA; LINARDI; AZEVEDO, 2004). A mídia, geralmente de países mais industrializados, acaba tendo uma grande parcela de culpa em relação a estes distúrbidos alimentares e psicológicos, pois estabelece padrões o qual, quem estiver fora deles, estará excluído da sociedade, ou predisposto a sofrer preconceitos e discriminações (BAPTISTA; VARGAS; DAHER, 2008; ALEMIDA; ZANATTA; REZENDE, 2012).

O indivíduo, desde seu surgimento, é adequado para se encaixar a um determinado coletivo. O obeso mórbido enfrenta barreiras para ingressar no meio

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social, pela baixa auto estima e por partir de um pressuposto de que não é bem apresentável à sociedade por ser gordo. “Se o corpo é responsável por transmitir significados, então a moda pode ser considerada um instrumento para conseguir transmitir esses significados.” (WINTER; MORAES, 2013, p. 6) Já que a moda é um dos maiores meios sociais e culturais que impulsionam uma grande quantidade de pessoas no mundo inteiro, esta pode ser considerada uma forma de expressão.

Esta nova identidade pode desenvolver um comportamento de consumo por necessidade de expressão mediante a posse de produtos que se refletem de uma forma que sensibilize a sociedade, este poderá melhorar e interagir com os meios sociais, mesmo que ainda encontre dificuldades para se encontrar no mercado fashion (MIRANDA; GARCIA; LEÃO, 2009).

Após a operação bariátrica o indivíduo se depara com uma nova identidade, aquela que estava por trás do excesso de gordura corporal (MAGDALENO, CHAIM e TURATO, 2009). Sua autoestima eleva-se com os resultados rápidos que a cirurgia proporciona e agora o que deseja é se encontrar e conhecer um pouco mais sobre o seu novo corpo, buscando conforto e identidade, esse que ele sempre visualizava um alcance, mas que até então havia se adaptado às situações que lhe estavam impostas.

A busca pela descoberta da identidade e apresentação de si está ligada a uma construção imagética (CASTRO, ALMEIDA; 2011). Agora o sujeito poderá usar várias das coisas que ele não podia ter acesso, expressando um novo estilo de vida, se formulando a partir do que tem para consumir, absorvendo o que mais combina com a sua essência e personalidade, até criar uma nova identidade.

Nessa sociedade em que a imagem domina, a moda impera sobre o comportamento social, consomem-se imagem e identidade através da moda. O sujeito identifica-se através do desejo de ser em contraponto com o sentimento de pertencimento a determinado grupo. Tudo isso orienta o sujeito na direção do consumo e de uma multiplicidade da própria identidade (PONTES, 2013, p.2).

O ser é como se fosse uma cidade com vários caminhos e leva-se um tempo até conhecer todos os cantos desse local e, se descobrindo, o sujeito consegue encontrar novas formas, partilhando suas experiências com o coletivo e levando à frente tudo o que absorveu, mostrando horizontes que o levará à construção de sua própria identidade.

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“As transformações no/do corpo possibilitam uma leitura do sujeito, dos seus valores, de suas crenças, e “estados de alma” materializáveis, tornados visíveis e estruturados, declarados em seus corpos” (CASTILHO, 2004, p.50). O corpo é visto pelo sujeito como meio de expressão e significados, almejando encontrar sentido para seu vestuário, já que o produto de moda visa também ornamentar e embelezar o corpo e não apenas protege-lo como era feito anteriormente, afim de melhorar sua comunicação com a sociedade e frisar sua identidade.

Assim como um pintor busca reinventar suas próprias linguagens e características com cores, formas a partir de movimentos artísticos passados sem perder sua essência, o antigo obeso mórbido após reconstituir seu corpo busca por um vestuário que em sua mente já existia, mas que não podia consumir; agora ele escolherá novos tecidos, que se adequarão ao seu novo corpo dentro de sua própria essência, construirá um novo comportamento, expressando sua nova atitude.

2.3.1 O Design Colaborativo e Design Emocional

Quando o indivíduo inicia uma nova fase de sua vida, após o procedimento cirúrgico, ele irá buscar lojas que atendam seu biótipo atual, porém não será qualquer marca que atenderá suas necessidades vigentes, que por sua vez escutam apenas clientes que possuem um corpo padronizado pela sociedade - magro e esguio -, deixando de lado o corpo fora do padrão, sem voz e nem vez, dado que poucas pessoas após a cirurgia consegue um corpo esbelto.

