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4. ANÁLISES E RESULTADOS

4.5. Ano Escolar que a Criança Frequenta

A influência do ano escolar da criança na frequência de utilização das estratégias e na eficácia das mesmas é analisada sem agrupamentos dos anos escolares, sendo comparados o 7º, 8º e 9º anos.

4.5.1. Frequência de Utilização das Estratégias

O Teste de Kruskal-Wallis aplicado ao ano escolar demonstra que, para α = 0,05, existem diferenças na tendência central em 3 das 30 estratégias de influência consoante o ano escolar da criança: “Ele diz piadas tentando levar a dele avante”; “Ele chora para conseguir o que quer”; “Ele oferece-se para assumir o custo pagando parte ou a totalidade” (Tabela 16).

Tabela 16 – Teste de Kruskal-Wallis à Frequência de Utilização das Estratégias de Influência por Ano

Escolar que a Criança Frequenta

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Chi-Square df Asymp. Sig.

3 Ele diz piadas tentando levar a dele avante 6,078 2 0,048

9 Ele chora para conseguir o que quer 6,098 2 0,047

22 Ele oferece-se para assumir o custo pagando parte ou a totalidade 8,963 2 0,011

A análise das diferenças das médias (Tabela 17) e a análise das comparações múltiplas das médias das ordens (Anexo 5) permite-nos ainda dizer que as crianças que frequentam o 7º ano apresentam uma distribuição das estratégias “Ele diz piadas tentando levar a dele avante”, “Ele chora para conseguir o que quer” e “Ele oferece-se para assumir o custo pagando parte ou a totalidade” significativamente diferente do 9º

96 ano para um α = 0,05. Assim, as crianças que frequentam o 7º ano utilizam com mais frequência as estratégias “Ele diz piadas tentando levar a dele avante” e “Ele chora para conseguir o que quer” e menos frequentemente a estratégia “Ele oferece-se para assumir o custo pagando parte ou a totalidade” do que as crianças que frequentam o 9º ano. Também as crianças do 8º ano apresentam uma distribuição da estratégia “Ele diz piadas tentando levar a dele avante” significativamente diferente do 9º ano para um α = 0,05. As crianças do 8º ano utilizam com mais frequência do que as do 9º ano a estratégia anteriormente citada.

Tabela 17 – Diferenças de Médias da Frequência de Utilização das Estratégias de Influência por Ano

Escolar que a Criança Frequenta

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Ano Escolar Criança N Mean Rank 7º Ano 236 309,11 8º Ano 203 309,28 9º Ano 159 272,75 Total 598 7º Ano 236 314,87 8º Ano 203 293,65 9º Ano 159 284,15 Total 598 7º Ano 235 273,74 8º Ano 202 304,25 9º Ano 157 324,38 Total 594

Ele oferece-se para assumir o custo pagando parte ou a totalidade 3 Ele diz piadas tentando levar a dele avante

Ele chora para conseguir o que quer 9

22

4.5.2. Eficácia das Estratégias Utilizadas

O Teste de Kruskal-Wallis aplicado ao ano escolar demonstra que, para α = 0,05, existem diferenças na tendência central em 2 das 30 estratégias de influência consoante o ano escolar da criança: “Ele persiste (pede repetidamente) até eu ficar irritada” e “Ele pede ao pai quando acha que eu vou dizer não ou pede 1º ao pai (ou outra pessoa responsável pelo adolescente) e diz que essa pessoa já aprovou o pedido” (Tabela 18).

Tabela 18 – Teste de Kruskal-Wallis à Eficácia das Estratégias de Influência por Ano Escolar que a

Criança Frequenta

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Chi-Square df Asymp. Sig.

11 Eficácia_Ele persiste (pede repetidamente) até eu ficar irritada 6,184 2 0,045 29 Eficácia_Ele pede ao pai quando acha que eu vou dizer não ou pede 1º

ao pai (ou outra pessoa responsável pelo adolescente) e diz que essa pessoa já aprovou o pedido

97 Através da análise das diferenças das médias (Tabela 19) e da análise das comparações múltiplas das médias das ordens (Anexo 6) constatamos que as crianças que frequentam o 8º ano apresentam uma distribuição da eficácia das estratégias “Ele persiste (pede repetidamente) até eu ficar irritada” e “Ele pede ao pai quando acha que eu vou dizer não ou pede 1º ao pai (ou outra pessoa responsável pelo adolescente) e diz que essa pessoa já aprovou o pedido” significativamente diferente do 7º ano para um α = 0,05. As crianças que frequentam o 8º ano são mais eficazes com estas estratégias do que as crianças que frequentam o 7º ano.

Tabela 19 – Diferenças de Médias da Eficácia das Estratégias de Influência por Ano Escolar que a

Criança Frequenta

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Ano Escolar Criança N Mean Rank 7º Ano 231 280,40 8º Ano 199 314,26 9º Ano 156 286,42 Total 586 7º Ano 227 273,33 8º Ano 199 316,46 9º Ano 155 284,19 Total 581 11

29 Eficácia_Ele pede ao pai quando acha que eu vou dizer não ou pede 1º ao pai (ou outra pessoa responsável pelo adolescente) e diz que essa pessoa já aprovou o pedido

Eficácia_Ele persiste (pede repetidamente) até eu ficar irritada

Tal como com a variável “idade da criança” também o “ano escolar frequentado pela criança” se revelou de pouca importância na explicação da escolha e eficácia das estratégias, tendo-se verificado diferenças estatisticamente significativas apenas em 3 estratégias ao nível da frequência e 2 estratégias ao nível da eficácia. Estes resultados eram expectáveis, dada a correlação entre ano escolar frequentado e a idade das crianças.

