• Nenhum resultado encontrado

Não foi uma tarefa fácil encontrar a turma para a realização da pesquisa de campo. Durante o segundo semestre de 2016 foram realizadas visitas numa turma de AG III, com o intuito de coletar dados para a pesquisa. Houve uma expectativa de que o projeto logo seria autorizado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNICAMP, o que só aconteceu em dezembro de 2016. Por esta razão, foi tomada a decisão de não utilizar aquele tempo de acompanhamento da turma como dados para a pesquisa em campo. Em 2017, grande parte desse grupo seguiu para o Ensino Fundamental e a professora foi transferida para outra

26 AG I – Agrupamento I – bebês até 1 ano

27 AG I/II – Agrupamento I/II – crianças de 1 ano completo até 2 anos

28 AG II – Agrupamento II – crianças de 2 anos completos até 3 anos e 11 meses 29 AG III – Agrupamento III – crianças de 4 a 5 anos

unidade escolar. A vice-diretora e orientadora pedagógica que atuavam em 2016 também não continuaram nesta unidade em 2017.

As visitas foram retomadas à unidade escolar assim que começaram os encontros com os professores no início do ano de 2017, antes mesmo das crianças estarem presentes. Nesse encontro, mais uma vez foi apresentada a proposta para todo o grupo, pois a creche tinha recebido novos professores para o exercício daquele ano. Naquele momento, os professores ainda não tinham conhecido suas turmas, alguns deles reconheciam nomes de crianças, mas haveria um tempo para reajuste de matrícula. Apesar das crianças terem sido matriculadas no ano anterior, muitas desistiam antes mesmo de iniciar o ano e outras iam desistindo durante o processo, sendo então desligadas e novas matrículas podendo acontecer. Por esta razão, os professores disseram que gostariam de mais tempo para pensar na possibilidade de aceitar a participação na pesquisa proposta.

Outra questão colocada por alguns professores, foi que mesmo alguns conhecendo grande parte da turma, gostariam de vivenciar um tempo de adaptação com as crianças para depois decidirem se seria interessante, ou não, participarem da pesquisa. Diante dessas solicitações, a pesquisa numa classe específica teve que aguardar mais um tempo. Contudo, foi dado continuidade ao trabalho, buscando colaborar com o período de adaptação das crianças, aproveitando para aproximar a pesquisadora dos professores, monitores, agentes da Educação Infantil e das crianças, podendo assim conhecer um pouco mais suas histórias. Mesmo com a direção tendo, diariamente, o trabalho de apresentar a pesquisadora aos professores e pedindo a oportunidade de permitirem que a deixassem colaborar com esse processo de adaptação com a turma, alguns não se sentiram a vontade com a sua presença e questionaram se seria imposição da direção ou elas poderiam decidir pela pesquisa. Outras não se sentiram constrangidas, por isso foi priorizado ficar com estas que se sentiam a vontade.

A participação da pesquisadora continuou nas reuniões semanais que haviam com os professores (Trabalho Docente Coletivo – TDC) para conhecer o encaminhamento das propostas coletivas de atividades que poderiam acontecer durante o semestre, além do planejamento de atividades, informes, revisão do projeto pedagógico, grupos de estudos, etc. A intenção era que vissem a

pesquisadora como parte do grupo e se sentissem cada vez mais a vontade para participarem da pesquisa.

A partir das discussões que surgiram nestas reuniões de TDC, a pesquisadora foi convidada pela direção da escola a ampliar o debate sobre “a concepção de criança, infância e o trabalho realizado na Educação Infantil” tanto com os professores, como na reunião de formação com os monitores e agentes da Educação Infantil, através do “Hora de Formação de Agentes e Monitores – HFAM” que também acontece uma vez por semana.

A nova orientadora pedagógica iniciou as atividades na creche no mês de março e demonstrou gostar bastante do trabalho que estava sendo realizado nos TDC e HFAM. Paralelo a isto, surgiu a informação que a creche viveria mais uma mudança, agora com a direção. Essa notícia trouxe certa preocupação, visto que ainda não havia sido definida a turma que a pesquisadora realizaria a pesquisa e a direção a estava auxiliando muito com este trabalho.

