• Nenhum resultado encontrado

Nesse dia, a professora encontrou na sala um quadrado marcado no chão com um durex amarelo (as monitoras da tarde tinham feito esta marcação no dia anterior). Ela aproveitou e pediu às crianças que se sentassem nesse quadrado para contar história e cantar.

Depois que a professora contou a história “O crocodilo e o dentista” de Taro Gomi, ela apresentou uma caixa sensorial vermelha, feita de madeira e com preenchimento nos dois buracos com meias de lã. A ideia era que alguém tirasse de lá um bichinho para cantar músicas relaciona- das a ele. Durante toda a atividade, as pessoas que a professora convidou para pegar os bichinhos foram as agentes de educação infantil (AEI), a pesquisadora e ela mesma.

Professora: - Oh, aqui... dentro... tem alguns animais. E aí, a gente vai tirar os animais pra cantar as músicas. Pode ser? A AEI2 vai tirar um animal.

Nara: - Um jacalé.

Professora: - Vamos ver... AEI1: - O que será, hein?

AEI2: - Ai! Que medo! E se for um bicho de verdade aqui? (Sorri)

(A expressão das crianças demonstra que elas estão cheias de expectativas, curiosas para saber o que vai acontecer)

AEI1: - A anta! Vai ser a anta! (...)

AEI2: - Vou pegar o maiorzão aqui. (Tenta tirar, mas parece que está difícil). Não passa aqui.

(A professora ri)

Augusto: - AI! AI QUE MEDO! Outros falam: Ai!

(AEI2 consegue tirar) Isadora: - Sapinho.

Algumas crianças: É o sapo! Professora: - É o quê? Crianças: - Sapo! Sapinho! Professora: -É o sapo!

Durante a proposta, Ricardo levantou curioso, para ver o bichinho de perto e olhar também a caixa que AEI2 estava indo devolver a professora. Quando Ricardo se aproximou, AEI2 levantou a caixa para que ele não a alcançasse. As outras crianças continuaram em seus lugares, só Ricardo levantou para tentar pegar a caixa.

A professora disse a ele: - Ricardo, Ricardo, olha só...

AEI2 segurou com delicadeza em sua barriga e diz: - Vá sentar. Professora: - Olha só, você tem que sentar.

Ricardo sentou na frente da professora colocando o cotovelo em seu colo e tentou mexer na caixa.

A professora levantou a caixa e disse: - Não, não, não, não, não. Ricardo saiu correndo de volta ao seu lugar e Nina levantou. AEI2: - Nina!

A professora disse: - Nina, você também. Você senta!

Nina sentou e a professora afastou o corpo mais para a frente e disse: - Olha só, eu vou deixar... Daniel...

Daniel também se aproximou da professora. Nina novamente se levantou.

Professora: - Gente, com o bumbum ó... na faixa amarela. A professora afastou seu corpo para trás para mostrar que também ia sentar na faixa amarela e ficou olhando para Nina, mas não falou especificamente com ela. Depois seguiu dizendo: - Oh, eu vou deixar o sapo aqui e a gente vai cantar a música do sapo. Nina demorou um pouco mais para voltar. Voltou, mas continuou em pé no lugar que estava antes. Daniel continuou sentado na frente da Maria, mais próximo ao centro da roda. Dante começou a cantar a música do sapo cururu e a professora seguiu acompanhando com a turma. Quando começaram a cantar a música do sapo, Nina sentou. A professora sugeriu cantar outra música conhecida que também falasse do sapo.

A professora seguiu com a proposta, pedindo para a pesquisadora pegar um bichinho na caixa para cantarem a música. O bichinho tirado foi o calango.

As crianças gritaram ao ver o calango: - Ó.... Ai...

Faziam carinha de quem estavam assustados com a novidade, mas ao mesmo tempo, expressavam a surpresa que sentiam e a satisfação. Ricardo também demonstrou estar envolvido, pois a cada vez que alguém tirava o bichinho, fazia carinha de susto.

