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MODERNA: O BRUTALISMO E AS AÇÕES PARA SUA PRESERVAÇÃO

ATRIBUTOS DA ARQUITETURA MODERNA

(SILVA, 2012)

Características gerais: forma e estrutura

Forma e concepção Técnica

Forma e concepção Os materiais: qualidade não material Material e substância Material e substância

Tecnologia Técnica Técnica

Leveza, limpeza, higiene, clareza* Uso

Flexibilidade funcional Uso e função Função Aberturas: transparência,

interconexão e interpenetração*

Interconexão e interpenetração Qualidade do espaço interno*

Racionalização Concepção

O envelope: flexível ou condicionado Forma Função

Imagem fotográfica* Imagem

Relação com o sítio Localização e implantação Localização e implantação Significados não evidentes Tradição Tradições

Diversidade da tradição moderna Tradição

Integração das artes* Integração das artes

Temporalidade Concepção Linguagem

Monumentalidade x Estética do vazio Implantação

* Esses atributos não estavam listados nos OG da UNESCO.

Fonte: Elaborado pela autora a partir das informações coletadas em SILVA (2012, p. 113).

Dentre os trabalhos que abordam o estudo dos exemplares brutalistas construídos no nordeste do Brasil, destacam-se duas dissertações de mestrado desenvolvidas na UFPE e UFC, além das pesquisas desenvolvidas por um grupo de professores da UFBA.

A dissertação de mestrado de Cantalice II (2009) “Um Brutalismo Suave: Traços da Arquitetura em Pernambuco (1965-1980)” analisa a vertente pernambucana da arquitetura brutalista. Essa produção, influenciada pelos preceitos da sensibilidade construtiva do pós- guerra, chegou aos arquitetos pernambucanos através de publicações e viagens de estudo, sendo adaptada à realidade local pela utilização dos princípios já aplicados pelos arquitetos precursores da arquitetura moderna pernambucana, Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi. A maior parte dos exemplares vinculados à estética brutalista produzidos em Pernambuco foi

projetada por um grupo de arquitetos oriundos da UFPE, que haviam sido alunos, e algumas vezes parceiros profissionais, de Borsoi e Amorim. De acordo com o autor, as principais características dessa produção são:

[1] a vasta utilização do concreto como elemento marcante em bases, em

coroamentos, em estruturas de vigamento e em pilares de forma aparente e em painéis de vedação; [2] o contraste entre as empenas em concreto aparente e as paredes portantes de tijolo maciço; [3] o forte jogo de texturas, diversas delas concebidas como experimentos in loco; e [4] a expressão da forma, com planos e jogos de sombras e luz, gerados pelas contrastantes reentrâncias e saliências de volumes, de caixas d’agua, escadas e demais compartimentos e estruturas. Essas características reforçaram a noção de tectônica na construção pernambucana que começava a se desenvolver cada vez mais dentro dessa produção, reforçando a relação do arquiteto com a construção, com o método de confecção e com a aplicação dos materiais, fossem eles confeccionados in loco ou pré-moldados (CANTALICE II, 2009, p. 79-80).

Outra pesquisa de pós-graduação que tem como tema a arquitetura brutalista, é a dissertação de mestrado de Boaventura Filho (2014) “Brutalismo em Fortaleza: reconhecimento da Arquitetura Institucional e sua expressão”. Nesse trabalho, o autor identifica a expressão local do brutalismo cearense a partir da análise sistemática de vinte e quatro obras institucionais construídas em Fortaleza, entre 1970 e 1988. A caracterização dos exemplares foi feita de acordo sistematização da arquitetura brutalista definida por Zein (2005), a partir das cinco categorias definidas por ela – partido, composição, elevações, sistemas construtivos, texturas/ambiência lumínica e características simbólicas.