Essa passagem implica um senso cada vez maior de responsabilidade e interação, à medida que os “direitos” do consumidor dão lugar a uma combinação dos “direitos e “deveres do cidadão; é uma jornada que, de maneira positiva, envolve os indivíduos com suas roupas em termos práticos, políticos e emocionais, e isso se faz notar em cada peça que é vestida (FLETRCHER; GRASE, 2011).

Encontra-se no design um vasto caminho de métodos e instrumentos para elaborar um projeto com maior eficácia, os dois estabelecidos na elaboração deste projeto será: design colaborativo e emocional.

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design colaborativo, o qual introduz o ponto de vista do indivíduo na produção e com suas opiniões sobre o produto, atende-se a necessidade no processo criativo do artigo. Esta não é uma técnica exclusiva abordada no co-design, o qual será visto também: questionário, brainstorming3, design livre e fantasia direcionada (FRANCO;

BRITO; CORADINE, 2013, p.336).

O conceito de colaboração vem de séculos passados, de várias áreas de conhecimento, adaptando-se de, basicamente, um trabalho conjunto entre pessoas com um objetivo comum, para a existência indispensável no processo de design atual, tido como fator influenciador no resultado final na concepção de um novo produto (HEEMANN; LIMA; CORRÊA,2008).

Não é de hoje que se verifica a colaboração no processo criativo, mas com o avanço da tecnologia, foram criadas novas teias de comunicações que a partir de plataformas online, pessoas conseguem trocar serviços umas com as outras no mundo todo. O objetivo deste processo é buscar atender os gostos e necessidades do seu público-alvo, proporcionando à eles um produto satisfatório.

Com o intuito de uma empresa se destacar no mercado da moda, na atualidade é indispensável que o estabelecimento esteja antenado em inovações e valores emocionais que envolva o cliente não apenas com o seu produto, mas também em um universo prazeroso que transmita a identidade da marca (MAZZOTTI; BROEGA, 2012).

Segundo Martins (2004), o Design Emocional tende a transformar produtos em itens de desejos, indispensáveis para vida humana. O mesmo autor aborda três questões sucintas que antecedem a pesquisa para o seu trabalho, que são: “Consigo usá-lo? Devo usá-lo? Desejo usá-lo?”. Analisando as perguntas, a que possui maior grau de relevância é a que aborda sobre o desejo, visto que se está estudando sobre os anseios no mercado fashion.

Algumas marcas estão vendendo emoções partindo de um pressuposto de que "o que se vende já não é um produto, mas um conceito, um estilo de vida associado à marca" (MAZZOTTI; BROEGA, 2012, p.5). Uma das propostas deste projeto, a um primeiro momento, é introduzir indivíduos que sofrem com a gordofobia no processo de criação de um vestuário, gerando assim um ciclo entre criador e

3 Técnica de discussão espontânea em grupo para resolver problemas ou criar algum trabalho

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criatura, design colaborativo/emocional e consumo, para que estas pessoas cada vez mais possam encontrar um mercado abrangente nas tendências para as minorias, com soluções físicas e psíquicas.

2.4 A BELEZA

Em tempos a humanidade se empenha em adornar e idolatrar o corpo (CARON, 2015). Na Era paleolítica a Vênus de Willendorf representava um padrão de beleza diferente do que conhecemos hoje, é uma estátua de 11,1 cm de altura de seios fartos e curvas voluptuosas e de características férteis.

Vêem-se, na mitologia grega, estórias como a de Afrodite, a qual nasce da mistura de sêmen do Deus Urano com a água do mar, se tornando a deusa da beleza, da fertilidade e do amor. (Figura 1)

Figura 1 - Vênus de Willendorf" 11,1 cm - c. 24.000-22.000 a. C.

Fonte: http://gabinetedehistoria.blogspot.com.br/

Outras histórias inspiradas na beleza e no corpo vieram à tona nestes tempos, influenciando até os dias de hoje, e uma delas é a de Narciso, que ao se

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olhar nas águas de um rio, ficou aficionado e imóvel pelo reflexo de sua beleza, enraizando-se e tornando-se uma flor infrutífera.

