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Antiga Escola de Engenharia (atual DEART/FUNPEC)

ANÁLISE DOS EXEMPLARES DA ARQUITETURA BRUTALISTA DO CAMPUS CENTRAL DA UFRN

DATA/ANO DA INAUGURAÇÃO

5.1. Antiga Escola de Engenharia (atual DEART/FUNPEC)

Autor do Projeto: Manoel Coelho da Silva 65

Ano do Projeto: 1964

Empresa que Executou a Obra: Execução direta Período da Obra: 1965 - 1968

Data da Inauguração: 22/03/1969

A Escola de Engenharia da UFRN foi fundada em 1957, ocupando inicialmente um prédio situado na Rua Mipibu, no bairro de Petrópolis (LIMA & MELO, 1971). No início da década de 1960, o então governador Sílvio Pedroza adquiriu um terreno com aproximadamente 90 mil metros, localizado às margens da BR-101, no bairro de Lagoa Nova, com o intuito de construir no local a futura “Cidade Universitária do Rio Grande do Norte”66.

O edifício da Escola de Engenharia, projetado em 1964 pelo arquiteto do Departamento de Obras da UFRN, Manoel Coelho da Silva67, foi o primeiro a ser construído

nessa área (Figura 39). Num depoimento extraído do livro História da Escola de Engenharia da UFRN (SOUSA, 2003), o autor do projeto diz que:

Durante uma semana, em 1965, eu e José Bittencourt, atendendo à solicitação do reitor Onofre Lopes, estivemos em Curitiba para conhecermos a arquitetura e o funcionamento do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná. O projeto que desenvolvi se assemelhava, na concepção funcional, ao existente naquela capital [...]. Projetei três blocos independentes para abrigar a Escola atento às perspectivas de crescimento. A limitação de recursos só permitiu a construção do primeiro bloco [...] (p. 80-81).

A construção da Escola de Engenharia começou no início de 1966 e a transferência das atividades da antiga sede para o novo prédio ocorreu em 21 de março de 1968 (SOUSA, 2003, p. 81). Sua inauguração oficial só aconteceu um ano depois, durante o Encontro de Reitores que ocorreu no I Fórum Universitário realizado na cidade de Natal entre os dias 21 e 22 de março de 1969, fazendo parte das comemorações dos 10 anos de criação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O descerramento da placa foi feito pelo Ministro da Educação, Tarso Dutra, e pelo então diretor da Escola de Engenharia, o engenheiro José

65 Na época, o arquiteto fazia parte do quadro do Escritório Técnico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ETURN).

66 Informações obtidas na Certidão de Escritura do terreno, lavrada em 04 de dezembro de 1961, no Livro nº. 368, folhas 6 à 12, do 3º Ofício de Notas de Natal.

67 Manoel Coelho da Silva, arquiteto paraibano, formado pela Faculdade de Arquitetura do Recife, teve importante atuação no Rio Grande do Norte, sendo um dos precursores da arquitetura moderna no Estado. Foi um dos fundadores do Instituto de Arquitetos do Brasil no RN (IAB-RN), trabalhou na Prefeitura de Natal, no Departamento de Viação e Obras Públicas do Estado e no Departamento de Obras da UFRN (SOUSA, 2003; TRIGUEIRO, 2010).

Bittencourt. Segundo matéria publicada na edição do Diário de Natal do dia 22/03/196968,

nesse mesmo dia também foram inaugurados os prédios da Faculdade de Farmácia, do Instituto de Antropologia Câmara Cascudo, do Instituto de Biologia Marinha e das Oficinas de Mecânica da UFRN.

Figura 39: Fotografia aérea do entorno da Escola de Engenharia tirada em dezembro de 1972.

Fonte: Edição do jornal Diário de Natal, de 07 de dezembro de 197269.

O prédio da antiga Escola de Engenharia não mantém seu uso original. No final da década de 1970, com a inauguração do Setor de Aulas Teóricas IV e dos Laboratórios do Centro de Tecnologia, todas as atividades foram transferidas. Atualmente o edifício abriga parte das instalações do Departamento de Artes (DEART) e da Fundação Norte-Rio- Grandense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC).

