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Laboratórios de Física e Química

ANÁLISE DOS EXEMPLARES DA ARQUITETURA BRUTALISTA DO CAMPUS CENTRAL DA UFRN

ÁREA DESTINADA AO ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS

5.8. Laboratórios de Física e Química

Autor do Projeto: Alcyr Meira e equipe Ano do Projeto: 1972

Empresas que Executaram as Obras:

- Laboratório de Química: Construtora A. Gaspar - Laboratório de Física: Construtora Obelisco (1ª et.);

Construtora Rebelo Flor (2ª et.)

Período da Obra:

- Laboratório de Química: 1973-75

- Laboratório de Física: 1974 (1ª etapa da obra) 1977-78 (2ª etapa da obra)

Ano da Inauguração: - Laboratório de Química: 1975

- Laboratório de Física: 1978

Os anteprojetos dos Laboratórios Básicos de Física e Química fizeram parte do primeiro conjunto de projetos entregues pela equipe do escritório do arquiteto Alcyr Meira para o Campus Universitário, em julho de 1972.

O arquiteto Alcyr Meira, responsável pelo planejamento do Campus Universitário da UFRN, informou que já concluiu e apresentou o projeto completo da Praça Cívica, o anteprojeto do Centro de Aulas Teóricas, [...] do conjunto de administrações didáticas, [...] dos laboratórios básicos de física e química, e [...] do restaurante universitário e lanchonetes95.

O Laboratório I de Química foi o primeiro laboratório básico construído no campus, com uma área de 1.120m2 (

Figura 94). Seu projeto executivo foi finalizado em dezembro de 1972 e sua construção durou de 1973 a 1975. O edital de Tomada de Preços nº. 07/73, publicado em fevereiro de 1973, selecionou a proposta da Construtora A. Gaspar Ltda. para executar a obra num prazo de 120 dias, a partir da assinatura do contrato, em abril daquele ano96.

Figura 94: Fotografia do Laboratório de Química I tirada em meados da década de 1970.

Fonte: RELATÓRIO das atividades de 1973. Natal: Imprensa Universitária, 1974.

95 PRONTO projeto da Praça Cívica: campus da UFRN. Diário de Natal, Natal, 19 jul. 1972. Disponível em: http://memoria.bn.br/. Acesso em 03/07/2017.

96 UNIVERSIDADE Federal do Rio Grande do Norte. Diário de Natal, Natal, 18 abril. 1973. Disponível em: http://memoria.bn.br/. Acesso em 03/07/2017.

O segundo Laboratório Básico construído foi o Laboratório I de Física, com área construída de 1.800m² (Figura 95). A Construtora Obelisco Ltda. venceu a licitação, regida pela Tomada de Preços nº 005/7497, porém rescindiu o contrato em novembro do mesmo

ano98, sem finalizar a obra, de forma que os serviços ficaram paralisados por três anos. Sua

construção só foi retomada em novembro de 1977, quando recursos do convênio celebrado entre a UFRN/MEC/PREMESU IV e o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID foram liberados. A empresa que venceu a nova licitação foi a Construtora Rebelo Flor Ltda., com serviços regidos pelo Contrato nº. 12/77-ETA99.

Figura 95: Fotografia tirada no final da década de 1970 mostrando o Laboratório I de Física. Ao fundo

é possível se identificar o Reservatório Elevado que fica ao lado do Setor de Aulas Teóricas II e a antena parabólica do Departamento de Física Teórica e Experimental100.

Fonte: MACEDO, 2012, p. 311.

Os prédios dos laboratórios de Física I e Química I, apesar de apresentarem dimensões um pouco diferentes, possuem acabamentos, volumetria e distribuição dos ambientes em planta bastante parecidos. São caracterizados por um sistema pavilhonar, formando um H, no qual duas alas paralelas, na forma de prismas retangulares, são unidas por uma circulação central. O bloco de ambientes de apoio localizado no centro da composição, funciona como um eixo de simetria a partir do qual se realiza a composição dos blocos que formam as duas alas laterais dos laboratórios (Figura 96).

97 RESOLUÇÃO nº. 43/74-CONSUNI, de 24/05/1974 - Homologa o Termo de Contratos firmado entre a UFRN e a Construtora Obelisco Ltda. para construção do Laboratório de Física.