"Os padrões que aparecem ao longo da história são, como regra, acessíveis a poucos", disse a psicóloga Joana de Vilhena Novaes, Coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza e representante da Fundação Dove para a Autoestima no Brasil (2015). Essas minorias, como em todas as épocas eram omissas, passavam necessidades e eram escravizadas. E, como sempre, quem tinha o luxo e os privilégios eram as famílias mais nobres, que faziam até três refeições por dia, esbanjando fartura e riqueza.

As mulheres deveriam ser brancas e pálidas para remeter a uma beleza angelical, mantendo a hereditariedade da tradição e nobreza das famílias. “Fim do século XIX e início do século XX, a beleza está associada a valores da moral católica, como a pureza e a limpeza. Nesse período, a aparência física é tida como um dom divino, e não como uma conquista ou uma possibilidade individual” (POLI NETO; CAPONI, 2007). Como vemos, durante a história do desenvolvimento do Homem e da sociedade, cada época e espaço teve o seu padrão de beleza, como diz nessa citação: “O povo maori admira uma vulva gorda, e o povo padung, seios caídos” (WOLF; 1992, p.15).

“Na era que aqui categorizamos como pós-modernidade, o corpo assume de forma mais explícita e continua o estatuto de representação, de subjetividades, de individualidade, de personalidade, de exteriorização de conteúdos do sujeito.” (BRANDINI, 2007, p.8) Em busca do corpo perfeito, ditado pela sociedade e pela mídia consumista, alguns acabam excedendo os limites do seu corpo e das condições financeiras, criando uma desarmonia com física e psicológica

2.4.1 Os Excessos da Beleza

A sociedade contemporânea aponta uma valorização exacerbada do corpo escultural, juventude e beleza ideal. O indivíduo cada vez mais tenta se encaixar em um padrão ou diferenciar-se dele para frisar sua individualidade aos olhos dos outros. A ânsia de se enquadrar nos padrões, ter uma boa aparência e ser bem apresentável para a sociedade gera conflitos psicológicos que levam a ações

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radicais, tal como o uso de anabolizantes ou de esteroides androgênicos anabólicos, que são hormônios sintéticos que estimulam o desenvolvimento de alguns tecidos do corpo a partir do crescimento da célula e sua posterior divisão.

O uso destes anabolizantes também é para o tratamento de algumas doenças, mas na maioria das vezes são procurados a fim de atingir um corpo musculoso e escultural. Alguns atletas usam também para aumentar a força e a resistência física, podendo superar as expectativas dos que não seguem os mesmos métodos.

São inúmeros os efeitos colaterais com o uso indevido destes elementos aplicados no corpo, podem causar problemas no fígado, câncer, impotência sexual, derrame cerebral, calvície e encontram-se também dificuldades para urinar, descontroles emocionais que levam ao aumento da agressividade e do nervosismo, o crescimento das mamas e a mutação do corpo. A parada brusca do uso destes anabolizantes pode gerar sintomas de depressão, fadiga, insônia, diminuição da libido, dores de cabeça e musculares e crises de abstinência.

Em outros casos, à procura do corpo perfeito, pessoas tomam medidas drásticas que, de tempo em tempo, trazem malefícios à sua saúde, e podem levá-las até a morte. “A expectativa de corpo das pessoas em relação a esses padrões de beleza é o que provavelmente interliga uma variedade de fenômenos cada vez mais comuns, como a maior incidência de bulimia e anorexia” (POLI NETO; CAPONI, 2007, p.570).

A anorexia se caracteriza pela necessidade de perder peso, recusando refeições alegando falta de apetite, que, na maioria das vezes é voluntária, mas a que com o tempo o organismo se acostuma, e algumas pessoas podem chegar ao ponto de não comer nada. Estes podem morrer de desnutrição, sem as vitaminas que o corpo necessita, ficando expostos a doenças, causando sequelas que podem levar para toda a vida. Já a Bulimia, caracteriza-se pela compulsão alimentar, refletindo em comportamentos inadequados para emagrecer, tais como vômitos, o uso de laxantes, diuréticos e outros tipos de medicamentos, afim de não engordar e ter a sensação de estar em dia com a balança.

As indústrias de cosméticos e de dietas estão entre as que mais crescem em todo o mundo e com a Medicina da Beleza não é diferente (WOLF, 1992). Conforme a International Society of Aesthetic Plastic Surgery, o Brasil lidera o ranking de

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cirurgias plásticas no mundo. Em busca do padrão de beleza, muitas pessoas procuram cirurgias plásticas, a fim de remover, diminuir, alterar, ou ponderar alguma parte do corpo. Alguns diminuem orelhas, outros o nariz, aumentam os lábios, os seios, o nádegas, as coxas, bochechas, enfim, qualquer parte do corpo que lhes trazem insatisfação.