À semelhança do estudo de Cowan et al. (1984), onde não foram detectados impactos importantes do ano escolar no número de estratégias utilizadas, também no presente estudo o ano escolar que a criança frequenta não se revelou de grande importância na explicação da frequência da utilização das estratégias nem da eficácia das mesmas.

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4.6. Existência de Outras Crianças no Lar

Neste capítulo é analisada a influência da existência de outras crianças no lar na frequência de utilização e na eficácia das estratégias.

4.6.1. Frequência de Utilização das Estratégias

Os resultados do Teste de Mann-Whitney mostram que, para α = 0,05, as distribuições diferem em tendência central em 3 das 30 estratégias de influência consoante a existência de outras crianças no lar: “Ele diz-me que os seus amigos têm/vão”; “Ele faz- -me sentir culpada, na esperança que eu concorde com ele”; “Ele utiliza determinados contextos ou pessoas para indirectamente conseguir o que quer” (Tabela 20).

Tabela 20 – Teste de Mann-Whitney à Frequência de Utilização das Estratégias de Influência pela

Existência de Outras Crianças no Lar

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Mann-Whitney U Wilcoxon W Z Asymp. Sig. (2-tailed)

5 Ele diz-me que os seus amigos têm/vão 27014,0 137229,0 -2,144 0,032

12 Ele faz-me sentir culpada, na esperança que eu concorde

com ele 22924,5 31309,5 -4,448 0,000

27 Ele utiliza determinados contextos ou pessoas para

indirectamente conseguir o que quer 26990,0 35375,0 -2,203 0,028

Os filhos que não coabitam com outras crianças utilizam mais frequentemente a estratégia “Ele diz-me que os seus amigos têm/vão”. Os filhos que coabitam com outras crianças utilizam mais frequentemente as restantes estratégias supramencionadas (Tabela 21).

Tabela 21 – Diferenças de Médias da Frequência de Utilização das Estratégias de Influência pela

Existência de Outras Crianças no Lar

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Crianças Lar

N Mean Rank Sum of Ranks

Sim 469 292,60 137229,00 Não 131 328,79 43071,00 Total 600 Sim 467 313,91 146596,50 Não 129 242,71 31309,50 Total 596 Sim 469 306,45 143726,00 Não 129 274,22 35375,00 Total 598 5 12

27 Ele utiliza determinados contextos ou pessoas para indirectamente conseguir o que quer

Ele faz-me sentir culpada, na esperança que eu concorde com ele

99

4.6.2. Eficácia das Estratégias Utilizadas

Relativamente à eficácia das estratégias utilizadas pelas crianças, o Teste de Mann-Whitney demonstrou que, para α = 0,05, as distribuições diferem em tendência central em 3 das 30 estratégias de influência consoante a existência de outras crianças no lar: “Ele faz-me sentir culpada, na esperança que eu concorde com ele”; “Ele faz algo de bom antes de me pedir/ tentar convencer”; “Ele utiliza determinados contextos ou pessoas para indirectamente conseguir o que quer” (Tabela 22).

Tabela 22 – Diferenças de Médias da Eficácia das Estratégias de Influência pela Existência de Outras

Crianças no Lar

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Mann-Whitney U Wilcoxon W Z Asymp. Sig. (2-tailed)

12 Eficácia_Ele faz-me sentir culpada, na esperança que eu

concorde com ele 25779,5 34035,5 -2,313 0,021

24 Eficácia_Ele faz algo de bom antes de me pedir/ tentar

convencer 24323,0 32579,0 -3,133 0,002

27 Eficácia_Ele utiliza determinados contextos ou pessoas para

indirectamente conseguir o que quer 25703,0 33959,0 -2,498 0,012

Os filhos que coabitam com outras crianças são mais eficazes com a utilização das estratégias referidas (Tabela 23).

Tabela 23 – Diferenças de Médias da Eficácia das Estratégias de Influência pela Existência de Outras

Crianças no Lar

Nº Estratégias de Influência Utilizadas pelas Crianças Crianças Lar

N Mean Rank Sum of Ranks

Sim 458 301,21 137955,50 Não 128 265,90 34035,50 Total 586 Sim 462 306,85 141766,00 Não 128 254,52 32579,00 Total 590 Sim 460 302,62 139207,00 Não 128 265,30 33959,00 Total 588

Eficácia_Ele faz-me sentir culpada, na esperança que eu concorde com ele

Eficácia_Ele faz algo de bom antes de me pedir/ tentar convencer

Eficácia_Ele utiliza determinados contextos ou pessoas para indirectamente conseguir o que quer

12

24

27

À semelhança das variáveis sexo da criança, idade da criança e ano escolar que a criança frequenta também a existência de outras crianças no lar se revelou de pouca importância na explicação da escolha e eficácia das estratégias, tendo-se verificado diferenças estatisticamente significativas apenas em 3 estratégias, quer ao nível da frequência, quer ao nível da eficácia.

100 Estes resultados vão ao encontro do estudo de Ward e Wackman (1972) que revelou que o número de crianças na família não afectava as tentativas de influência das crianças e a cedência dos pais.

Poder-se-á, pois, concluir que apesar de estudos anteriores (Ahuja e Stinson, 1993; Flurry, 2007; Jenkins, 1979; Nelson, 1979) terem demonstrado que número de crianças no lar afecta a influência que as crianças têm nas decisões, a variável “crianças no lar” tem pouca importância para explicar a forma como essa influência é exercida.