Jucá Neto, Andrade & Duarte Junior (2013) também abordaram a arquitetura brutalista cearense num artigo intitulado “Reflexões Sobre o Brutalismo Cearense”, no qual destacam as especificidades dessa produção e a contextualizam no cenário nacional e internacional. Essas obras, construídas entre as décadas de 1970 e 1980, se enquadram nos mais diversos usos, com destaque para os edifícios institucionais (públicos e privados) e os residenciais (uni e multifamiliares). As principais características apontadas pelos autores foram os aspectos formais relacionados ao partido arquitetônico (planta livre, partido estrutural definindo a flexibilidade na organização dos espaços internos, níveis intermediários); implantação em terrenos com diferenças de nível, com diferentes acessos ao edifício (acesso principal e de serviço); racionalização (separação dos espaços servidos dos espaços servidores, concentração dos ambientes de serviço – banheiros, circulações, instalações de ar condicionado); o uso de materiais naturais em suas cores e texturas rústicas (principalmente o concreto aparente e revestimento cerâmico); a adequação dos edifícios aos condicionantes climáticos (segundas peles, cobogós, brises, varandas com jardins nas extremidades das fachadas, pátios internos, iluminação zenital); a exploração volumétrica, no contexto geral da obra arquitetônica (volume principal prismático e volumes destacados – escadas, castelos d’água, sacadas, varandas e armários); a estrutura definindo a volumetria e a composição das

fachadas (pórticos, marquises, vigas-balcão e pilares com desenhos requintados); e pelo despojamento geral dos edifícios.

Por fim, foram analisados os trabalhos desenvolvidos por um grupo de professores da Universidade Federal da Bahia - UFBA (ANDRADE JÚNIOR et al., 2013; BIERRENBACH & NERY, 2013; NERY et al., 2016).

O artigo de ANDRADE JUNIOR et al. (2013), “Arquitetura Brutalista na Bahia: levantamento e análise crítica” foi produzido como resultado do “Inventário da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Modernos no Estado da Bahia”, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Nele, é apresentado um panorama da arquitetura brutalista baiana a partir da análise crítica de trinta exemplares de diferentes tipologias, construídos em diversos municípios do Estado, do início dos anos 1960 ao final da década de 1970, quando essa produção se torna hegemônica, sendo adotado como “linguagem oficial das obras públicas no Estado”. Os exemplares são caracterizados pela adoção de uma solução estrutural em concreto aparente claramente entendida, muitas vezes com elementos de formas plásticas expressivas (vigas, pilares, pórticos, marquises); presença de elementos definidores da forma (calhas, gárgulas e outros elementos de concreto); exposição dos materiais, principalmente concreto e tijolos aparentes, tirando partido da expressão formal dos mesmos, especialmente no que diz respeito às suas texturas, na imagem externa e geral da edificação; presença de elementos de proteção solar e adaptação ao clima (balanços. painéis de quebra-sol em concreto); presença de obras de arte integradas (painéis e murais).

Os trabalhos produzidos por Bierrenbach & Nery (2013) e Nery et al. (2016), “O que é que a Bahia tem?” e “Expressões da arquitetura do concreto armado na Bahia: os campi da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e seus edifícios”, dão continuidade aos estudos da arquitetura brutalista produzida no Brasil a partir da análise dos exemplares baianos, destacando um grupo de edificações pertencentes ao patrimônio arquitetônico da UFBA. As autoras analisam essas edificações observando seu partido arquitetônico, volumetria, formas de articulação entre os espaços (externos e internos), expressividade da solução estrutural e exploração materiais em seus estados brutos.

O Quadro 3 apresenta de forma esquemática os principais atributos identificados nos trabalhos analisados. Ao consolidar os dados optou-se por avaliar as edificações modernas do campus central da UFRN tomando como referência os atributos do OG/UNESCO, tendo em vista que estes são as principais referências internacionais utilizadas para atribuição do valor patrimonial dos bens construídos nas mais diversas épocas.

ATRIBUTOS DA