As três operações mais feitas no Brasil são: Lipoaspiração, colocação de próteses mamárias e rinoplastia. Algumas pessoas mais velhas buscam o rejuvenescimento através destas cirurgias e outros métodos, como o Botox, que puxa as peles enrugadas e traz uma aparência mais nova, mas que ao mesmo tempo, pode trazer situações de desconforto.

“À medida que a cultura midiática foi tornando-se hegemônica, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, o corpo, bem como suas aparências, tornou-se protagonista dos processos de sociabilidade em nossa cultura.” (LEAL et al., 2010, p.79). Algumas pessoas procuram por outras formas menos agressivas de buscar o padrão, por meio de produtos de beleza que muitas vezes pesam no bolso, tendo em vista o tempo que se leva para encontrar os produtos certos; ainda assim há uma agressão estética, mesmo que em menor proporção. Algumas destas não conseguem viver sem estes produtos, porque já não se sentem bem sem eles.

“A ‘beleza’ é um sistema monetário semelhante ao padrão ouro. Como qualquer sistema, ele é determinado pela política” (WOLF, 1992, p.15). Se todo indivíduo aceitasse seu corpo como ele é, respeitando a individualidade e a identidade de cada um, muitas empresas não se beneficiariam dos complexos alheios, se aprofundando cada vez mais no seu lado intrínseco, trabalhando e emponderando o seu eu.

2.4.2 A Beleza na Arte

Ao longo da história, vê-se que em cada tempo e espaço existiu um padrão estabelecido pela sociedade, e a arte sempre fez o papel de transmitir o sentimento do Homem diante do mundo e da sociedade, exprimindo sua visão da natureza humana. Falar de arte na moda é importante, porque ela mostra como uma

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sociedade se comporta, divide e se agrupa, em cada período, trazendo outras perspectivas diante das classes sociais e suas características.

No Renascimento, a liderança artística veio de Roma e Veneza, quando o ser humano passou a estar no centro do universo e teve liberdade para se expressar, a partir de novos conhecimentos para a área da literatura, geometria, ciência e artes plásticas, onde esta se utilizou do conceito da cultura greco-romana. (PROENÇA, 2007, p.92).

As principais características do estilo Renascentista foram a perspectiva de proporções ideais interligadas com a matemática e a geometria, também a utilização de pinceladas contrastantes de luz e sombras para a formação de volumes, e a técnica mais importante desse estilo chamada escorço, esta que não conseguimos identificar seu ponto de fuga, cujo maior exemplo é a obra de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa, na qual ele utilizou a razão e a percepção, para que, quem observasse a obra de qualquer ângulo, se sentisse observado também. (Figura 2)

Figura 2 - Retrato de Mona Lisa 1506 – 1517 Leonardo da Vinci

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Mona_Lisa

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Com o antropocentrismo, o homem começa a se valorizar; logo, ele passa a exprimir além do que lhe estava posto.

O artista do Renascimento não vê mais o ser humano como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. O mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada (PROENÇA, 2007, p 97).

Os artistas buscavam mais do que obras religiosas, tentando transmitir de forma racional e humanista os reflexos dos acontecimentos que se passavam naquela época e também de sua evolução interior e autoconhecimento, passando a expressar-se e retratar-se de forma artística.

Um dos artistas contemporâneos que desfrutam da técnica renascentista é o pintor e escultor colombiano Fernando Botero, universalmente reconhecido por suas obras com temas cotidianos, histórias de vida e críticas sociais. (ALBA, 2012, p.286). Botero ficou conhecido por abordar esses temas e, utilizando a técnica de volume de modo intuitivo, ele abordou essas formas voluptuosas, sejam elas pessoas, cavalos ou flores, exprimindo certa sensualidade nas pinturas, junto com seus contrastes de luz e sombra. Conforme a obra abaixo, podemos observar melhor o método citado anteriormente. (Figura 3).

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Figura 3 - Artist: Fernando Botero, Family Scene, 1969.