Foi então, que três professores se prontificaram a participar da pesquisa. Uma delas tinha acompanhado mais de longe as visitas realizadas no ano anterior, mas durante as observações realizadas na turma, ela colocou que não achava que a proposta de pesquisa era pertinente para o seu grupo, por esta razão ficou definido centrar a observação nas outras turmas. As outras duas professoras que se prontificaram, depois de iniciado o trabalho de observação, alegaram que não teriam condições de continuar. Uma delas justificou que a noite já estava vivenciando uma pesquisa acadêmica na escola que trabalhava e não gostaria de viver no outro turno de trabalho outra experiência semelhante. A terceira professora, levou um tempo maior para desistir, cerca de um mês. Junto a ela, foi pedido a alguns pais que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) das crianças durante o tempo de atendimento individual que ela estava fazendo com cada pai para preenchimento da ficha de anamnese das crianças do grupo. Depois que a direção foi realocada para a nova função e uma outra diretora assumiu o trabalho, esta professora desistiu de sua participação na pesquisa. Outra questão alegada por ela, foi que o tema de investigação proposto podia expor demais sua prática pedagógica e com a mudança de direção não se sentia a vontade para continuar. Fevereiro e março de 2017 foram meses difíceis na creche, na incerteza de encontrar uma turma que fosse possível a realização da pesquisa.

Foi através do trabalho com a formação com monitores e agentes que houve a aproximação da pesquisadora com a turma na qual foi realizada a pesquisa. Em um destes encontros, as/os monitoras/es e agentes de Educação Infantil começaram a compartilhar sobre crianças que fizeram/faziam parte da turma e que tinham um histórico que acentuava as diferenças com relação às outras crianças do grupo e que, por esta razão, às vezes isso comprometia o relacionamento delas com as demais crianças da classe. Relatos de comportamento mais agressivo e resistente em classe. Algumas crianças mencionadas faziam parte de uma mesma turma do AG II. Contudo, o que finalmente marcou a decisão da professora, orientadora pedagógica, monitoras e agentes da Educação Infantil de se abrirem para a realização da pesquisa, foi a situação vivenciada com uma dessas crianças citadas na reunião do HFAM. Os conflitos estavam intensos em sala e essa criança acabou se acidentando na escola, por conta de sua constante oposição aos comandos dos educadores responsáveis pela turma. Foi aí que as monitoras e agentes da educação infantil que trabalhavam na turma, insistiram com a professora, que seria interessante convidar a pesquisadora para realizar a pesquisa na classe, dessa forma essa situação poderia ser melhor analisada e novas possibilidades de pensar sobre esta questão pudessem surgir.

Nesse dia, a pesquisadora não estava presente na creche e a orientadora pedagógica a telefonou para compartilhar que a professora, monitoras e agentes da Educação Infantil estavam interessadas em participar da pesquisa. No dia seguinte, a pesquisadora conversou com o grupo e já apresentou o TCLE para que assinassem.

Após muitos desafios vencidos, uma outra dificuldade foi apresentada, a nova direção colocou que para realização da pesquisa, não bastava apenas a autorização da direção anterior ou o parecer favorável do Comitê de Ética e Pesquisa da UNICAMP, agora precisaria também que o projeto fosse autorizado pela supervisão do Núcleo de Ação Educativa Descentralizada (NAED) da rede municipal. Depois de uma intensa negociação com a direção, ela permitiu que se iniciasse a coleta de dados com a turma, enquanto a supervisão analisava os documentos já anexados à pesquisa (projeto de pesquisa com parecer de aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UNICAMP, autorização da direção anterior da creche, Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos educadores que faziam parte da turma - a professora, três monitoras e uma

agente de Educação Infantil). O parecer de consentimento foi dado pela supervisão e emitido para o representante regional da rede municipal que também emitiu parecer favorável para com a realização da pesquisa. Esse documento de confirmação só foi recebido no final de maio.