Sua arquitetura é composta por um prisma retangular de concreto armado, no qual os cheios predominam sobre os vazios. O bloco construído corresponde a uma edificação com dois pavimentos, implantada com seu maior eixo na direção leste/oeste, com ventilação sudeste penetrando num ângulo de 45º em relação às fachadas mais extensas. A volumetria é marcada pelo avanço do primeiro pavimento em relação ao térreo, formando um balanço que sombreia suas aberturas e cria uma circulação coberta ao redor da edificação. Outra estratégia compositiva é o destaque da modulação estrutural e dos elementos de concreto

68 INAUGURAÇÕES com Tarso Dutra marcaram os dez anos da UFRN, Diário de Natal, Natal, 22 mar. 1969. Disponível em: http://memoria.bn.br/=. Acesso em: 03/07/2017.

69 UNIVERSIDADE INFORMA – Nov/Dez 1972m Ano III, Nº 11. Diário de Natal, Natal, 07 dez. 1972. Disponível em: http://memoria.bn.br/. Acesso em 03/07/2017.

nas fachadas (pilares e brises verticais), demarcando a distribuição das esquadrias e dos ambientes internos e funcionando como elementos de proteção solar (Figura 40 a Figura 42).

Figura 40: Escola de Engenharia. Fotografia tirada na fase

final da construção do prédio.

Fonte: SOUZA, 2003, p. 105

Figura 41: Detalhe dos elementos de

concreto da fachada.

Fonte: Mapoteca INFRA/ UFRN

Figura 42: Fotografias atuais do prédio do Departamento de Artes (antiga Escola de Engenharia).

Fonte: Acervo da INFRA/UFRN.

O partido adotado, marcado pela horizontalidade do volume, dá um aspecto pesado ao prédio. A projeção do pavimento superior avançando sobre o térreo minimiza, em parte, esse aspecto, dando a impressão de que a edificação se descola do plano do terreno. A planta livre e modulação estrutural enfatizam o aspecto funcional do projeto.

A distribuição dos ambientes em planta é feita de forma linear, ao longo de uma circulação central, correspondendo a um total de 4.450m2 de área construída. Originalmente,

o pavimento térreo era ocupado por sete laboratórios, ambientes administrativos (secretaria, arquivo, sala de reunião), de apoio (bloco de sanitários, cozinha, despensa, distribuição, cantina) e de convivência (associação atlética, diretório acadêmico, pátio interno). O pavimento superior concentrava as quatorze salas de aula, além de um bloco central de sanitários, secretaria e arquivo.

A identificação dos ambientes na planta baixa do projeto original arquivado na mapoteca da Superintendência de Infraestrutura da UFRN (INFRA/UFRN) é um pouco diferente daquela registrada nas publicações da época, denotando que já ocorreram algumas mudanças de uso quanto o prédio foi ocupado. Lima & Melo (1972) ressaltam que o bloco da Escola de Engenharia era composto por 06 laboratórios, 06 gabinetes de professores, onze salas de aula, uma sala de professores, diretoria, secretaria, almoxarifado, cantina, diretório acadêmico, portaria, biblioteca e sanitários. A comparação entre os ambientes leva a crer que um dos laboratórios e três salas de aula foram subdivididos para dar lugar a biblioteca e aos gabinetes dos professores (Figura 43 e Figura 44).

Figura 43: Plantas Baixas da Escola de Engenharia.

Figura 44: Cortes e Fachadas da Escola de Engenharia.

Fonte: Digitalizado com base no projeto original existente na Mapoteca da Superintendência de Infraestrutura da UFRN.

Além das diferenças verificadas na ocupação do prédio, também ocorreu uma mudança na permeabilidade da edificação e na relação aos ambientes internos e externos. No projeto original, existia uma grande área de convivência na parte central da edificação – identificada na planta baixa como “recreio coberto” – que era totalmente aberta para o exterior e posteriormente foi fechada, em alguma das reformas e adaptações pelas quais passou o prédio. Esse isolamento em relação à área externa ocorreu tanto através da instalação de portas de madeira e vidro, como também pelo fechamento total de um trecho com paredes de alvenaria (Figura 45).

Figura 45: Fotografias atuais mostrando os trechos do pavimento térreo que foram fechados. A

esquerda vemos uma fotografia atual da fachada sudoeste e, à direita, da fachada nordeste.