Fonte: http://www.wikiart.org/pt

Conforme Lindner (2012), nossa cultura é conduzida por imagens, e estas devem estar ligadas diretamente ao estilo de vida que escolhemos ter. A pintora francesa Jeanne Lorioz busca retratar em suas obras uma mulher autoconfiante, bem resolvida, que mesmo não se encaixando nos padrões de beleza impostos pela sociedade, consegue ser divertida com alto astral sem deixar sua sensualidade de lado. (Figura 4)

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Figura 4 - Love in the mood, acrílica sobre tela, 15,7x15,7,75,7

Fonte: http://www.lorioz.com/

Outra artista que trata destes mesmos segmentos é a pintora Sarah Janeszikora, em suas obras ela aborda formas de grandes dimensões, conseguindo captar e passar para suas ilustrações, novas singularidades que tornam seu trabalho de fácil admiração e reconhecimento (figura 5). “A imagem envolve formas de representação visual de diferentes materialidades e suportes” (LINDNER, 2012 p.9). A arte e a moda como forma de expressão dá a liberdade de trabalhar na desconstrução de elementos contidos na sociedade e nos seus padrões para depois construirmos novas ideias e ideais.

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Figura 5 - Sarah Janeszikora Mothers and daughters

Fonte: http://sarah-janeszikora.com/

Em busca de acabar com a escravidão da beleza que permeia o ser humano, a artista contemporânea, londrinense Fernanda Magalhães, traz em suas obras a imposição que a sociedade, mídia e cultura constroem através do corpo feminino, criando um padrão a ser seguido (MELLO, 2014). Seu trabalho é reconhecido no mundo inteiro, seu conceito de beleza é a auto aceitação, suas obras tem o caráter de emocionar, chocar, criticar esses padrões e formular um novo pensamento no sujeito que conhece seu trabalho. Um dos seus primeiros projetos foi o Auto Retrato no Rio de Janeiro (1993), essa série mostra uma mulher presa em seu próprio corpo. A cidade conhecida como Maravilhosa despertou em Magalhães um frenesi de sentimentos, pois encontrou uma cidade que cultuava e exibia um corpo escultural, não somente nas praias, mas também nas ruas.

Segundo Mello (2014, p.15), a fotógrafa e performer “mistura colagens, ranhuras, manuscritos, mistura de elementos e materiais junto às fotos que também sofrem manipulações” tornando sua arte singular e de fácil compreensão. Atualmente, Fernanda realiza projetos abrangendo temas com um olhar mais coletivo, além do padrão estético, em 2011 realizou uma arte

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performática, protestando contra a retirada das árvores do Bosque Central de Londrina, Paraná. (Figura 6)

Figura 6 - A Natureza da Vida – Bosque Central Londrina, Madona, 2011.

Fonte: http://fermaga.blogspot.com.br/

A arte e a moda são meios de expressão e comunicação que tratam da particularidade e da individualidade de cada ser, estes expressam seus sentimentos de uma forma única, transpassando sua identidade e partilhando-a com o que está ao seu redor. Os padrões que a sociedade impõe são irrelevantes diante destas ações, pois elas provem de uma necessidade não só orgânica mas também espiritual, que servem como uma válvula de escape da sociedade e seus moldes.

A representatividade na arte pode provocar no sujeito um estimulo levando-o criar uma auto aceitação e valorização do corpo social visto como uma obra, porém existem casos em que o indivíduo não consegue desenvolver essa capacidade de auto aceitação, e acaba tendo que procurar ajuda psiquiátrica entre outros meios para se sentir melhor. Alguns desses casos, tratando-se de obesidade mórbida, acabam na cirurgia bariátrica, alguns por motivos de saúde, e outros por estes conflitos internos. Quando estas pessoas fora do padrão social trazem de dentro sua

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identidade, elas de alguma forma se libertam do mundo exterior, materialista e consumista, conseguindo atingir um estado de espírito maior até do que de uma pessoa que está dentro dos padrões, conformada, pois a pessoa que está fora do padrão, estará sempre em busca de mais, visando mudanças, seja na sua arte, na sua forma de se vestir, e na sua representatividade.

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3 METODOLOGIA

Este projeto consiste em métodos qualitativos, bibliográficos e técnicas de pesquisa para melhor desenvolvimento do projeto, o corpo e a mente em estado de equilíbrio: a cirurgia bariátrica na moda, mostrando formas adequadas para vestir os operados, explorando o design colaborativo e emocional buscando o conforto sensorial entre - pele versus tecido - com uma linguagem própria aos indivíduos, para que eles sintam inseridos no mercado da moda.