98 RESOLUÇÃO nº. 98/74-CONSUNI, de 01/11/1974 - Autoriza a Reitoria a rescindir o Contrato celebrado entre a UFRN e a Construtora Obelisco Ltda., referente à construção do Laboratório de Física.

99 RESOLUÇÃO nº. 57/77-CONSUNI, de 25 de novembro de 1977.

100 Desde 1973, foi instalada no campus universitário, uma antena parabólica de 10 metros de diâmetro que fazia parte de um projeto desenvolvido pelo Departamento de Física Teórica e Experimental para captar os sinais eletromagnéticos emitidos pelo satélite LES-6100 (LIMA, 1977, 29). Esta antena ainda encontra-se no mesmo local, ao lado do Reservatório Elevado do Setor de Aulas Teóricas II.

Figura 96: Croqui do Laboratório de Física. Projeto de Alcyr Meira, elaborado em 1972

Fonte: Macedo, 2012, p. 311.

Todo o conjunto é marcado por forte horizontalidade, ressaltada pela laje plana com platibanda reta, formando um amplo balanço em todas as direções, sombreando as fachadas e contribuindo para o conforto no interior dos ambientes. Os materiais mais uma vez se restringem ao concreto armado, utilizado de forma aparente na estrutura do prédio; os blocos irregulares de pedras graníticas que compõem as paredes autoportantes das extremidades dos blocos; as esquadrias de vidro e alumínio com venezianas fixas na parte superior e aberturas do tipo maximar, dispostas ao longo de toda a extensão das fachadas de maiores dimensões; e a cobertura com telha de fibrocimento, que fica encoberta pela platibanda.

O partido arquitetônico mais uma vez é marcado pela modulação estrutural, com um sistema de vigas e pilares aparentes de concreto, diferenciando a estrutura das esquadrias e das vedações em alvenaria. As vigas-calha de concreto se estendem sob a laje plana da cobertura, acompanhando os beirais e acentuando ainda mais a marcação do ritmo da malha estrutural. Fazem parte ainda dessa composição as tubulações de águas pluviais situadas nas extremidades das vigas-calha e suas respectivas caixas de seixos (Figura 97).

Figura 97: Detalhe do beiral, aeração da cobertura, descida de águas pluviais e caixa de seixos.

Nos projetos dos Laboratórios, assim como ocorreu com os Setores de Aulas Teóricas e os Pavilhões Didático-Administrativos, existe uma interconexão entre o interior e o exterior. As circulações que interligam os diferentes blocos são abertas e não existe uma entrada principal identificada. O acesso ao interior dos blocos é ser feito através da circulação central que interliga as alas de laboratórios, a qual funciona como um ambiente de transição. No Laboratório de Física I, o bloco central, que abriga esse componente conector, é mais alto que as alas laterais, criando uma hierarquia em relação ao conjunto que não é vista no projeto do Laboratório de Química I (Figura 98 a 101).

As diferenças entre os dois projetos são decorrentes das características específicas de seus programas de necessidades. No Laboratório de Química I, cada uma das alas laterais é ocupada por dois grandes salões - destinados aos laboratórios - que compartilham uma sala de guarda de equipamentos e um depósito de reagentes. As salas de professores, central de gás, ar comprimido, subestação e os banheiros são distribuídos nos dois lados da circulação do bloco central que interliga as duas alas dos laboratórios (Figura 98 e Figura 99).

Figura 98: Planta baixa do Laboratório de Química I.

Figura 99: Cortes e fachadas do Laboratório de Química I.

Fonte: Digitalizado a partir do projeto original arquivado na mapoteca da INFRA/UFRN.

No Laboratório de Física I, as alas laterais também são ocupadas pelos laboratórios, dois de cada lado, que compartilham uma sala de guarda de instrumentos. Porém, a volumetria e organização dos ambientes do bloco central, que interliga os dois pavilhões de laboratórios, é um pouco diferente do caso anterior. Os conjuntos de sanitários foram extrudados, sendo localizados em dois pequenos volumes mais externos, e a parte central é ocupada por uma grande sala de equipamentos com pé direito mais elevado, destacando-se na volumetria geral do prédio (Figura 100 e Figura 101). Um detalhe interessante é que para promover a ventilação e iluminação no interior desse corpo central, toda a porção superior de sua alvenaria é fechada com elementos vazados (cobogós de concreto).

Figura 100: Planta baixa e cortes do Laboratório de Física I.

Figura 101: Fachadas do Laboratório de Física I.