AGI2 começou a rir quando viu o calango e perguntou que negócio que era esse. A professora disse que o calango estava simbolizando o jacaré. As crianças começaram a cantar a música do jacaré e nesse momento Ricardo se colocou um pouco mais a frente da roda, mas

continuou acompanhando a música com os gestos. Ele seguiu mais para frente e ajoelhado foi para o centro da roda observar os bichinhos que foram postos lá, depois começou a girar o corpo.

A professora voltou a solicitar: - Ricardo, ó... com o bumbum na faixa amarela...

Nesse momento, ele estava girando o corpo e durante o giro, bateu o pé no jacaré tirado da caixa.

A professora olhou para o Ricardo e disse com mais firmeza: - Ricardo, assim você atrapalha a brincadeira!

Maria que estava ajoelhada, sai do lugar, pois Daniel continua na sua frente.

Professora: - Olha só... a Maria vai com o bumbum lá na faixa amarela, o Daniel também e o Ricardo também.

Ricardo volta para o lugar, mas diz: - Eu não. Professora: - Você também.

Ricardo: - Não

Maria, com a ajuda da pesquisadora, volta também, mas o Daniel se recusa, balançando a cabeça negativamente. AEI2 se levanta e vai pegar o Daniel, colocando ele na faixa amarela. A professora continua pedindo para tirarem o bichinho da caixa para cantar. Ricardo novamente saiu do lugar. Foi até a professora, deitou no seu colo, ela falou algo em seu ouvido e ele voltou para o lugar, mas quando começou outra música, ele saiu novamente do lugar e empurrou os bichinhos com o pé, depois pulou nos bichinhos.

AEI1: - Ai, que maldade!

Ricardo continuou andando, dançou na frente da pesquisadora, abraçou, sentou e voltou a circular no meio da roda. AEI2 levantou ele suspendendo pelos braços e colocou na faixa amarela. Ela colocou uma cadeira atrás dele e sentou.

AEI2: - Chega, Ricardo! Chega! Chega!

Enquanto a professora cantava com as crianças, Ricardo tentou sair novamente do lugar e AEI2 trouxe ele para a faixa amarela puxando. Ele tentou sair e ela puxou novamente, até que ele saiu rapidamente ajoelhado e foi para o outro lado da roda. AEI2 levantou para mudar de lugar e seguiu em direção a ele, mas ele saiu novamente e ficou no meio da roda. Algumas crianças só observavam, às vezes alguma começa a sair da roda também, mas quando a professora pedia pra voltar, elas voltavam para o lugar.

A professora conversou com as crianças e com as monitoras dizendo que em outro momento iria colocar mais animais para que outras pudessem tirar da caixa.

Em seguida ela perguntou às crianças se elas sabiam andar sobre a faixa, sobre o quadrado que fizeram. As crianças disseram que não e ela disse que queria ver se as crianças conseguiam andar pelo quadrado. Ricardo foi até a professora e a abraçou, pegou nela com carinho e deu a volta por trás dela. A professora não disse nada a ele. Ele circulou atrás e no meio das crianças, enquanto a professora falava.

A professora pediu que as crianças se levantassem e sentassem todos próximos a lousa. Enquanto as crianças se organizavam, Ricardo andava no meio deles. Daniel ficou sentado onde estava, até a professora pedir pra ele ir para perto dos colegas. Ricardo continuou circulando na sala e começou a andar por cima da faixa amarela, depois passou a correr em volta. Ele corria e abraçava a professora que pedia pra ele se sentar. Foi então que ele se se dirigiu para um lugar, ao lado de Alana. Sentou neste lugar e ficou por quarenta segundos do lado dela, mas ela não queria ele perto e por isso demonstrava insatisfação com a presença dele.

A professora perguntou: - Ele tá te machucando, Alana? Em seguida, olhou para Ricardo e disse: - Ô Ricardo, ela não quer você por perto porque você machuca.

Foi então que Alana começou a choramingar. A professora perguntou: - Quem está chorando? Algumas crianças responderam: - Alana!

A professora falou: - Vem cá, Alana!

Tirando Alana de perto do Ricardo. Alana estava com a mão na boca, choramingando. A professora disse a ela: - Sente do lado da Alícia.