Tem como pressupostos uma compreensão de metodologia como o conhecimento crítico dos caminhos do processo científico, que indaga e questiona acerca de seus limites e possibilidades; e o reconhecimento de que todo conhecimento sociológico tem, como fundamento, um compromisso com valores. A pesquisa qualitativa é definida como aquela que privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados e caracterizada pela heterodoxia no momento da análise (MARTINS, 2004, p.289).

Foram apresentadas reflexões sobre as condições dos operados na sociedade, diante do que lhe está posto no mercado padronizado, trazendo meios para solucionar seus problemas, estéticos ou psicológicos, onde se podem notar complexos comportamentos compulsivos. Através de pesquisas científicas e sociais, vemos dificuldades nos pacientes para ingressar na sociedade e para desenvolver a sua auto-aceitação.

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores em documentos impressos. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados (SEVERINO, 2007, p.122).

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Quadro 1 – Estrutura de entrevista

ESTRUTURA DE ENTREVISTA PARA PÚBLICO ALVO

PERGUNTA JUSTIFICATIVA

1 Dados Pessoais Nome, idade e ano em que foi feita a cirurgia.

2 Alguma roupa impede que você faça

atividade física?

Para compreender se o público encontra alguma dificuldade relacionada ao vestuário ao fazer suas atividades físicas diárias.

3 Tem algum tipo de roupa que se sente

mais à vontade?

Visa conhecer este novo universo do vestuário e corpo que o indivíduo está começando a descobrir.

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Qual a parte do corpo que você gosta de valorizar e qual a que menos gosta? Por quê?

Identificar os pontos positivos e negativos do corpo após o procedimento cirúrgico.

5 Antes de realizar a cirurgia, você seguia algum estilo?

Apontar se o indivíduo possuía alguma identidade ao se vestir e como era seu

comportamento ao comprar antes de realizar o procedimento cirúrgico.

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Como foi olhar-se no espelho e ver que você tinha mudado radicalmente seu corpo?

Observar se houve uma perda de identidade após a cirurgia.

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Você possui algum familiar que passou

pelo procedimento cirurgico? Conhecer o histórico do indivíduo

Fonte: Da Autora, 2016.

Conforme Severino (2007, p.12): ‘’Técnica de coleta de informações sobre um determinado assunto, diretamente solicitadas aos sujeitos pesquisados. O pesquisador visa aprender o que os sujeitos pensam, sabem, representam, fazem e argumentam.’’ Diante dos métodos de pesquisa, acredita-se que a compreensão do problema está nos meios sociais e pessoais, tratando-se da peculiaridade de cada pessoa diante dos efeitos, das causas, e das soluções que cada uma delas vivencia.

3.1 Analise dos dados obtidos na pesquisa

Com o objetivo de diagnosticar o cenário do projeto e as preferências dos indivíduos que realizaram a cirurgia, foram executadas dez entrevistas de âmbito pessoal, visto que o assunto tem caráter particular e não são todos que se sentem à

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vontade para contar sua trajetória. Foi criado um roteiro para executar a entrevista, porém conforme o sujeito sentia-se à vontade para contar sobre outros assuntos, assim novas perguntas surgiram e os depoimentos tomavam um rumo diferente do que se havia proposto. Sendo assim, a entrevista deu-se com oito mulheres e três homens, este número foi escolhido a partir dos estudos feitos ao longo deste trabalho, estas entrevistas completas encontram-se no Apêndice A.

A pergunta número um (Quadro 1) procedeu para conhecer o indivíduo, e quando ele havia realizado a cirurgia, observou-se que o público alvo são homens e mulheres que possuem de 24 a 34 anos.

“Tenho 24 anos. Eu fiz a cirurgia bariátrica – de redução de estomago mais popularmente conhecida - com dezessete anos, e meio que fora da lei, porque tinha que ser maior de idade, mas como era um caso de obesidade mórbida, e eu estava com princípios de diabetes e de outras comorbidades, eu tive que estar fazendo a cirurgia com mais antecedência. “.

A pergunta número dois, (Quadro 1) foi realizada a fim de saber sobre o paciente e seu vestuário após o procedimento cirúrgico, e foi constatado um incomodo com as regiões que a pele fica flácida, como: barriga, braços e joelhos; e alguns tecidos foram mencionados na entrevista, pois incomodam pelo fato da pele ficar mais sensível ou marcar, são eles: moletom e jeans; alguns entrevistados comentaram que não gostavam de roupas muito justas, regatas e nem de shorts muito curtos. “No momento eu estou escondendo muito a minha barriga, porque ela está bem flácida. ” Disse o primeiro entrevistado de 28 anos apontando com as mãos e mostrando sua insatisfação com a pele que havia sobrado.

A pergunta número três, (Quadro 1) propõe conhecer o que o indivíduo veste nos dias de hoje, o que ele mais gosta e o deixa mais confortável; alguns operados, optam ainda continuarem usando roupas mais largas, como calças sociais que não marcam e apertam - como revela 25 anos -, e outros preferem evidenciar o corpo com blusas de alcinha, saias e calças skinny; E outras como o oitavo entrevistado de 24 anos exprimiu que antes não conseguia usar calça legging, mas que agora, utiliza sem problema algum; O segundo entrevistado disse que após a cirurgia ela desenvolveu intolerância a lactose e que dependendo do que ela come, passa mal, sente incômodos na região abdominal, então se ela coloca um cinto e uma calça

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mais justa, após um determinado tempo ela quer tirar as peças, por isso ela preza tanto pelo conforto.

A pergunta número quatro, (Quadro 1) é para conhecer melhor o que o indivíduo gosta de valorizar em seu corpo e o que prefere deixar menos a mostra. O colo foi uma resposta unanime entre os entrevistados, como a parte favorita do corpo; O quarto entrevistado disse que gosta de usar decotes para mostrar o colo e o pescoço, pois antes ela conta que não possuía rosto, pois seu queixo era “grudado” com o pescoço; O terceiro entrevistado de 28 anos, esclareceu que gosta de suas pernas e colo, mas que ainda sente um pouco de vergonha das axilas que é um lugar onde ela ainda possui sobras de pele.

A pergunta número cinco, (Quadro 1) é relacionada a identidade e o comportamento de compra do indivíduo antes de realizar a cirurgia; os entrevistados disseram que não conseguiam comprar roupas com seus gostos pessoais e sim que compravam aquilo que já estava posto – ou, que servia para eles -, mostrando a escassez do mercado para com corpos fora dos padrões; O sexto entrevistado de 26 anos, aponta que sua mãe comprava suas roupas, pois não gostava do simples fato de ir à loja experimentar, ela levava uma camiseta de molde e conseguia apenas encontrar roupas com temas infantis como perna-longa, e mickey; O quinto entrevistado mencionou na entrevista que sempre foi infiltrado no movimento rock and roll/punk rock e com isto tentava se vestir de acordo com o movimento, usava calças pretas que mandava fazer em costureiras e possuía o cabelo com o corte moicano e colorido; Entrevistado de número sete disse que tinha alguns estilos de roupas que ela mais gostava, porém não encontrava do seu tamanho; Entrevistado de número quatro, conta também que sempre amou calças jeans com sua cor azul original, mas que nos tamanhos 46/48 só encontrava calça sem nenhum estilo e de cores escuras, como marron e preto; Entrevistado de número três conta que sempre gostou de fazer compras mesmo estando gorda, ela tentava encontrar uma peça que fazia seu estilo, mas que não era ela que escolhia a roupa, e sim a roupa que a escolhia, e diz também que se a peça custasse R$ 300,00 e servisse, ela compraria, mas que isso não acontecia.

A pergunta número 6, (Quadro 1) aborda a mudança radical que a cirurgia proporciona ao indivíduo, de acordo com as respostas, a preparação antes de realizar a cirurgia é primordial para que o sujeito não fique com problemas

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psicológicos e não desenvolva vícios, os dados apontam também que mesmo realizando a cirurgia, poucos indivíduos conseguem um corpo dos sonhos, que ainda para a sociedade, os entrevistados continuam gordos.

O segundo entrevistado conta que em um dia você pesa 120 quilos e no outro dia acorda com 80 quilos, a camiseta que antes ficava justa, de repente parece que cabem três de você, isto é um choque muito grande. O primeiro entrevistado diz também que, às vezes, ao se olhar no espelho, ainda se acha gorda, mas ela está pesando 70 quilos - antes ela pesava 120 quilos -, e segundo ela, é preciso manter um equilíbrio entre a cabeça e o corpo, e emagrecer também a cabeça. O entrevistado de número três menciona que após a cirurgia, ela criou uma dependência em doces, e que, às vezes prefere ficar sem comer um prato de comida para comer um doce, e isto mostra uma sequela deixada pela cirurgia.