Assim que a professora saiu com a Alana, Ricardo levantou do lugar que estava e correu atrás das duas.

A professora olhou para Ricardo e disse firme: - Não! Alana ainda choramingando: - Ele tá vindo!

A professora continua dizendo a Ricardo - Olha, ela não quer você perto dela porque você machuca ela, Ricardo!

Ricardo correu em volta com uma carinha de desapontado e muito aborrecido, resistindo a postura da professora. Logo senta-se ao lado de Alana. Alana volta a choramingar por estar perto dele.

A professora levanta então o Ricardo, puxando-o pelos braços e disse: - Não tem graça isso. Olha só, ela está chorando. Você tá vendo que você tá fazendo ela chorar? Porque você machuca!

Ricardo não aceita a acusação porque de fato ele não tinha machucado a colega e por isso diz olhando pra baixo bem aborrecido: - Machuco não!

Professora: Como não? Ela está chorando, Ricardo! Ricardo: - Não estou.

Professora: - Não está? Olha aqui! Olha pra ela (A professora puxa ele para olhar pra ela). Ela está chorando por sua causa. Porque você machucou. Pede desculpa pra ela.

Ricardo para de resistir e diz: - Desculpa!

Professora: - Não. Vai lá! Pede desculpa e dá um abraço nela. Ricardo vai até Alana, a abraça e diz: - Desculpa, Alana! Alana continua choramingando.

Professora: - Não é pra você fazer mais isso!

Ricardo sai e volta a rolar pela sala. Depois volta pra perto de Alana. Alana: - Eu não quero perto de você!

Mas Ricardo permanece perto e ela fica incomodada.

Passa um tempo e Ricardo choraminga porque vê um machucado no pé dele. A AEI1 vê, mas só comenta do machucado e não dá muita atenção. Ele mostra a professora.

Professora: - Você tem um machucado? Em seguida, a professora sai, sem dar atenção. Ricardo levanta e volta a rodar sobre a faixa.

Giovana: Ô tia, o Ricardo tá discaçu e ele vai cortá o pé de novo. Ô tia, o Ri...! Ô tia, o Ri...!

Ricardo corre até a Giovana e dá um murro no peito. Giovana: - Ai! Diz chorando forte.

Professora: Ô Ricardo! Assim você machuca! AEI1: - Difícil, né?

A professora vai até ele conversar. Professora: - Isso machuca!

AEI2 segue pedindo às crianças para andar na faixa, mas assim que a professora sai de perto do Ricardo, ele levanta e volta a andar pela faixa, mesmo sendo a vez de outras crianças andarem. Ricardo começa a correr pela faixa e quando passa pela professora, olha para ela.

A professora olha para as crianças que estão na vez e diz: - Isso! Muito bom! As agentes da Educação Infantil também parabenizam as crianças.

Ricardo empurra duas vezes a professora e ela olha pra ele aborrecida. Ele para na frente de Augusto que está andando na faixa, olha para a professora, quando ela faz menção que vai até ele, ele corre.

A professora pergunta: - Todo mundo já foi?

Ela direciona a pergunta a alguns e todos parecem ter participado. Ricardo sai correndo e diz: - Eu não fui, tia!

Professora: - É, você não foi?

AEI2: Ué, você foi o que mais foi! Ficou andando fora da hora! Ele dá as costas de cabeça baixa.

Professora: - Então vai, Ricardo!

Ricardo tinha sentado e volta correndo para andar na faixa amarela.

Enquanto ele segue para andar na faixa, a professora olha para turma e diz: - Olha só, senta todo mundo! Senta, Isa, aqui....

Ricardo está bem concentrado andando na faixa, levanta os braços para equilibrar, fica na ponta do pé e continua andando com atenção. Ele acaba de andar e a professora não diz nada.

Professora continua falando para a turma: – Olha só, agora eu quero ver...

A situação segue com o desafio de cada um andar sobre a faixa com um pé só e Ricardo, as agentes da Educação Infantil e crianças continuam da mesma forma. Ricardo circulando e pulando no meio da sala.

A professora diz: - Ricardo, você está me atrapalhando assim! AEI2: - Não está na sua vez, Ricardo!