A pergunta de número sete, (Quadro 1) estende-se para o âmbito familiar, para tentar entender o que levou o indivíduo à obesidade mórbida, o qual em alguns casos apresentados são genéticos – tireoide -, por problemas psicológicos e meio familiar, ou em alguns casos, a união de todos estes fatores. O entrevistado de número seis cresceu com a avó materna fazendo doces e salgados para fora e o pai era chefe de buffet, uma vida rodeada de alimentos nada saudáveis. Seu pai realizou a cirurgia um ano após que ele havia feito, porém após a sua saída do hospital descobriram uma trombose, tendo de retornar ao hospital, e só após três semana teve alta. O caso do entrevistado de número três não teve um desfecho tão feliz, seu pai vendo sua alegria resolveu fazer a cirurgia também, porém por causa de um erro médico – corte no Basso -, após 72 horas ele veio a falecer.

O entrevistado de número sete disse que ela comia bastante, mas que seus tios e primos paternos sempre foram gordos, e que seu “problema” era genético. Diz que quando fez dietas com nutricionistas, ela seguia tudo corretamente, porém seu corpo se acostumava com a dieta e ela voltava a engordar mesmo praticando a reeducação alimentar, e quando ela foi ao médico para fazer sua primeira consulta antes de realizar a cirurgia bariátrica, o médico disse que ela nunca iria vestir tamanho 38, pois sua estrutura óssea era grande, e que então, ela emagreceria o suficiente pra ter uma vida saudável, de acordo com o seu biótipo.

Diante de uma visão geral, conclui-se que cada pessoa possui um biótipo, e uma maneira de enfrentar os percalços que a vida impõe. A cirurgia bariátrica surge

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na vida de algumas pessoas como forma da continuação de uma história que estava por um fio a ser finalizada, porém este procedimento irá deixar marcas para uma vida toda. A ânsia por entrar nos padrões estéticos ditos como perfeitos pela sociedade, ocasionou pessoas a perderem a vida, ou passarem por momentos que se tornaram tão delicados, que não gostam nem de mencionar.

Ainda falta no mercado empresas que pratiquem a empatia e atendam os variados de corpos; faltam opções no mercado de roupas que transpassem o estilo dessas “novas” pessoas, sejam aquelas que queiram evidenciar o corpo e as que ainda querem esconder.

Toda opinião acerca de gostos, consumos e identidade foi ouvida e analisada, para que se possa criar um produto que atenda às necessidades físicas e psíquicas dos futuros clientes.

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4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO

4.1 GALERIA FASHION

A marca Galeria Fashion, nasce a partir de estudos fundamentados, entrevistas pessoais e observações efetuadas com o seu público alvo, escolhendo trabalhar há um primeiro momento com o vestuário feminino e, posteriormente, abranger para o meio masculino, com roupas para pessoas que não possuem um biótipo padrão estabelecido pela sociedade.

O nome faz uma alusão a Galerias de Arte pelo conjunto de elementos estéticos que constituem a essência de um vestuário, que visa transmitir ao seu público alvo uma sensação de exposição a céu aberto, que, ao vestir o produto, o corpo do indivíduo torna-se um meio para a manifestação artística, este, que por sua vez – gordo e flácido - são transgressores de padrões pré-estabelecidos.

Nome da empresa: CFF Ind. E Comercio e Confecções Ltda.

Porte: Baseado nas diretrizes do SEBRAE, a empresa, irá atuar no setor do vestuário, pela forma de pessoa jurídica – apenas com um titular, tendo um porte de pequena empresa, ou EPP, que obtém o faturamento bruto anual superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) e sua formalização é feita através da junta comercial. Referente a Lei Complementar 123 de 2006. (EDUCAÇÃO, 2014)

O estabelecimento dispõe de um ambiente que possa transparecer a essência artística da marca, desfruta de uma estruturara espaçosa, prazerosa e bem iluminada naturalmente. O espaço possui um gabinete para a área de desenvolvimento de peças pilotos, com máquinas, manequins, ferramentas e uma sala para receber clientes, representantes de tecidos e aviamentos, e quando necessário, para também fazer reuniões, além do mais, a marca conta com trabalhos terceirizados, como: produção, estamparia e bordado industrial. Como a empresa se localiza em São Paulo, Vila Madalena, um bairro conhecido pela

Referências

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